Fanfic: Saint Seiya - Initiu Legends (Saga Santuário) | Tema: Saint Seiya
Olhos surgiram por trás das persianas fechadas da janela do primeiro andar do hospital, frente à entrada principal onde alguns carros de jornalistas continuavam a acampar nos últimos dias. Foi quando se ouvi um suspiro de alguém reclamando às suas costas.
— Até quando serei mantido aqui...? Já disse que estou bem! — comentou um Seiya injuriado, fazendo uma careta enquanto cruzava os braços.
— Por que não pode ficar sem reclamar um instante sequer, Seiya? — respondeu Miho com outra pergunta e fitando-o. — Pior que você reclamando, são esses jornalistas que não saem daqui. Que horror!
— Gostaria de ver se fosse você enclausurado aqui. —ele reclamou e começou a trocar de canal, sendo que todos falavam do Torneio Galáctico e de seu retorno naquela tarde. — Isso não foi nada. Já passei pior no Santuário.
— Não estamos no Santuário! — disse a jovem se afastando da janela e tomando sua garrafa para enchê-la novamente.
— Que seja! Já teria saído se não fosse você. — o Cavaleiro reclamava ainda de braços cruzados, emburrado.
— Sei disso... — ela olhava o filtro vazio, soltando um suspiro. — Vou buscar água na outra sala, aproveitar falar com o médico. Nem pense se levantar daí!
— Como se tivesse alguma escolha. — Seiya reclamou, acenando para Miho que meneava negativamente com aquilo. Bufou, buscando o controle da TV quando ouviu batidas na porta.
Shiryu surgia na porta, muito bem aparentemente para alguém que morrera momentaneamente durante o embate na arena do coliseu. Usava uma calça clara e um casaco verde escura fechada, os cabelos negros soltos caindo pelas costas.
— Olá, Seiya! — disse entrando no quarto, fechando a porta. — Tão logo soube que acordou e vim agradecer o que fez por mim. Obrigado!
Seiya abriu um sorriso ao vê-lo. Parecia muito bem, melhor que ele mesmo aparentemente, o que não deveria ser um espanto uma vez que quem mais sofrera danos havia sido ele, não o Cavaleiro de Dragão. O outro sorria, mas longe da arrogância da arena, sem aquela postura marrenta que buscava atingi-lo de modo a inferiorizá-lo. Mera tática de combate.
— Fico feliz que esteja bem, Shiryu. — disse o Cavaleiro de Pegasus de modo sincero. — A Miho me contou o que aconteceu. Tudo ainda é meio... confuso.
— Imagino. — disse o visitante se aproximando, sentando-se numa cadeira ao lado da cama. — Shunrei também me contou do quanto se esforçou para tentar me ajudar, arriscando sua vida... Nem sei como agradecer.
— Não tem pelo que agradecer, Shiryu. — disse Seiya que o fitava, ajeitando-se na cama. — Não tinha intenção de matá-lo, mas... — arqueia o semblante, torcendo a boca para o lado. — Acho que levei a sério demais nosso duelo...
— Nós dois, Seiya. — corrigiu ele com o dedo em riste. — Nós dois levamos a sério demais e arriscando nossas vidas por um capricho, um egoísmo nosso, seja ele qual for o motivo de cada um. — e baixava a mão. — Diria que eu o instiguei a isso por conta de um orgulho mesquinho.
— Bom, nós dois fomos egoístas. — concordou Pegasus, fazendo-se um breve silêncio e quebrando com riso de ambos. — Enfim, o bom que estamos os dois aqui, rindo agora.
— Verdade... — riu Dragão. — Eu quis vir aqui vê-lo para agradecer antes de voltar à minha terra... — e viu a expressão de estranhamento de Seiya. — Ao meu local de treinamento, adotei como minha casa.
— Entendo... — comentou Seiya, ouvindo a balbúrdia do lado de fora. — Aliás, como conseguiu entrar? Miho estava há pouco reclamando da imprensa aí fora.
— Pela Emergência. — comentou ele com um sorriso cínico, recostando-se na cadeira e cruzando os braços frente ao peito. — Mas, não estou preocupado com a imprensa em si, mas como toda essa atenção que o Torneio Galáctico tem chamado para nós.
Seiya alternou seus olhos da janela para Shiryu, franzindo o cenho com aquela mudança de comportamento dele. Tinha um semblante pesado, como se algo o intrigasse e ou perturbasse.
— Sobre o que exatamente? — indagou o Cavaleiro de Pegasus fitando-o.
