Fanfics Brasil - Torneio Galáctico - Sede de Batalha Saint Seiya - Initiu Legends (Saga Santuário)

Fanfic: Saint Seiya - Initiu Legends (Saga Santuário) | Tema: Saint Seiya


Capítulo: Torneio Galáctico - Sede de Batalha

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"A Cúpula do Coliseu abre a tarde de hoje para mais um duelo de guerreiros mitológicos. Em entrevista com os organizadores do evento, o combate será Pegasus contra Dragão. Com relação aos combatentes anteriores, recebemos informação que o Cavaleiro de Hidra já recebeu alta do hospital da Fundação Kido. Ele sofreu hipotermia durante o duelo com Cavaleiro de Cisne que teria sido supostamente envenenado. Os médicos da Fundação nada comentam sobre o ocorrido, apenas informando que ambos passam bem. Agora, outras notícias."


Informava a repórter diante do Coliseu, no centro da cidade. O movimento nas proximidades era intenso já pela TV, e o dia amanheceu somente comentando sobre o Torneio Galáctico. Miho trocou de canal, mas era impossível encontrar alguma emissora que não falasse sobre aquilo, acabando por desistir. Percebeu uma xícara ser empurrada para ela, fumegante, e Eiri sentar–se ao seu lado.


— Tem certeza que não quer ir? — disse a amiga bebendo de sua xícara. Era chocolate quente, e ainda servia–se de biscoitos caseiros. — Vamos, Miho! Eu sei que você quer...


 — Eu não sei se aguentaria ver o Seiya... Eu quase tive um faniquito quando... quando... — ela gesticulava primeiro apontando pra cabeça, depois tocando de leve o pescoço, em seguida se abraçando encolhida. — Eu não sei... Ficaria agoniada. Acho que acabaria ficando com a cara coberta até o final da luta. 


— Exagerada! — comentou Eiri rindo. — Seria um apoio a ele. Afinal, ele trouxe os convites para você porque quer sua torcida lá por ele.


Miho debruçou–se na bancada puxando a xícara para junto dela, mas não parecia ter intenção de beber. Estava lembrando do fim da tarde do dia anterior quando Seiya apareceu no orfanato para devolver o dinheiro que ela o havia emprestado, garantindo estar bem e que recebera uma ajuda da própria Fundação por estar no torneio. Junto com ele, duas entradas para a sua luta que aconteceria na tarde seguinte.





— Convite... para assistir sua... sua luta...!? — indagou Miho ao receber os ingressos.


— Sim, eu quero você lá, Miho. Trouxe dois para que pudesse levar um acompanhante. Pode levar aquela sua amiga... Eiri, não é mesmo? — disse Seiya com suas novas roupas, uma jaqueta vermelha com mangas de couro preta, calça jeans e tênis. — Você tem me ajudado muito, Miho... E quero ver alguém a quem possa me incentivar, me dar apoio... 


— Eu sei, Seiya, mas... — Miho olhava para o alto e fechava os olhos, segurando o convite em mãos. — Na sua última luta... E–Eu não aguentei nem ver pela TV, imagine ao vivo!


Seiya riu enquanto a olhava. Jogou o corpo pra frente, apoiando–se com os cotovelos sobre a coxa enquanto olhava a amiga com o convite em mãos, indecisa.


— Sabe... no Santuário era igual a pior. Aqui até que acho divertido... — Miho se voltou para o Seiya espantada, e ele riu mais uma vez. — Estou falando sério! A minha mestre, Marin, só faltava arrancar meu couro quando fazia corpo mole. Acho que meus ossos ficaram bem resistentes nesses dez anos de treinamento, ou estaria pior que uma múmia de tanta porrada que levava lá...


Miho olhava para Seiya com os olhos arregalados, voltando–se para frente e comentando sobre aquela loucura e de como poderiam vibrar com isso na Cúpula do Coliseu. Ele apenas ficou a ouvi–la por alguns instantes, até segurar forte em sua mão, com o semblante mais sério.


— Miho... eu sei que estou pedindo muito, mas... — Seiya umedecia os lábios, buscando as palavras. — Sabe porque faço isso, e amanhã... Amanhã! Amanhã pode ser... o dia... o dia que podemos encontrar Seika. — havia anseio na voz de Seiya, e seus olhos brilhavam como se fosse chorar, mas se conteve. — Fique com o convite, ok? Preciso ir!


