Fanfic: Ainda Há Tempo? | Tema: Portiñon

            Anahi resolveu que passar no hospital pela manhã seria a melhor solução para seu dia tão cheio. Após uma visita rápida a Angel e uma conversa ainda mais rápida com seu médico, Anahi finalmente chegou em sua empresa e imediatamente iniciou sua primeira reunião do dia.

             A reunião demorou muito mais do que Anahi esperava e desejava e nem ao menos havia dado o resultado que ela esperava. Impaciente e preocupada, Anahi deixou a empresa para um almoço de negocios. Este resultou ser mais dificil que a reunião anterior e Anahi estava a ponto de abandonar o local caso ouvisse mais qualquer idiotice que fosse, a loira julgava indignante o fato de que pessoas desse ramo ainda conseguissem ser tão ignorantes e despreparadas como aquelas que tinha em sua frente e julgava desesperador se ver obrigada a lidar com elas.

             Após um exaustivo almoço onde Anahi precisou explicar e ensinar coisas tão simples e básicas para pessoas que deveriam saber tudo que ela mesma sabia, ela enfim deixou o local, com uma dor de cabeça que a enjoava.

              De volta a empresa deu inicio a sua terceira reunião do dia, essa mais curta e mais simples, fato que a loira agradeceu infinitamente, pois se precisasse se estressar mais uma vez como havia feito no restaurante, ela sentia que poderia ter um ataque imediato.

              A loira precisou ainda resolver alguns problemas simples e outros graves que surgiram ao longo do dia e quando finalmente havia terminado e sentia que precisava de um tempo para se recompor, já estava na hora de sua última reunião do dia, reunião essa que exigiu dela muita atenção e muita calma.

             Estava claro para Anahi que as pessoas não tinham boa vontade e nem pretendiam facilitar as coisas para ela, isso ela já esperava, o que Anahi não estava esperando era que todos eles a sua própria maneira, fossem insinuar de maneira que não deixasse duvidas de que ela tivesse entendido, que tudo aquilo estava acontecendo pelo escândalo do desfile, onde Anahi saíra com a imagem manchada e enquanto tudo aquilo não fosse resolvido, dificilmente as coisas voltariam ao seu normal.

             Anahi sabia que poderia provar que seu projeto lhe pertencia, e isso a tranquilizava,uma vez que tinha certeza que tudo seria resolvido e as coisas voltariam aos seus lugares. E muito embora a atitude muito pouco profissional dessas pessoas a incomodasse muito e chegasse a irrita-la em alguns momentos, Anahi tinha total consciência de que tudo aquilo era absolutamente normal nesse meio,onde ninguém realmente gostava ou respeitava alguém,apenas se usavam para conseguirem aquilo que desejavam, passando por cima de quem quer que fosse até mesmo ferindo quem não conseguisse se tornar frio e sem valores morais e éticos. E ela era a maior prova disso...

            Assim que deixou a reunião Anahi sentou em sua cadeira e respirou fundo, a cabeça latejava horrivelmente e isso a deixava tão enjoada que mal conseguia se concentrar em algo. Fechou os olhos por um tempo e quando os abriu, se deparou com Maite a olhando.

           Assustou-se, não esperava que tivesse entrado e a ficasse observando, aliás isso parecia ter se tornado um costume muito desagradavel da morena, não era a primeira e nem a segunda vez que o fazia e para ser bem honesta consigo mesma,isso não era algo que agradava Anahi.

          Após passar as informações que precisava para Anahi, Maite deixou a sala meio vacilante, parecia querer dizer alguma coisa, mas não se atreveu a faze-lo. Não querendo pensar muito sobre isso, Anahi voltou ao trabalho, lendo e assinando diversos papéis que haviam sido deixados por Laura em sua mesa. Eram muitos e levariam algum tempo, a loira pedia mentalmente para que tudo acabasse de uma vez, se sentia tão mal que só desejava deitar.