— Sobre toda essa exposição nossa ao mundo Seiya. — disse Dragão se levantando, caminhando pelo quarto, aproximando-se da janela, vendo o movimento na entrada do hospital. — Sobre o objetivo de Saori com esse torneio, a armadura de ouro...
— Hunf! Acho que está se preocupando demais. — apontou Seiya ajeitando-se novamente na cama, buscando uma posição mais confortável. — Isso é apenas mais um capricho dela.
— Não acho que seja um mero capricho de Saori. — rebateu Shiryu fitando Seiya intrigado com sua indiferença aparente. — Esse torneio está sendo transmitido para todo o mundo! Estamos sendo expostos e não passaremos impunes disso.
Seiya parou para observar o tom com qual Shiryu falava, parando para pensar naquela questão. Estava tão obstinado por um objetivo pessoal que ignorara outros fatores da qual o outro estava apontando naquele momento.
Havia voltado com o objetivo único de reencontrar sua irmã, Seika, usando o Torneio Galáctico para ganhar visibilidade e, assim, ela encontrá-lo quer que estivesse. Foi um acordo, estúpido, feito junto de Saori, mas já se arrependendo de aceitar aquela proposta. Apenas Shun sabia a razão porque também compartilhava daquele mesmo desejo. Não era algo da qual o Cavaleiro de Pegasus queria simplesmente expor.
— Ouch! Acho que estou entendendo aonde quer chegar... — e voltou-se para ele. — Eu acho.
— Não sei quais razões o fizeram voltar aqui para o Oriente, mas existe algo por trás destas batalhas que tem me preocupado. — dizia Dragão com seriedade, enquanto Pegasus apenas o observava caminhar pelo quarto, enquanto ele queria apenas um pouco mais de água. — Desde que cheguei aqui, no Japão, sinto que há algo rondando o Torneio Galáctico, como se fôssemos os peões de um jogo.
— Peões? Estamos falando da Saori de novo nos usando de macaquinhos em seu circo! — comentou Seiya soltando um suspiro. — Até entendo que estamos no expondo e violando algumas regras, mas... — e fez uma careta. — Por que acho que há algo que não está me dizendo?
Shiryu assentiu. Realmente não estava. Olhou para Seiya um tanto desconfiado, mas fora ali com um objetivo muito além de agradecê-lo de salvá-lo.
— Sinto que estamos sendo vigiados, Seiya. — disse Shiryu se voltando para ele, vendo-o piscar aturdido com um ar interrogativo. — Não tenho certeza, apenas suspeitas. Existe uma atmosfera muito pesada caindo sobre o Coliseu. Achei que, como você veio do berço dos Cavaleiros, quem melhor pudesse sentir isso.
Seiya piscava aturdido para Shiryu, tentando assimilar aquilo. "Vigiados...?", perguntou-se ele mentalmente quando lembrou-se das recomendações do Grande Mestre quando lhe entregou a armadura de Pegasus e sobre o dever dos Cavaleiros em jamais usar as sagradas armaduras em causas próprias. "Consequências... não passarmos impunes...".
— Ah, droga! — praguejou Pegasus fechando os olhos, sentindo leve enxaqueca voltar.
— Seiya...? — aproximou-se Dragão, intrigado com o silêncio dele. — O que veio fazer no Japão? Por que está nesse Torneio…?
— Ah! Olha, Shiryu. — dizia Seiya pedindo para falar. — Não sei onde quer chegar com isso, mas acha mesmo que poderiam estar nos vigiando?
— Eu não sei, Seiya. — comentou Shiryu. — Não consigo pensar em outra coisa de que você, único de todos nós a treinar no Santuário, não estar aqui por conta da armadura de ouro.
— Er... — Seiya levantou a mão, mas logo levando à nuca, rindo nervoso. — Eu não estou aqui pela Armadura de Ouro. Na verdade, nem sabia da existência dela quando fugi com Pegasus e...
— Você o quê? — agora era Shiryu que olhava para Seiya piscando aturdido com o que ele dizia. — Fugiu com a armadura de Pegasus?!
— Ah, sim. Quero dizer... — dizia, percebendo a expressão de incredulidade do outro. — Ei! Pera lá! Eu não roubei a armadura, se é isso que está pensando, ok? Conquistei ela, tomei uma surra do Cassius, mas venci o combate de maneira justa!
Shiryu ficou a olhar perplexo para Seiya, vendo-o se explicar enquanto processava aquela informação. Levantou a cabeça, olhando de um lado para outro, buscando dizer qualquer coisa, mas faltava-lhe palavras de imediato. Ele estava realmente falando sério ou jogando com ele?
— Seiya... Você está falando sério? — Dragão apontou para ele, ainda não acreditando no que ouviu. — Como assim você…?
