Fanfic: Ainda Há Tempo? | Tema: Portiñon

         Já passavam das cinco da tarde quando Anahi parou seu carro em frente ao portão da casa de Angel, a loira parecia aflita e respirou fundo tentando entender o motivo daquele lugar a fazer tão mal. Não conseguia entender, mas nem queria realmente naquele momento, focaria no que a havia levado alí e deixaria o local o mais rápido que pudesse. Dulce que já havia deixado o carro chamava pelos moradores da casa que demoraram a responder e foi no exato momento em que Anahi se colocou ao lado de Dulce que o portão foi aberto. Uma senhora de meia idade, com roupas muito simples e aparência muito sofrida as olhava assustada e sem nada dizer. Anahi decidiu antes de tudo confirmar o parentesco daquela senhora com sua secretária e ao formular essa pergunta viu quando a mulher foi brutalmente puxada pelo braço direito enquanto um homem alto,branco e muito robusto apareceu a sua frente a encarando severamente lhe provocando um forte mal estar. No momento seguinte ouvindo o mesmo perguntar de maneira rude e impaciente quem eram e o que queriam de Angel as duas mulheres se olharam por um breve segundo até Anahi voltar-se para o sem educação a sua frente afirmando ser a chefe de Angel, Isso pareceu abalar um pouco a confiança do homem que rapidamente se recuperou respondendo rapidamente que era o pai de Angel e que imaginava o que havia levado a executiva até alí em busca de sua filha. Disse estar certo de que Angel andava faltando serviço uma vez que havia sumido há dois dias, garantiu não saber onde se encontrava e disse em tom irônico e seco que sua filha não estava pois certamente havia se enfiado na casa de um dos machos que arrumara por aí.

         Anahi não gostou daquele comentário, primeiro por saber que Angel não era do tipo promíscua e irresponsável. Segundo  por saber que aquilo não condizia com a realidade. O homem parecia querer insultar a própria filha e nitidamente não parecia se preocupar em como e onde Angel estaria. Perguntou se estava tudo bem, se havia acontecido algo e se teriam como informar algum lugar onde a jovem poderia ser encontrada e viu mais uma vez quando o ser a sua frente tratava de tentar desmoralizar sua secretária enquanto mentia sem pudor algum. Respirando fundo Anahi lançou um último olhar a senhora que ainda estava parada a sua fente e viu quando baixou seu olhar não podendo encara-la. Percebeu que algo muito errado acontecia alí mas também percebeu que não arrancaria nada daquelas pessoas,olhando o homem nos olhos Anahi agradeceu as informações, desculpou-se pelo incômodo e se virou para sair dalí o mais rápido possivel. Aquele homem lhe dava uma má impressão, a fazia sentir angústiada e nervosa, e todo o tempo que esteve parada em sua frente havia lhe causado um terrivel calafrio que percorria sua espinha a fazendo se sentir fraca e desnorteada. Entrou no carro sendo seguida por Dulce que até então nada havia dito, coisa que a ruiva fez assim que sua namorada havia dado partida no carro. Dulce afirmou a Anahi ter achado tudo muito estranho uma vez que sabiam que nada que fora dito pelo pai de Angel era verdade e pelo modo agressivo com quem puxou a mulher que certamente seria a mãe dela,além da falta de educação horrivel em que falou com a própria Anahi. Dulce ainda deixou claro para a loira que em sua opinião o pai era o responsável pelo estado em que Angel se encontrava agora, coisa que apesar de lamentar, Anahi concordava.

