Fanfic: Ainda Há Tempo? | Tema: Portiñon

         Alfonso olhou para Christian com uma insatisfação aparente e apesar disso o mesmo não foi capaz de perceber o desconforto do outro. Anahi por sua vez, sim, notou de imediato e sem ao menos perceber prendeu a respiração esperando o que ouviria a seguir,já sabendo que a noticia chegaria tão forte e tão destruidora como um tiro...

Alfonso: Infelizmente, fizemos tudo que podiamos,fizemos todo o possivel,mas ainda assim isso não evitou...

Christian: Alfonso (gritou ele nervoso. Anahi segurou em seu braço como que querendo conforta-lo).

Alfonso: Ela não resistiu (disse com a voz nitidamente trêmula,Anahi soltou o ar que saiu fazendo queimar seus pulmões) Eu sinto muito Christian,eu sinto muito mesmo.

Christian: O que? (perguntou como se não tivesse realmente ouvido) O que você quer dizer? Não resistiu?

Alfonso: Ela faleceu,infelizmente ela faleceu (disse com pesar,vendo como o rosto do amigo era tomada por uma expressão de horror).

Christian: Como isso é possivel? Ela havia melhorado (gritava ele inconformado, não podia acreditar no que ouvia) Ela estava melhor, hoje havia melhorado bem mais, estava tudo bem, os médicos disseram isso, viam chances reais de recuperação, como agora pode me dizer isso?

Alfonso: Na verdade, isso é muito comum. Muitas pessoas que se encontram a beira da morte e estão tão delicadas, tem uma melhora repentina,fazendo com que acreditemos que reagiram e portanto possuem chances de recuperação e então quando menos esperamos elas simplesmente partem (disse ele nervoso, sabia o que Christian estava sentindo, mas não podia engana-lo,assim eram os fatos e não havia outra realidade alí).

Anahi: È o que chamam de A melhora da morte (disse a loira em um tom rouco e sentido) O papai sempre falava.

Alfonso: Assim costumamos chamar. Infelizmente acontece bastante e...

Christian: Não é possivel, não é possivel (gritou) Isso não é possivel, vocês disseram que estavam fazendo tudo que podiam e...

Alfonso: E fizemos Christian, tudo que esteve em nosso alcance, tudo que foi possivel.

Christian: Não fizeram o suficiente então (disse muito alterado)  Vocês fizeram algo errado, não se esforçaram o suficiente,falharam...

Anahi: Christian, não é culpa deles (disse séria, mas calma) Não pode culpar pessoas que estiveram horas e mais horas cuidando e se esforçando para tentar mante-la aqui. Isso foi uma fatalidade, uma grande fatalidade e se quer encontrar culpados, honestamente, terá que ver as coisas por outro lado. Eles fizeram o trabalho deles e tenho certeza que fizeram tudo que podiam sim.

Christian: Anahi (disse nervosamente) Você não entende. Não entende o que estou sentindo agora, você não é capaz de entender o que estou sentindo, por isso acha fácil aceitar toda essa situação, você não a amava como eu amo, não entende o que sinto.

Anahi: Sim entendo...

Christian: Não entende (disse afastando-se) Vocês nunca vão entender.

Alfonso: Christian desculpe,entendo que esteja sofrendo, alterado e inconformado,mas você não é o único no mundo a viver isso, você não é o único no mundo a sofrer (disse chateado com o tom rispido do outro) Podemos não saber o que é perder um grande amor para morte, mas sabemos o que é perder um grande amor para a vida, e é tão doloroso quanto (disse com tanta dor na voz que fez Anahi se encolher, entendia o que ele dizia, assim mesmo havia sido com eles, e de fato, doía demais perder um grande amor independente se para morte ou para vida) Além disso, você está diante de duas pessoas que já perderam o maior amor que se pode ter na vida e perdemos em dose dupla, e ninguém nos ensinou a lidar com isso, tivemos que aprender sozinhos, ninguém foi capaz de tirar nossa dor, ainda a sentimos, ninguém conseguiu mudar a realidade, ela existe e bate todos os dias em nossas caras... Entendo que está sofrendo e transtornado,mas não pode acusar toda uma equipe dessa maneira, somos profissionais sérios e responsáveis e jamais iriamos negligenciar uma paciente. Sentimos muito por sua perda,mas fizemos realmente tudo que esteve ao nosso alcance...

         Christian o olhava completamente destruído, ouviu tudo que Alfonso lhe disse,entendeu tudo, mas não conseguia acomodar nada daquilo dentro de si mesmo. Sentia muita dor, sentia uma dor terrivel, só queria que tudo passasse, só queria que aquilo acabasse, mas sabia que tudo estava apenas começando...