— Já disse... Não roubei a armadura! — dizia Seiya ainda assustado com a expressão de surpresa do visitante. — Olha! Eu precisava voltar ao Oriente o quanto antes, ok? Não estava numa situação legal lá com uma louca querendo me matar porque não aceitava que derrotei seu aprendiz 'genuinamente grego'... — e fez uma careta ao lembrar daquilo. — Fugi na mesma noite do dia que ganhei minha armadura num embate justo. Nem sabia desse torneio. Precisava voltar, não tinha intenção de participar de nada disso.
Shiryu, mais uma vez, cruzou os braços enquanto ouvia aquilo sem acreditar na simplicidade com qual Seiya explicava sua ação, levando uma mão à fronte e xingando mentalmente por aquilo. Por um instante acreditou que ele fosse algum espião do Santuário e que toda aquela sua determinação fosse por conta de uma possível missão. Ao pensar naquilo, até riu, ainda que de modo contido.
— A sua razão deve ser forte o bastante para fazê-lo desertar do Santuário e lutar, da maneira que lutou na arena do Coliseu, Seiya. — Dragão tentava controlar-se, mas era impossível não rir daquela ação inusitada do colega à sua frente, mas ainda intrigado. —Vejo que não mudou nada de quem você era.
— Devo considerar isso um elogio? — questionou Seiya fitando-o sem entender aquelas palavras de imediato. — Vou considerar que sim.
Shiryu meneou negativamente, sorrindo de canto.
— No entanto, a minha preocupação ainda permanece. — comentou ele, voltando à seriedade de antes. — Além de que possa haver alguém atrás de um desertor... — enfatizou na última palavra, com olhar acusador para o cavaleiro enfermo. — Existe algo ainda maior aqui da qual devemos nos preocupar e se perguntar, e suspeito que algo está para acontecer logo.
— Por que acha isso? — questionou Seiya novamente, fitando-o.
— Há muitos interesses em jogo aqui, Seiya. — disse Shiryu fitando-o incisivo. — Esse interesse envolve certa Armadura de Ouro e do porquê Saori a tem com ela.
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As bandagens eram amarradas ao longo do braço direito. A cada dia estava mais dolorido e os hematomas pareciam já se estender para a mão. Um pouco de massagem e mesmo alongamento dos dedos aliviava a dormência, mas estava piorando a cada dia. Receber aquele impacto não foi a melhor das estratégias, mas havia sido uma ação tão repentina que somente o fez para bloquear uma rajada que tinha o intuito de encobrir quem quer que fosse, o autor daquele ataque.
Nenhuma ferida, nenhuma marca no momento, somente um desconforto alguns dias depois, mas que agora estava realmente preocupando-o. Buscou seguir seu rastro, mas foi impedido pela própria Saori quando surgiu com seu cavalo, quase atropelando-o. Claro que ela de nada sabia do ocorrido, muito menos tinha conhecimento do que estava acontecendo. Quem quer que fosse, nada tinha feito à ela, o que fez Jabu respirar aliviado. No entanto, sentiu-se responsável por perder o rastro daquela ameaça que não hesitou atacá-lo. Pouco conseguiu ver quem era senão sua sombra no momento da fuga. Foram dias buscando qualquer pista, mas em vão. Perguntava-se o que aquele intruso pretendia enquanto estava a fechar e abrir a mão para estimular a circulação no membro dormente.
— Parece que temos a casa bem cheia hoje. — dizia Nachi chegando na sala onde estava Jabu, este que recolheu o braço sem que o outro notasse. — A imprensa questiona se essa noite promete surpresas como a de Dragão e Pegasus.
— Não diria algo tão estúpido como fez Seiya e Shiryu... — dizia Jabu, levantando-se do banco e alongando os braços no alto da cabeça.
Estava a trajar unicamente a malha reforçada, deixando a armadura somente para ser usada quando seu nome fosse anunciado e vesti-la quando corresse em direção da arena. Um espetáculo à parte a pedido de Saori para animar o público.
Todas as urnas ficavam expostas juntamente com a urna dourada no próprio coliseu. Não eram muitas, mas o suficiente para arrancar admiração dos presentes. Tinham um aspecto envelhecido num metal talhado com símbolos rebuscados datando séculos. Jabu bem lembra quando tomou a sua urna pela primeira vez. Um simples toque e a mesma se desmontou, revelando sua armadura de Unicórnio e a mesma envolvê-lo.
"Espero que saiba o que está fazendo, Srta. Saori. Estamos quebrando inúmeras regras aqui com tudo isso... chamando mais atenção do que deveríamos", e olhou para a TV ligada com flashes da última luta. "Essas pessoas não tem ideia do que estão assistindo".