       A loira resolveu passar primeiro em sua empresa, assim que chegou acompanhada de Dulce viu como Maite perdia de imediato o sorriso que trazia no rosto e em seguida como Christian que acabava de chegar ao local, no mesmo instante se virava e saía. Dulce apenas baixou o olhar enquanto Anahi respirava bem fundo tentando não explodir,não estava de bom humor e sua paciência estava no limite de ir ao espaço. Sem nem ao menos parar ordenou que Maite pedisse que o advogado da empresa fosse imediatamente em sua sala, em seguida entrando na mesma, esperando que Dulce também o fizesse para só então fechar a porta atrás dela. Ao sentar pediu que Dulce fizesse o mesmo e enquanto aguardavam pelo advogado Anahi tentava imaginar uma maneira de abordar o assunto com Angel assim que a mesma acordasse sem que esta se sentisse invadida em sua privacidade, seria dificil, a secretária era realmente muito discreta e elas não tinham tanta intimidade assim, mas precisaria entender o que realmente acontecia para então poder de fato ajuda-la. O pai de Angel era violento, grosseiro, mal educado e para Anahi ele também era má pessoa, podia sentir só pelo olhar, pela voz, mas principalmente pela energia, tinha uma energia terrivel e desejou jamais precisar voltar a ver esse homem em sua frente.

      Não demorou para que o advogado da empresa entrasse e imediatamente Anahi se colocou a ler os papéis que lhe havia levado, em seguida entregando-os a Dulce e explicando a mesma cada ponto daquele que seria seu novo contrato de trabalho com as empresas Portilla. Dulce concordou de imediato e após assina-lo quis saber quando recomeçava seus trabalhos, sendo respondida imediatamente por Anahi que acabava de assinar os papéis também. Tendo devolvido os papéis a seu advogado a loira quis saber como teria se resolvido o problema do funcionário que infelizmente havia se acidentado em sua empresa, havia rebido todo o tratamento que precisava através do plano de saúde da empresa e havia recebido seus direitos por todos os anos de serviços, mas ainda lutava para conseguir se aposentar uma vez que já não tinha condições boas de saúde para continuar trabalhando. A empresária havia encarregado seus advogados de acompanhar o caso do agora ex funcionário até que tudo isso fosse resolvido e ele estivesse oficialmente aposentado. Nesse momento Dulce pediu licença alegando precisar usar o banheiro e algum tempo depois ao sair do mesmo sentiu que iria desmaiar quando nitidamente ouviu o advogado afirmar a Anahi que já havia dado entrada no processo contra Silvia pelo roubo de seu projeto,alegando não precisar da assinatura para faze-lo uma vez que como advogado da empresa já tinha sua licença para tratar juridicamente de todo e qualquer problema relacionados a mesma.

      Dulce sentiu todo seu corpo tremer e sua cabeça parecia estar rodando,sabia que a verdade estava cada vez mais próxima e que nada mais poderia fazer até que sua vida mais uma vez desmoronasse e visse ir para longe de si a mulher que amava,a única mulher que amou em sua vida. Não estava preparada para perder Anahi, não podia imaginar como seria sua vida sem sua mulher e falava da presença mesmo, do amor, não queria perder a loira mas sabia que não havia nada que mudaria o que estava prestes a acontecer. Assistiu quando Anahi apenas concordou com seu advogado, o agradecendo em seguida e pedindo-lhe que a mantivesse informada de tudo, viu quando ele deixou a sala e Anahi virou-se para ela perguntando se já estava pronta para que fossem ao hospital. Dulce concordou sem dizer uma palavra, ouviu Anahi dizer a Maite que não voltaria mais a empresa naquele dia e assim sendo já poderia ir para casa também. Todo o caminho permaneceu calada esperando que Anahi dissesse algo sobre aquele processo, mas ela não o fez, se sentia fraca quando entraram no hospital,ouvia por alto tudo que o médico dizia sobre o estado de saúde de Angel e desejou estar sozinha para chorar e desabafar todo seu medo e toda sua angústia. Em um dos poucos,talvez único momento de verdadeira lucidez naquela última hora,Dulce encarou bem o rosto de Anahi e então pôde perceber a dimensão da afliçao, poderia dizer até mesmo desespero que a loira carrega em suas mãos, feições,olhar, mas sobretudo em sua alma. Sim, Anahi estava sofrendo por Angel, sofrendo de tal maneira que chegou a doer em Dulce, doeu pois ver o sofrimento de Anahi a fazia sofrer também e doeu porque um medo avassalador ameçou romper seu coração,pois não conseguia decifrar se Anahi sofria por ter um carinho enorme por sua secretária de tantos anos ou por sentir algo muito maior que carinho e que a própria Anahi ainda não tivesse se dado conta. Sentiu que não poderia mais segurar as lágrimas que queimavam seus olhos implorando para serem liberadas. Sentindo um grande mal estar e uma forte sensação de desmaio a ruiva caiu em um pronto desesperado, fazendo com que Anahi e o médico presente se assustassem.