Seiya se levantou após dois tapas nas mãos de Miho e seguiu descendo a rua, com a cabeça baixa, as mãos no bolso da calça. Miho ficou sentada naquele banco da praça ainda por um longo tempo antes de voltar para o orfanato. Havia falado apenas com Eiri que se mostrou muito animada, enquanto que ela mal dormiu pensando sobre e no jeito que Seiya ficara quando partiu.





— Tenho medo, Eiri. — a loirinha apenas se voltou para ela, piscando sem entender e indagando sobre do que tinha medo, e Miho respondeu após um breve suspiro. — E–Eu tenho uma leve impressão que... que essa luta de hoje... será muito difícil para o Seiya.



—---------◆◆✧◆◆----------


"Segundo a assessoria da Fundação Graad  responsável pelo Torneio Galáctico, o combate desta tarde inicia o segundo ciclo onde os campeões seguirão para as semifinais..." 





O barman limpava uns copos enquanto assistia ao jornal na TV quando ouviu duas leves batidas no balcão. Tratou de tomar a garrafa e encher mais um copo do cliente antes de voltar aos seus afazeres. Ainda era cedo, mas muitos ainda eram presentes naquele bar, anexo à boate que funcionava num desnível. Com o Torneio Galáctico, a presença de estrangeiros na cidade era grande, e estabelecimentos como aquele praticamente estavam a funcionar 24h.


O homem do balcão era um estrangeiro, alguém do ocidente, possivelmente de regiões quentes por conta de sua pele morena do calor e do sol. Os cabelos eram escuros e curtos repicados para o alto. Uma característica marcante naquele homem era a mancha escurecida grande no lado esquerdo de seu rosto que circulava seus olho até o alto da cabeça. Lembrava uma queimadura, mas aquilo pouco parecia incomodá–lo, ao contrário. Sorria quando alguém o encarava temeroso.


Estava sentado num canto do balcão, longe das luzes, mas os olhos atentos à TV. Sorvia de sua bebida, com o copo parado frente aos lábios. Logo seus olhos alternavam para o relógio digital acima do bar. Baixara o copo no momento que alguém sentava–se apressado no balcão, arfando. Usava um casaco escuro com capuz cobrindo a cabeça e sombreando seu rosto. A única evidência eram as madeixas loiras que caíam por fora do casaco.


— Está atrasado. — disse o homem com mancha no rosto, bebericando tranquilamente enquanto seus olhos recaíam sobre aquela figura ao seu lado. — As regras eram bem claras! 


— Eu sei... — a sua voz era rouca, arfante. — Mas posso... justificar isso... com o que trago. — disse o encapuzado enfiando a mão no bolso do casaco e colocando um pequeno envelope sobre o balcão e empurrando pra ele. — Acho que encontramos!


Tomou o envelope e abriu, recolhendo o que pareciam fotos das quais passava muito interessado, colocando uma por uma sobre o balcão com a imagem virada para baixo. Não havia uma expressão que denotasse frustração ou satisfação por aquilo, o que deixava o rapaz que chegara apressado um tanto agoniado dedilhando sobre o balcão, balançando as pernas.


— Interessante. Um bom trabalho. E quanto a ele? — indagou por fim recolocando as fotos no envelope. — O que pode me dizer. 


— Como suspeitou, ele também está aqui tão interessado quanto nós e planeja algo, e acredito que pode ser a qualquer instante, mas não disse quando ainda. Estamos aguardando sua ordem...  — dizia com mais confiança ao notar a expressão de satisfação daquele homem. — Senhor Jango, nós podemos fazer isso... 


— Não! — interrompeu, sendo incisivo. — Façam o que eu disse! Fiquem ao seu lado e deixe que pense que ele tem o controle. O que menos precisamos é despertar desconfianças. Que tudo recaia sobre ele! — disse Jango, o homem com a mancha no rosto, retomando sua bebida e tomando um suave gole — Fiquem ao seu lado e o obedeçam lealmente, seguindo seus passos. Devemos permanecer anônimos, longe das vistas do Santuário. 


— Claro, Senhor Jango. — disse o homem baixando a cabeça. — Acha que eles enviariam alguém pra cá, para o Oriente? 