          Anahi nada podia fazer por seu irmão a não ser estar a seu lado e tentar lhe trazer algum consolo. Entendia sua dor e não se ofendia com o tom ou com qualquer coisa que seu irmão pudesse dizer. Sabia o que era estar em uma situação tão ruim e dolorosa e entendia que estando você dentro de um furacão como aquele, ficava mesmo dificil raciocinar com coerência e tranquilidade. Sabia também que levaria bastante tempo até que tudo isso passasse e ele finalmente pudesse aceitar toda aquela situação e portanto encontrar uma maneira de seguir em frente.

         Via que Christian não seria capaz de agir e portanto entendeu que deveria faze-lo. Haviam muitas providências a serem tomadas e sabia que a familia de Liz estaria no mesmo estado que seu irmão, além disso tinha a parte mais complicada para eles, conseguir arcar com as despesas daquele funeral...

         Duas horas haviam se passado e viu aquilo que havia previsto se desenhar em sua frente. A familia de Liz já havia sido informada do acontecido,já haviam estado no hospital, e não tinham a menor condição financeira para arcar com todo aquele processo...

         Anahi assistiu diante dela a dor, o desespero e por fim a apatia da mãe de Liz e por mais que quisesse, não poderia se fingir de morta e ignorar o problema que havia surgido alí. Não tendo muito o que fazer e sabendo que era o que sua consciência pedia, prontamente tomou a responsabilidade daquele problema para si... Anahi havia vivido aquela dor um dia, a dor de perder um filho, na verdade, a dor de perder dois filhos, sabia o que a mãe de Liz sentia naquele momento, sabia tudo que ela sentiria a partir daquele momento e que duraria para o resto de sua vida. Jamais poderia seguir sem estender a mão a aquela mulher, uma mãe, uma mãe que havia perdido o ser que mais amava no mundo, uma mãe, como ela mesma...

        Algumas horas e absolutamente cada centavo que ainda possuía no banco depois, Anahi sentava em sua cama cansada e enrolada na toalha, havia estado em busca de todo o necessário para o funeral e enterro de Liz,havia estado com seu irmão apoiando e acalmando-o e havia até mesmo estado vários minutos ouvindo o desabafo da mãe de Liz, a mulher estava de verdade destruída e Anahi havia se emocionado fortemente ouvindo-a falar. A vida era mesmo injusta, jamais uma mãe deveria ser obrigada a enterrar um filho, mas infelizmente isso era algo muito comum, apesar de ser algo que jamais chegaria a ser normal...

       A loira sentia-se cansada e triste, sim estava triste, toda aquela situação a estava deprimindo de uma forma que nem ela mesma imaginou ficar. Dulce sentou ao seu lado um tempo depois, também estava triste, era visivel, estava calada e séria e por mais que nenhuma delas quisesse falar algo,eram capazes de se comunicarem em seus silêncios... Dulce repousou sua cabeça no ombro de Anahi e pouco tempo depois, a loira foi capaz de sentir as lágrimas que corriam por seu braço, Dulce chorava e isso fazia Anahi sentir-se ainda mais deprimida...

        Christian estava com sua mãe, passaria o resto da noite com ela, enquanto isso Anahi descansaria, para que na manhã seguinte estivesse junto a ele no funeral, daria todo apoio ao seu irmão e faria o que pudesse para ajuda-lo a se refazer, isso levaria tempo,ela sabia disso,mas tinha certeza que chegaria o dia em que Christian estaria refeito e teria enfim conseguido seguir em frente, nesse dia a morte e a falta de Liz já não traria dor e sim uma grande saudade...

         Algum tempo depois, já deitadas, Anahi observava como Dulce dormia, intranquila e com um semblante carregado,mas concluía que ao menos havia conseguido dormir e poderia descansar por algum tempo... Anahi levou mais tempo até poder pegar no sono e quando finalmente o fez, despertava a cada quinze ou vinte minutos, fazendo com que o sono não fosse suficiente para faze-la descansar...

        Eram sete da manhã quando Anahi adentrou a capela onde Liz seria velada, imediatamente avistou o irmão, sentado ao lado direito do local, em um banco de madeira escura e escovada. Estava nitidamente abatido e devastado,suas olheiras gritavam tirando o foco de qualquer outra parte de seu rosto, o olhar era melancólico e perdido e em sua expressão a dor era tão nitida que até mesmo parecia palpável. Anahi sentiu seu coração apertar, apenas havia visto algo semelhante em seu irmão quando o pai deles havia partido, além dessa vez, nunca o tinha visto daquela forma e isso a destruía, seu irmão era parte muito importante dela e seu sofrimento também a fazia sofrer muito, principalmente quando sofria por algo que ela não tinha o poder de resolver, e aquele era justamente o caso.

