Fanfic: Tinha que Ser Você | Tema: Romance
Sou Alyssa Montenegro, tenho 18 anos e me formei no Ensino Médio dois meses atrás.
Natural de São Ludgero, uma cidade pequena, com pouco mais de 12.000 habitantes, perto do litoral de Santa Catarina, a mais ou menos 3 horas de distância da grande Capital.
Eu sou do tipo de garota que tem tudo planejado.
Desde os 16 anos eu sei que quero cursar Direito.
Estudei para caramba nos últimos dois anos e me esforcei ao máximo para ser aprovada no vestibular da UFSC, que é a Universidade mais prestigiada do meu Estado e que tem um dos melhores cursos de Direito do País.
Sou centrada, tenho a minha cabeça no lugar e quando eu quero algo faço tudo que estiver ao meu alcance para conseguir.
Eu também não sou tímida. Acho que crescer junto com mais 6 crianças faz com que a timidez não seja uma opção. Se eu não tivesse personalidade forte e exigisse o que queria, acabava sem nada.
Minha família é composta por mim, meu irmão Lucas, minha mãe, Louise, e os Muller.
Minha mãe, que hoje é uma estilista renomada, dona de sua própria marca de roupa e de várias lojas espalhadas pelo país, morou fora do país por um tempo, logo após a faculdade. Em Paris ela conheceu meu pai e pouco tempo depois engravidou do meu irmão, e depois de mim.
Quando minha mãe engravidou de mim meu pai decidiu que não queria ser responsável por mais um ser humano e a deixou.
Ela voltou para o Brasil para ficar perto da sua família.
Minha mãe e minha madrinha são melhores amigas desde que se conheceram no colégio, aos dez anos de idade. Quando minha mãe voltou para o Brasil com um filho de um ano e grávida de mim, meus padrinhos, Helena e Nicholas Muller, deram todo o apoio que ela precisava.
Quando a carreira da minha mãe deslanchou e o dinheiro começou a entrar, ela comprou uma casa ao lado da casa deles e eu fui criada juntamente com seus cincos filhos.
Imaginem apenas 3 adultos cuidando de 7 crianças.
Minha infância foi um caos perfeitamente ordenado. Não sei como minha mãe e meus padrinhos deram conta, mas hoje estamos praticamente criados e todos somos pessoas de bem.
Meu irmão, Lucas, é um ano mais velho do eu e no momento está morando em outro estado, treinando futebol com a Seleção sub.20 Brasileira. Ele espera ser convocado para a Seleção principal antes da próxima copa do mundo. Futebol é o sonho da vida dele e ele trabalhou muito para conseguir essa chance.
Thomas Muller é o filho mais novo dos meus padrinhos e o amo como se fosse meu irmão de sangue. Ele tem 16 anos, mas ao vê-lo pessoalmente você diria que ele tem uns 20. O olhar sério de quem perdeu a inocência muito cedo. Acho que ser sequestrado aos 12 anos de idade faz isso com você. Ele ficou longe de nós por 5 dias até conseguir fugir e voltar pra casa. Foram os piores dias da vida de todos nós. Depois do sequestro ele se jogou nas artes marciais. Aprendeu a lutar e hoje ele passa a maior parte do tempo livre na academia de boxe da cidade. Não acho que ele queira fazer disso uma profissão, mas é a única coisa que o deixa são depois do que aconteceu.
Khiara, também conhecida como minha melhor amiga, tem a minha idade e foi adotada pelos meus padrinhos quando tinha 11 anos. Sua mãe biológica teve uma overdose e morreu na frente dela. Minha madrinha é promotora de justiça e estava na delegacia resolvendo algumas coisas quando dois policiais chegaram com ela, tremendo e enrolada em um cobertor. Foi amor a primeira vista. Algum tempo depois Khia se tornou uma Muller e eu ganhei uma melhor amiga. Sendo a única menina no meio de 5 meninos eu estavam no céu quando soube que ela faria parte da nossa família. Nossa conexão foi imediata e não há nada que ela não saiba sobre mim e vice versa.