— Já existem olhos do Santuário aqui, e por isso devemos ser cautelosos. — houve uma reação de surpresa do jovem que levantou a cabeça, cerrando os dentes. — Lembre isso aos outros, de que devem manter a discrição. Aguardem ao comando dele, e sairemos imunes com nosso espólio. — e bebericou mais da bebida. — Ouviu bem, Cisne?


Um sorriso cínico brotou na face do misterioso encapuzado, que logo se retirou deixando, mais uma vez, Jango, o homem com a mancha no rosto, sozinho sentado ao bar.



—---------◆◆✧◆◆----------


"O combate desta tarde inicia o segundo ciclo onde os campeões seguirão para as semifinais. Estamos com nosso correspondente na Cúpula do Coliseu onde já se encontra com forte presença de público..."


— Posso estar enganado, mas esse lugar hoje está mais cheio que nos outros dias. — comentou Shun olhando o movimento do público na Cúpula do Coliseu, seus entusiasmos e apostas para os possíveis combatentes. — Talvez seja pelas semifinais. Só acho!


Jabu riu daquele escárnio de Shun, voltando–se para ele por alguns instantes enquanto chamava pelo elevador. Ao tocar novamente no botão, sentiu novamente o incômodo em seu braço, fazendo–o massagear a região na altura do pulso. Shun percebeu, fazendo uma careta desconfiada.


— Não deveria ir no médico ver isso? Há dias que o vejo assim, Jabu. — comentou Shun com certa preocupação.


— Não é nada! — rebateu Jabu de imediato, para a surpresa de Shun. — Apenas pressionei de mal jeito. — e percebeu o olhar desconfiado do colega — Desencana, Shun. Eu fui no médico quando fui visitar o Ichi e ele disse que foi apenas uma torção e estou cuidando disso. — e o elevador chegava, para a satisfação de ambos que adentraram e pressionando o subsolo, onde deveriam seguir para a concentração. — Vai me dizer que não tinha essas torções em seu treinamento na Ilha de Andrômeda? 


— Claro que tive. — dizia Shun relembrando, levando as mãos no bolso da calça. — Treinava até pulando numa só perna ou com o braço enfaixado. O mestre não dava descanso... — e sorriu ao lembrar–se daquilo. — Nunca pensei que sentiria falta. 


— É... — dizia Jabu puxando a jaqueta, coçando o nariz, recostando na parede do elevador. — Alguns parecem nutrir saudades, enquanto que eu... faço questão de esquecer!


E a porta do elevador se abriu. Ambos deram de cara com alguém do staff que falava ao head–set sobre estarem ‘todos aqui (Cúpula do Coliseu)’ e se voltando para Jabu e Shun, anunciando a chegada deles. Era um jovem de traços orientais, cabelos longos pouco abaixo dos ombros pretos preso na altura da nuca e usando boné vermelho com logo da Fundação Graad. “Eles chegaram aqui!”, ele disse antes de desligar. Carregava uma prancheta com alguns nomes riscados de equipes e outros com setas direcionando para outras partes.


— Todos chegaram? — indagou Jabu passando pelo rapaz do staff. — Sabe se a Srta. Kido já chegou? 


— Ahn, não. Ainda não chegou. Soubemos que está a caminho e deve chegar em... — buscou um relógio da sala. — Em 10 minutos no máximo. Pegaram um congestionamento. 


Jabu nem pareceu acabar de ouvir o que o rapaz dizia. Este batia com a caneta sobre a prancheta quando o viu se afastar. Arqueou o semblante e sorriu de canto. Shun ainda estava ao seu lado e agradeceu de maneira educada, recebendo o que soava um agradecimento silencioso antes de vê–lo se retirar após uma nova chamada.


Shun ouviu Jabu chamá–lo, mas ainda mantinha os olhos sobre o jovem do staff que sumiu subindo as escadarias. Nachi e Geki estavam no bar conversando, incrivelmente fazendo apostas sobre quem seria o ganhador naquela noite, mas Shun estava disperso, intrigado.


— O que foi, Shun? Que cara é essa? — questionou Jabu empurrando uma garrafa de suco para ele.