— Sinto inveja de vocês. — comentou Nachi novamente, trazendo Jabu àquela realidade. — E você, parece bem confiante hoje. — Nachi riu, olhando para a porta, como se conferindo que ninguém chegava ali. — Isso tudo é por conta de seu oponente?
— Já viu com quem vou lutar para ver o quão preocupado estou? — respondeu Jabu rindo, acompanhado de Nachi. — Se venci Geki sem maiores problemas, porque ele... justo ele... seria algum problema? Talvez enrole um pouco para dar mais clímax de batalha, mas... — e deu de ombros.
— Cuidado! Muito tempo se passou desde então. Quem sabe ele.... — pontuava Nachi fitando-o.
— Impressão sua. — desconversou Jabu. — Acha mesmo que será diferente hoje? — mentiu, vendo a equipe chamá-lo já para a apresentação e seguindo atrás de Nachi. Ao esticar os braços para o lado, jogando para frente e para trás, sentiu leve fisgada no ombro direito, engolindo a dor. Aquilo não era nada bom.
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Uma equipe terminava de limpar a arena. De cada lado estava o object das armaduras dos cavaleiros a se desafiariam naquele fim de tarde: Unicórnio à direita e Andrômeda à esquerda. Eram duas armaduras reluzentes num metal incomum. Eram grandes e imponentes, despertando admiração de todos que a assistiam pelo telão. "Parecem respirar!", disse um dos membros do staff quando teve a leve impressão de ver a corrente se mover momentos antes das luzes se apagarem.
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Os seus olhos estavam perdidos num canto qualquer da sala, alheio à movimentação nos corredores ou mesmo na TV ligada na sala onde estava. Sua mente estava distante, com ar pensativo. Em suas mãos, apenas uma velha e surrada munhequeira que ele jamais removia, senão quando foi para partir e sendo aquilo o símbolo de um juramento para um futuro reencontro.
"Seja forte, Shun. Eu vou voltar, eu juro! Até lá, preciso que seja forte!"
As palavras de seu irmão ecoavam em sua mente como se o próprio estivesse ali diante dele e lhe entregando aquilo. Isso fez Shun forçar um sorriso triste e apertando aquilo entre suas mãos antes de levar à altura dos lábios e beijá-lo, mantendo-o próximo ao rosto ainda por alguns segundos. "Como gostaria de chegar aqui e reencontrá-lo, meu irmão... Por que não está aqui? Por quê?!", perguntava-se mentalmente com um coração aflito.
Jogou o corpo para trás e recostando-se na parede. Olhava rapidamente para a TV e vendo a arena do Coliseu cheio para a batalha daquela noite. Riu novamente, pensando na promessa. Ele havia sido forte naqueles anos, o bastante para se tornar um Cavaleiro ainda que qualquer um ali que os assistia não tivesse a mínima ideia do que eles realmente eram.
Nem Shun realmente sabia. Ainda que se olhando com aquela roupa de malha reforçada que desenhava seu corpo esguio, mas definido pelos anos de treinamento, ainda soava surreal tudo aquilo na qual foi mergulhado. De um garoto franzino, do qual todos os garotos do orfanato abusavam, para um Cavaleiro.
O seu irmão era seu escudo, o seu guardião, sempre protegendo-o desde quando muito novo quando perderam a mãe e chegaram naquele abrigo. Era sério e sisudo, sempre isolado, mesmo nos exercícios. Aquele que também mais confrontava Saori, além do próprio Seiya, e maior alvo de castigos por suas respostas nada educadas. Quando separados, e estavam cientes que isso aconteceria quando chegaram à Fundação Graad, Ikki resistiu seguir para o programa de treinamento onde foi designado. Desde então, nenhum contato. Poucos haviam retornado do programa, o que causou estranhamento ao Shun.
"Programa de treinamento... Cavaleiros...", pensava ele, olhando a TV com a chamada do Torneio Galáctico. "Será que Saori faz ideia do que seja tudo isso?", perguntava-se Shun quando ouviu batidas na porta.
— Sr. Shun. Entrada em 10 minutos! — avisou o rapaz do staff, o mesmo dos cabelos compridos de antes.
Shun assentiu, agradecendo ao rapaz antes deste deixá-lo novamente sozinho. Olhou a munhequeira em mãos e envolveu seu pulso direito, a mesma de ataque de sua corrente, lembrando dos golpes do irmãos. Cabia com perfeição. "Gostaria que estivesse aqui, irmão, para ver o quanto me tornei forte, como eu prometi que seria", pensou ele, deixando a sala e seguindo para o corredor onde daria início o embate.