         Ao olhar para o lado, a loira se deparou com Dulce, claro, ela a tinha acompanhado desde sua casa, mas por um momento havia se esquecido assim que seus olhos haviam batido em seu irmão. Mas alí ao se deparar com ela á seu lado e notar sua expressão, Anahi sentiu seu estômago revirar. Dulce olhava para Christian com tanta dor e com tanto pesar que Anahi pôde sentir a sinceridade de seu sofrimento... Era horrivel ver as pessoas que mais amava sofrer daquela forma e por mais que soubesse que naquele momento a namorada e Liz estivessem afastadas por alguns motivos reais e sérios, Anahi tinha noção do que a ruiva sentia pela amiga, afinal por mais que tivessem problemas e que Liz tivesse se negado a ajuda-la quando mais precisou, Dulce ainda a considerava e ainda lembrava das várias outras vezes em que havia precisado da amiga e esta lhe havia estendido a mão. Isso se chamava gratidão, claro que sim, mas também se chamava amor, e amar, a gente ama até mesmo quem nos feriu, enganou, traiu ou decepcionou, não é mesmo!? Claro que sim!!!

       As horas passadas alí foram muito torturantes e Anahi só pedia a Deus que acabasse logo, não estava preparada para nada daquilo e só se mantinha forte por saber que alí existiam pessoas que precisavam da força dela e foi pensando e se agarrando nisso que Anahi conseguiu se manter firme e focada...

       A hora do enterro de Liz resultou em mais uma tortura para a loira, desde o enterro de sua mãe quando ela ainda era uma pequena criança, considerava a hora de enterrar a pior parte na morte de alguém, a dor, o desespero, a angústia e a tristeza conseguiam chegar no seu ponto máximo, e era algo tão grande que se tornava dilacerante. Pôde confirmar isso quando morreu sua melhor amiga três anos depois, reconfirmar quando seu pai a deixou em uma morte repentina, e isso deixou nela um gosto amargo e uma resistência a presenciar esse tipo de situação. Até que veio a morte de Matheus e sinceramente, o que sentiu no momento daquele enterro Anahi considerava que não possuía nem nome, simplesmente não tinha como colocar em palavras o horror que era uma situação daquela, viver aquilo foi o pior que já lhe tinha passado na vida...

       Alí estava ela mais uma vez, dessa vez o cenário era um pouco diferente, não tinha de sua parte um amor pela pessoa que havia partido, havia chegado sim a considera-la e a ter carinho por ela, mas não a amava, não seria hipócrita. Mas... Anahi amava pessoas que amavam Liz e testemunhar a dor e o sofrimento dessas pessoas doía tanto ou mais que sua própria dor, era simplesmente horrivel ver pessoas que ela amava sofrendo, além do fato de não desejar mal a ninguém e de não querer que Liz tivesse morrido. Fora ver a mãe da moça sofrer como sofria naquele momento, ela era mãe, ela também havia perdido um filho, talvez dois... E ela mais do que qualquer outra pessoa naquele lugar sabia o que aquela mãe sentia, e definitivamente era desumano alguém ter que passar por isso na vida!!!

        Depois de um longo tempo entre várias emoções, sensações e situações em que pareciam saídas de algum filme de terror, puderam deixar o cemitério e regressaram para suas casas... Por todo o caminho Anahi pensava em tudo aquilo, havia visto Christian chorar como poucas vezes na vida, o havia visto ajoelhar-se diante do caixão tamanha a dor que sentia e não podia suportar, o havia visto tremer ao jogar flores sobre o caixão e o havia visto quase desmaiar ao ver toda aquela terra ser jogada sobre a mulher que amava... Havia visto Dulce ficar branca como uma vela diversas vezes e mal conseguir se manter em pé no momento em que o caixão havia começado a ser baixado. A havia consolado em todas essas vezes e havia sentido seu coração partido apenas por não poder fazer nada para ajuda-la a sacar a dor que sentia... E sem dúvida o pior de todo aquele dia pavoroso, havia sido assistir a mãe de Liz chorar e gritar loucamente por sua filha no momento em que estava sendo enterrada. Nunca esqueceria, mas queria desesperadamente esquecer...

     Ao chegar em casa, acompanhou Christian até o quarto onde ele ficaria e saiu para deixa-lo tomar banho, foi ao seu próprio quarto e entrou no banho onde Dulce já se encontrava. Após o banho, sentou-se na cama ao lado de Dulce e acariciava sua cabeça enquanto lhe dizia palavras de conforto, passou-se pouco tempo até que a ruiva apagasse, ela soluçava ainda, mas parecia dormir pesadamente... Antes de deixar o quarto, apagou as luzes e respirou fundo, ainda tinha a pior parte,essa seria muito mais dificil...

