Fanfics Brasil - Pegasus Ressurge - As lendas de uma nova Era Saint Seiya - Initiu Legends (Saga Santuário)

Fanfic: Saint Seiya - Initiu Legends (Saga Santuário) | Tema: Saint Seiya


Capítulo: Pegasus Ressurge - As lendas de uma nova Era

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Grécia, 1998


Verão. Ápice do turismo nas ruínas gregas. O berço da História do mundo gravado em cada templo e pilastra. No centro da antiga arena, onde guias narravam de modo dramático as lutas dos bravos guerreiros, turistas dividiam sua atenção entre as histórias e às fotografias que buscavam registrar cada momento. Uma jovem, através de sua câmera Nikon, focava a metade de um templo de pé quando pareceu registrar algo ser arremessado à distância, criando uma trilha de poeira que se levantou.


Com a balbúrdia de tantas pessoas falando acompanhada de risos e gritinhos entusiasmados, nem mesmo pareciam atentar–se o que acontecia cerca de 200m de onde estavam. A jovem olhava mais uma vez através da lente e viu uma silhueta e este correr numa velocidade sobre–humana, fazendo–a piscar aturdida e dizendo a si mesma que havia tomado sol demais.





Bem mais que 200m dali, um rapaz que fora arremessado contra ruínas e rochas, levantava–se com dificuldade, arfando. Os cabelos castanhos lisos colavam em sua testa suada. Seus olhos focaram à sua frente e um brilho tomou conta de seu corpo, fazendo–o disparar com incrível velocidade. Quantos metros percorreu naquele rápido segundo, não teve a menor ideia, mas o suficiente para que se mantivessem anônimos do corpo de turistas que havia ficado para trás.


Uma mulher de cabelos ruivos ondulados que caía sobre seus ombros apenas o esperava. Usava uma máscara branca que cobria todo seu rosto, com desenho na altura dos olhos, nariz e leve desenho nos lábios. Ela viu quando o rapaz se aproximava, preparando seu punho para o golpe. Precisou apenas jogar um pouco seu corpo para o lado para esquivar–se, golpeando–o com a perna em suas costas e jogando–o contra uma parede rochosa com um ar um tanto entediado.


— Se isso é tudo que tem para mostrar amanhã, Seiya, lamento dizer que não receberá a sua armadura. Quase 10 anos aqui e ainda não entendeu? — disse a mulher levando a mão à cintura.


O garoto tinha um bom físico para a sua idade, bem definida com os músculos da perna rígidos apesar da calça surrada e com alguns remendos, sendo reflexo dos exercícios e treinamentos constantes. A blusa estava puída e ganhava mais um rasgão na altura da costela. Tinha mancha de suor e sangue da qual cuspira à pouco. Era um jovem de traços orientais, mais olhos bem observadores.


— Já chega, Marin... Eu não aguento mais! — disse se rendendo e se sentando no chão. Vontade que tinha era deitar ali e ficar. — Já treinamos tudo que tínhamos. Só queria descansar e relaxar por hoje... 


— Relaxar? Aonde pensa que está Seiya? Não conseguiu evitar nenhum dos meus golpes, como acha que pode vencer o Cassius amanhã? — comentou Marin que soltou um suspiro, olhando o sol seguir para o poente. Não tardaria anoitecer dali. — Serão 10 anos perdidos!


Seiya levantou o rosto observando aquela mulher e queria dizer algo, mas não sabia exatamente o que dizer. Era verdade que Cassius era forte. Diversas vezes conciliou seu treinamento com alguém que era a apenas força bruta. Considerando apenas seu tamanho, acerca de 2,5m de altura distribuído em músculo, era o suficiente para intimidar o adversário. Nas lutas que se seguiam no anfiteatro, um golpe dele era uma patada poderosa que, num vacilo, arrancaria cabeça. Pensando naquilo, Seiya levou a mão ao pescoço.


— Não vamos exagerar, não é? O que o Cassius tem de força ele tem de burrice! — disse se levantando, sacudindo a terra das roupas e apertando as ataduras no pulso. — Não será difícil derrotá–lo.


Seiya batia as mãos para limpar da poeira quando viu o reflexo de um golpe ir contra ele, levando a cruzar os braços para bloquear daquele ataque surpresa. Marin investira com tudo, sem dar espaço para um contra–ataque, dificultando e muito o garoto de pensar em qualquer coisa enquanto instigado a fazer o contrário. Foi preciso que seus olhos captassem o melhor momento, o que seria um milionésimo de segundos, para que permitisse esquivar–se e saltar sobre sua mestre e tentar golpeá–la com a perna.


