Fanfic: Ainda Há Tempo? | Tema: Portiñon

       Anahi sentia que já havia passado horas quando finalmente um homem baixo e careca entrou na sala de espera perguntando pelos parentes de Angel. Anahi e Dulce levantaram e ouviram atentamente o que senhor lhes dizia. Angel havia passado muito tempo na cirurgia para tratar de tudo aquilo que fora brutalmente machucado e havia passado por muitas complicações até que finalmente a cirurgia acabasse e pudesse ser considerada em termos fora de perigo. O mais grave que Angel havia passado durante aquelas horas fora uma parada cardiaca que havia levado bastante tempo para ser revertida. E ao terminar a cirurgia novamente seu coração lhes pregou um grande susto,o que preocupava bastante os médicos e por essa razão deteminaram que a moça seria levada direto para UTI e não mais para um quarto normal.

       Ambas ouviam tudo em silêncio mas a loira parecia bastante preocupada com o que ouvia e isso não passou despercebido pelo senhor parado a sua frente, que logo tratou de explicar como seria dali em diante todo o tratamento e informando que a paciente deveria fazer vários exames apenas para tirar qualquer dúvida que pudesse existir. Anahi concordou dizendo que tudo seria feito como ele dissesse e que deveriam dar a Angel o melhor tratamento que tivesse no hospital. Uma vez que a conversa já havia terminado e que já sabiam que não poderiam ver Angel naquele momento,porém que estava em boas mãos, as duas mulheres deixaram o hospital, em silêncio e estando cada uma com seus próprios pensamentos e cada uma com seus próprios receios.

      Viram Maria sentada no sofá já com roupa de dormir assim que abriram a porta e Anahi viu quando a mulher que a criou e a ensinou tanto sobre a vida veio em sua direção com o olhar assustado e lhe perguntando com pressa o que havia acontecido, afirmou que havia ligado para seu telefone assim que percebeu que aquela demora não parecia normal, mas que estava sempre caindo na caixa postal. Anahi imediatamente a abraçou dizendo que estava bem e lhe explicando tudo que havia passado para que demorasse tanto a chegar em casa e em seguida desculpando-se por não ter avisado, mas seu telefone já havia descarregado quando percebeu que já deveria ser muito tarde e precisaria ligar. Uma vez que tudo estava claro e que as horas já estavam bastante avançadas, resolveram irem dormir para descansarem o tempo que ainda pudessem.

      Dulce esperava já banhada e deitada por Anahi que ainda estava em seu banho,pensava de maneira obsessiva no fato de que se Anahi lhe dissesse qualquer coisa referente a saber sobre sua participação no caso de seu projeto roubado, seria mais fácil que tivesse coragem de contar a verdade, mas caso contrário não conseguiria juntar forças necessárias para lhe dizer o que fez e dessa maneira ver Anahi se afastar e já não ser capaz de querer estar com ela,tinha a sensação de que Anahi sabia ou pelo menos desconfiava de sua culpa, havia sentido isso naquela noite da mesma maneira que sentiu na madrugada após o desfile, havia algo no olhar, no semblante e principalmente nas atitudes da loira que fazia com que sentissse que sabia de tudo. Na madrugada do desfile Anahi havia gritado com ela e já nessa noite e madrugada em que estavam a mulher decidiu pelo silêncio, não havia lhe dirigido a palavra uma única vez desde que haviam deixado o banheiro daquele hospital...  A ruiva estava de olhos fechados tentando não perder o controle e não permitir que suas lágrimas escapassem quando Anahi deixou o banheiro, apagando a luz central do quarto e deitando ao seu lado na cama. Dulce virou o rosto segundos depois para encontrar um par de olhos tremendamente azuis a olhando fixamente, não esperava estar sendo observada porém conseguiu se recuperar rápido da surpresa, sorriu para a mulher deitada ao seu lado, mas a mesma não correspondeu ao sorriso, no momento seguinte ouviu aquela voz que tanto gostava de ouvir a qualquer momento do dia lhe desejando que dormisse bem e a viu virar-se de lado ficando de costas para ela.

     Dulce sentiu como se uma faca houvesse atravessado seus pulmões, de maneira tão brutal que lhe havia tirado até seu poder de respirar, tentou puxar o ar mas ele não saía, passou os segundos seguintes puxando fortemente o ar para que finalmente o sentisse passando por seus orgãos dando o alivio que eles estavam precisando uma vez que os sentia queimar lhe provocando uma enorme agonia. Definitivamente o ar não parecia estar disposto a lhe ajudar pois já sentia fortemente o efeito de sua ausência quando em um gesto rápido sentou na cama e desesperada gritou por Anahi dizendo que não podia respirar. A loira levantou assustada e de uma só vez tentando entender o que acontecia, mas não teve muito tempo para pensar antes de ver suas próprias mãos esfregando as costas de Dulce e ouvir sua própria voz dizendo a ruiva que tivesse calma e puxasse com calma o ar pelo nariz e o soltasse lentamente pela boca. Repetindo isso diversas vezes enquanto via a mulher na sua frente tentar normalizar sua respiração e então perceber que já estava sim respirando, coisa que ainda não havia notado uma vez que seu nervosismo não lhe permitia. Quando minutos mais tarde Dulce já estava devidamente controlada e já podia respirar aliviada a loira perguntou:

Anahi: Dulce o que está acontecendo? ( disse em um tom extremamente grave)

Dulce: Nada, não sei! Em algum momento parei de respirar e não conseguia recuperar o ar, tentei puxar mas não vinha, fiquei desesperada, meus pulmões queimavam e já me sentia mal.

