Fanfic: Ainda Há Tempo? | Tema: Portiñon

Christian: O que essa mulher está fazendo aqui? ( gritou ele rudemente)

      Dulce parou no exato lugar onde estava, em momento algum passou por sua cabeça encontrar Christian, havia esquecido completamente que ele estaria alí, nem teria ido se tivesse lembrado. Sabia que ele iria reagir mal e por isso teria evitado esse desgaste para Anahi, ela não precisava de mais essa em meio a tantos problemas que ela já tinha.

      Anahi encarou seu irmão com um semblante sério e pesado, não havia necessidade daquilo, nem tinha motivos para Christian odiar Dulce daquela maneira e muito menos razões para tamanha falta de educação e modos. Odiava escândalos e gritos e odiava muito mais quando isso acontecia em público. Respirando fundo passou a mão pelos cabelos e aproximando-se um pouco mais de seu irmão disse:

Anahi: Abaixa o tom de voz, não há necessidade disso

Christian: Abaixar nada ( gritou ele ) O que essa mulher faz aqui Anahi? Não tinha o porque de traze-la, ela não perdeu nada aqui e não tinha motivos para vir.

Anahi: Fale baixo (disse rispida) Você não esta na sua casa e com quem pensa que está falando, não admito que me falem nesse tom. Se controle e me respeite.

Christian: Em nenhum momento te faltei com o respeito, apenas digo o que penso, você não tinha motivos para traze-la e não vou mentir, não suporto nem olhar para cara dessa mulher. (disse ele sem rodeios).

Anahi: Não a trouxe para que a olhe, então não vejo um problema real aqui, pare de escândalos, sabe que não suporto isso e sim, a partir do momento em que grita como louco e me expôe ao ridiculo em público me falta com o respeito.

        Disse Anahi antes de ir até Dulce, segurar em sua mão e caminhar em direção a saída do aeroporto, deixando alí um Christian irado... Já do lado de fora enquanto buscava por um táxi disponivel, Anahi sentiu quando fora puxada pelos braços com mais força do que o necessário, ao virar-se se deparou com um Christian vermelho e agitado, que a olhava fixamente.

        Anahi puxou seu braço virando-se completamente para encarar seu irmão e em meio a uma discussão que começara a partir de palavras injustas e fora de hora por parte de Christian,Dulce finalmente resolveu reagir e parando ao lado de Anahi, disse ao cunhado que aquela gritaria em pleno aeroporto não estava em nada muito diferente dos maus modos que ele sempre ressaltava ser um dos piores defeitos dela. Pediu que parasse com aquelas agressões e saíssem logo dalí, todos os olhavam e não demoraria muito para que algum responsável em manter a ordem do lugar aparecesse e exigisse uma explicação. Ainda mais irado por ser repreendido ele voltou-se contra a ruiva.

Christian: E quem é você para falar em bons modos? (gritou ele) Logo você que não tem nenhum. O que veio fazer aqui? Me diz, se aproveitar mais um pouco da Anahi? Não é suficiente morar em sua casa, ser sustentada por ela e fazer o que bem entende? Agora pretende aproveitar a vida e viajar por todos os lados sendo bancada por ela também?

Anahi: Nada disso é verdade e ainda que fosse você não teria nada com isso, cuide de sua vida e de sua relação e deixe que da minha vida cuido eu mesma.

Christian: O fato de ter saído de sua casa não a torna independente, é você quem paga todas as suas despesas portanto não morar debaixo do mesmo teto não muda o fato de que é você quem a mantém, assim fica fácil viver não acha?

Anahi: Chega disso, já estou farta dessa discussão sem sentido e de você se metendo em tudo e querendo controlar minha vida ( esbravejou)

Christian: Não quero controlar sua vida, apenas estou dizendo o que penso ( disse ele como se estivesse certo) E essa é a minha opinião...

Anahi: Pois a guarde para quando for solicitada e até onde me lembre ela não foi (disse ela secamente) Pare com os gritos e procure cuidar de sua própria vida,afinal ela também não me parece estar indo muito bem ( Dulce a olhou nervosa e Christian não entendeu o comentário que havia escutado).

Christian: O quer quer dizer? (perguntou ele exaltado)

Anahi: Nada que venha ao caso nesse momento,quero sair daqui imediatamente, será que posso?

Christian: A coloque de volta em um avião e a mande para casa, ela não tem o que fazer aqui.

Anahi: O que Dulce veio fazer aqui é problema nosso Christian, ela pode ir e vir o quanto queira e quando queira.

Christian: Você veio tratar de negocios, não veio a passeio, tem que focar nos problemas que a empresa tem e tentar resolve-los,e não perder tempo com essa... Essa... Essa mulher aí... Não há tempo para isso. No que ela poderia te ajudar nisso? Em nada! Não sabe fazer nada e não sabe administrar uma empresa, muito menos poderia fazer isso agora. Não pode te ajudar em nada nos assuntos da empresa, ela não sabe nem falar corretamente, muito menos saberia resolver algum problema desses (disse com arrongância) não teria essa capacidade, portanto não é necessária.

Dulce: E nem você teve, e é por isso que ela se viu obrigada a vir até aqui para faze-lo.

       Um silêncio sepulcral se instalou no local,Christian parecia ter sido esbofeteado e pela primeira vez desde que vira Dulce alí se calou. Dulce pareceu se arrepender de ter dito aquilo quase que automaticamente após dizer, e Anahi percebeu que havia prendido a respiração apenas alguns segundos depois de tê-lo feito. Respirando fundo Anahi passou a mão pelo rosto enquanto fechava rapidamente os olhos, e em seguida disse.