Marin, no entanto, foi tão rápido quanto, virando–se a tempo para bloquear seu golpe e tentar revidar. Foi preciso Seiya agir rápido, praguejando naquele momento. Apoiou as duas mãos no chão e dando impulso para ficar novamente de pé, momento que Marin começava uma nova onda de ataque.


"Ela não está me dando qualquer abertura de ataque! Como poderei... Já sei!", pensou Seiya, abrindo um sorriso de canto e não mais bloqueando, mas esquivando–se dos golpes 'vazios' de Marin. Devido aos seus ataques, abriu uma grande margem de distância entre eles, o que tornava os ataques ainda mais intensos. Conforme se aproximava, no entanto, esses golpes diminuíam, sendo preciso bloqueá–los. Num destes 'vazios', ele desferiu um ataque que fez Marin saltar para se esquivar, e esse era o que precisava.


Ao tocar no chão e virar–se, foi uma fração de segundos que Marin viu o cosmo de Seiya ganhar forma, algo que jamais havia visto antes: ela assistia Pegasus com suas asas abertas sobre o garoto. A sua distração foi seu maior erro, não percebendo Seiya disparar inúmeros golpes em sua direção, mais rápidos que anterior. Por mais que bloqueasse, sentia que estavam cada vez mais rápidos e foi quando falhou, recebendo inúmeros golpes contra seu corpo e o avanço de Seiya sobre ela acertando seu peito.


Os olhos de Seiya se arregalaram naquele momento, surpreso com o que havia feito. A sua mão havia perfurando Marin e ele a tomaria nos braços se não a visse desaparecer como se fossem cinzas levadas ao vento. Os garoto nada entendeu, chamando por ela quando viu palmas ecoarem à suas costas. Marin estava de pé, atrás dele, enquanto Seiya olhava para as suas mãos limpas do sangue que tinha certeza ter visto segundos antes e agora limpos.


— Muito bom, Seiya. Já progrediu bastante nas últimas horas. — ela suspirou, levantando–se e caminhando em sua direção. — Conseguiu bloquear diversos golpes meus, mas não consegue atacar sem que seu oponente baixe a guarda, e isso ainda é um problema.


Seiya se levantou, tentando dizer qualquer coisa. Mesmo após 10 anos, Marin era capaz de surpreendê–lo. Estava a lutar contra uma ilusão? Os golpes pareciam reais demais. Apontava para onde jurava que a atacá–la há instantes e depois se voltando para ela, perdido. 


— Descanse, beba uma água e retomamos o treinamento. E não fuja, Seiya. Conhece as leis. Se fugir, será punido com morte.


Seiya apenas respirou fundo, levando a mão à cintura e bagunçando os cabelos sempre tão bagunçados na frente. Sabia que não convenceria a Marin de desistir daquele treinamento. Deixou se corpo jogar–se no chão, apoiando as mãos nas pernas e olhando o céu.


Estava já início de noite, com o tom alaranjado ainda no horizonte. De dentro de seu bolso, tirou apenas o que lembrava um cordão onde tinha um pingente oval simples. Era um relicário. Seiya abriu com cuidado e observando uma fotografia, já bem envelhecida e manchada onde tinha uma garota segurando um pequeno em seus braços.


— Falta pouco, Seika. Estou voltando pra casa. Amanhã, estarei voltando para casa como um Cavaleiro!


E beijou o relicário, no mesmo instante que uma estrela cruzava o quadrante de Pegasus.



—---------◆◆✧◆◆----------


 Japão, 3 meses antes 


A lua imperava cheia no céu num veludo azul estrelado. Um helicóptero, uma AW 139 da Agusta Wesland, se aproximava e posando num marco do gramado de uma grande propriedade. Em sua cauda havia a assinatura "Kido" e o brasão da fundação com um círculo vazado com o que representaria o contorno de uma ave.


Alguns homens prendiam a aeronave enquanto outro abria a porta descendo a escada. Deste surgiu um homem careca e expressões fortes de origem oriental carregando uma maleta, trajando terno que, àquela altura, encontrava–se aberto. Chegando na propriedade, perguntou sobre alguém da qual as serviçais indicavam o caminho e voltando para seus afazeres, mas não sem antes dar um resumo das ordens da propriedade. Certificado estar tudo bem, dirigiu–se para seu caminho.


