Fanfic: Ainda Há Tempo? | Tema: Portiñon

       Um olhava para o outro sem ter a intenção de dizer qualquer coisa. Maite parecia se sentir pressionada e isso não passou despercebido por Anahi. Assim como Christian parecia receoso e Liz extremamente nervosa.

    Anahi só conseguia sentir cansaço, tinha muito o que resolver, muito o que pensar, muito o que trabalhar e principalmente muito o que passar. E no meio de tudo isso ainda aparecia aquela situação, que de longe qualquer um poderia notar não traria nada de bom.

   Farta de ser obrigada a conviver com pessoas que pareciam sempre prontas a ocultarem algo, e nunca dispostas a serem sinceras e diretas, como práticamente todas as pessoas que a rodeavam: Christopher, Maria, Christian, Maite, Liz, Daniel e Dulce. Principalmente Dulce. Anahi deixou que o pouco de paciência que ainda lhe restava escapasse imediatamente.

Anahi: E então, ninguém vai se manifestar? Eu pedi uma explicação sobre o que acabei de ver. Qual o motivo para todo esse escândalo? Para toda essa discussão?

Maite: Anahi. Eu não sabia que já estava de volta (disse rapidamente,porém emocionada)

Anahi: Ninguém sabia, não avisei a ninguém (disse sem muita emoção)

Maite: E como você está? Como foi a viagem?

Anahi: Estou bem e a viagem foi como eu esperava (disse seca) Mas ainda não responderam minha pergunta, o que está acontecendo aqui?

Maite: Bom, eu, não sei, é que...

Christian: Eu estava pedindo alguns documentos e Maite estava dificultando as coisas. Ainda sou o vice presidente da empresa e minhas ordens ainda deveriam ser acatadas (disse com frieza, Maite o olhou nada satisfeita)

Anahi: Quais documentos? (perguntou olhando para Maite, deixando claro que a pegunta era direcionada a sua secretária).

Christian: Documentos relacionados a alguns funcionarios,relatorios e coisas assim (disse ele parecendo muito agitado)

Anahi: Maite? (ignorando completamente o que dizia seu irmão)

Maite: È, eu, bom... (olhando a sua chefe nos olhos, percebeu que não tinha espaço ali para qualquer outra coisa que não fosse a verdade). Ain, ele quer relatorios da empresa, de rendimentos, gastos e essas coisas.

Anahi: E para que exatamente ( disse ela agora olhando diretamente para seu irmão)

Christian: Quero estar por dentro de todos os gastos e ganhos da empresa em todos esses anos e no patrimônio real que temos (disse sem demonstrar vergonha. Anahi o estudou por um tempo).

Anahi: Não é necessário que peça isso a Maite, eu mesma faço questão de apresenta-los (disse rispida, não acreditava naquilo, sabia exatamente o que aquilo sugeria e não escondeu ter entendido isso) Não irei roubar você se é o que pensa, irei pagar por suas ações o valor exato que elas valem, nada a menos.

Christian: Em momento algum disse que faria isso (disse sonso) Apenas quero estar por dentro de tudo, afinal a empresa ainda é minha também.

Anahi: Não tem com o que se preocupar Maite, eu cuido disso (disse ainda olhando seu irmão).

Maite: Mas não é só isso ( Christian a olhou com raiva aparente) Ele também quer os relatorios sobre os funcionarios, ou melhor sobre uma funcionaria.

Anahi: Quem?

Maite: Angel.

Anahi: Angel? E para que? ( perguntou sem realmente entender)

Maite: Ele quer de...

Christian: Deixe que eu mesmo resolva isso ( falou ele calando a morena) Quero ter o relatorio para inserir nos papéis da demissão dela.

Anahi: Demissão? (perguntou alarmada) O que significa isso afinal?

Christian: Demissão é quando uma pessoa é mandada embora de onde trabalha, essa pessoa é desligada da empresa e... (falou com cinismo)

Anahi: Pare com isso ( gritou ela) Que idade você tem? Cinco? Estamos em uma empresa séria, tratando de assuntos sérios e não em uma creche. Deixe de ser infantil e trate o assunto como homem.

Christian: Eu sou um homem ( gritou exaltado)

Anahi: Então comporte-se como um (exigiu a executiva no mesmo tom) Leve a sério o que é sério e comporte-se como um profissional, é para isso que está aqui.