Os gêmeos, Jhonatan e Erick, são um ano mais velhos que eu e Khiara. Eles são idênticos e até mesmo para a família é difícil diferenci[a-los. Eles costumavam enganar todo mundo quando crianças, trocando de identidade. As vezes faziam isso no colégio e deixavam os professores loucos. Eles me lembram dos gêmeos Fred e George de Harry Potter, sempre com uma piada ou pegadinha pronta. Jhonatan sossegou um pouco quando conheceu Clarissa aos 15. Os dois estão juntos até hoje. Erick é, e acho que sempre vai ser, um cafajeste natural. Não me entenda mal, eu o amo como um irmão e ele é um cara muito bom, mas quando se trata de garotas ele não vale nada. Perdi as contas de quantos corações partidos ele deixou no colégio.
E por último, mas definitivamente não menos importante: Sebastian, o mais velhos dos irmãos Muller.
Também conhecido como minha eterna paixão.
Ele é um soldado, quatro anos mais velho que eu e é tudo que eu não deveria querer.
Nós sempre tivemos uma conexão única. Desde pequena sempre fui muito apegada a ele, mais do que a todos os outros irmãos Muller. Tanto que a primeira palavra que eu falei foi o nome dele (ou a versão que eu, com um ano de idade, consegui reproduzir como nome dele).
Durante a minha infância eu o seguia para todo o lugar, e ele em sua infinita paciência me aceitava. Éramos amigos e às vezes eu me sentia mais perto dele do que do meu próprio irmão. O que é dizer muito já que eu e meu irmão somos unha e carne.
As coisas começaram a mudar quando Khia apareceu.
A minha eu de 11 anos idade era louca para ter uma melhor amiga e fazer coisas de menina que eu não podia fazer sendo a única no meio de 5 meninos. Nunca tive facilidade em fazer amizade com meninas da minha escola. Talvez por ter crescido com meu irmão e os Muller, para mim era mais fácil para fazer amizade com meninos. Quando Khia apareceu foi o encaixe perfeito. Nos demos bem sem esforço nenhum e nos tornamos grudadas. O que, involuntariamente, acabou me afastando de Sebastian.
Nossa diferença de idade estava começando a pesar naquela época. Aos quinze ele queria fazer as coisas que rapazes de 15 anos fazem. Andar com a menina de 11 anos que ele considerava uma irmã mais nova atrapalhava seus planos.
Apesar de termos nos afastado nessa época, nossa ligação nunca quebrou e eu continuei a nutrir por ele um amor enorme.
Amor esse que se tornou tudo menos fraternal no momento que eu fiz 13 e os hormônios da adolescência começaram a me bombardear.
Eu morria de ciúmes ao ver ele com as meninas da idade dele no colégio.
Moreno, alto, olhos azuis intensos e naturalmente charmoso ele atraía meninas, como abelhas no mel.
E ele sempre me tratou como uma irmã mais nova, o que tornava tudo ainda pior pra mim. Eu odiava me sentir assim por ele e tudo que eu era voltar a ama-lo como um irmão e ignorar minha ridícula atração por ele.
Nunca consegui.
Flashback.
Depois de uma viagem cansativa até uma das lojas da minha mãe em São Paulo, larguei minha mala no meu quarto e saí de casa para ir até a casa do lado, querendo nada mais do que relaxar com a minha melhor amiga. Digitei a senha no portão e entrei. A porta da frente, como de costume, estava destrancada. Estranhando o silêncio na casa normalmente barulhenta, especialmente num domingo à tarde, subi as escadas e me dirigi até o quarto de Khia.
Abri a porta e entrei sem bater e encontrei Khiarasentada em sua cama, as costas contra a cabeceira, abraçando seus joelhos e com a cabeça entre eles.
Ao me ouvir entrar ela levantou a cabeça e eu pude ver que algo estava seriamente errado. Seus olhos verdes esmeralda estavam completamente inchados e vermelhos de chorar. Khiara não é de chorar. Acho que ver sua mãe drogada ter uma overdose e morrer na sua frente meio que endurece uma pessoa.