Anahi: Dulce o que houve? ( disse se levantando e ficando bem próxima a ela)

Dulce: Me sinto mal Any, estou passando muito mal ( disse chorando, o médico deixou a sala informando que já regressaria com um aparelho para verificar a pressão)

Anahi: Meu amor o que você tem? ( perguntou preocupada) Fala meu bem o que foi? O que está sentindo?

Dulce: Eu não sei, sinto um mal estar horrivel e parece que vou desmaiar, me sinto péssima.

Anahi: Vem senta aqui ( ajudando-a) Fechas os olhos e respira fundo, bem devagar,fique tranquila meu amor, vai ficar tudo bem ( disse a loira enquanto beijava-lhe o rosto) Isso respira.

      O médico regressou verificando a pressão e afirmando que estava ótima, mas Dulce seguia passando mal, a ruiva foi levada até a enfermaria, foi feita a coleta de material sanguineo para exames e Dulce recebeu uma medicação para os nervos, já havia passado três horas quando o médico entrou ao quarto informando que os exames de sangue haviam dado normais e que certamente aquilo fora uma crise de nervos e afirmando que o estresse e os problemas do dia a dia costumavam causar essas reações muito mais do que as pessoas podiam imaginar. Anahi ouvia tudo atentamente e se perguntava que problemas seriam esses para levar a ruiva a passa mal dos nervos. Meia hora mais tarde deixaram o hospital em direção a casa de Anahi,Dulce assim que chegou foi para o banho enquanto Anahi explicava a Maria o que havia acontecido. A ruiva não quis jantar e já se encontrava deitada quando a loira após terminar sua refeição entrou ao quarto em silêncio e pensativa. Anahi tomou banho, se vestiu, preparou-se para deitar e uma vez já aninhada aos seus travesseiros e encarando Dulce que ainda chorava perguntou:

Anahi: Dulce o que você tem? Fala para mim amor, desabafe, coloque para fora o que está te fazendo tanto mal, eu farei tudo que puder para que se sinta melhor, me mata te ver assim, por favor confie em mim ( pediu carinhosa)

Dulce: Eu confio em você, sei que seria incapaz de me machucar ou enganar ( chorando muito) Mas eu não tenho nada, por favor Any, só me abraça, por favor me abraça.

Anahi: Dulce! ( Anahi exclamou com tristeza a abraçando em seguida. Queria que Dulce confiasse nela, queria que dissesse o motivo de tanto sofrimento, a ajudaria fosse o que fosse) Amor isso está insustentável por favor precisa conversar comigo

Dulce: Any ( disse chorando e a agarrando) Acho que estou com ciúmes, me desculpe.

Anahi: Ciúmes de que? Não vimos ninguém, não estivemos com ninguém, nada aconteceu, eu não entendo...

Dulce: Eu olhei dentro dos seus olhos quando o médico estava explicando tudo sobre o caso da Angel e vi uma dor tão grande dentro deles, você.. Você estava sofrendo eu percebi e eu não consigo saber se é por conhece-la a tanto tempo e por isso sentir carinho ou se existe algum outro sentimento aí dentro por ela que nem mesmo você ainda foi capaz de perceber. Eu tive medo, estou morrendo de medo amor ( disse entre soluços fazendo Anahi se afastar de seu corpo e a encarar seriamente)

Anahi: Você está com ciúmes da Angel? Está assim por causa disso?  Dulce isso não tem nenhuma razão de ser, eu conheço a Angel há anos, convivemos desde então, sempre houve respeito entre nós e carinho também, como conviver com uma pessoa e não desenvolver carinho por ela? Por Deus Dulce é inaceitavel que sinta ciúmes da Angel ( disse séria)

Dulce: Por que? Ela é uma mulher, jovem e muito bonita, atraente. Por que não poderia tê-la notado?