Maite: Eu vou arrumar a sua sala para te receber (saindo imediatamente dalí).

Liz: E eu vou embora, tenho uns assuntos para tratar.

          Anahi a viu despedir-se de seu irmão com um selinho e se sentiu enojada. As pessoas eram mesmo traíras, apunhalavam os outros pelas costas e depois se comportavam como se nada tivesse acontecido...

         Assim que Maite deixou sua sala, a loira entrou acompanhada de seu irmão, conversaram, ou pelo menos ela tentou conversar por vários minutos e Christian apenas respondeu que não via razões para manter na empresa um funcionário que não aparecia para trabalhar e que nem ao menos dava alguma explicação para isso. Mesmo que essa funcionária fosse Angel, alguém que a muito tempo estava na empresa.

         Anahi explicou que Angel estava afastada por motivos medicos e que sempre soube disso desde o inicio, tendo sido ela mesma a dar-lhe o afastamento. Disse ainda que se Christian estivesse fazendo seu trabalho com o minimo de interesse saberia disso, afinal tudo havia sido feito legalmente, dentro de todas as normas da empresa.

       Christian não gostou da forma como Anahi hava dito aquilo e protestou, de maneira grosseira e infeliz,fazendo Anahi irritar-se, exigindo que se retirasse de sua sala imediatamente. Após ver seu irmão deixar seu escritório a loira sentou esticando o corpo e se perguntando, quando Christian havia se tornado um completo idiota.

      Chamando Maite em sua sala e exigindo o relatorio de todos aqueles dias que não esteve presente, Anahi se colocou a trabalhar arduamente. Havia uma estrategia para que a filial da Espanha se recuperasse e o plano já estava sendo executado, mas isso não aconteceria se a matriz da empresa, que era alí no México, mais precisamente onde se encontrava naquele momento,não conseguisse se recuperar também. Aliás se não conseguisse fazer com que a empresa voltasse ao seu normal e andasse bem como havia sido sempre, não apenas ela e a filial da Espanha desmoronariam, mas sim todas as filiais da empresa. Pois cada uma delas possuia uma sobrevida usando seus próprios recursos, mas todas elas dependiam direta e totalmente da Matriz de todas as empresas Portilla, para realmente sobreviverem e poderem assim existir.

      Após um longo dia de trabalho, Anahi havia lido atentamente todos os relatorios fornecidos por Maite e estava a par de tudo que precisava. Havia feito uma video chamada com Fernando na Espanha e havia participado de duas reuniões virtuais.

     A loira havia tentado falar com Dulce durante toda a tarde, mas não tivera sorte em nenhuma delas. Dulce simplesmente não atendia o celular, e seria importante ela estar a par de onde e quando seriam suas próximas fotos. Respirando fundo Anahi voltou ao trabalho.

    Maite esteve alí trabalhando o mesmo tempo que Anahi e no momento em que a chefe deixara a empresa, exigira que a secretária também fosse para casa. Maite sentia Anahi tensa e distante, mas sabia que nada poderia fazer para ajudar sua chefe a não ser, trabalhar duro para junto dela colocar a empresa em ordem.

    Eram quase meia noite quando Anahi se deitou, havia encontrado Maria e admitia estar morrendo de saudades dela. Voltar para casa era bom, de alguma forma, apesar de tudo, seu lar lhe trazia paz e conforto. E a presença de Maria também...

    Maria havia notado o cansaço e a aflição de sua menina no exato momento em que havia batido os olhos nela, mas decidiu não perguntar nada, o que ela tivesse que saber Anahi acabaria lhe contando... Tratou de deixa-la  a par do estado de saúde de Angel e de como estava a moça. Era mesmo uma pena, pessoas tão boas passarem por coisas tão ruins...

   Uma vez deitada Anahi tentou mais uma vez ligar para Dulce e dessa vez conseguiu. Após alguns minutos, Anahi inteirou-se de que ela havia estado no colégio e buscando alguns documentos em colégios anteriores e isso havia levado tempo demais, seu celular havia descarregado e no fim de tudo não tivera como atender a loira.