Num escritório mal iluminado, somente pela lareira e algumas luzes de decoração nos cantos da parede junto ao teto, uma jovem sorvia de chá e biscoitos. Tinha os dedos delicados assim como sua expressão que parecia uma obra grega tamanha delicadeza das formas. Tinha os olhos amendoados grandes de um azul celeste bem expressivos e lábios finos rosados como as maças de seu rosto. Os cabelos longos castanhos caíam sobre seus ombros e costas. Ouviu as batidas na porta e baixou os olhos, mandando que entrasse. Ouviu os trincos, mas não se levantou. Havia ouvido o helicóptero.


— Srta. Kido? Trago boas notícias! — dizia o velho homem que, após sua permissão acendeu as luzes do ambiente a colocando a maleta sobre a mesa de carvalho talhado com pés de leão. — Tudo corre como o planejado. Os organizadores estão muito ansiosos.


Ela depositou a xícara em seu pires e este de volta à bandeja na mesinha ao seu lado e se levantou. Era uma jovem de estatura mediana e corpo esguio. Usava um vestido com saia até altura do tornozelo solto e de alças de miçangas douradas e o busto franzino. Sorriu ouvindo o entusiasmo do velho homem explicando do fechamento com patrocinadores e emissoras para a transmissão do evento, das notas nos jornais e meios de comunicação.


— Isso muito me agrada, Tatsumi. O vovô realmente adoraria isso. Era seu sonho da qual realizarei. Nada pode dar errado! — dizia ela levando as duas mãos juntas próximo ao lábio e fechando os olhos brevemente. — Porém, algo ainda me preocupa.


Tatsumi, assim chamado o velho homem, soergue o semblante. Ela sabia do que se tratava. Ele a viu caminhar pelo escritório, baixando as mãos e balançando–as , tocando–as frente ao corpo até apoiar–se no encosto da poltrona onde estava sentada.


— O evento começa dentro de alguns meses. Os ingressos estão quase todos vendidos e o Coliseu será inaugurado em algumas semanas com um museu dedicado ao vovô. Nada pode dar errado, mas... será que eles conseguiram, Tatsumi? — indagou ela olhando para o velho homem.


— Já levantei as informações, Srta. Kido. Não tem pelo que se preocupar. — disse ele curvando seu corpo para frente em cumprimento e retirando alguns documentos da maleta. Eram diversos documentos a serem assinados das quais Saori rubricou tudo rapidamente. Não tinha pelo o que ler. Confiava totalmente em Tatsumi. 


Quando deixada sozinha, Saori permaneceu junto à mesa, olhando uma velha fotografia  emoldurada onde tinha ela, seu avô sempre acompanhado por Tatsumi às suas costas e uma fila de garotos da Fundação Kido, do orfanato mantido pela organização da família. Havia se passado quase dez anos, nenhuma comunicação havia sido feita naqueles anos. Naquele ano, no entanto, estavam para regressar, cada um com sua armadura da qual seu avô havia 'planejado', embora jamais entendeu de fato aquilo.


O seu avô havia falecido há um ano, e em três meses seria realizado um festival que, há anos, era idealizado por seu avô, amante da História e Mitologia Grega e 'devoto' de Atena, a deusa da sabedoria. Desde então assumira todos os compromissos junto de Tatsumi, seu tutor e guardião, um servo leal de seu avô. Tudo haveria de acontecer exatamente como seu avô havia planejado, com o evento tendo início entre fins de maio e início de Junho, conforme a lua nova.


A inauguração do Coliseu, prédio restaurado ganhado uma fachada com a arquitetura secular grega, seria o marco inicial dos festivos. Tratava–se de um centro de eventos com feiras literárias e teatrais e um museu exclusivo sobre a cultura greco–romana. Na semana seguinte que o mais ansioso evento daria início, sendo os jogos atenienses que ela havia nomeado de Torneio Galáctico.


Lembrando–se disso, seus olhos correram a sala e a fez seguir até a mesa, onde tateou e ouviu–se uma destrava, fazendo–a olhar para uma estante de livros à frente e mesma se mover–se, mostrando uma passagem. Os passos de Saori ecoaram na sala até ela alcançar uma câmara vedada e pouco iluminada, mas suficiente para destacar o brilho dourado de uma urna sobre um pedestal em estilo grego em mármore branco. Era reluzente, como lembrava desde que a viu pela primeira vez, ainda uma criança.


Saori não sabia explicar, nem mesmo dissera ao seu avô ou a Tatsumi sobre aquilo. Por alguma razão, sentia uma saudade, uma ligação desconhecida quando junto daquela urna, como se alguém a abraçasse e sentisse uma tranquilidade sem tamanho. Toda a apreensão e angústia que sentia até ali havia desaparecido.



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Autor(a): katrinnae Aesgarius

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