Anahi: Porque amo você e não quero mais ninguém Dulce, não noto ninguém,ela é bonita sim e é uma pessoa maravilhosa, mas não me interessa como mulher. Pare com isso, de pensar coisas que não fazem sentido algum, de se atormentar com isso, de chegar a passar mal por algo assim, isso não tem sentido nenhum querida. Eu te amo,só quero você amor.

Dulce: Any, faz amor comigo (pediu)

       Anahi a beijou carinhosamente, não queria transar, ao menos não antes de saber o que mais passava com sua namorada, sabia que tinha mais coisas a preocupando, mas também sabia que não adiantaria insistir, não tiraria nada mais dela. Amou Dulce com carinho e delicadeza, totalmente o oposto da maneira como a possuiu várias vezes durante a tarde e percebeu que adorava igualmente fazer os dois, amava aquela mulher e faria o que precisasse para faze-lá esquecer o que fosse que a estivesse atormentando.

       Um pouco mais tarde completamente agarradas e satisfeitas Anahi comentou com Dulce que havia conseguido um lugar adequado para que voltasse a estudar, se tratava de uma classe onde a grande maioria já eram pessoas adultas que estavam alí justamente para teminarem seus estudos, isso faria com que Dulce se sentisse menos desconfortavel em participar das aulas. E apenas faltava que fossem até lá para fazer a matricula, Dulce concordou e ficou combinado que Anahi passaria por ela as dez da manhã para que fossem até lá. Uma vez que Anahi se calou e nada mais disse Dulce resolveu perguntar algo que a tinha inquieta.

Dulce: Amor?

Anahi: Hum? ( resmungou ela sonolenta)

Dulce: E quando vamos terminar o assunto do apartamento ( any abriu os olhos e a encarou, não havia esquecido disso mas não imaginava que Dulce tivesse tanta pressa em sair de sua casa)

Anahi: Já o alugamos e já vimos tudo que era necessário, agora apenas é preciso arruma-lo.

Dulce: Estamos deixando muito pra depois (disse impaciente)

Anahi: Não tenho tido tempo para fazer isso, mas você pode ir lá e adiantar essa parte já que faz tanta questão de ir o mais rápido possivel  ( disse mais rude do que gostaria e se afastando dela)

Dulce: Amor não estou com pressa, apenas quero ter um lugar que eu sinta ser meu lar e que caso eu precise possa ir ( disse a puxando de volta)

Anahi: E não considera que minha casa possa ser seu lar? O que há de errado com ela?

Dulce: Não há nada, mas ela é sua e se um dia não me quiser mais tenho que ter meu lugar, não posso viver aquilo outra vez ( disse tensa)

Anahi: Nunca mais ficará na rua Dulce, tem minha palavra, ainda que um dia já não estejamos mais juntas,jamais deixarei você sem um teto! Amanhã depois que resolvermos sua matricula sairemos para comprar roupas de cama, utensilios e produtos de limpeza. Iremos ao apartamento parar limpar, arrumar e colocar tudo em ordem,quando terminarmos vamos ao mercado fazer compras, caso não dê tempo no dia seguinte pela manhã iremos e então sua casa estará pronta para que viva nela ( disse a loira levantando indo em direção a banheiro ) Assim poderá finalmente parar de passar mal, esquecer as preocupações e ter a paz que tanto quer.

Dulce: Any...

Anahi: Vou tomar banho.

      A loira entrou no banheiro e a ruiva suspirou, Anahi estava entendendo tudo errado, não se tratava disso, mas não tinha como explicar, odiava ver Anahi ficar brava e se afastar daquele jeito, mas era exatamente isso que ela iria fazer quando descobrisse a verdade, só que dessa vez seria para sempre. A realidade se seus próprios pensamentos a deprimiu, só queria poder voltar no tempo e não ter feito as burradas que havia feito, mas isso não era possivel, não era!

                                                                                                            Continua...