    Anahi ficou aliviada, havia pensado várias coisas ruins, pensou que algo havia acontecido a sua ruiva e o fato dela não atender o telefone a tinha deixado realmente preocupada. Após alguns minutos de conversa, a loira terminara a ligação e agora mais tranquila poderia dormir mais rapidamente...

       Na manhâ seguinte, Anahi chegou a empresa antes de todos e já havia feito bastante coisa quando Maite apressada, adentrou a sala com a agenda do dia. Anahi notou algo diferente em sua secretária, mas não havia conseguido identificar exatamente o que seria.

      Fixando o olhar em seu computador, percebeu que este continuava com problemas e sua secretária a avisou de que o tecnico que Anahi havia solicitado, não havia tido chances de ir até alí, pois viajava a trabalho faziam duas semanas e meia, mas afirmou comparecer a empresa assim que voltasse ao estado.

     Como Anahi de fato só confiaria a ele seu computador e por consequência todos os dados de sua empresa, ela não tinha outra alternativa que não fosse esperar... Voltando ao trabalho, Anahi assinou papéis a serem despachados, leu relatorios e participou de uma video chamada com possiveis investidores de outro país. Havia gostado do resultado e esperava ter ali a ajuda necessária para conseguir levantar a empresa de uma vez por todas. Seria algo dificil e ela tinha noção disso, mas já havia conseguido coisas assim antes, não custava nada acreditar que isso voltaria a acontecer..

     Anahi deixava a empresa para almoçar, quando a diretora do colégio onde Dulce estudaria ligou, procurava pela ruiva e precisava com urgência dos documentos pedidos. Anahi estava certa de que Dulce já os havia levado, lhe dissera isso ao telefone na noite anterior.

    A diretora desmentiu que Dulce tivesse aparecido por lá na tarde anterior, e contou que havia pedido os documentos que faltavam faziam cerca de vinte dias e a ruiva ficara de leva-los mas ainda não o tinha feito. Ela deveria leva-los naquele dia, e não teria outra oportunidade.

    Anahi respirou bem fundo, como se assim pudesse recuperar não apenas seu bem estar, coisa que o enjoo de seu estômago não lhe permitia sentir, mas também sua serenidade, Dulce havia mentido e sinceramente não entendia o motivo.

   Voltando a empresa, tentou ligar para namorada que como sempre não atendia suas ligações. Após várias tentativas, levantou-se e assim que vira Maite regressar a sua mesa, procurou se informar em que colégio a ruiva havia estudado antes que parasse os estudos. Maite não entendeu a pergunta, mas informou o que a loira desejava saber.

    Vendo Anahi sair, perguntou se a loira já havia almoçado e a mesma respondeu-lhe que não, que deixaria a empresa naquele momento. Maite apenas assistiu sua chefe entrar no elevador, já Anahi lá dentro pensava que não diria a sua secretária onde iria, apenas a deixaria pensar que saía para almoçar, não lhe devia essa resposta afinal.

    Uma vez dentro do carro, a loira pensava no que acontecia na sua vida, ela simplesmente não poderia ser tranquila e monótona por um tempo!? Parecia que não... Queria saber onde Dulce havia se metido, por que não atendia as ligações e por que havia mentido.

     Ao chegar ao colégio onde Dulce estudara, a executiva tratou de informa-se onde ficava a tesouraria. Minutos depois chegava até lá pensativa e contrariada, foi nesse momento onde viu Dulce, discutindo com a funcionaria e bastante exaltada.

Anahi: Dulce!

Dulce: Any!? (disse ela surpresa) O que faz aqui?

Anahi: Vim fazer o que você não fez ( disse séria)

Dulce: Eu, eu..

Anahi: Mentiu (disse um pouco rude) Disse que havia estado aqui ontem e resolvido tudo, disse que havia ido ao colégio e deixado os papéis, mas não o fez. A diretora me ligou ainda a pouco, pediu os papéis a mais de quinze dias, ou seja quase uma semana antes de viajarmos e não o fez. Voltamos ontem e também não o fez.

Dulce: Any, eu...

Anahi: Chega de mentiras Dulce ( disse ela brava) Você já conseguiu os papéis?

Dulce: Não, não querem me dar, são cheios de coisas para resolver uma simples coisa ( Anahi a encarou).

Anahi: Os lugares tem regras Dulce, as pessoas cumprem com suas obrigações e não se pode chegar e achar que temos o poder de mudar tudo e fazer tudo como quisermos.