Anahi: Já chega disso, vamos embora (disse puxando Dulce pelo braço) Isso não é necessário e não quero mais saber de discussões, Christian nos vemos na empresa mais tarde e procure se acalmar, alterado desse jeito não vamos chegar a lugar algum. E quero que algo fique muito claro, iremos tratar assuntos da empresa e discutir assuntos da mesma, não irei permitir minha vida pessoal em pauta, e espero que eu não seja obrigada a repetir isso a você.

        Sem dar ao menos tempo de resposta, Anahi saiu levando Dulce consigo, e deixando um Christian irritado,agitado e com o ego ferido. Dulce havia batido em um lugar que doera muito, o da "sensação de incapacidade". Christian havia passado a vida tentando mostrar ser capaz, tentando fazer seu pai enxerga-lo como uma pessoa qualificada, tanto para tocar sua vida, como para comandar a empresa familiar... Nunca havia conseguido, seu pai criticava duramente seu modo de conduzir sua própria vida, seus estudos, seus objetivos e dizia com todas as letras e sem nenhum constrangimento que ele não era e jamais seria suficiente para dirigir a empresa da familia, afirmava que Christian não tinha talento para criação, nenhum dom para solucionar problemas e nenhuma capacidade de liderança. Essa havia sido justamente a razão para que seu pai sem nenhuma cerimônia dissesse para quem quisesse ouvir, que Anahi seria a presidente da empresa quando ele já não estivesse ou pudesse mais estar alí. Disse diretamente ao filho que só confiava sua empresa a sua irmã, pois ela sim era competente e poderia levar o nome da empresa e portanto da familia Portilla onde nem mesmo ele havia conseguido.

        Assim anos mais tarde estava presente quando após a morte do pai, sua irmã tomou posse da presidencia e a partir dalí fizera exatamente o que o seu pai havia dito que ela faria,transformando a empresa em uma multinacional, coisa com a qual seu pai sonhara toda a vida e trabalhara muito para alcançar, mas não conseguira...

       As duas mulheres fizeram a viagem do aeroporto até o hotel em silêncio total. Uma vez já instaladas no quarto, Dulce decidiu tomar banho de imediato, precisava ficar um pouco sozinha. Anahi arrumava as roupas no armario de maneira ordenada e prática. Havia terminado sua tarefa e já havia encerrado a ligação feita momentos antes para sua empresa no México quando ao passar pela porta do banheiro ouviu o choro abafado de Dulce. Pensou um pouco sobre entrar ou não alí e acabou vencida pelo amor que sentia, não podia ver Dulce sofrer e ficar imune a isso.

      Ja despida e dentro do banheiro, Anahi aproximou-se da ruiva que ainda se encontrava debaixo do chuveiro, a abraçou por trás e a beijou carinhosamente na cabeça. Dulce virou-se imediatamente, abraçando a loira e chorando até desabafar tudo que a machucava.

     Tempos depois já banhadas e deitadas na cama, Anahi quis saber o que a namorada tinha e o motivo de sua tristeza, Dulce alegou cansaço e diante da afirmativa de Anahi que deixou bem claro não acreditar em uma palavra,a ruiva admitiu que o incomodo vinha da dificil situação entre ela e Christian, sentia-se mal por tudo aquilo e lamentava sinceramente ver Anahi ser obrigada a passar por tudo isso. Afirmou também se sentir muito arrependida de ter dito o que disse a seu irmão, não tinha esse direito e havia deixado que as palavras saíssem sem ao menos pensar sobre elas. O havia agredido e isso por alguma razão a desagradava muito, achava ter sido sua culpa. Após ouvir a tudo atentamente Anahi disse:

Anahi: Você não tem culpa de nada, você apenas reagiu a uma agressão, foi ele quem a agrediu desde o momento em que a viu, você apenas reagiu a isso e está tudo bem, ninguém é obrigado a apanhar calado, menos ainda se apanha sem nehuma razão plausível.

Dulce: Mas aquilo que eu disse, sei lá...  Bom no fim é a verdade, se ele soubesse ou pudesse resolver o problema por ele mesmo, você não precisaria estar aqui agora. Mas.. Eu não deveria ter dito, me desculpe ( pediu)

Anahi: Não tem o que desculpar, ele precisa ouvir umas verdades para ver se acorda, está passando de todos os limites.

Dulce: Mas agora vai me odiar o dobro (lamentou ela).

Anahi: Esqueça isso amor,ele ouviu o que precisava e mais, eu a trouxe para se divertir, conhecer o lugar e não para se aborrecer, eu não sabia que ele iria aparecer alí,teria dito que não fosse caso soubesse. (disse séria) Vem, deixe de pensar nisso, vamos dormir um pouquinho,foi uma longa viagem e uma recepção muito cansativa, só irei trabalhar mais tarde, temos tempo para descansar.

         Abraçando a loira e enterrando o rosto em seu pescoço, Dulce não demorou nada para dormir, estava mesmo cansada e isso era mais emocionalmente do que fisicamente, a vida não estava fácil e tinha sempre algo ruim querendo tirar sua felicidade.

        Anahi pensava sobre os últimos acontecimentos,Christian julgava Dulce sem piedade,como se ela fosse a pior pessoa do mundo, mas estava prestes a se casar com alguém que não era dona de nobreza alguma. Era engraçado como algumas pessoas estavam tão focadas em olhar a vida alheia que não eram capazes de enxergar o que passava em suas próprias vidas.

        Deixando tudo isso para depois, afinal não podia fazer nada naquele momento, Anahi fechou os olhos e deixou-se levar para um lugar onde quase tudo era bom e perfeito: Seu sono.

                                                                                                           Continua...