Fanfic: Você Era Minha - Vondy (adaptação)(finalizada) | Tema: Vondy

Christopher

Dias Atuais

Eu tinha estacionado a minha moto e estava encostado com os braços cruzados sobre o peito, esperando. Dulce ainda tinha mais dez minutos antes de seu turno acabar. Eu tinha saído de uma reunião do conselho com Cristian uma hora atrás e não voltaria tão cedo.

Saltos bateram no pavimento e eu me virei para ver Maite andando em minha direção. Seu sorriso normalmente feliz desapareceu e foi substituído por uma expressão preocupada. Ela estaria se casando em algumas semanas. Eu estava com o convite no balcão da minha cozinha. E eu ainda não tinha comprado nenhum presente.

“Você está esperando pela Dulce?” Ela me perguntou assim que parou na minha frente.

Eu balancei a cabeça. Ela sabia que eu fazia isso nos dias em que Dulce trabalhava.

“Ela continua se recusando a falar com você?”

Eu concordei balançando a cabeça novamente. Eu não quero falar sobre a semana passada e Dulce tinha dito tudo. Algumas coisas eram muito dolorosas para verbalizar.

“Eu odeio ver você dessa maneira. Eu gostaria que você explicasse o que está acontecendo. Ninguém entende por que Dulce odeia tanto assim você e por que você fica seguindo-a diariamente para verificar se ela está bem. Esse é um tipo de devoção que eu só vi em homens que estão apaixonados, mas como você pode estar apaixonado por Dulce? Você mal a conhece. Você não esteve aqui tempo o suficiente para conhecê-la e ela era a namorada de Pablo. Alguma coisa não está somando, Christopher. Você é meu amigo. Quando eu precisei de alguém, você esteve lá por mim todas às vezes. Eu amo você e odeio vê-lo fazendo isso com si mesmo. Talvez você precise se afastar novamente, colocar alguma distância entre você e Rosemary Beach.”

Uma vez eu tive esperança de que poderia sentir alguma coisa a mais por Maite, mas seu coração já era de Cristian Chavez antes mesmo de eu conhecê-la. Eu apenas não sabia disso. Não importa, no entanto. Nós fomos feitos para sermos amigos.

“Eu não posso deixá-la.” Foi tudo que eu disse. Maite merecia saber mais. Ela confiou em mim quando não tinha mais ninguém para conversar e eu sabia que ela estaria lá por mim da mesma forma. Nós tínhamos sido próximos. Mas isso... Isso é mais do que eu poderia contar a qualquer um. Essa era uma história que eu não estava pronto para compartilhar.

Maite suspirou e estendeu a mão para apertar meu braço. “Eu quero alguém para ajudá-la. Eu quero. Todos nós queremos. Mas Christopher, por que você?”

Eu desviei meu olhar para longe da porta, olhei para baixo e depois para Maite. “Porque eu a amo desde que tenho 18 anos. Isso é tudo que eu posso lhe dizer. E, por favor, não diga isso para ninguém.” Admitir isso para outra pessoa foi de alguma forma libertador.

Os olhos de Maite ficaram em choque e ela ficou sem palavras. Ela sabia mais que qualquer um agora. “Oh, uau.” Ela sussurrou. “Voc... Ok. Um... uau.” Ela gaguejou, sem saber como responder.

Esse era nosso segredo e agora eu contei a alguém. O tempo que eu tive com a Dulce não era algo que eu queria enfiar debaixo de um tapete ou manter escondido mais. Eu estava cansado de esconder a verdade. Se Pablo estivesse vivo, eu teria levado o segredo para meu túmulo. Mas ele tinha partido. E eu vou estar aqui, para o dia em que Dulce estivesse pronta para falar comigo.

A porta se abriu e Dulce saiu. Ela virou, olhou para mim, e por um breve momento, nós ficamos ali olhando um para o outro. Ela estava me reconhecendo. Por quê?

“Eu tenho que ir.” Eu disse para Maite, passando uma das pernas pela moto e olhando quando Dulce entrava em seu carro.

“Ela... Ela traiu Pablo com você?” Maite perguntou como se estivesse com medo da resposta.

“Não. Ela amou Pablo.” Eu respondi e o alívio era óbvio quando Maite soltou a respiração. Eu dei partida na moto e acenei um adeus antes de seguir o carro de Dulce para fora do estacionamento.