        Ainda encarando a ruiva, Anahi aproximou-se da funcionária e iniciou uma conversa amigável. Vários minutos se passaram até que Anahi deixou a sala levando com ela todos os papéis necessários.

       Dulce nada disse, apenas acompanhou a loira e adentrou seu carro. Ainda na estrada olhou algumas vezes para Anahi, mas essa não havia lhe devolvido o olhar. A viagem foi feita em silêncio e Dulce imaginava que sua namorada estivesse muito brava, e estava.

       Após deixar os documentos e desculpar-se pela demora, Dulce deixou o local entrando novamente no carro com Anahi, que ainda não havia lhe dirigido a palavra novamente. Assim que deu partida no carro, Anahi perguntou:

Anahi: Onde estava ontem?

Dulce: Eu...

Anahi: Sem mentiras Dulce ( disse em um tom rigido) Onde estava?

Dulce: Eu estava dormindo ( Anahi desviou os olhos da estrada e a encarou)

Anahi: O que?

Dulce: Entrei em casa e o celular descarregou. Fui direto para o banho e quando saí, deitei um pouco para descansar até o celular carregar um pouco, precisaria dele. Mas estava muito cansada, muito mesmo e acabei dormindo. Acordei já era muito tarde e percebi que não havia colocado o carregador na tomada, então o coloquei nessa hora e assim que ele ligou, vi suas ligações, estava te ligando na hora que ele tocou novamente e era você.

Anahi: Você não fez nada do que tinha que fazer porque estava dormindo? ( a ruiva  concordou com a cabeça) E por que mentiu? Não bastaria dizer a verdade?

Dulce: Eu tinha coisas importantes para fazer e não fiz. Você iria me chamar de irresponsável. então eu disse que resolvi tudo,porque hoje eu iria lá e realmente iria resolver e teria feito isso, mas aquela mulher não quis me ajudar em nada, estava horas alí. Depois você chegou e rápidamente conseguiu uma coisa que eu estava a horas pedindo a ela.

Anahi: Ou seja, se a diretora não me liga eu não saberia, você iria manter a mentira e simples assim?

Dulce: Desculpa, eu não queria que pensasse que não estou interessada e que achasse que sou irresponsável. Eu iria resolver tudo hoje, fui para lá cedo e teria resolvido não fosse a má vontade daquela mulher. Não fica chateada comigo ( pediu tensa) Eu tentei mesmo resolver.

Anahi: Não estou chateada por não ter resolvido isso, estou chateada  por ter mentido ( disse franca) Odeio que mintam para mim Dulce, que me façam de idiota e ainda achem que está tudo bem.

Dulce: Me desculpa  ( disse abaixando a cabeça).

Anahi: Custa tanto assim dizer a verdade?

Dulce: As vezes a verdade pode ser fatal.

Anahi: A verdade é sempre o certo, e no meu caso, prefiro ela. Não minta para mim Dulce, pouca coisa me deixa tão brava quanto que mintam para mim. Eu não gosto e não vou ficar tolerando isso (avisou).

Dulce: Desculpa...

Anahi: Sou a pessoa mais tolerante e compreensiva que conheço, não existem razões para mentir para mim, para me enganar. Não importa o que você faça, sempre tentarei entender seus motivos e sempre tentarei ser justa. Mas não minta para mim.

Dulce: Me perdoa amor, me desculpa, eu sei que errei. Desculpa.

        Anahi a olhou por alguns segundos, como podiam ser tão diferentes!? Ninguém era igual a ninguém,mas como as pessoas podiam ter valores e senso de ética tão diferentes assim. Havia um abismo de diferenças entre elas e não sabia se poderia conviver para o resto da vida, com o fato de Dulce ligar muito pouco para seus valores morais. Alguma mudança precisava acontecer alí e tinha que ser o mais rápido possivel. Mas como? Não sabia...

       Meia hora depois Anahi deixou Dulce em frente á seu prédio e recusou o beijo da ruiva no momento em que ela se despedia, estava chateada e só pedir desculpas não resolveria as coisas, não sempre. Deixou isso claro para a ruiva, antes de dar partida no carro e voltar a empresa.