— Shun Amamyia... Está seguindo para a arena. — dizia o rapaz de cabelos longos, com discreto sorriso, após ver Shun passar por ele e falando junto ao head-set. — Está tudo como planejado.
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— A Miho vai me matar! — comentou Seiya jogando o capuz e olhando para trás, vendo o hospital desaparecer.
— Não será muito diferente com a Shunrei. — comentou Shiryu mantendo a calma, com os braços e pernas cruzadas. — No entanto, é nosso dever.
— Dever? Aaahh! — Seiya levava a mão à cabeça, sentindo ainda uma leve enxaqueca. — Espero estar certo de que isso...
Shiryu fez um sinal com a mão e um olhar sobre Seiya. Estavam num táxi e não podiam falar nada além do necessário. O taxista aceitara levá-los ao Coliseu somente por um autógrafo dos dois, o que o deixou extasiado. Não respondia aos chamados senão que estava com 'passageiros para o torneio', sem mais detalhes.
A saída do hospital foi o menor dos problemas, uma vez que usaram a saída da cozinha e ganharam a rua de trás, enganando a imprensa que acampava frente ao hospital. O taxista achou estar sonhando quando viu aqueles dois batendo no vidro de seu carro.
— Enfim! Vou preferir encarar quem quer que seja no Coliseu a Miho quando encontrá-la. — comentou o Cavaleiro de Pegasus acomodando-se no banco com uma expressão de assombro.
Ele não estava errado. Quando voltou ao quarto com sua água e janta, surpreendeu-se de não encontrá-lo. Deixara a bandeja na mesa ao lado da cama e o buscara no banheiro, mas encontrando apenas as suas vestes. Correu até o corredor, mas não havia qualquer sinal dele. Ela havia saído apenas por um instante para buscar água em outro quarto, mas foi preciso descer já que fecharam a água daquele andar para consertar um encanamento.
—Não acredito que ele fez isso... Não creio! — praguejava Miho, perdida no quarto. — Quando eu encontrá-lo...
Ouviu duas batidas na porta e voltou-se para ver a mesma garota que acompanhara o Cavaleiro com quem Seiya tinha lutado. As mesmas vestes, sendo a blusa branca com flores rosas como a calça que usava.
— Desculpe-me entrar assim. Este é... o quarto de Seiya? — perguntou ela à Miho, vendo-a confirmar.
— Deveria, mas ele fugiu... de novo! — disse Miho injuriada. — Você quem estava com Shiryu, não?
— Sim, eu vim acompanhando Shiryu. Ele disse que viria visitar o Seiya enquanto eu falava com o médico pois estaríamos de partida... — disse ela entrando no quarto. — Eu sou Shunrei.
— Miho. — e cumprimentaram-se. — Lembro de você no Coliseu, de quando pediu ao Seiya para salvá-lo.
— Sim, eu vim agradecê-lo por aquele dia... — dizia quando viu um bilhete caído ao lado da cama, lendo-o. Soltou um suspiro de pesar. — Acho que sei para onde foram. Voltaram para o Coliseu.
— Coliseu?! — Miho se voltou para a outra surpresa. — Mas o Seiya ainda está se recuperando...
— Eles são mais resistentes que imagina, acredite. — disse Shunrei voltando-se para Miho, mantendo a sua calma e serenidade na voz. — Venha! Vamos para lá.
— Que esteja certa disso. Desta vez, serei eu a mandar Seiya de volta para esse hospital quando encontrar aquele cabeça dura! — impôs Miho seguindo Shunrei pelos corredores.
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"MAIS UMA NOITE DE DUELO NO COLISEU. A noite guarda inúmeras surpresas com início da Fase 2 do Torneio Galáctico!"
Anunciava o narrador aos presentes que já lotavam o Arena do Coliseu. Após todos os acontecimentos na luta de Pegasus contra Dragão, com suposta morte de um dos participantes, especulou-se do encerramento do Torneio após os últimos acontecimentos - de hipotermia e envenenamento à excessiva violência televisionada para o que seria mero entretenimento.
A lutas foram adiadas de modo a permitir toda uma investigação que nada encontrou estar violando as leis. Apesar de Seiya ter sido hospitalizado por fratura, não corria qualquer perigo, enquanto Shiryu surpreendeu a todos quando surgiu tão bem quanto o momento que entrou na arena para sua luta. Saori Kido auxiliou em todos os processos até conseguir a liberação das próximas lutas, gerando uma corrida maior, se comparado aos dias anteriores, dos novos ingressos.