          Algumas horas depois, deixou a empresa com todos os papéis assinados e sabendo que suas secretárias já haviam saído a muito tempo. Estava realmente tarde e sabia disso, mas não deixaria a empresa até que todas as tarefas do dia tivessem sido cumpridas. Sabia que seu mal estar só passaria depois de dormir e imaginava também que o faria assim que deitasse na cama, estava muito cansada, seu corpo parecia moído, sua mente não parava um segundo, chegando a faze-la se irritar e seu emocional estava tão abalado que podia sentir que se qualquer outra coisa acontecesse naquele dia, poderia chorar por horas sem se importar em quem estivesse por perto. Sabia que tudo se dava pela mistura de tudo que vinha acontecendo: sua empresa, sua vida profissional, o irmão, o primo, a mulher do primo, o fato de trabalhar demais, a morte do filho, a quase nenhuma chance de encontrar seu outro filho, a angústia, o desespero, a tristeza,a falta de vontade de seguir e claro... Dulce. Dulce tinha grande parcela nisso tudo, era realmente dificil se relacionar com alguém como ela e ainda mais dificil lidar com a sensação de amar alguém mas não ser igualmente amada, sim, ela começava a sentir que Dulce não a amava realmente, deveria sentir carinho, misturado com gratidão e com uma forte atração sexual, mas amor, Anahi já começava a achar que não sentia,pelo simples fato de que quando se ama alguém, se é generoso com essa pessoa e com essa relação e Dulce definitivamente não era.

         Dulce parecia lembrar de Anahi apenas quando se metia em problemas, quando estava em apuros ou quando sentia desejo... Para Anahi tudo isso parecia estar mais claro do que nunca, e chegar a essa conclusão doía demais. Amava Dulce e desejava ter uma vida inteira com ela, mas os sentimentos da ruiva em relação a ela não pareciam fortes o suficiente para chegar nem ao menos ao ano seguinte. Após constatar isso, Anahi sentiu sua dor de cabeça aumentar tanto que mal podia abrir os olhos, o mal estar ficou tão grande que sentia vontade de chorar e estava tão desesperada por dormir que desejava parar o carro alí mesmo e faze-lo.

        Ao entrar em casa meia hora depois, Anahi sentiu um vazio tão grande que parecia a querer engolir por inteiro, esse vazio sempre esteve presente dentro dela, mas poucas vezes se fez tão presente ao ponto de faze-la pensar que não poderia suporta-lo.

       A loira subiu e foi direto para o banho, enquanto se lavava Anahi tentava controlar aquele turbilhão de sentimentos e desconfortos. Saiu do banho e após vestir-se sentou-se na cama pois não conseguia se manter em pé, sentia fraqueza e a falta de ânimo nem ao menos permitiu que deitasse imediatamente, olhou várias vezes ao redor do quarto escuro e concluiu que em algum momento de sua vida, ela havia se tornado tão melancólica e sombria quanto ele. Sentindo-se angustiada, infeliz e com um enorme buraco dentro do peito, Anahi deitou-se, dando ao seu corpo o apoio que ele tanto necessitava.

       Não demorou muito para que começasse a sentir as lágrimas caírem de seus olhos, rolando livremente por sua face. Sabia que chorar não resolveria nenhum de seus problemas e muito menos mudaria qualquer coisa em sua vida, mas sentia-se tão cheia de tantos sentimentos ruins, que sua alma pedia aos gritos que a aliviasse.

       Anahi desabou em um pranto tão profundo que sentia dificuldade até em respirar, sua cabeça passou a latejar mais intensamente que antes e seu corpo estava muito dolorido, fechou os olhos tentando controlar o mal que sentia, mas tudo que conseguiu foi sentir-se ainda pior, sua cabeça rodava e sentia como se estivesse caindo.

        O pranto apertava seu peito duramente e mesmo após sentir braços a envolvendo e um corpo apertando-se contra o seu, Anahi não foi capaz de conter a mistura de sentimentos tão ruins que a machucavam. E naquele momento sentindo seu corpo ser apertado, Anahi tratou de expulsar tudo aquilo que ainda a sufocava, sem nem mesmo conseguir escutar qualquer outra coisa que não fosse o som que ela mesma emitia.

Dulce: Amor, o que foi? (não houve resposta e com a voz embargada continuou) Any, o que aconteceu?

             Levou muito tempo até que Anahi conseguisse parar de chorar e ao final de tudo se sentia ainda mais cansada do que no inicio de tudo,sem dizer uma palavra e sem nem ao menos abrir os olhos em algum momento, a loira adormeceu.

