Fanfic: Lady Sedutora *Vondy* | Tema: Adp Hot Romance
— Que homem irritante!
Dulce Maria Saviñon levantou os olhos, surpresa. O tom de voz de lady Exonby costumava ser tranquilo, mas desta vez suas palavras soaram furiosas.
— Quem?
—Christopher. Christopher Uckermann. Escreveu-me uma carta absolutamente grosseira.
Quem seria esse Christopher Uckermann?, perguntou-se Dulce. Nunca ouvira falar dele. Uckermann era o nome de família dos Exonby, e Dulce concluiu que deveria ser algum parente.
— Oh, querida — disse, ansiosa por conseguir mais informações.
— E depois de ter levado tanto tempo para responder, como sempre — continuou lady Exonby. — Eu disse a ele que tinha a máxima urgência. Deixe-me ver, devo ter enviado a última carta em... — Abriu uma das gavetas da escrivaninha, apanhou uma pequena pasta de couro e, conferindo suas anotações, prosseguiu: — vinte e sete de janeiro.
— Isso foi há quase quatro meses — concluiu Dulce.
Fazia apenas três meses que ela começara a trabalhar em Exonby Hall, a residência de lord e lady Exonby, e, sendo assim, não tinha a menor idéia do conteúdo daquela carta.
— Sim, levou todo esse tempo para escrever isto... leia você mesma, querida, e diga-me se estou exagerando.
— Estou certa de que não é exagero seu — Dulce murmurou, levantando-se de sua mesa e indo até a escrivaninha de lady Exonby.
A biblioteca onde trabalhavam era uma sala espaçosa, forrada de lambris de carvalho e com grandes janelas que se abriam para uma bela varanda repleta de trepadeiras.
Dulce examinou o pequeno pedaço de papel que lady Exonby segurava com ar desdenhoso. Havia um timbre impresso no topo, onde se podia ver o desenho de um carro sobre uma bandeja, sendo erguido por uma enorme mão. À direita, liam-se em letras grossas "Northways", e mais abaixo "temos os melhores Fords de todo o Novo México".
— Novo México? — disse Dulce.
— Esse homem nunca deve ter ouvido falar em papéis de carta apropriados para correspondência pessoal.
Com efeito, aquela não parecia ser uma carta pessoal, mesmo se não tivesse sido escrita num papel timbrado. Havia apenas um único parágrafo, batido em computador, de modo impessoal. A assinatura era um garrancho quase ilegível. Dizia o seguinte:
"Cara lady Exonby
Obrigado pela sua carta. Como lhe havia dito, eu não pretendo voltar para a Inglaterra. Agora estou morando nos Estados Unidos e planejo ficar aqui para sempre. Estou certo de que a senhora e lord Exonby estão cuidando muito bem da propriedade e lhe dou minha palavra de que não causarei mais nenhum problema no futuro. Faça o que achar melhor com o lugar.
Sinceramente C. U. Uckermann"
— E então? — lady Exonby indagou.
Dulce meditou por um momento. Não era o tipo de carta pessoal que lady Exonby estava habituada a receber, mas não lhe pareceu deliberadamente rude ou provocativa.
— Parece-me muito clara e direta — disse com cautela.
— Oh, sim, é muito clara e direta — lady Exonby retrucou —, mas nem um pouco aceitável.
— Não sei se estou entendendo bem, lady Exonby. O sr. Uckermann é um parente de seu marido?
— Ele não apenas é parente de George como também é seu único parente. Christopher é o sobrinho de meu marido. Seu pai morreu há quatro ou cinco anos e portanto este jovem — disse lady Exonby, apontando um dedo com esmalte impecável para o pedaço de papel — é o herdeiro legal de todas as propriedades.
— Entendo —Dulce pronunciou.
Seus olhos voltaram a se concentrar na carta. Era completamente distinta das correspondências enviadas por lord e lady Exonby, que faziam questão de escrevê-las a mão em um papel pequeno e delicado, com uma discreta moldura decorada nas extremidades. Nessa não há sequer um "como vão?" ou qualquer frase cortês comum em cartas de parentes.
— Bem, você pode ver que isto não vai dar certo.
É claro que não, pensou Dulce com desgosto. Um mero vendedor de carros do Novo México recebendo.o título de conde de Exonby? Que ultrajante!
Na verdade, essa não era a preocupação de lady Exonby. O fato é que Christopher "era" o herdeiro do condado e deveria assumir com urgência o papel que lhe cabia, já que lord Exonby estava muito doente e não lhe restavam senão alguns meses de vida.
Dulce estava ficando tremendamente excitada com toda aquela história. Seu próprio pai também fora um conde, ainda que não possuísse tantas terras e tradição quanto os Exonby. Podia agora perceber o quanto a recusa de Christopher encolerizava lady Exonby. Obviamente ela já havia se conformado com todo o transtorno que teria, caso trouxesse o americano rude e teimoso para o condado dos Exonby. Não era de admirar que uma resposta assim a deixasse exasperada.
— É sem dúvida uma situação muito delicada — disse Dulce num tom gentil.
— Delicadíssima.
— A senhora o conhece pessoalmente, lady Exonby?
— Conheci-o quando era apenas um garoto. Sem intimidades. George e Sandy nunca se deram muito bem, e a esposa de Sandy... bem, francamente, querida, era lastimável. Mas nós costumávamos recebê-los duas vezes por ano e, já que desde cedo ficou claro que o jovem Christopher seria o herdeiro, George sempre fez tudo que pôde para despertar o interesse do menino pelo condado.
— Estou certa de que qualquer rapaz, sabendo que um dia seria o dono de tudo isto, ficaria muito empolgado.