A sua aparição fora restrita, limitando-se em sua propriedade e buscando saber cada detalhe de tudo aquilo e também dos boletins médicos de Seiya. Não esperava que ele fosse comparecer naquela tarde para a reabertura do torneio. No entanto, ainda havia algo que a preocupava.
Dias antes recebera alguns memorandos acerca de um pedido feito a partir de antigos documentos encontrados no escritório de seu avô. Ainda que lesse e relesse aquilo, ainda não era possível acreditar nas folhas que estavam sobre a mesa.
— Não sei como poderia dizer isso a ele. — comentava Saori se levantando de sua cadeira, caminhando pela sala. — Tatsumi, tem certeza que ele era um dos que estava nessa embarcação?
— Sim, Srta. Kido. — afirmou Tatsumi parado frente à mesa, olhando a jovem caminhar de um lado para outro. — O Sr. Kido tem feito inúmeras buscas ao longo desses anos, mas sem retorno. A Fundação ainda busca qualquer rastro, mas quanto mais os anos passam, elas desaparecem.
— Muitos dos jovens enviados por meu avô aos programas jamais chegaram ao local designado, outros simplesmente desapareceram... — dizia ela olhando novamente os papéis. — Nove retornaram, mas ele... Ele tinha razão para voltar, mas... — e olhou para Tatsumi com pesar.
— Dirá a ele sobre isso? — indagou Tatsumi após breves instantes,
— Não. É a sua noite. Deixarei isso para conversar com ele depois. Ele já deve estar entrando na Arena para sua luta. — suspirou, levando a mão à fronte. — Ilha de Canon... — e franziu o cenho, olhando o mapa. — Esse nome me soa familiar.
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16:36. Era a hora marcada no telão, piscando até que se apagasse e o teto do Coliseu se fechava. Era um momento bem aguardado, com todos os olhares voltados para o alto enquanto o universo "nascia" aos olhos de um público admirado. A imprensa se calava mediante aquilo. "É como se estivéssemos realmente meio ao universo, viajando pelas nebulosas até chegar à Terra", dizia uma repórter com a voz embargada pela emoção.
Após a apresentação inicial, uma grande nebulosa se destacava, com feixes de luzes direcionando às escadarias ao norte. Alguém descia numa corrida e saltava antes de chegar ao nível da arena. "ANDRÔMEDA!" foi o grito dado, fazendo a armadura rosa da arena acender-se como que chamado, indo de encontro ao Cavaleiro e desmontando-se no ar. As luzes cegavam momentaneamente a todos, sendo perceptível apenas feixes de luzes cobrindo o jovem antes mesmo de cair em pé meio à arena.
A indumentária em metal rosa, ombreiras mais presas à altura do braço, uma proteção atípica de armaduras aos olhares menos atentos. O peitoral descia até altura do abdômen até encontro com cinto descendo pouco mais abaixo do quadril, havendo detalhes mais prateados e dourados como nas botas protegendo-o até altura da coxa. Correntes eram vistas junto ao seu braço, com uma ponta circular na esquerda e triangular à direita.
"O primeiro a chegar na Arena é Andrômeda!!"
Anunciava o Narrador meio à aplausos e ovações do público enquanto o nome do Cavaleiro piscava no telão, focando posteriormente a imagem de Shun, criando alvoroço quando um movimento das mãos fez seu elmo ser removido e limitando-se a uma tiara. Os cabelos castanhos claros se soltaram, caindo sobre sua face delicada para um rapaz e descendo até pouco abaixo dos ombros.
Novamente os holofotes se voltaram para as escadarias, desta vez para o sul da arena, onde outro Cavaleiro avançava numa corrida e promovendo o mesmo salto. A sua armadura reagiu ao seu chamado — "UNICÓRNIO!" — e desmontando-se no ar, cobrindo todo o corpo de Jabu, caindo após um mortal no ar, na Arena. Acenou para o público que também o recebia meio a ovações.
E seu oponente é o 'Poderoso' Unicórnio, quem derrotou Leão Menor em sua luta de estreia no Torneio Galáctico!"
Em um metal mais arroxeado, mostrava mais simples sem proteções exageradas como da armadura de Andrômeda. As ombreiras eram mais simples, o peitoral descia até o abdômen cobrindo todo o tronco. Uma proteção maior da cintura e um adicional na parte frontal e traseira . Era uma armadura mais rústica e 'quadrada', com proteção maior nas pernas e braços. O elmo ganhava um destaque devido ao chifre, simbólico de sua constelação.
"O público está muito animado esta noite. Muitas jovens gritam o nome de 'Andrômeda' como se fosse um artista de cinema! É incrível!!! Já temos nosso galã do Torneio Galáctico..."