      Uma vez em sua sala mergulhou no trabalho novamente e perdeu-se no tempo, já passavam das seis quando foi em direção ao hospital. Lá encontrou uma Angel abatida e triste.

      Definitivamente ela não estava bem, estava pálida,mais magra,com grandes olheiras e parecia muito cansada. Ver Anahi pareceu reanima-la. Conversaram por muito tempo e já na hora da loira deixar o hospital. Angel perguntou:

Angel: Você está bem? Você está pálida e diferente, como se estivesse muito cansada,está doente?

Anahi: Não, não. Eu estou cansada sim, venho trabalhando muito,a viagem foi exaustiva, chegar aqui e encontrar tudo como está foi terrivel, tenho trabalhado tanto quanto antes de ir para Espanha. Não tenho dormido muito, são apenas umas três horas por noite, no máximo quatro. E não tenho me alimentado corretamente também, fazem mais de vinte e quatro horas que não como absolutamente nada por exemplo e nem fome estou sentindo ( disse franca, Angel a olhava com preocupação e admiração) Mas é apenas cansaço mesmo, não estou doente, estou bem.

Angel: Tudo que você não está é bem. Pode não estar doente, mas bem não está. Tem que se cuidar, trabalha muito, tem muitos problemas e se cuida pouco. Precisa se manter bem, muitas pessoas dependem de você e além disso, ninguém merece mais a sua atenção do que você mesma, você ajuda todo mundo, mas quem te ajuda? Promete que vai se cuidar?

Anahi: Eu vou ( sorriu).

             Ao deixar o hospital, voltou a empresa e já passava das onze quando entrou em seu carro, acompanhada de Maite. A cunhada havia estado alí ajudando-a até aquela hora e nada mais justo do que leva-la em casa, afinal estava tarde e deserto.

           Meia hora mais tarde parou seu carro em frente ao prédio onde Maite e agora também Dulce moravam. Olhou para sua secretária esperando que deixasse o carro para finalmente poder ir para casa, mas a morena não parecia estar com pressa, e passou alguns minutos entre agradecimentos e um oferecimento de ajuda e apoio para tudo que a executiva precisasse. Anahi agradeceu e voltou a esperar que Maite deixasse o carro, mas ela não o fez. Maite olhou Anahi seriamente e esta por sua vez afastou-se imediatamente, já havia visto aquela cena antes e não havia terminado nada bem. Maite havia ultrapassado um limite importante na relação patrão e funcionario ou na relação entre cunhadas, e Anahi não iria permitir que isso acontecesse novamente. Daquela vez havia sido pega de surpresa e embora não a tivesse beijado e tenha se afastado imediatamente quando Maite o fez, ainda se sentia culpada. Sabia que não tinha uma culpa real no que Maite havia feito,mas sua honestidade a castigava mesmo tendo consciência desse fato.

         Para animar a morena a deixar o carro, Anahi tratou de despedir-se e embora não o tenha dito de forma clara,isso bastou para que Maite pudesse entender. A morena já havia praticamente deixado o carro quando voltou e desejando boa noite a mulher em sua frente, se adiantou a beijar-lhe a bochecha. Anahi não gostou da atitude, mas preferiu se calar, conversaria de maneira clara e direta no dia seguinte.

         Maite deixou o carro e Anahi nem ao menos a esperou entrar no prédio, dando partida no carro imediatamente. Maite desapareceu para dentro do prédio e uma ruiva completamente enlouquecida atravessou a rua sem nem ao menos olhar para os lados.

        Maite estava fechando a porta de seu apartamento, quando sentiu a mesma ser aberta com uma violência animal. Ainda assustada, olhou para a mulher a sua frente. Dulce estava visivelmente cansada por ter corrido, com os olhos meio arregalados e uma expressão de uma raiva latente no rosto. Não deixou nem que Maite perguntasse o que fazia alí, entrou no apartamento batendo a porta atrás de si.

       Dulce havia saído de tarde, segundos após Anahi tê-la deixado em frente ao prédio e só chegava em casa aquela hora da noite, no momento em que Anahi havia parado seu carro em frente ao prédio. Por impulso, parou de caminhar e ficou a observar o carro. Nitidamente viu Maite no interior dele e queria entender o que sua irmã fazia com sua namorada aquela hora em frente ao prédio onde morava.