             Dulce havia passado todo o tempo abraçada a Anahi, acariciando suas costas e seus cabelos, e lhe dizendo palavras de conforto e carinho. Não sabia o que Anahi tinha e resolveu não insistir, fosse o que fosse a fazia sofrer e não queria tocar no assunto fazendo com que se sentisse ainda pior do que já se sentia. Esperaria que se acalmasse, que estivesse melhor e então se quisesse falar sobre o assunto, estaria alí para ouvi-la.

             Percebeu quando ela parou de chorar, embora ainda soluçasse e reparou também que ela havia dormido quase que instantaneamente depois disso. Continuou a lhe fazer carinho por muito tempo até que ela mesma acabou adormecendo.

              Na manhã seguinte quando Anahi acordou notou que Dulce já não estava na cama e após levantar e tomar banho se olhou no espelho, e definitivamente alí via o preço do pranto da noite anterior. Seu nariz, olhos e boca estavam extremamentes vermelhos, suas olheiras estavam bem escuras e seu rosto completamente inchado. Respirando fundo uma vez que não se tinha nada a fazer quanto a isso, decidiu descer e tomar um breve café da manhã, afinal pretendia ir a empresa o quanto antes.

              Assim que adentrou na sala de jantar, viu a mesa posta e havia bastante opções a mesa. Sentou-se sem muito apetite e olhando tudo a sua volta, pensava que simplesmente não tinha fome alguma, não sentia vontade de comer. Ao levantar as vistas viu Dulce parada do outro lado da sala, mas se manteve calada.

              A ruiva aproximou-se sentando ao seu lado na mesa e a encarou profundamente. Logo em seguida pelo canto dos olhos percebeu uma movimentação na sala, o que a fez virar para olhar. Anahi fez o mesmo e então viu Maria aproximar-se com o bule de café.

             O choque ficou muito visivel no rosto de Maria ao ver Anahi, e apesar de terem notado isso, nem ela e nem Dulce fizeram qualquer comentário a respeito. Maria por sua vez nada disse,mas encarava Anahi seriamente e uma vez ou outra olhava discretamente para Dulce.

           A refeição foi feita em silêncio, ninguém dizia nada, apenas comiam, ou melhor, empurravam a comida sem nenhuma vontade. Após terminar, Anahi levantou-se pedindo licença e agradecendo pelo café. Nesse momento Dulce levantou-se e seguiu atrás da loira a alcançando no meio da escada.

Dulce: Any (Anahi parou no meio da escada, mas levou alguns segundos para virar-se) Você está melhor?

Anahi: Sim (disse sem emoção na voz).

Dulce: È (começou apreensiva) Você quer falar sobre isso?

Anahi: Não ( disse em tom seco).

Dulce: Ah! (ficou sem saber o que falar, até que viu Anahi virar novamente e continuar subindo as escadas) Any?

Anahi: Sim (disse sem parar o que fazia)

Dulce: Você tem que ir para empresa hoje? (Anahi parou e a encarou).

Anahi: Claro!

Dulce: Você não pode faltar hoje? (Anahi a olhou um tempo antes de responder).

Anahi: Não! Por que?

Dulce: Eu... eu iria te pedir uma coisa...

Anahi: Claro! (disse Anahi sorrindo sem nenhum humor)

Dulce: Você não pode faltar? (havia percebido o tom dela ao responder, mas decidiu ignorar aquilo, afinal merecia isso).

Anahi: Até posso Dulce, mas não quero (Dulce nunca havia escutado seu nome ser pronunciado com tanto desgosto na vida) Vou trabalhar e já estou atrasando.

Dulce: Anahi ( a loira a encarou) Nada! Nada não, está tudo bem,desculpe. È, eu vou ir então, eu volto a noite.

Anahi: Certo (disse já virando para acabar de subir).

             Dulce ficou parada a observando, aquilo havia doído e sabia que merecia, mas isso não fazia doer menos. Antes de deixar a casa ainda viu o olhar de repreensão de Maria, que nitidamente lhe acusava de algo...

