Fanfic: Famoso Apaixonado- Triangulo Amoroso (finalizada/adaptada) | Tema: Dulce, Alfonso, Christopher

Christopher mal olha para mim. Vamos fazer a leitura juntos no estúdio, e eu tento, mais uma vez, cumprimentá-lo quando chego, mas ele nem se dá ao trabalho de se virar. Wyatt entra logo atrás de mim e Jessica vem em seguida. Nossos produtores, David Weiss e Joe Dodge, também estão lá. Eles normalmente ficam por perto, ao contrário do nosso produtor executivo (e pai de Alfonso), Greg Herrera, que só veio uma vez no início. Parece que é prática comum entre os produtores “ficarem desaparecidos” em um filme dessa magnitude. Geralmente, há três ou mais produtores para dividir as tarefas, e nem todos ficam no set o tempo todo. Alguns deles nunca vêm. David e Joe são os que ficam constantemente no Havaí. O restante permanece em Los Angeles para lidar com o lado empresarial da coisa. Pelo menos foi isso que Wyatt me disse no curso intensivo de vinte minutos que me deu no primeiro dia aqui.

— Vocês podem dar uma olhada no alto da página? — diz Wyatt. Ele entrega para nós dois um roteiro de quatro páginas. É uma cena de flashback. Diego e Roberta estão de férias, antes do acidente, e ele escreve uma carta de amor como presente de aniversário. É uma cena linda. Uma das minhas favoritas, porque mostra realmente o que Diego e Robrta tiveram. E o quanto ele a ama. Era uma cena romântica, e está difícil ver como Christopher vai fazê-la. Como é que ele vai fazer o papel de um cara apaixonado? Ele parece ter nascido de chocadeira!

Christopher lê rapidamente as falas. Ele ainda não está falando comigo, mas percebo que se aproximou de mim. Há só alguns centímetros de distância entre nós, não mais um campo de futebol. Ele baixou as mangas da camisa, ocultando qualquer detalhe de sua tatuagem, e eu noto que se barbeou durante o almoço. A pele de seu rosto está macia agora, mais lisa do que eu imaginava também, como se ele tivesse passado uma borracha no rosto.

Ele olha para mim, concentra-se em mim e me dá um sorriso irônico. Eu desvio o rosto. Alguma coisa em seu olhar me faz sentir exposta.

— Está pronta? — ele pergunta. Está tudo tão silencioso à nossa volta que eu penso ter ouvido errado. Ou pode ter sido só minha surpresa por, finalmente, ouvir a voz dele. Está mais grave do que quando ele conversou com Alfonso esta manhã, mais suave.

— Sim. — Eu nem cheguei a ler as páginas. Estava muito nervosa.

— Na hora em que estiverem prontos — avisa Wyatt, de sua cadeira. Wyatt trocou de roupa naquela tarde. Ele está usando uma camiseta nova, mas não é só isso. Seu tom de voz é diferente com Christopher. Não é tão grosseiro como de costume. Talvez seja pelo fato de não estarmos filmando. É engraçado não ter câmeras em volta, e tão poucas pessoas por perto. Completamente diferente de quando Alfonso e eu gravamos. Lembro-me de todas aquelas rodadas de testes em Los Angeles, e de repente meu corpo se enche de ansiedade — do tipo que paralisa.

Então Christopher começa, e, no minuto em que ele o faz, sinto como se o mundo tivesse parado, voltado no tempo. Não há mais medo, não há mais ansiedade. Está tudo estranhamente calmo, sereno, pacífico, como se fôssemos dois viajantes atravessando uma floresta silenciosa e monótona. Os únicos habitantes daquele lugar.

— Vou sempre estar do seu lado.

Eu me transformo em Roberta, e subitamente o espaço que nos separava, aquelas rusgas que não se resolviam, desaparecem. Eu, na verdade, sou ela. A garota dividida entre a vida anterior e a nova. Estou presa em uma ilha deserta com um homem por quem estou me apaixonando, e amo alguém lá de fora. Não consigo mais ver com clareza. Não sei qual é a escolha certa.

Conforme prosseguimos com a cena, lembro-me de algo que estava em um roteiro que li certa vez. Era uma versão antiga de um clássico, e tinha uma anotação de um diretor rabiscada na margem. Um recado para um determinado ator. Dizia: Frank, me faça acreditar que ninguém mais poderia estar no seu lugar.

Estar ali, ensaiando com Christopher, eu sei, sem sombra de dúvida, que ninguém mais poderia estar naquele papel. Porque algo inacreditável está acontecendo. Ele não está se tornando Diego: Diego está se tornando Christopher, e, ao mesmo tempo, Roberta está se transformando em mim. Pela primeira vez desde que cheguei aqui, eu a compreendo perfeitamente. Todas aquelas semanas de luta desapareceram. Eu desapareci. Estou me perdendo nela. Tanto que, assim que Christopher para de ler, pisco os olhos para me lembrar de onde estou. Como se, ao restabelecer meus olhos, eu pudesse restabelecer o tempo também. Trazer-nos de volta para o agora.

Todos na sala ficam em silêncio. Nem mesmo Wyatt faz qualquer barulho.

Então David começa a aplaudir, depois Camden, depois Joe e, por fim, Jessica; são apenas quatro aplaudindo, portanto não dá para dizer que o som é ensurdecedor nem nada, mas acho que é o melhor barulho que já ouvi. Melhor até do que o som da voz de Greg Devon me dizendo que o papel era meu. Porque, pela primeira vez desde que cheguei aqui, acho que posso realmente ser boa no que eu faço.

Olho para Christopher, e por um instante nossos olhares se casam. Vejo algo nele. Algo que não estava lá esta manhã. Um brilho na escuridão.

— Obrigado, Christopher — diz Wyatt. Ele desce da cadeira, caminha até nós e põe a mão no meu ombro. O gesto me faz dar um pulo. Ele nunca fez nada tão amigável. Nem de longe.

Então ele diz para mim:

— Foi espetacular.

— Maravilhoso! — Jessica se empolga e, em seguida, recua para olhar para David e Joe, mas eles também estão sorrindo.