      Se deu conta da demora de Maite em deixar o carro, também havia percebido que falava, embora fosse impossivel ouvir a "conversa'. Percebeu ainda quando se encararam por segundos e como Anahi se afastou imediatamente. No momento seguinte viu sua irmã virar-se para deixar o carro e viu também quando um segundo depois regressou a ela para beija-la!? Não era possivel, de onde estava, já não conseguia ver exatamente onde esse beijo havia sido, mas seu ciúme quase doentio não lhe permitiu raciocinar o bastante para entender que existia mais de uma alternativa.

      Viu Maite deixar o carro e o carro de Anahi sair imediatamente, viu sua irmã entrar no prédio e não pensou duas vezes antes de segui-la. O elevador já havia subido e Dulce apressou-se em subir as escadas correndo, como se precisasse salvar alguém da morte.

      Invadiu o apartamento de sua irmã no momento em que esta fechava a porta e parada alí cara a cara com ela, a lembrança de serem irmãs em nada diminuiu sua raiva. Havia tentando beijar sua mulher? Ou a tinha beijado? Já não sabia, não conseguia pensar...

      Passou a gritar com sua irmã de maneira rispida e histérica,não deixando que Maite entendesse sobre o que falava. Após vários gritos e de finalmente dizer o que tinha visto, Dulce passou a xingar a irmã. Maite irritada deu inicio a uma discussão calorosa, onde várias verdades nada bonitas foram cuspidas,muita coisa foi jogada para fora e o rancor apareceu muito aparente de ambas as partes.

      Após uma discussão aflorada, onde Maite por raiva,ao ser acusada de ter beijado Anahi, assumiu tê-la beijado,não naquela dia, mas em uma ocasião anterior, Dulce agrediu ferozmente sua irmã com bofetadas. A morena havia tentando se defender, mas a fúria da ruiva não lhe permitiram parar todos os tapas que foram desferidos contra seu rosto.

     Louca de raiva e indignada pelas provocações claras de sua irmã, Dulce deixou o prédio entrando em um táxi. Quase quarenta minutos depois entrava na casa de Anahi como se um demônio tivesse possuido seu corpo.

     Anahi assim que chegara em casa,havia ido a cozinha, comido algumas frutas e subido para banhar-se. Deitou-se meia hora depois. Ainda pensava em como resolver os problemas  de Angel quando ouviu a porta de seu quarto ser aberta brutalmente. Sentou-se na cama a tempo de ver Dulce acender a luz e atravessar o quarto com uma expressão que angustiou Anahi. Imediatamente sem nem dar tempo da loira dizer algo, Dulce gritou-lhe descontroladamente enquanto dizia diversas coisas que Anahi não conseguia assimilar. A executiva levantou-se, ficando de pé de frente para a ruiva, porém á três passos dela. A encarou como se tivesse vendo uma assombração e era muito nitida sua confusão.

      Anahi deixou que Dulce falasse por um bom tempo, afinal não parecia mesmo ter modo de controla-la. E após uma enxurrada de palavrões, a maioria deles que Anahi nem conhecia, Dulce pareceu não ter mais palavras em seu estoque, pois calou-se, deixando que seus xingamentos e gritos dessem espaço para um pranto profundo e doído. Anahi ainda não tinha entendido o que havia provocado aquilo, mas ver Dulce naquele estado e sentir que o que quer que fosse a estava realmente fazendo sofrer, acabou com ela.

      Aproximando-se Anahi tentou toca-la, mas Dulce não deixou. Afastou-se rápidamente a encarando em seguida, tinha raiva em seus olhos e Anahi sentiu seu estômago embrulhar, nunca vira um olhar daquele vindo de Dulce para ela. Tentou se aproximar mais uma vez e mais uma vez foi rejeitada. Não entendendo o que acontecia e preocupada com aquela atitude, Anahi resolveu ir direto ao ponto, ainda que a ruiva não estivesse calma, e isso só fez com que Dulce explodisse ainda mais...

Anahi: Dulce, fique calma e me diga o que está acontecendo, não estou entendendo nada.

Dulce: Não está entendendo? Não está entendo, claro ( gritou ela).

Anahi: Não Dulce, não estou, pare de gritar e fale de uma vez o que aconteceu, mas fale civilizadamente, assim não é possivel entender.