Logo que percebeu que era eu, ela pulou da cama e correu para me abraçar, caindo no choro nos meus ombros.
-Khia! O que aconteceu?
Ela soluçava contra mim e tudo que eu podia fazer era esfregar suas costas, tentando de alguma maneira confortá-la. Depois de alguns minutos assim eu já não aguentava mais de preocupação. Será que alguém se machucou?
Levei minha amiga até a cama e a fiz se sentar. O choro dela foi diminuindo aos poucos, embora lágrimas ainda escorressem de seus olhos.
- Por favor, me fale o que aconteceu. Estou ficando preocupada. Alguém se machucou? Foi Thomas?
Thomas era nossa maior preocupação hoje em dia. Fazia apenas alguns meses desde que ele foi sequestrado, junto com sua melhor amiga Gabriele, por uma rede de tráfico de crianças durante um passeio da escola. Depois de 5 dias nas mãos dos bandidos, Thomas conseguiu escapar e chamar ajuda, mas no momento que as autoridades invadiram o local já era tarde. Os bandidos haviam fugido e deixado o corpo de Gabriele para trás.
Dizer que ele estava traumatizado não descreve sua atual situação. Desde que voltou ele quase não falou. Com ninguém. Está sendo difícil ajudá-lo a seguir em frente.
Khia balançou a cabeça e falou, com a voz rouca do choro.
- Não é Thomas. É Sebastian!
Meu coração pulou uma batida. Pavor disparou nas minhas veias e meu corpo inteiro gelou!
-Sebastian está machucado? O que aconteceu, Khiara?
Minha voz saiu estridente e alta. Eu a segurei pelos ombros e sacudi, tentando forçá-la a me falar.
Sebastian não pode estar machucado.
Ela balançou a cabeça.
- Ele não está machucado. Ele está indo embora.
Alívio inundou meu corpo.
Ok, então é sobre isso?
Eu sei que Seb estará indo para faculdade algumas semanas. Só não entendo porque Khiara está desesperada assim. Ela sabe disso por meses. E ele vai morar apenas a duas horas de distância. Não é como se não fôssemos vê-lo frequentemente.
- Para a faculdade? Não precisa ficar assim, Khia. Eu também vou sentir falta dele, mas vamos vê-lo direto. Floripa não é assim tão longe. Ele virá para casa todos os finais de semana. - Falei, tentando acalmá-la.
Eu vou sentir falta dele para caramba. Acostumada a tê-lo por perto diariamente, vai ser difícil me acostumar a vê-lo apenas nos fins de semana.
Khia balançou a cabeça novamente, como se estivesse em choque. E então ela me deu a notícia que abalou meu mundo inteiro.
- Ele não está indo para faculdade. Ele está indo para o exército. Sebastian vai se alistar e servir o exército. Ele nos deu a notícia hoje no almoço. Mamãe ainda está em choque, todos nós estamos.
Levou um segundo até que eu processasse a notícia.
Quando o entendimento caiu sobre mim eu entrei em negação.
Não.
Isso não está acontecendo.
Ele não vai se alistar.
Ele não pode ir embora por meses seguidos, onde eu não vou saber se ele está vivo ou morto.
Ele pode acabar morto.
Minha cabeça estava a mil com todas as possíveis tragédias que poderiam ocorrer.
Na minha mente eu via a cena de oficiais do exército aparecendo aqui para avisar que Sebastian estava morto.
Meu coração disparou do meu peito.
O mero pensamento de algo acontecer com ele faz o pânico tomar conta de mim.
- Você tem que falar com ele, Alyssa. O faça mudar de ideia. Ele não pode ir embora. Nós precisamos dele aqui.
É isso!
Eu vou fazê-lo mudar de ideia.
Vou procurá-lo e expor todos os motivos pelos quais essa é uma decisão terrível e ele vai ficar.
Ele tem que ficar.