— Ahn, nada. Apenas tive uma sensação de... — dizia, vendo a expressão de estranhamento de Jabu, mas logo desviado com a aposta dos outros que citaram seu nome e riram. Por fim, se voltou para Shun que apenas sorriu. — Não é nada! Apenas... Ansioso.


Não era apenas isso. Nem bem disse isso, Shun tomando a garrafa e olhou na direção das escadarias. Tinha certeza ter pressentido algo, mas tudo poderia não passar de uma impressão como de quando encontrou aquela pena nos corredores. Pena esta que trazia com ele na mochila.





Seiya já se encontrava na Arena do Coliseu, recostado na parede de braços cruzados, com sua armadura de Pegasus. Tinha um olhar perdido e pensativo observando o painel. Não buscava ser um mero campeão, mas precisava vencer o combate daquela noite por razão única: Seika. Ela era a única razão dele aceitar aquele jogo de Saori. Olhava o público nas arquibancadas, filmado pelas câmeras que se moviam no alto, focando a multidão, e exibindo–as no telão acima da grande arena da Cúpula do Coliseu. Aquilo o fazia pensar se sua irmã já o tinha visto pela TV onde quer que fosse.


"Seika... Onde estiver, espero que esteja me vendo. Por favor! Por favor, Seika...", pensava Seiya sentindo um aperto na garganta, seus olhos voltando–se para o público. Percorrendo seus olhos nas arquibancadas mais próximas, tentou imaginá–la surgindo ali, torcendo por ele, mas isso nem seria preciso. Se Seika estivesse ali, certamente procuraria alguém e se anunciava sua irmã. Foi o que ele fez ao chegar ali ao indagar se alguém o procurara, mas a resposta foi meramente negativa.


— O que foi, Seiya? Com medo da luta de hoje? — comentou Jabu surgindo no corredor com sua armadura de Unicórnio, acompanhado de Shun, com a sua de Andrômeda e Nachi, com a sua de Lobo. — Olhe Seiya. Você está sendo filmado!


Seiya estava decidido a ignorar, mas acabou por se virar mais com Jabu apontando para sua frente sem que ele mesmo percebesse, senão quando o ouviu gargalhar lembrando da provocação de Saori que havia dito naquela reunião sobre ele e as câmeras. Seiya respirou fundo, buscando manter o controle.


 — O que foi, Seiya? Pensa em se tornar um artista após perder no Torneio Galáctico? — provocou Jabu mais uma vez, sob o olhar de Nachi e Shun, este pedindo para que parasse. — Ah, qual é? Não fosse o Seiya preocupado com as câmeras, não teria sido pego de maneira tão idiota pelo Urso.


— Tem razão, Jabu. — concordou Seiya se voltando para ele com um sorriso de canto. Chamando a atenção dos três. — Não sei se sairei daqui um artista, mas é melhor que ser um lacaio da Saori que abana o rabo cada vez que ela o chama. Já aprendeu dar a patinha e rolar no chão? Certamente aqueles shows de pular aro sejam perfeitos para você.


O sorriso de Jabu desapareceu, e por muito pouco não avançou contra Seiya, mas foi segurado por Nachi que o tirou dali. Apenas Shun ficou, meneando negativamente com aquela rixa dos dois. Porém, ele sabia da razão de Seiya estar ali, pois assim como ele, apenas queria reencontrar um ente querido, ambos seus irmãos.


— Será que vocês dois não poderiam ficar pertos sem sair faísca? — comentou Shun para Seiya, vendo Nachi tentando conter a raiva de Jabu mais ao fundo no corredor. — Tente não cair nas provocações dele, Seiya. 


— Eu juro que tento, Shun. Eu juro... que... tento! — respondeu Seiya cruzando novamente os braços.


— Uau! Não imaginava que isso aqui fosse assim, tão grande! — comentou Eiri admirada enquanto passeava pelo hall do Coliseu acompanhado de Miho. — Então essa é a tal armadura de Centauro que o campeão do torneio ganhará? Ela é... é linda!


Nem mesmo Miho havia visto aquela armadura tão de perto, somente pela TV. Contemplá–la ali, diante de seus olhos, rodando lentamente dentro da redoma e estrategicamente iluminada. Embora soubesse que não era aquele ‘prêmio’ que Seiya buscava, tentou imaginar o amigo trajando aquela armadura. No entanto, foi cutucada por Eiri para a presença de Saori chegando em sua limusine. Estava sempre acompanhada por Tatsumi, seu guardião, sempre acompanhando a jovem neta dos Kido.