Dulce: Civilizadamente? Ahh então não sou civilizada além de tudo ( disse com ironia, Anahi odiava ironia).

Anahi: Nesse momento não está nada civilizada e por favor, deixe essa ironia de lado, eu odeio esse tipo de coisa e você sabe muito bem.

Dulce: Ah claro, a toda certinha Anahi Portilla odeia ironias e também odeia um monte de coisas não é mesmo? ( vomitou ela) Fica me condenando, me criticando e no fim faz a mesma coisa.

Anahi: Do que você está falando ( perguntou com o cenho franzido) O que eu fiz afinal?

Dulce: Mentiu (explodiu ela mais uma vez) Mentiu para mim, fica dizendo que odeia mentiras e não suporta e blá blá blá, e o que fez? Mentiu.

Anahi: Menti em que? Do que você está falando?

Dulce: Você não tem nada para me contar? (perguntou com raiva)

Anahi: Não, o que eu teria para contar?

Dulce: Não é possivel ( gritou ela quebrando um vaso ao seu lado).

Anahi: O que está fazendo? Enlouqueceu? ( perguntou perplexa)

Dulce: Enlouqueci, enlouqueci Anahi. Está preocupada com o seu vaso que vale milhões?

Anahi: Não estou preocupada com vaso nenhum,e ele não vale milhões. Quero saber o motivo da gritaria toda, o porque  de tudo isso.

Dulce: Você mentiu para mim, você que fica me acusando o tempo todo de mentir,me dizendo que não vai aceitar isso e olha só, você mentiu. ( ainda gritando) O que você quer, que eu enlouqueça?

Anahi: O que eu quero, é que pare de gritar.

Dulce: E o que eu quero, é que você pare de hipócrisia (cuspiu ela. Isso pareceu abalar Anahi, que rápidamente se recuperou)

Anahi: Nunca menti para você, nunca fui hipócrita, sempre fui o mais verdadeira e leal que consegui ser, não entendo...

Dulce: Pelo visto não tentou o suficiente ( isso irritou Anahi)

Anahi: Afinal de que merda estou sendo acusada? Qual foi o crime que cometi? (perguntou brava) Fala de uma vez.

Dulce: Você e minha irmã se beijaram (berrou ela) Não foi? Vocês se beijaram, e não uma, mas duas vezes.

Anahi: O que? (disse uma Anahi atordoada e completamente pálida)

Dulce: Você e Maite se beijaram, hoje no seu carro, em frente ao prédio, eu vi ( disse chorando).

Anahi: Dulce, meu Deus. Eu não a beijei, nunca a beijei. Ela me deu um beijo no rosto hoje quando se despediu, mas foi...

Dulce: No rosto Anahi? Tem certeza que foi no rosto?

Anahi: Sim, foi na bochecha, antes de sair do carro ( Anahi se sentia enjoada e tonta, não era toda a verdade, de fato Maite a tinha beijado no rosto mais cedo. Mas na outra vez...) Dulce...

Dulce: Por que mentiu para mim? Justo você que não mente ( disse sentida) Eu sou toda errada, eu minto para me defender ou quando preciso sair de uma situação. Eu faço coisas erradas e feias, mas apesar de não ser por mal, não é novidade para ninguém. Mas você? Você é honesta com todo mundo, você nunca mente e mentiu para mim.

Anahi: Dulce, eu não menti.

       Anahi calou-se um minuto, na verdade sentia como se tivesse mentido sim, não contar a verdade para muitos é omissão, mas para ela, honestamente era mentira. Então que direito tinha ela em ter ficado tão brava com Dulce mais cedo, se na verdade nessa vez de fato mentira para ela, não por ter feito algo errado, não havia feito nada. Mas para evitar problemas maiores entre as irmãs e evitar constrangimentos em seu trabalho. Sim, Dulce tinha razão, ela tinha mentido sim,e se sentia terrivelmente envergonhada.

Dulce: Nunca mentiu (riu sem nenhum humor) Então você nunca beijou a Maite? È isso que está dizendo? Esse beijo nunca aconteceu? ( Anahi a encarou sem nada dizer) Responde Anahi, se beijaram ou não? Esse beijo nunca aconteceu? Me diz.

                                                                                               Continua...

Anahi vai desmentir ou não? Veremos no próximo capítulo.