Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Mas quando saía de casa, Nate apareceu na varanda e chamou meu nome.

Eu me voltei e o fitei.

— Vou com você. Pode se perder por aí.

— Obrigada. — sorri sinceramente.

Andamos lado a lado sob o sol da manhã.

Ele me levou aos estábulos, disse o nome dos cavalos e me mostrou um paddock onde alguns eram treinados.

Depois me mostrou a enorme piscina com sauna que a mãe mandou construir nos fundos, e então seguimos para o chiqueiro e o galinheiro que serviam para consumo interno dos moradores da fazenda.

Passamos pelas casas de alguns dos empregados, que labutavam àquela hora. E então seguimos para as plantações de videiras, onde me maravilhei.

Nate falava pouco, só o essencial e mal me encarava. Mas eu demonstrava interesse e fazia perguntas.

Passei a caminhar pela sombra e devagar, pois ele estava vermelho e ofegante.

Parei sob um cacho de uvas pendurado e indaguei:

— Você participa da colheita?

— Sim. Meu pai sempre deixou. Sei fazer tudo nessa fazenda. — olhou em volta, parecia sério demais para um garotinho de apenas sete anos. — Quando for grande, vou tomar conta de tudo aqui.

— É isso que deseja?

— É.

— Deve ser muito bom viver em uma fazenda, comer coisas saudáveis, ter tanta terra para plantar... E esse ar puro...

Eu me sentia calma e relaxada, como há muito tempo não acontecia.

Parte do meu desânimo e cansaço tinha desaparecido, para minha surpresa.

— Você tem sorte por viver aqui, Nate.

Ele não disse nada. Depois me olhou diretamente, e perguntou como se fosse um adulto.

— Por que você veio?

Eu o fitei.

— Já disse para você. Vim visitá-los, saber de seu pai...

— Por que só agora?

Senti-me culpada por ter mantido-me tanto tempo distante.

— Só agora eu pude. Sou médica e trabalho demais. Como estava cansada, tirei férias e vim para cá.

— Está doente?

— Apenas um pouco debilitada. Nada que um bom descanso não cure.

— Por que então é tão magra?

Eu fui cuidadosa.

— Sabe, Nate, às vezes eu trabalhava tanto que até esquecia de comer. Um absurdo, ainda mais sendo uma médica. Mas espero engordar um pouco aqui.

— Eu como demais e você de menos... — parecia curioso. — Tinha tanta coisa boa na mesa e você só comeu uma torrada com café. Por quê?

— Não sei. Acho que eu devia ter me alimentado melhor mesmo.

Tentei não aproveitar a deixa para criticá-lo. Queria que confiasse em mim.

Nem falei que a estafa tinha tirado boa parte do meu apetite.

— É que eu queria muito passear logo pela fazenda...

— Vem, vou te mostrar o riacho.

Passeamos mais um pouco e fiquei encantada com tudo. Mas ele ficou bem cansado e resolvemos voltar.

Não falamos muito, mas meu sobrinho parecia mais relaxado em minha companhia.

— O que faz nas férias para se divertir?

Ele deu de ombros e enxugou o suor da testa com a mão.

— Fico por aí...

— Não vai passear na cidade?

— Não. — seu tom foi brusco.

Eu suspirei.

Fui com calma.

— Gostaria de conhecer melhor o centro. O que acha de irmos ao cinema hoje à tarde? Depois você pode ser meu guia turístico. Prometo que não andaremos muito.

O menino olhou para o lado e demorou a responder.

— Melhor você ir com a minha mãe.

— Estou convidando você. E então?

Eu percebi o quanto era solitário naqueles poucos segundos.

Em sua ingenuidade infantil, ele demonstrava sua vontade em ir, mas seu medo em ceder.

— Gosta de cinema, Nate?

— Sim. Você vai comprar pipoca?

— Se você quiser...

Eu não queria que ele aceitasse só pela gula.

— Está bem. Que horas?

— Por volta das duas da tarde. Vou falar com Letícia. Esteja pronto.

— E como iremos?

— Vou pedir emprestado um dos carros da fazenda.

Ele acenou e não disse mais nada. Mas sorri, feliz.

— O quê?! — Letícia riu. — Vai ao cinema com Nate?!

— Você ouviu muito bem. — falei sentada na beira da cama de minha irmã.

Ela penteava o cabelo, de frente à penteadeira laqueada.

Virou-se na cadeira para me olhar.

— Pode me emprestar um carro?

— Está louca, Anahí? Essa é a sua forma de se divertir?

— Qual o problema?

— Nate está insuportável! Como pode querer sair com ele?!

— Ele foi bem educado essa manhã. Se você escutasse o que estou dizendo perceberia que não é o monstro que imagina.

— Ah, sei... E você quer provar que a megera sou eu.

— Quem está falando de você?! — eu me irritei. — Deixe de ser egocêntrica e olhe à sua volta! Não percebe que seu filho está com problemas sérios?! Que ele precisa desesperadamente de ajuda?!

— Droga... De novo não! Está bem, se quer curá-lo, fique à vontade! Mas não me perturbe mais com essa história!