As câmeras faziam uma rotação panorâmica do palco com os dois cavaleiros se encarando por aqueles minutos. Ambos jovens e de corpos com músculos bem definidos. Jabu tinha mais massa no braço que Shun, com um olhar mais desafiador enquanto seu oponente o olhava de maneira incisiva, alheio aos gritos que ecoavam no estádio.
"VAI, SHUN! VOCÊ É O MELHOR!!"
"QUE GATO! O CAVALEIRO MAIS LINDO!!"
"TE AMO, ANDRÔMEDA!!!"
Jabu riu de alguns comentários um tanto mais eufóricos, fitando Shun enquanto massageava o ombro direito, fazendo-o com que o outro estreitasse os olhos. Por outro lado, o Cavaleiro de Unicórnio adotava já uma postura de combate com os braços abertos, abrindo e fechando as mãos, mais insistentemente com a direita. Aguardava apenas o sinal que daria início à luta.
— Estou impressionado com sua popularidade, Shun. Talvez possa seguir a carreira artística após sua derrota no Torneio. — e riu daquilo, pigarreando com isso. — Combina mais com você que ser um Cavaleiro.
— Jabu, não acha estranho esse Torneio? Não há sentido estarmos lutando aqui. — comentou Shun sem ceder às provocações.
— O quê? Que papo é esse? — respondeu Jabu com um sorriso provocador. — Nem começamos e já está com medo de mim?!
— Sabe que não é isso, Jabu... Por que precisamos lutar? Somente por conta de uma armadura de Ouro? — questionou Shun, embora visse o desinteresse do amigo e mais centrado naquela encenação, "um circo" como o próprio Seiya dizia.
— Esse não é o interesse aqui, Shun. — pontuou Jabu, caminhando para o lado, observando o companheiro parado, sem qualquer postura ofensiva ou defensiva. — Está querendo entregar os pontos, sem lutar, é isso?
— Estou mais preocupado por saber que não está pleno de suas condições para essa luta. — comentou Shun, com seus olhos recaindo sobre o braço do Cavaleiro diante dele, a quem movia insistentemente, surpreendendo Jabu e desfazendo seu sorriso. — Eu não quero essa vitória. Você sabe o que quero... A única coisa que quero. Se preferir, entrego a luta. Não precisamos fazer isso...
O sinal toca, dando início à luta.
Saori já estava em seu camarote assistindo aquilo com seu figurino. Brincava com os anéis do dedo e ouvindo todo aquele discurso. Num toque da tela, focou em Jabu, observando seu comportamento e buscando indício do que Shun mencionara sobre suas condições para aquela luta. "Ah, droga...!", praguejou mentalmente ao vê-lo inquieto com lado direito do braço.
— Tatsumi, existe algum registro médico do Jabu nos últimos dias? — questionou a milionária, vendo o mordomo negar qualquer algo sobre. — O que ele acha que está fazendo? — e voltou-se para arena.
— Deseja suspender a luta, senhorita? — indagou Tatsumi aproximando-se do telefone, mas foi impedido pela jovem ao levantar a mão.
Jabu tinha tomado a iniciativa de seu ataque mediante às palavras de Andrômeda.
— ISSO NÃO INTERESSA! — exclamou Jabu para Shun, com este piscando somente à reação agressiva do amigo. — Mesmo após dez anos continua sendo um garoto chorão! — e investiu contra Shun de frente.
Shun apenas esperou o momento certo para mover-se para o lado, sem qualquer outra ação que denotasse um contra-ataque, apenas observador. De imediato, Jabu fez um salto, esticando a perna direita para um golpe de cima que, mais uma vez, foi desviado por Shun com simples mover da cabeça, mantendo a mesma posição. Caiu em pé, mas jogou o corpo para frente para um mortal apoiando-se apenas no braço esquerdo e saltando novamente para frente, caindo com um joelho no chão e outro dobrado.
O público ovacionou, gritando com aquela primeira ação de Unicórnio.
"Vejo que ele não vai entender. Terei de lutar...", pensava Shun sob o olhar intrigado de Jabu que o observava se virar por cima dos ombros. Levantou-se quando o viu esticar os braços e as correntes responderem ao seu comando, voando para frente com intenso brilho de seu Cosmo e dançarem no ar. Jabu pisca aturdido com aquilo, encantado como se fosse dança das serpentes diante dele, tal como o público que se calou por breves instantes enquanto observava aquilo.
Uma câmera sobre o centro da arena filmava o quanto as correntes 'cresciam' e se espalhavam de maneira circular no palco da luta, multiplicando-se de maneira mágica, criando uma espécie de teia que fez Jabu olhar aquilo e engolir a seco.
