Fanfic: O encanador (Vondy) | Tema: RBD
Dulce estava de pé desde às seis da manhã. Estava terminando um vestido que precisaria entregar antes do meio dia. A casa estava silenciosa e ouvia-se apenas o barulho da máquina de costuras que sua mãe, dona Blanca, lhe dera há alguns anos para que pudesse ter uma renda extra além do salário do marido, Alfonso. O que era para ser uma renda extra, acabou virando a principal fonte de renda da casa.
Alfonso saiu em um domingo para beber um martelinho no bar do seu Chico e não voltou naquela noite. O homem foi direto para a firma em que trabalhava como serralheiro e foi expulso pelo seu chefe, Zeca. Chegou cambaleando de tão bêbado. Na mesma semana, a papelada da justa causa estava pronta.
Quando Dulce ficou sabendo, quase matou o marido de tanto tapa. “Onde já se viu um marmanjo desse tamanho fazer o papelão de ir trabalhar bêbado”, ela gritava. Depois disso, Alfonso não conseguiu mais emprego. Fingia que ia para a rua procurar trabalho, mas ia para a farra. Pedia uns trocos para a esposa, dizendo ser para as passagens de ônibus, porém ia direto para o bar virar martelinho.
Estava muito calor, mesmo sendo cedo. Dulce passou a mão na testa suada e levantou da cadeira. Pegou o vestido que fez para a “quinceañera” da filha da dona Guadalupe e o ergue, verificando os detalhes. Sorriu. Estava lindo demais. A menina iria parecer um anjo. Dobrou a peça com cuidado e colocou dentro de uma sacola. Mais tarde pediria para Damião, seu sobrinho mais velho, levar até a casa da senhora.
Olhou-se no espelho e suspirou triste. Parecia um espantalho de tão malcuidada. Seu cabelo estava meio à meio. Metade descolorido e a outra metade castanho, sua cor natural. As unhas pareciam cascos de cavalo. O vestido que usava era amarelo, mas de tanto lavar já estava branco. A depilação das pernas estava por fazer.
Ainda tinha mais uns serviços para fazer, mas resolveu dar uma pausa para tomar o café da manhã. Morria de fome. Serviu um pouco de café puro em uma xícara e pegou um pão dormido para comer com manteiga. Sentada à mesa, escutou o barulho do portão de fora sendo aberto.
“Ô de casa”, escutou um grito vindo de fora.
“Entra, Annie! ”, respondeu de boca cheia. Anahi entrou na casa da moça e sorriu.
“Bom dia, Dulcinha! Fui levar os meus meninos na escola e resolvi dar uma passadinha aqui”.
“Senta, mulher! Quer comer algo? ”, apontando para os pães velhos em cima da mesa. “Tem café também”.
“Não, já comi antes de sair de casa. Como tá? ”
Anahi perguntava animadamente. Era uma jovem mãe solteira de 26 anos. Tinha dois filhos com um homem chamado Ramón, com quem foi casada. O casamento durou oito anos e tiveram uma menina chamada Helena, de sete anos e o menino Davi, de cinco. Eram as suas preciosidades. As únicas coisas que o casamento lhe proporcionou de bom.
Ramón batia em Anahi. Era muito ciumento e por qualquer coisa avançava na esposa. Nunca saiu do casamento por medo das ameaças que sofria. Para seu alívio, Ramón foi preso por tráfico de drogas. O homem enviava drogas escondidas em caminhões que viajavam até os Estados Unidos.
Após a prisão dele, Anahi foi expulsa da casa em que vivia pelos ex-sogros. Saiu com uma mão na frente e outra atrás com os dois filhos pequenos. Por sorte conheceu dona Blanca, a mãe de Dulce, quando Anahi pediu emprego à sua filha mais velha no salão de beleza, sem sucesso.
Com pena, Dona Blanca deixou a moça morar de favor em seu porão. Era pequeno, mas para quem não tinha nada era o suficiente. Anahi e os filhos dividiam o mesmo quarto, mas ela gostava de dormir junto deles. Não se sentia tão sozinha.