— Não o jovem Christopher. Ele sempre foi um rapazinho muito... — lady Exonby recostou-se na poltrona, como se fosse proferir uma longa lista dos defeitos de Christopher Uckermann, depois pareceu se lembrar de que Dulce não fazia parte da família e, mudando o tom de voz, continuou: — um rapazinho muito vivo, com certeza.
— Mas hoje ele deve estar bem mais velho, não?
— Vejamos. Tinha dezoito ou dezenove anos quando emigrou, e isto foi em... querida, passe-me aquele catálogo vermelho, sim?
Dulce alcançou o pesado volume e observou em silêncio lady Exonby folheá-lo.
— Aqui está. "Exonby, conde de... Chrsitopher Uckermann, nascido em 1953". Portanto ele deve estar perto dos quarenta anos agora.
— Perto dos quarenta anos? Isso quer dizer que seu pai deveria ter quase cinquenta anos quando ele nasceu?
— Suponho que sim. Não era do tipo que se adapta ao casamento e permaneceu solteiro até os cinquenta, ou quase. É claro que sua esposa era muito mais nova que ele. Tiveram uma filha também, dois anos mais jovem que Christopher.
— Ela também deixou a Inglaterra?
— Oh, não. Casou-se com um comerciante ou algo do gênero.
A voz de lady Exonby soou num tom de desprezo. Fechou o catálogo com um estrondo. Dulce sentiu-se tentada a folheá-lo, mas decidiu que isso seria pouco elegante.
— Então, lady Exonby, a senhora não vê o sr. Uckermann desde que ele tinha dezessete anos?
— Exatamente. Ele nunca escreveu sequer à própria mãe. Simplesmente desapareceu. Há alguns anos George pediu a Jeremy Flowerdew que localizasse Uckermann, e desde então já mandamos dezenas de cartas, mas nunca recebemos mais que um parágrafo em resposta. — Lady Exonby voltou a pegar a pasta de correspondência e passou-a para Dulce, que a apanhou com um certo peso na consciência.
Não estava acostumada a envolver-se nos assuntos pessoais de lady Exonby, e ainda que tivesse sido convidada a participar, sentia-se pouco à vontade lendo aquelas cartas. No entanto, logo percebeu que não havia nada muito interessante nelas. Um maço de correspondências remetidas por Jeremy Flowerdew, o advogado da família, e uns poucos parágrafos escritos no mesmo tipo de papel timbrado de Christopher era tudo o que havia. A única coisa que pôde concluir era que Christopher Uckermann não tinha a mínima intenção de voltar à Inglaterra. Quando terminou, colocou a pasta sobre a escrivaninha.
— O que devo fazer? — perguntou lady Exonby, desnorteada.
— Talvez seja melhor não fazer nada. Parece que o sr. Uckermann não tem muita coisa em comum com lord Exonby, e se ele tiver de voltar será um tanto constrangedor para todos. Quem sabe dentro de alguns meses a senhora possa escrever-lhe com mais calma...
— Depois que George morrer? — lady Exonby interrompeu-a.
— Bem...
— Não seja ingênua, querida. Nós duas sabemos perfeitamente que ele não vai durar muito. Afinal, George está com noventa e dois anos, por Deus, ele já cumpriu sua missão. Não podemos esperar. Pense nos arrendatários e posseiros. Temos de planejar a transferência sem demora.
— Mas se o sr. Uckermann se mantiver inflexível? Tudo indica que ele não irá ceder.
— Ele tem de ceder — disse de modo ríspido lady Exonby. — Os Uckermann de Exonby têm vivido aqui por mais de quatrocentos anos. Ele precisa ceder de qualquer maneira.
Ainda havia uma pilha de correspondências a serem examinadas, alguns telefonemas a fazer e visitantes para receber, e Dulce logo esqueceu o caso de Uckermann. Trabalhou com lady Exonby na biblioteca até a hora do almoço e, como de costume, após a refeição, sua patroa deixou a casa para ir visitar algumas pessoas, voltando à tarde para tomar chá com o marido acamado. Dulce trabalhou o resto da tarde sozinha.
Estava escrevendo uma carta ao clube de equitação local quando Mason, o mordomo, bateu à porta.
— A senhora está sendo chamada no andar de cima, lady Dulce. Lord Exonby deseja vê-la.
Dulce levantou-se de imediato.
— Aconteceu algo?
— Eles estão tomando chá, senhorita. Está tudo bem.
— Vou subir agora mesmo.
Desligou sua máquina de escrever elétrica e atravessou o longo corredor da mansão Exonby em direção à escadaria. Era uma construção do século XVIII, ampla demais para os padrões modernos, mas Dulce apreciava seu aspecto sóbrio e sereno, e entendia por que lord e lady Exonby amavam tanto aquele lugar.
Subiu a escadaria principal, passando pelo busto de mármore do primeiro conde em um patamar, e pelo da segunda duquesa no patamar seguinte. Bateu à porta do aposento privado dos Exonby e esperou. Logo ouviu a voz de lady Exonby dizendo que podia entrar.
A sala estava um pouco abafada naquela tarde quente de primavera, apesar das janelas abertas. A grande cama, cheia de travesseiros macios, dominava o ambiente. Lord Exonby não estava deitado, como era de costume; Dulce encontrou-o sentado numa confortável poltrona junto à lareira, com sua mulher.
— Traga uma cadeira e junte-se a nós, Dulce — convidou lady Exonby.
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Autor(a): ponnyayalove
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Dulce sentou-se. Lady Exonby servia o chá, em xícaras de porcelana tão delicadas que eram quase transparentes. Sobre uma mesinha estavam dispostos pedaços de queijo, sanduíches de ovos e fatias de bolo folhado. — Então você já sabe sobre meu sobrinho vagabundo — disse lord Exonby. — George — int ...
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