"Impressionante! As correntes tomam conta da arena e ilhando Andrômeda ao Centro. A imagem... é... fantástica!!! A corrente cintilando é..."
— Como a nebulosa de Andrômeda brilhando no céu noturno! — admirou-se Hyoga observando aquilo ao lado de Nachi, Ban e Geki que estavam atônitos com o que assistiam.
— Jabu. — chamou Shun, vendo todo o molde criado pela corrente circular enquanto a triangular mantinha-se alerta circulando-o mais próximo dele. — Recomendo que não tente qualquer investida novamente. Entrar aqui, estará arriscando sua vida!
Jabu o fitava cerrando os punhos e os dentes com aquilo.
— O quê? Está querendo me intimidar com isso, Shun? Quem pensa que eu sou? — rosnava Jabu, ignorando aquilo e investindo contra ele.
Shun apenas soltou um suspiro, levantando apenas o braço esquerdo, fazendo as correntes responderem ao seu comando e avançarem contra o Cavaleiro de Unicórnio. Momentaneamente, Jabu viu mais que duas pontas da correntes, mas inúmeras delas avançando contra ele e impedindo qualquer aproximação ofensiva. O seu ataque não somente foi bloqueado como ele foi parado no ar, fazendo-o cair na arena de costas enquanto as correntes voltavam à sua posição original, movendo-se como um predador à espreita da presa.
"O... O que é isso? As c-correntes... parecem vivas...!", pensou Jabu virando-se para se levantar, observando as correntes moverem-se como as ondas calmas de um lago que, mesmo belas, escondiam grande perigo.
— Siga meu conselho, Jabu. Não há sentido essa luta! — pontuou Shun mais uma vez. — Se eu não tivesse controlado estas correntes, certamente elas poderiam tê-lo matado.
— O quê...?! — e se levantava com alguma dificuldade, fazendo uma careta de dor quando apoiou-se no braço direito. — Está tirando com a minha cara...?! — e colocou-se de pé novamente. — Quero que me ataque com toda sua força! — e mais uma vez avançou contra Shun.
Shun meneou negativamente com aquilo, desviando os olhos enquanto, mais uma vez, levantava a mão somente quando as correntes avançaram contra Jabu por mais uma vez. Desta vez, não foi um ataque direto, cruzando-o frente e costas e criando fissuras em sua armadura quando o envolveu.
“O q-que… é isso?", pensava Jabu, vendo as correntes o deixarem, voltando para sua posição circular enquanto ele, mais uma vez, se virava de bruço na arena e fitando Shun, de pé, praticamente imóvel, na mesma posição de quando ele deu sua primeira investida.
“Não consigo nem mesmo me aproximar… e ele nem mesmo se mexe…!”.
— Entenda, Jabu... — dizia Shun voltando a fitá-lo com pesar, ordenando o retorno das correntes após as mesmas soltarem Jabu já no chão. — As correntes possuem incrível instinto de defesa. Assim que pressentem os movimentos do inimigo, elas levantam sua defesa ao mesmo tempo em que atacam essa ameaça. Não há como se aproximar de mim!
“De fato....”, Jabu olhava para a corrente circulando-o, sem qualquer abertura. “A corrente é como uma barreira de ferro… criando uma forte combinação de ataque… e defesa…!”. Foi quando seus olhos ganharam um ponto enquanto se levantava, sorrindo de canto enquanto sentia o gosto ferroso na boca. “É claro…!”.
Cambaleou enquanto se levantava, apoiando-se nas correntes da arena. Foi único instante em que Shun quebrou sua postura indiferente e esticando o braço não ordenando um ataque, mas como se quisesse alcançar o amigo. No entanto, foi quando notou um cintilar na ponta da corrente triangular.
“O que é isso? A corrente tá sinalizando algo…”, perguntou-se Shun, quando viu uma sombra cobri-lo, notando Jabu sobre ele para uma ofensiva vindo de cima. Aquilo fez Shun empalidecer. "Ele está louco!", pensou Shun em seu desespero enquanto as correntes subian como uma explosão, de baixo para cima, em direção ao Cavaleiro de Unicórnio.
— JABU, NÃO!!!
O grito de Jabu ecoou pelo Arena Coliseu.
Autor(a): katrinnae Aesgarius
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“Unicórnio recebe um poderoso golpe das fantásticas correntes de Andrômeda, garantindo-lhe um ponto nessa nova fase do Torneio Galáctico...” Shun nem bem ouvia o que dizia o narrador. Por breves instantes havia voltando sua atenção para sua corrente triangular que reagia de modo estranho, sinalizando-o para algum ...
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