— Ela é realmente bonita. — comentou Eiri observando Saori até sumir no elevador vip.


— Sim, ela é. — disse Miho sem muita emoção na voz, olhando a hora no relógio e conferindo com do painel anunciando o perfil de Pegasus e Dragão na TV. — Vamos, ou perderemos o início da luta...


Dizia Miho tomando a mão da amiga e se virando, sem perceber que se chocava contra uma garota que deveria ter a idade delas, mas notoriamente uma estrangeira. Era uma jovem bonita de traços delicados, os cabelos presos num trançado longo caindo sobre os ombros e vestimentas de seda rosa com desenhos singelos de flores no lado esquerdo de sua blusa de mangas e calça em mesmo tom. Ela também se desculpou, mas seguindo apressada para em direção da Cúpula do Coliseu, deixando Miho e Eiri intrigadas, dando os ombros e seguindo atrás por ser o mesmo caminho delas.


Saori chegara à sua sala, já devidamente caracterizada com os trajes cerimoniais do evento, acompanhada apenas por Tatsumi à sala que já auto-ativava as duas telas próximo ao trono de onde a jovem assistia os duelos na arena do Coliseu. Ela, por sua vez, deixara o báculo no suporte à sua direita e observava todo o público através da grande parede de vidro à sua frente. Esta era acesa e oferecendo seis diferentes ângulos da arena onde poderia acompanhar a luta entre Dragão e Pegasus, como se estivesse diante da arena.


— Quando quiser soar o sinal, Srta. Kido. — disse Tatsumi abrindo passagem para Saori que ficou a observar os dois cavaleiros na Arena se encarando.


Saori olhava o botão ao lado, mas seus olhos estavam focados na tela onde tinha Seiya, a quem ela demorou alguns instantes. Lembrava bem de seus olhos na última luta, daquele brilho de determinação em sua luta contra Urso. Tatsumi, ao seu lado, estranhou sua hesitação e curvou–se para ela. Embora estivesse apenas os dois naquela sala, falou quase num sussurro.


— Algum problema, Srta. Kido? — seu tom era preocupado.


— Não. Não é nada. — mentiu Saori piscando aturdida, voltando para à sala após breve momento de deja vu — Que vença o melhor. — disse ela pressionando o botão e dando início à luta.


As luzes se apagavam e concentravam–se sobre arena. A cúpula se fechava e oferecendo a imagem excepcional do universo e suas constelações, e tanto Seiya quanto o Shun perceberam as suas, vizinhas no universo. A imagem do público e patrocinadores sumia no telão e davam as boas–vindas nas mais diferentes línguas, acompanhadas do locutor que,mais uma vez, anunciava, sobre a segunda fase do Torneio.


“A segunda fase do Torneio Galáctico vai começar e os cavaleiros já se posicionam na arena...”


Dragão e Pegasus se encaravam, cada um de um lado da arena, ou ao menos Seiya encarava seu oponente que mantinha os olhos fechados, alheio e ou indiferente a tudo e a todos, enquanto ele mantinha seu foco no objetivo que o levara ali, naquele arena da Cúpula do Coliseu. Enquanto sua imagem estivesse na TV, era a chance de Seika encontrá–la, e se ela surgisse, naquele momento, meio ao público, largaria tudo e buscava refazer sua vida em outro lugar, longe de todo aquele circo. Porém, seria naquele ‘picadeiro’ que ela poderia saber onde ele estava e onde procurá–lo.


Shun observava Seiya calado, mesmo sob as provocações de Jabu dizendo às suas costas, em conversa com Nachi, que ‘aquela luta seria a última de Seiya’, mas o Andrômeda sabia que não seria, assim como Miho quando conseguiu encontrar um lugar junto de Eiri e observando a expressão séria de Seiya. Juntou as mãos silenciosas e orava em silêncio.


Seiya demorou a reconhecer seu oponente, com sua lembrança sendo desperta quando foi anunciando o seu nome. Shiryu, o garoto chinês sempre treinando sozinhos seus golpes e contorcionismo.


