Fanfic: Ainda Há Tempo? | Tema: Portiñon

As duas se abraçaram com tanta vontade e força, que disso parecia depender suas vidas.
Anahi sentia-se tão destruída, que mal conseguia respirar, seu pranto ecoava pelo quarto, emitindo tamanha dor e desespero, como o som de um bichinho gravemente ferido. A dor dela era tão gritante e massiva que Dulce acreditava ser quase palpável. Já a loira acreditava que estivesse a ponto de se desentegrar. A vida havia lhe sido dura demais, ao lhe tirar tudo que mais amava, havia lhe tirado as razões do seu viver: Seus filhos

Dulce a abraçava, e de olhos fechados repassava tudo o que havia acabado de escutar. Anahi era a mulher mais bondosa, mais justa, mais honesta e mais incrivel que havia conhecido na vida. Mas também a mais ferida e destroçada que já conhecera. Tinha nela toda dor, angústia, tristeza, desespero e desilusão de uma pessoa de quem tudo lhe fora arrancado. Porém era claro como água que apesar de tudo isso e muito mais que havia passado, havia alcançado manter toda dignidade, leveza, sinceridade, lealdade, generosidade e ternura que eram certamente sua marca pessoal.

Havia sofrido horrores, havia sido traída por alguém que podia ser considerada da família, havia tido seus filhos arrancados pelo mesmo, teve de receber o corpo de um filho morto e a incerteza da vida e destino do outro. Mas apesar disso conseguira preservar o poder de acreditar nas pessoas, lhes dar oportunidades e estender-lhes as mãos. Não se fazia omissa a dor alheia, jamais ignorava os problemas do próximo, e brigava firmemente para fazer valer seus direitos e ideais.
Dulce só tinha coisas boas a dizer sobre Anahi e só podia chegar a uma conclusão: Não a merecia

Dulce não tinha coragem de confessar seus erros. Tinha medo, medo de enxergar nos olhos da mulher que amava a decepção e a tristeza provocadas por sua traição, da mesma forma e com a mesma intensidade que havia acabado de enxergar sua dor e seu vazio, pela perda de seus filhos. Ela preferiria perder Anahi, ao ter que ver a expressão de desilusão e mágoa da loira ao descobrir sua deslealdade.
Ela deveria ser honesta  e justa pelo menos uma vez na vida, mas sobretudo deveria ser generosa com a mulher que amava e que tanto a ajudou. Deveria afastar- se dela e lhe dar o direito de encontrar alguém que a respeitasse e lhe fosse leal, como ela por irresponsabilidade, egoísmo e até mesmo inocência não fora capaz de fazer. Lhe doía a alma só de pensar, mas era isso que precisava e iria fazer

A noite e madruagada foram insuportáveis para Dulce. Anahi dormia, e a ruiva a observava repleta de amor e tristeza. Precisava ir, e deveria ser logo. A manhã chegou e antes que Anahi deixasse a casa rumo a empresa Dulce lhe pediu

Dulce: Anahi, eu pensei muito sobre tudo que estamos vivendo e conversamos e eu queria te pedir que continuassemos com os planos do apartamento, eu prefiro de verdade morar lá sozinha do que aqui com você ( Dulce quis morrer ao ver a expressão e olhar de dor de Anahi ) Eu prefiro e eu não estou preparada para nada além disso. Nós podemos ver isso hoje ou amanhã?

Anahi: Sim! ( Anahi engoliu com dificuldade, se sentia magoada e machucada, mas não obrigaria Dulce a conviver com ela e seu problemas, não era justo ) Eu tenho coisas a fazer hoje, não sei como será minha tarde. Mas assim que chegar a empresa ligarei para corretora que eu estava em contato e se não formos hoje, vamos amanhã sem falta. Eu te ligo para avisar

Dulce: Obrigada! E não precisa ser nada grande e nem caro, quero algo que eu possa pagar com o que vou ganhar fazendo os trabalhos que você havia me dito. Podemos fazer logo esse contrato para eu começar a trabalhar o mais rápido possivel?

Anahi saiu após lhe depositar um breve beijo no rosto. Seu mundo estava prestes a ruir mais uma vez, ela podia sentir isso. Simplesmente, a vida não lhe dava trégua.

A loira chegou a empresa se arrastando para conseguir chegar a sua sala. Uma vez nela, tentou não pensar na atitude de Dulce, precisava entendê-la. Passou a trabalhar imediatamente. Ainda não eram oito horas quando Maite chegou a empresa e percebeu a presença de Anahi. Adentrou seu escritório e se doeu com o que viu. Definitivamente Anahi estava mal e lhe doía não poder lhe ajudar. 

Percebeu que Anahi já havia feito algumas coisas desde que chegara e que tinha sobre sua mesa sua agenda com todas as suas atividades do dia. Não demorou para que Anahi lhe pedisse para providenciar um café bem forte e quente. Que cancelasse toda a programação do dia e remarcasse para o dia seguinte. Lhe enviasse imediatamente o advogado da empresa a sua sala e reunisse todas as pessoas envolvidas na coleção do desfile na sala de produção para uma reunião.

Maite deixou a sala para colocar em prática todas as ordens. Já Anahi tratou de ligar para sua corretora de confiança, conseguindo marcar para aquela mesma tarde uma visita aos apartamentos com as caracteristicas que lhe havia pedido. O café não demorou a chegar, assim como o advogado, que logo foi informado sobre todo o caso e tratou de orientar a loira de como deveriam proceder diante tudo.

Logo após a saída do mesmo, Anahi ligou para Dulce informando que as 14h passaria pela mansão para que assim pudessem então ver os apartamentos. Em seguida Anahi entrou na sala de produção, e após quase três horas, explicando a situação, tentando colher qualquer informação e dizendo que o caso iria a justiça caso não aparecesse o responsável por aquilo. Nada descobriu, todos se disseram inocentes e Anahi deixou a sala completamente irritada, ordenando ao advogado que começasse com os trâmites legais.