Anahi: Se sente melhor agora? ( perguntou encarando a mulher a sua frente com um misto de carinho e raiva, não conseguia explicar a si mesma esse sentimento)

Dulce: Sim, sim obrigada amor. Acho que já passou, estou melhor agora ( disse ela com a voz vacilante)

Anahi: Que bom! Então vamos dormir, está bem tarde e me sinto muito cansada ( disse já deitando e puxando as cobertas até a altura de sua cintura)

         Dulce deitou repousando sua cabeça no seio direito de Anahi, aconchegando seu corpo ao da loira que em momento algum se moveu. A ruiva cheirou o pescoço da loira deixando vários beijinhos nos mesmo lugares em que cheirava, enquanto sua mão parecia ter vida própria e percorria as pernas e cintura da mulher que em nada parecia estar abalada, foi apenas quando Dulce apertou seu seio esquerdo beliscando levemente o biquinho dele que Anahi resolveu se manifestar.

Anahi: Não Dulce ( disse tirando a mão da ruiva de seus seio e afastando seu corpo dela) hoje não.

Dulce: Por que? Eu fiz algo?

Anahi Por que tem essa mania de perguntar se fez algo sempre que te nego alguma coisa? ( perguntou séria)

Dulce: Você quase nunca me nega sexo, só quando parece estar brava comigo, se não quer deve ser por algo ( disse a olhando)

Anahi: Estou muito cansada, foi um dia longo, de muito trabalho, muita correria e depois ainda veio todo esse problema da Angel, levei um basta susto e esperamos por horas e horas naquele hospital, estou cansada demais e está super tarde, já é madrugada, quero dormir e descansar, já já terei que levantar para mais um dia, não é nada que você tenha feito, não fez nada, você está sempe achando que fez alguma coisa, sempre achando que estou brava, o que está acontecendo afinal? ( Dulce a olhava muda mas em momento algum desviou seus olhos do dela e ver tanta honestidade naqueles olhos a fez sentir ainda mais remorso do que  já sentia, seus olhos marejaram e Anahi se sentiu confusa) Me diz Dulce o que está acontecendo?

Dulce: Nada Any ( disse com as lágrimas escorrendo) Eu só,só...

Anahi: Dulce tem alguma coisa que queira me dizer? Algo que queira me contar e não saiba como? Dulce se precisa me dizer alguma coisa, o que seja me diga, tentarei entender suas razões, tentarei não te julgar como te prometi aquele dia, farei o possivel para compreender seus motivos ( Dulce a olhava e sentia seu coração doer, tinha que lhe dizer mas lhe faltava coragem,se sentia suja, se sentia uma covarde,fora capaz de trair a mulher que ama, mas não era capaz de lhe contar toda a verdade do que havia feito, constatar ser uma covarde foi algo que lhe doeu ainda mais. Não merecia aquela mulher e a deixaria livre para ser feliz com quem realmente a merecia, seu ex marido, ou Maite talvez. Esse pensamento pareceu destruir seu coração, mas tinha que admitir que qualquer um dos dois eram mais dignos do amor de Anahi do que ela mesma, tentando não perder totalmente o controle, limpou as lágrimas, respirou fundo e tudo o que disse foi...)

Dulce: Não tenho, eu queria fazer amor, era só isso. Eu me sinto sozinha as vezes, me sinto como se um grande buraco estivesse ameaçando acabar comigo ( as lágrimas voltaram a rolar sem que pudesse controlar, mas para falar a verdade já nem estava tentando faze-lo) me sinto mal e me sinto muito triste e angustiada, eu queria sair por aí gritando e correndo para aliviar minha dor, mas eu sou tão covarde que não tenho coragem. Eu sou um fracasso como tudo Anahi, como irmã, como filha, como enteada, como amiga, como uma profissional que nem cheguei a ser pq nunca realmente trabalhei, como namorada, como mulher, mas principalmente como pessoa, eu sou uma péssima pessoa e eu queria muito poder mudar essa realidade, mas o fato é que vamos vivendo e fazendo coisas durante nossas vidas e chega em um ponto que tudo que fizemos já não pode ser mudado, eu queria nunca ter feito coisas erradas e nem ter machucado ninguém nunca, mas eu não tenho esse poder, então tudo que me resta é viver com meus remorsos e minhas culpas me lembrando o tempo todo quem eu sou ( Anahi a olhava perplexa, não sabia que Dulce se sentia tão infeliz assim e nem tão mal consigo mesma, notou medo e angustia várias vezes nela, preocupação e até desespero, mas nunca pensou que fosse algo que a fizesse sentir assim,passando a mão pelos cabelos e respirando fundo percebeu que aquela conversa não levaria a nada) E isso já é um peso muito grande para carregar.