O Cavaleiro de Dragão tinha longos cabelos negros que descia pelas costas, era pouco mais alto que Pegasus, e sua indumentária era de coloração esverdeada com boa proteção em camadas no tronco e ombreiras protegendo os ombros. No braço direito a cabeça de um dragão até altura do punho, e no esquerdo um escudo que reluziu desafiante.


Quando o sinal tocou, Seiya foi o primeiro a investir, enquanto o Dragão mantinha–se em sua posição e abrindo os olhos somente quando ouviu Seiya impulsionar o corpo e saltar.


“Seiya é o primeiro a investir na luta dessa tarde e... Incrível! O seu salto alcançou pouco mais de 4m de altura e caindo numa velocidade de 60Km/h sobre seu oponente...” 


Porém, pouco conseguiu em sua primeira investida. Shiryu esperou o momento exato de jogar o corpo para frente e apoiar–se com as mãos no chão e saltar, esquivando–se do golpe de Seiya que caiu pesado sobre a arena. Entretanto, isso não o impediu de investir mais uma vez sobre o Dragão que se colocava de pé após sua ação defensiva, precisando ser novamente ágil e desviar do golpe de Pegasus em seu rosto. No entanto, algo surpreendeu o público que reagiu em euforia, sobretudo quando reprisada em slow-motion no telão. Até mesmo o locutor mostrou-se surpreso com aquilo.


“Minha nossa! Você viu aquilo? Um elmo surgiu protegendo o rosto do Dragão e agora se tornou somente uma tiara com uma pequena cabeça de dragão. Sensacional!!!” 


Devido à investida de Seiya contra o rosto de Shiryu, a Armadura de Dragão ativava o elmo, cobrindo a cabeça do Cavaleiro contra um suposto golpe que quase atingiu seu rosto, mas sendo esquivado por muito pouco. Foi preciso duas esquivas simultâneas, com Pegasus acertando apenas os cabelos quando seu oponente se agachou, assim como Seiya que recolheu os braços. 


Era a abertura que Shiryu precisava para tentar golpear Seiya, e assim como aconteceu com ele, a armadura de Pegasus também ativou seu elmo quando um golpe quase o se não fosse  um salto para trás. De elmo, as duas armaduras retraíram suas proteções deixando apenas uma tiara em cada um de seus cavaleiros.


“Dragão se esquiva com agilidade dos golpes de Pegasus, e tenta uma contra–ataque... Uau!  Parece que não é só o Dragão que tem surpresas. Os elmos retraíram e se tornam simples tiaras nos cavaleiros. É realmente impressionante!” 


Os dois Cavaleiros se encararam apenas por mais alguns segundos, e foi a vez de Shiryu investir usando seu punho direito contra Seiya, mas seu golpe se perdeu quando Seiya, mais uma vez, saltou e, tal como na primeira vez, tentava golpear seu oponente com a perna caindo sobre ele, concentrando grande força nos pés durante a queda. Entretanto, diferente de antes, Shiryu não intencionava se esquivar, pelo contrário. Invés do salto, apenas levantou o braço esquerdo onde carregava seu escudo.


“O que? O que ele pretende...”, pensava Seiya caindo sobre o escudo, e foi preciso agir rápido para utilizar o bloqueio do escudo para impulsionar num salto mortal que o fez cair de volta à arena, perdendo momentaneamente o foco e oferecendo mais uma abertura vantajosa a Shiryu que investiu sem hesitação. Diferente de antes, Seiya pouco pôde fazer para esquivar, muito menos teve a chance de bloquear, senão sentir o golpe do punho do Dragão na boca do estômago, lançando Seiya contra as correntes e indo direto ao chão após cuspir grande quantidade de sangue.


Toda a euforia e gritos do público foi calado nesse momento.


Miho levou a mão à boca naquele momento, ao lado de uma Eiri incrédula com o que viu, mesmo em replay no telão. Embora o golpe tivesse tocado em Seiya, fazendo dobrar o tronco, houve uma forte pressão exercida no punho de seu oponente como se ‘explodisse’, fazendo–o voar contra as correntes e cair violentamente no chão após cambalear. 