**

Eu estava na minha varanda, observando as ondas quebrarem contra a costa, sem conseguir dormir. Foi como eu passei a maior parte das minhas noites. Eu não queria deixar Dulce hoje à noite. Eu tinha visto sua sombra na escuridão enquanto ela me observava da sua janela. Contanto que eu pudesse vê-la me olhando, eu não estava deixando-a. Mas uma vez que ela finalmente foi embora, eu sabia que era hora de sair. Ela queria que eu saísse.

Uma batida em minha porta me puxou de volta dos meus pensamentos. Eu caminhei pelas portas francesas da varanda, querendo saber quem poderia ser. Ninguém aparecia tão tarde. A esperança de que fosse Dulce foi rápida e fugaz. Quando eu abri a porta da frente e vi Cristian parado lá, eu sabia que Maite não tinha sido capaz de guardar o que eu disse para si mesma. Eu sabia bem lá no fundo quando eu admiti isso para ela. A pessoa para quem ela conta tudo. Eu aceitei isso. Eu dei um passo para trás e sinalizei para ele entrar.

Cristian não falou quando entrou no apartamento e na sala de estar.

“Ela te falou o que eu disse.” Eu decidi ir direto ao ponto dessa visita.

“Ela está dormindo e não tem nenhuma ideia de que eu estou aqui. Mas sim, ela me disse por que estava preocupada com você. E preocupada com Dulce. Eu estou aqui por que estou confuso como o inferno. Eu tentei todo fodido cenário possível em minha cabeça em que pude pensar e nada faz sentido. 18? Você deixou a cidade quando você estava com 18. Dulce deveria ter o que, 16?”

Fui até as portas da varanda e olhei para fora, incapaz de olhar para ele. Admitir isso para Maite foi uma coisa, mas dizer para Cristian, o melhor amigo de Pablo, era outra. Eu já tinha que lidar com o ódio de Dulce. Eu não queria lidar com o de Cristian também. Mesmo que eu merecesse. "O verão antes de eu partir", eu o lembrei. "Você estava por perto. E você sabe como eu estava perdendo muito, ninguém sabia onde e com quem eu estava."

Cristian soltou um suspiro e murmurou uma maldição. “Aquela era Dulce?”

Ele se lembrou. Eu tinha estado tão preso a ela e tinha adquirido o hábito de dar desculpas sempre que eles queriam sair. "Sim", eu disse simplesmente.

“Puta que pariu. Eu não posso acreditar que era Dulce.”

"Eu iria voltar para ela quando pudesse. Mas ela era muito jovem e eu teria acabado na cadeia se nós tivéssemos sido pegos. Ela era o meu segredo. Eu quase não parti por causa dela. Mas, em seguida, meu pai descobriu e deixou bem claro que o meu tempo em Rosemary Beach tinha acabado. Eu passaria o ano letivo na Universidade de Yale e meus verões em Manhattan na empresa. Se eu ficasse, eu a perderia. Se eu fugisse, então eu teria a chance de voltar para ela."

Cristian não respondeu no começo.

Esse foi um segredo que eu carreguei por um longo tempo. E era um dos que tinha mudado tudo para mim. Eu entendia isso. Eu estava pronto para aceitar isso. Se todo mundo fosse me odiar, então, eu iria lidar com isso também. Tudo que importava agora era que eu cuidasse de Dulce. Ela era tudo o que eu tinha.

“Pablo ia pedi-la em casamento.” Cristian finalmente falou.

“Eu sei. Ele era o melhor homem. Ele daria a ela a vida que merecia e eu queria isso para ela. Eu queria a sua felicidade. Eu gostaria que ela tivesse a vida para a qual ela foi feita. Ela amava ele. Isso era o que importava. Eu era seu passado. Um passado que ela odeia agora.”

Cristian andou e ficou do meu lado. “Ele nunca soube?”

Eu balancei minha cabeça. “Não. Não tinha nenhuma razão para dizer a ele. A Dulce era dele. Eu a perdi há muito tempo atrás.”

“Mas você a ama.”

“Mais do que a minha próxima respiração.” Eu respondi.

“Merda”, Cristian amaldiçoou.

Eu não iria dizer nada mais para ele. Suas razões para me odiar eram suas e não minhas.

“Ela te odeia por ter partido?” Ele perguntou.

Ela me odeia por destruir tudo. Ela me odeia por não ter estado lá quando ela mais precisava de mim. “Eu a faço lembrar de tudo que ela perdeu com Pablo. Ela precisa odiar alguém, então ela me odeia. E eu aceito isso. Eu serei tudo que ela precisar que eu seja para ela.”

Cristian ficou lá parado ao meu lado e não me perguntou mais nada. Mas ele não me culpou. Ele não ficou bravo comigo. Ele apenas ficou ali comigo.