Fanfic: Famoso Apaixonado- Triangulo Amoroso (finalizada/adaptada) | Tema: Dulce, Alfonso, Christopher

Alfonso e eu almoçamos e jantamos com Demi e Nick. Foi estranho, mas, honestamente, não sei bem se eles notaram. Pareciam muito felizes. Abertamente felizes. Um casal apaixonado de férias no lindo Havaí. Férias pelas quais eu paguei.

— Não acredito que tenho aula amanhã — diz Demi, melancolicamente, durante o jantar.

A escola parece uma coisa tão distante — como uma vida que pertence a outra pessoa. A ideia de me sentar em uma carteira, tendo aula de história, estudando para o vestibular.

Só preciso fazer um teste de conclusão. Tecnicamente, não são exigidas todas as matérias, como seria necessário se eu estivesse frequentando uma escola, então eu só tenho aulas das matérias básicas: matemática, gramática, as coisas que eu preciso saber para o teste.

— E você vai ficar aqui — diz Demi, com a voz acelerada. — Todo mundo ficou maluco quando soube que nós viríamos te visitar.

Eu e Nick trocamos olhares. Meu rosto esquenta. De repente, fico envergonhada.

— Não é divertido? — continua Demi, quando estamos entrando no carro. Ela puxa meu cotovelo, segurando-me para trás. — É como se estivéssemos em uma viagem de casais.

Mas esta não é uma viagem de casais. Isto é o meu trabalho, e Alfonso não é meu namorado.

O fato de ela não perceber isso, de não entender que não é um tipo de fantasia, faz meu coração doer. Porque isso significa que não me compreende. Quando os deixo no aeroporto, nós três ali na calçada, a despedida não é como normalmente seria.

— Quando você volta? — pergunta Demi. Estamos ao lado do carro, e Nick está tirando a bagagem do porta-malas.

— Não tenho certeza — respondo. — Depois das filmagens, eu acho.

Ela coloca a mochila no ombro e acena com a cabeça.

— Obrigada por nos receber.

— Imagine! — Faço uma pausa e olho para meus pés. — Foi divertido.

Ergo o olhar e ela está me encarando. Percebo que está prestes a chorar. Ela quer me dizer que me ama e que nada mudou. Nossa amizade era eterna, será que eu não sei disso? Ela é quem parece não saber. Em vez disso, pega a mão de Nick quando ele se aproxima de nós.

— Façam uma boa viagem — eu digo. Dou um abraço rápido em cada um e, apressadamente, volto para trás do volante. Não paro para vê-los entrar. Também não quero saber se estão olhando para trás.

Uma folha com a programação está à minha espera, embaixo da porta, quando volto para o chalé. Às cinco da manhã, devo me apresentar para fazer cabelo e maquiagem. Mas desta vez não será para filmar. Vamos fazer nossa primeira matéria para a revista Scene. Faço um chá para mim e adormeço antes de o sol se pôr.

Algumas horas depois, lá estou eu, sentada no chão do meu quarto do chalé, com revistas espalhadas pelo carpete. Fiz assinaturas de tudo: People, Us Weekly, Glamour, InTouch, Cosmopolitan. Até aqueles tabloides safados. Estão todos aqui.

Não me tornei uma Demi da noite para o dia; a questão é que eu preciso de algumas respostas, e imagino que este material será o melhor para eu começar a me inteirar. Preciso aprender a dar uma entrevista em cerca de duas horas, e não tenho a menor ideia do que dizer. Está na hora de fazer um treinamento de mídia urgente.

Christopher estará de volta quando amanhecer, e eu espero que a indiferença de Alfonso continue, mas algo me diz que não vai ser bem assim no momento em que eles ficarem cara a cara.

Olho para o relógio na mesinha de cabeceira: 4h30. Pego um exemplar da Scene do chão e o seguro na minha frente. Uma “patricinha” de dentes brilhantes, que eu não sei quem é, sorri para mim, puxando a camiseta para baixo para que se veja a parte de cima do seu sutiã. É rosa, da mesma cor da caneta marca-texto que eu usei no livro de história que estou lendo para a aula de Rubina.

Chego até a matéria da garota de dentes brancos. Nas fotos, ela está chupando um pirulito e usando um vestido com estampa de cerejas no meio de um campo. O título é A Casa de Hayley.

— Estou feliz sendo quem eu sou. É como se, finalmente, eu me sentisse na minha própria pele.

Fecho a revista e uso o dedo do pé para empurrá-la para o outro lado da sala.

Eu achava que essas mulheres glamorosas e artificiais fossem exatamente isso: irreais. Mas agora estou me preparando para fazer justamente a mesma coisa. Não sei bem se estou animada ou completamente envergonhada. Provavelmente as duas coisas.

Jogo um moletom por cima da regata e do meu short jeans e ponho o chinelo perto da porta. Está frio lá fora, então eu puxo o capuz a caminho do set. Apesar do escuro, já dá para ver o contorno do oceano, os primeiros sinais do sol batendo nas ondas. Espero poder compensar minhas braçadas amanhã, já que temos a entrevista hoje. Tudo neste filme está sendo feito com os minutos contados. Se alguém perde trinta segundos para espirrar, tem que compensar com outra coisa, mas isso tem que ser negociado com o sindicato de tempos em tempos.

Quando chego ao acampamento-base, Alfonso já está lá, examinando a mesa do bufê. O cabelo dele está um pouco embaraçado, e há uma marca de travesseiro em sua bochecha. Não posso deixar de pensar que ele fica um gatinho com aquela camiseta azul desbotada e a bermuda de surfista.

— Oi — eu digo.

Ele se vira, esfregando os olhos:

— Oi, menina. Dormiu bem?

Fiz que sim com a cabeça, embora não tenha dormido bem coisa nenhuma. Claro, desmaiei por algumas horas, mas, basicamente, sonhei com o fim de semana estranho e incoerente que passei com Demi e Nick. Depois me sentei no chão, olhando para celebridades perfeitas, tentando imaginar (1) como as pessoas falam em entrevistas, (2) o que eu estou fazendo nesse ramo e (3) como me censurar para não começar a contar à Scene sobre a ocasião em que derramei chocolate quente na minha calça jeans, na segunda série, e todos ficaram me chamando de “Dulce da Calça Molhada” pelo resto do ano.

Nick uma vez me contou que é difícil dormir durante a lua cheia, então fiz uma anotação mental para observar o céu quando isso acontece. Eu adoraria poder resolver minhas inseguranças com base nos padrões lunares.

Preparo-me para pegar uma xícara de café quando sinto uma mão na minha cintura. Isso me assusta tanto que dou um giro, e, quando o faço, Alfonso me puxa para perto dele. Ele desliza a outra mão pelas minhas costas e entrelaça os dedos para me abraçar, peito com peito. É como se eu tivesse injetado um espresso quíntuplo nas veias. Meu corpo inteiro acorda. Seus braços estão quentes e sua camiseta, macia. É quase impossível não notar o motivo pelo qual ele se enroscou em mim daquele jeito.

Então, vejo Christopher parado na entrada. Ele fica enquadrado pelos primeiros raios de sol, iluminado de uma forma que Camden e Wyatt dariam tudo para colocar aquela imagem em um filme. Está olhando diretamente para nós.

A última coisa que eu quero é que Christopher fique com alguma ideia errada. Ele já me odeia, e minha lealdade é de Alfonso, óbvio, mas não quero arranjar problemas desnecessários entre nós antes mesmo de começarmos a trabalhar juntos. Somos profissionais. Isto é trabalho.