“Vocês estão assistindo ao Torneio Galáctico, a luta mortal entre aqueles que disputam pela armadura dourada de Centauro. Dragão acaba de dar um forte golpe em Pegasus, abrindo vantagem nessa luta de hoje” 


Miho levantou–se junto com o público, impressionados pelo golpe de Dragão. Apoiou–se na mureta, acompanhada de Eiri, ambas olhando para a arena onde Seiya ainda se mantinha deitado, gemendo, contorcendo–se pela dor. Tentou se levantar, engolindo o sangue que veio à boca, mas caindo ainda sem forças.


Shiryu, o Cavaleiro de Dragão com quem Seiya lutava, mantinha–se de pé ainda ao seu lado, mas logo deu meia–volta, pronto para deixar a arena meio a aplausos e vaias. Não importava. Já havia cumprido seu 'dever' naquele torneio e havia outros interesses, estes maiores em jogo, que a brincadeira de uma herdeira mimada. Sabia que estava a infligir as regras simplesmente abandonando tudo, mas não esperava receber uma visita há poucas horas.


"Espero poder chegar a tempo. Se partir agora, talvez chegue em dois, três dias no máximo. Não posso mais perder meu tempo aqui", pensava Shiryu enquanto caminhava para fora da arena, com a tiara da armadura sendo definitivamente recolhida. Nem mesmo aguardaria a decisão daquela luta que se resolveu tão fácil.


"O público aqui na Cúpula do Coliseu  parece agitar–se ao fim de uma luta... Não, espera! Vejam! Parece que a luta entre Pegasus e o Dragão ainda não terminou."


Contudo, ouviu a surpresa do público, muitos apontando para a direção da arena, e Shiryu apenas virou um pouco a cabeça, a expressão séria, os olhos incisivos. Mantinha–se de costas, mas olhou por cima dos ombros o seu oponente se levantar cambaleante, as pernas trêmulas, jogando o peso do corpo para frente e para trás  até conseguir se estabelecer em pé e recolhendo os braços. Ainda buscava recuperar o ar.


— Achei que não levantaria. — comentou Shiryu sem qualquer emoção na voz, voltando–se para Seiya e respirando fundo. — Seria mais inteligente não ter se levantado, Seiya. 


— Acha mesmo... que vou desistir... desistir assim... tão fácil? — dizia Seiya engolindo ainda o sangue que insistia vir à boca, empurrando o pé para frente em posição de combate. — Então... terá que fazer melhor.


Miho ainda se mantinha de pé, com a mão fechada a boca mordendo o dedo indicador tamanho seu nervosismo em ver Seiya se levantando. Eiri também, menos surpresa, pois ao contrário da amiga havia assistido todas as lutas do Torneio Galáctico até então, principalmente a estreia de Seiya. Entretanto, também sabia que a relação de Seiya com aquele cavaleiro era maior e mais antiga, o que a deixava muito ansiosa, e não era a única.


Pouco mais adiante, Eiri reconheceu a garota com quem se chocara mais cedo, e ela tinha o mesmo olhar aflito de Miho, e tinha s mãos fechadas na altura do peito e parecia carregar uma pequena corrente prateada, mas não conseguia ver o amuleto que tinha em mãos. Olhando novamente suas vestimentas e também na arena, Eiri conseguia conectar tudo. Ela estava ali pelo Cavaleiro de Dragão, assim como Miho pelo Pegasus.


— É isso que quer, Seiya? — Shiryu desenhou um sorriso confiante no rosto, dando alguns passos à frente, fechando os punhos do braço que o golpeara há pouco. — Talvez eu precise ser pouco mais...  persuasivo, se quisermos pôr um fim nisso, não acha?


Seiya não desviou os olhos de Shiryu, pelo contrário, manteve–se firme, fechou os punhos e puxou o braço para junto do peito, e mostrava–se tão confiante quanto o próprio Shiryu diante dele.


— Muito bem, Shiryu de Dragão. Vamos parar de brincar de torneio e fazer disso um verdadeiro embate entre Cavaleiros. O que me diz? — disse Seiya de maneira desafiadora.


Shiryu desenhou um sorriso em seu rosto, levantando a mão com seu punho, ficando pouco acima daquele que carregava o escudo. A tiara em sua cabeça retraia, deixando seus cabelos mais soltos, tal como estava o de Seiya. Ambos estavam a se encarar, confiantes.


— Assim será... Seiya de Pegasus.



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Autor(a): katrinnae Aesgarius

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