Anahi: Não podemos mudar o passado Dulce, tudo que já fizemos fica aí no tempo. Mas podemos mudar nossas atitudes, aprender com os erros que cometemos e jamais voltar a repeti-los. A vida está aí para nos ensinar tudo que quisermos e estivermos realmente dispostos a aprendermos. Se não está feliz em relação em como trata as pessoas, mude seu tratamento, se não está feliz com a distância faça de tudo para tira-la de seu caminho, se não gosta de como é sua vida profissional estude, se esforce e leve a sério alguma coisa que goste de fazer e faça seu melhor para se sair bem nisso,e se não sabe algo que realmente goste procure, existem milhares de oportunidades esperando lá fora, basta que vá atrás de descobrir qual delas é a que te faça uma profissional realizada. Quanto a se sentir sozinha eu sinto muito que se sinta assim, eu não imaginava isso, sempre desde que começamos faço o possivel para estar perto e para fazer parte do que é importante para você, os únicos dias que não tive como foram os que passei naquele hospital e sinto muito por ter vivido todo aquele horror, mas eu já te prometi e volto a prometer, você jamais vai passar aquela situação na vida outra vez, não enquanto eu viver.

Dulce: Você não tem culpa de nada, você é maravilhosa comigo, com todos,o problema sou eu Any, eu sou toda errada e nem ao menos mereço você ( disse ainda chorando) Mas você tem razão em tudo que disse e te prometo que irei mudar tudo isso que não gosto em mim e que me faz mal. Eu só lamento não ter mudado antes de conhecer você.

Anahi: O importante é que mude, nunca é tarde para se evoluir e se tornar aquilo que realmente gostaria ser, mas o faça por você e não pelos demais, faça por entender que não está bem como faz agora e não por alguém mais. Mude por você e terá mudado pela pessoa certa. ( disse acariciando seu rosto e secando suas lágrimas)

Dulce: Eu te amo muito Any, muito mesmo, nunca duvide disso. Me dá um abraço ( pediu aos prantos)

        E Anahi a abraçou, forte e carinhosamente, tentando passar atraves desse abraço tudo que sentia por ela, se Dulce fosse capaz de perceber metade do que Anahi sentia por ela, ela nunca mais voltaria a se sentir só na vida. Sem perceber seus olhos também estavam úmidos, ela não sabia o que tanto fazia Dulce sofrer ou preferia não saber, mas o que ela sim sabia é que o sofrimento daquela mulher a fazia sofrer em dobro tudo que sofria com suas própria dores. Já havia se passado um tempo quando Dulce se afastou do abraço, passando as mãos pelo belo rosto de Anahi,beijando em várias partes do mesmo, selando seus lábios e pedindo como se daquilo dependesse sua vida.

Dulce: Faz amor comigo Any,quando fazemos amor é o único momento da minha vida em que consigo me sentir em paz e que consigo esquecer tudo que não quero lembrar. Me ama Anahi e me deixe te amar também, eu preciso de você, por favor amor ( pediu carinhosamente).

    E Anahi o fez, e como não faria!? Amava aquela mulher e seria capaz de qualquer coisa para vê-la feliz, para vê-la em paz e para que não se sentisse só. O beijo que deu e recebeu foi tão doce e tão amoroso que desejou nunca mais precisar sair dele, amou Dulce com tanta vontade e com tanto carinho que sentia seu próprio corpo ser amado, ainda que até aquele momento ele ainda não tivesse sido tocado. Beijou cada pedaço daquele corpo e acariciou cada parte dele desejando que a ruiva pudesse sentir a satisfação que sentia em faze-lo. Amou Dulce com beijos, caricias, olhares, palavras e gestos e quando finalmente sentiu em sua boca a prova incontestável de seu prazer, sentiu que apesar de tudo que já havia vivido e sofrido, ainda valia a pena estar viva, pois aquela mulher que se contorcia de prazer em sua boca naquele momento a estava fazendo sentir mais viva do que nunca.

     Já eram seis da manhã quando depois de ter sido também amada com tanto carinho e doçura sentiu jorrar de si a confirmação de todo o intenso prazer que havia experimentado, Anahi não sabia o que a vida ainda lhe reservava, certamente ela não sabia, mas ela poderia dizer que ao menos até aquele momento, se pudesse escolher e sentia que podia, ela não gostaria de estar nos braços de ninguém mais no mundo inteiro que não fosse nos braços de Dulce e o fato de ser justamente ela quem alí estava a fazia sentir imensamente feliz...

                                                                                            Continua....

 Hoje o capítulo foi mais curtinho, cheguei muito tarde do trabalho, mas amanhã ( hoje ) tem  mais kkkkkkkkk