               Anahi chegou a empresa após visitar Angel rapidamente e assim que chegou se afundou no trabalho. Na verdade não havia muito o que fazer naquele dia,já havia lido e assinado todos os papéis no dia anterior, já havia feito as reuniões e a reunião marcada para aquele dia pela  manhã havia sido cancelada de última hora. Tinham apenas alguns livros da contabilidade para analizar.  Coisa que já havia feito e trabalhar em seu desenhos, coisa que estava tentando fazer naquele momento, mas simplesmente não saía nada.

              Não conseguia se concentrar o suficiente, e como resultado nada conseguia desenhar. Respirando fundo tentando controlar a própria irritação, Anahi deixou tudo na mesa e passou simplesmente a não fazer e nem pensar em nada, nem sabia que isso era possivel.

              Apenas pareceu voltar a terra, quando ouviu a porta de seu escritório ser aberta. Ao olhar em direção a ela, viu Dulce em pé a olhando. Viu quando a ruiva fechou a porta, se aproximou da mesa e sentou-se diante dela. Viu Dulce olhar todo seu escritório por um bom tempo, como se estivesse tentando encontrar o que dizer antes de voltar a encara-la. Viu a ruiva respirar fundo algumas vezes antes de ouvir sua voz dizendo:

Dulce: Anahi... ( a olhou novamente e voltou a se calar por um tempo) Você já acabou o seu trabalho?

Anahi: Não, eu ainda nem comecei.

Dulce: Ah! (a olhou) Any, vamos sair um pouco daqui.

Anahi: Para? ( a olhou intrigada).

Dulce: Eu pensei que nós pudessemos sair um pouco, fazer alguma coisa diferente, sabe? Alguma coisa que você goste de fazer, nós poderiamos passar o dia juntas, o que você acha (perguntou com receio)

Anahi: Não é final de semana Dulce, é dia de trabalho (disse séria)

Dulce: Eu sei, mas você não pode abrir uma exceção? Não pode passar o dia comigo?

Anahi: Você não tem aula hoje?

Dulce: Não, hoje não tem.

Anahi: Eu tenho que acabar de desenhar uma nova coleção ( Ao ouvir isso, Dulce baixou os olhos, aquela palavra a lembrou do que havia feito, e isso a lembrava que não tinha direito de cobrar nada da loira) Não posso ficar saindo do trabalho e perdendo o foco.

Dulce: Tudo bem, tá bom então ( ela não disse e tentou disfarçar, mas Anahi viu nitidamente que ela havia se chateado, mas e quando ela se chateava, quem se importava? Dulce que não era) Eu vou para casa então, nos vemos mais tarde. Ou também não quer me ver mais tarde?

Anahi: Se você tiver tempo, se sobrar algum tempo (Dulce não gostou do sarcasmo)

Dulce: Tudo bem Anahi, eu irei lá mais tarde. Ok

                Dulce deu a volta na mesa, inclinou o corpo e sem esperar muito atacou a boca de Anahi com a sua própria, a segurando fortemente na cadeira com as mãos.

                Anahi tentou se manter fria e indiferente, mas não conseguiu. Correspondeu ao beijo da ruiva com a mesma paixão e desespero que Dulce demonstrava. O beijo foi quente e demorado e assim que chegou ao fim, Anahi pareceu despertar, e lembrou imediatamente o motivo de estar chateada com a namorada. Levantando e afastando-se ela perguntou:

Anahi: Porque você mentiu para mim? Porque você está sempre mentindo para mim? (perguntou ela brava)

Dulce: Sobre o que? (tensa)

Anahi: Você mente tanto que nem ao menos sabe sobre o que mentiu? (disparou) E então Dulce, porque mentiu? E dessa vez quero a verdade,no minimo sinal de que acabou de mentir novamente não irei querer ouvir mais nada de você e nem sobre você (Disse rispidamente e Dulce a olhou muito nervosa) Porque mentiu?

                                                                                                                 Continua...

O que será que Dulce vai fazer agora? Falar a verdade finalmente?

Me digam uma coisa vocês acham que o pensamento da Anahi está correto? Acham que Dulce não a ama de verdade? Que o que sente pode ser só carinho, gratidão e desejo sexual? O que vocês pensam do sentimento da Dulce pela Any?