      Ao entrar em um dos quartos, Anahi viu seu irmão sentado na cama, apenas de calça de moletom e a toalha nas mãos. Sentou-se ao seu lado e esperou que ele mesmo dissesse ou fizesse algo, isso demorou a acontecer, mas no momento em que isso aconteceu, fez a loira sentir vontade de chorar, Christian a abraçou fortemente, como se fosse quebra-la e chorou tanto e tão profundamente que chegou a engasgar diversas vezes. Anahi o abraçava apertado e alisava suas costas, lhe dizia palavras de consolo e por mais que não quisesse faze-lo, chorou, chorou por não aguentar ver seu irmão daquele jeito, chorou por não aguentar tantas coisas ruins em sua vida e em sua volta...

        Apenas duas horas mais tarde a loira saiu do quarto, deixando alí um Christian doído, sentido, mas finalmente dormindo. A loira foi até a cozinha e sentou-se a mesa com um copo com água nas mãos. Mesmo sem vontade e mesmo sem ter o costume, tomou algumas aspirinas, a dor de cabeça estava além do que podia suportar, sua cabeça latejava, lhe causando um mal estar incontrolavel. Antes mesmo de levantar a cabeça, sabia que Maria havia entrado alí e ao encara-la, viu o olhar de preocupação e cansaço da mulher,mais uma vez seu coração apertou e mais uma vez sentiu vontade de chorar,não sabia ao certo o motivo. Talvez se dormisse essa má sensação passasse, não havia dormido nada na noite anterior e o dia havia sido muito pesado, era disso que precisava, dormir...

       Após trocar algumas palavras com Maria e agradecer-lhe por tudo, informou-lhe que deveria ir para casa, havia comida pronta e mesmo assim sabia que ninguém comeria naquele dia. Não havia necessidade de ficar alí, deveria ir descansar e voltar no outro dia, bem e pronta para o que aparecesse. Pela primeira vez, Maria não discutiu, precisava mesmo deitar-se um pouco,após um breve abraço, deixou a cozinha para regressar a sua casa... Alguns minutos depois, Anahi subia as escadas com três garrafinhas de água em mãos, deixou uma na cabeceira de Christian e saiu do quarto deixando a porta aberta. Adentrou seu próprio quarto deixando a porta também aberta, iria deitar e tentar dormir um pouco, mas se seu irmão precisasse queria poder ouvi-lo... Após deixar as garrafinhas ao lado da cama, a loira deitou-se,fechou bem os olhos e se permitiu chorar de verdade pela primeira vez desde que tudo aquilo havia começado, precisava desabafar, tirar um pouco do peso, precisava dormir, simplesmente isso... Após chorar por vários minutos, Anahi voltou a fechar os olhos e precisou de pouco tempo para conseguir pegar no sono, o ruim era a qualidade dele, dormia, mas não conseguia descansar, acordava a todo instante e sua dor de cabeça aumentava a medida que o tempo passava...

        Anahi despertou várias vezes e observou que tanto Dulce, quanto seu irmão dormiam. A última vez que a loira levantou-se já passava de duas da manhã, após deitar-se e aconchegar-se a Dulce,Anahi dormiu pesadamente e apenas quando o dia já havia amanhecido voltou a despertar... Após um longo banho e de sua higiene matinal, Anahi observou Dule dormindo e logo após observou Christian, ele se mexia muito, mas ainda dormia... Desceu para fazer e tomar um café e após deixar a cozinha e estar subindo as escadas, Anahi ouviu a campainha soar, a assustando e intrigando, já era manhã, mas era bem cedo, quem poderia estar alí aquela hora!? Não tinha idéia... Andou rápidamente antes que ela tocasse novamente, não queria que sua namorada e seu irmão fossem acordados e ao abrir a porta, surpreendeu-se...

Anahi: O que você faz aqui?? (após um longo silêncio, ela voltou a perguntar) Fiz uma pergunta, o que faz em minha casa?

                                                                                                 Continua...

Quem será hein?????

leandroportinon: Fique calmo kkkkkkkk postado...... Você tá pensando muito sobre isso né? kkkkk, será que tem fundamento esses seus pensamentos? Seu palpite? Vamos ver... Tenho que terminar em partes assim kkkk. Você é implicante com a Dulcinha kkkk Continue acompanhando e você vai entender tudo isso com o Christopher... Obrigada por ler a fic.

mariamarta: Christopher não é legal ne kkk... Acho que esse capítulo quase que responde sua pergunta sobre Anahi contar... Dulce tem muitas pessoas contra ela kkkkkk.. Obrigada e espero que continue gostando, Beijão.

tryciarg89: Olá Patricia, kkkkkk não é patricinha, é sempre bom ressaltar né... Liz e Christopher não tem um relacionamento, assim, amoroso... Any pode ter problemas e dificuldades, mas sempre saberá como dar a volta por cima... È muita coisa para o momento que Anahi está vivendo, mas ela sempre dará um jeitinho. Espero que goste do capitulo e muito obrigada por acompanhar a fic, beijão e um ótimo final de semana...