“Tô boa”. Dulce respondeu sorrindo. “Meu tanque entupiu de novo, menina. Pedi pro Poncho desentupir e aquele traste conseguiu entupir mais com aquela soda que ele jogou”.
“Teu marido serve pra nada mesmo, hein! Misericórdia”.
“Pra nada mesmo... Nem pra um carinho aquele macho serve”. Anahi serviu um pouco do café e balançou a cabeça enquanto a amiga falava. “Ai menina, é tanto tempo que a gente não dá uma que meu hímen deve ter se reconstruído de novo”. Anahi gargalhou alto. “Minha mãe avisou né... Eu tenho dedo podre pra homem mesmo. Antes eu tivesse casado com o bicheiro. Pelo menos não estaria trabalhando que nem condenada”.
“Ah menina! Pelo menos tem marido. E eu aqui? Mãe solteira e desempregada, morando de favor na casa dos outros... Aqueles 500 pesos que meus ex-sogros me dão mal paga o leite das crianças”.
“Isso é verdade! Mas pelo menos nunca precisou sustentar vagabundo”. Anahi concordou.
“Só precisei apanhar”.
Dulce parou de falar. Anahi tinha razão quando dizia que a vida de Dulce nem era tão ruim. Alfonso era vagabundo, mas nunca ergueu a mão para a esposa. Pelo contrário, era ele quem apanhava em casa.
“Mas menina...” Anahi continuou falando. Sorriu como boba. “...conheci um moço tão bacana esse final de semana na feira. É bom partido! Tem 30 anos tem uma banquinha junto com o pai. Me convidou pro Baile da Batata nesse final de semana. Você deveria ir com nós”.
“Deus me livre, Anahi! Imagina o furdunço de gente dentro daquele lugar horrível cheirando à gordura”, fez o sinal da cruz e levantou com sua xícara na mão”.
“Ai, Dulce, você precisa sair pelo menos uma vez nessa vida! Vive trancada dentro de casa”.
“Eu vou passar dessa vez, viu”, disse lavando sua xícara e recolhendo os pães da mesa. “Ei, mas me diz, não conhece talvez um encanador pra arrumar o meu tanque? Poncho larga um monte de coisa no ralo e não tem quem consiga fazer descer a água depois”.
“Mas sabe que conheço sim... O filho do seu Luís. O velho já tá até corcunda e decidiu se aposentar. O guri tava morando fora e voltou não faz muito pra ajudar o pai, mas não lembro o nome dele não. Lá em casa tenho o cartão. Vou buscar e já volto”.
“Obrigada, amiga! ”
Dulce suspirou. Precisava do tanque para lavar as roupas e já estava há dias sem. Seu sonho era uma máquina de lavar, mas não sabia nem se conseguiria pagar a mão de obra do encanador, quanto mais pagar uma máquina.
Ouviu um estrondo vindo do seu quarto e pulou de susto.
“Mas que diabo está fazendo, hein seu traste dos infernos?” Disse encaminhando-se para o quarto.
Continua...
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Autor(a): marianab
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Dulce suspirou. Precisava do tanque para lavar as roupas e já estava há dias sem. Seu sonho era uma máquina de lavar, mas não sabia nem se conseguiria pagar a mão de obra do encanador, quanto mais pagar uma máquina. Ouviu um estrondo vindo do seu quarto e pulou de susto. “Mas que diabo está fazendo, hein se ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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capitania_ Postado em 13/05/2018 - 15:50:52
Continua logo 😍😍
marianab Postado em 14/05/2018 - 10:12:54
Postei mais um capítulo :D
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Manuzinhaa Postado em 09/05/2018 - 02:22:14
Confesso que já amei, esse sotaque que não consegui identificar amei mais ainda! Continuaa
marianab Postado em 09/05/2018 - 07:51:37
Oi Manu! Eu não me inspirei em nenhum sotaque hahaha mas eu imagino toda essa história se passando no nordeste do Brasil, embora elas morem no México
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deia2017 Postado em 08/05/2018 - 20:04:50
Continua js gostei
marianab Postado em 09/05/2018 - 07:51:57
Que bom :D estou escrevendo