Eu sou excelente em convencer as pessoas a fazerem algo, mesmo que seja algo que elas não querem.
Eu vou convencê-lo.
- Onde ele está? - perguntei.
- Acho que no quarto dele.
Sai do quarto de Khiara e me dirigi até o final do corredor. Abrir a porta sem bater e encarei o quarto vazio de Seb.
Desci as escadas e segui para o jardim, na parte de trás da casa.
O encontrei sentado em uma espreguiçadeira e encarando a piscina.
Me aproximei dele com calma e falei.
- Você pode, por favor, me dizer que essa ideia absurda de você ir para o exército é mentira?
Ele virou a cabeça ao som da minha voz e me encarou.
O que eu vi em seus olhos me aterrorizou.
Determinação. E uma pontada de tristeza.
A conexão que sempre tivemos estava fluindo entre nós, como se ele estivesse me dizendo com os olhos todos os seus motivos para ir e me implorando para não brigar com ele.
Mas eu não conseguiria viver comigo mesma se não tentasse impedi-lo.
- Alyssa.
Ele falou meu nome com um suspiro. Como se reunindo coragem para me enfrentar.
- Não, Seb. Você não pode fazer isso. Não pode ir embora sem saber quando ou se vai voltar.
Ele levantou e ficou de frente para mim.
- Minha decisão está tomada, Lys. Nada do que você diga vai fazer com que eu mude de ideia.
- Como você poder ser tão egoísta? Colocar sua família inteira nessa posição? Depois do que aconteceu com Thomas? Você acha que sua mãe suportaria se algo acontecesse com você? Acha que algum de nós suportaria? Você pode morrer, Sebastian!
Nesse momento minha calma já tinha ido para o espaço e eu estava praticamente gritando.
Meu coração batia contra meu peito como se estivesse lutando para sair.
- E qual você acha que foi a minha motivação? Hein? Você acha que eu não tenho me martirizado pelo que aconteceu com Thomas? Eu sou seu irmão mais velho, é meu trabalho cuidar dele e me mata que eu não posso ajudá-lo. O mundo está cheio de pessoas iguais àquelas que sequestraram meu irmão. Eu não posso voltar do tempo e mudar o que aconteceu com ele, mas posso fazer a minha parte para tornar o mundo um lugar melhor. Para ir atrás de gente de sequestra crianças e mata inocentes.
- Seb...Você pode ajudar de outras formas. Não precisa arriscar sua vida para isso.
- Não. Como um soldado eu posso fazer a diferença. Posso ajudar a salvar pessoas.
Seus olhos azuis estavam com uma determinação férrea e o conhecendo tão bem eu sabia que nada o faria mudar de ideia.
Meus olhos encheram de lágrimas e meu coração se apertou com a dor de perdê-lo.
Ele vacilou ao ver minhas lágrimas e me puxou para um abraço. Seu corpo me engoliu. Seus braços me cercando e uma das mãos embalando minha cabeça em seu peito.
As lágrimas não paravam de cair.
Meu melhor amigo estava indo embora.
O garoto que eu inevitavelmente comecei a amar.
Mesmo sabendo que nunca seria correspondida. Mesmo sabendo que ele nunca me veria como nada mais do que uma irmãzinha mais nova.
Meu jovem coração de 14 anos se quebrou no meu peito.
O medo por ele era aterrador.
O garoto que eu amo estava se transformando num homem, bem na frente dos meus olhos, e fugindo ainda mais do meu alcance.
End flashback.
Agora que você já tem uma noção de como é a minha família e já conhece o cara por quem eu sou apaixonada desde os 13 anos, vai entender melhor os acontecimentos que eu vou contar a seguir.
Autor(a): acandi
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Khiara está jogada no sofá da sala, roncando como um trator e babando como um bebê. Ontem nós saímos para comemorar nosso aniversário de 18 anos, que, por um acaso do destino, é no mesmo dia. Chegamos em casa perto das seis da manhã e hoje passamos o dia alternando entre dormir e comer, e no final da tarde sentamos par ...
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