Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Bronzeado, com braços fortes e peito musculoso. Seus rosto era anguloso, com nariz reto, queixo firme e lábios sensuais.

Era o homem mais lindo que já vi na vida, não apenas fisicamente, mas como se uma aura máscula e viril o envolvesse e o tornasse ainda mais atraente.

E era incrivelmente parecido com o Alfonso Herrera que eu imaginei.

Uma das atendentes da livraria passou sorridente perto dele e pareceu cumprimentá-lo. Ele sorriu e disse algo.

Pude ver seus dentes brancos, o sorriso sensual de derreter qualquer mulher, que abria uma covinha em sua face esquerda, que Letícia uma vez comentara.

Mesmo de longe, percebi seus olhos claros brilhando e pude jurar que eram verdes.

Era Alfonso. Tive certeza absoluta, mesmo sem o conhecer.

E era ainda mais impressionante do que eu sequer pudesse imaginar.

Apertei o livro com força, assustada com a torrente de sensações que me envolveu naquele momento.

Aquele homem era real e estava ali, à poucos metros de mim.

A imagem que tanto me perturbou, mesmo contra minha vontade, não tinha sido uma invenção.

Eu o idealizara quase tão perfeito quanto era, e aquilo parecia algo extraordinário, totalmente diferente de tudo que vivenciei até então.

Engoli em seco, muito abalada, sem entender o que estava acontecendo.

Como eu podia ter tanta certeza de que aquele era Alfonso?

O que aquele homem tinha que me deixava naquele estado lastimável, trêmula, assustada, com o coração parecendo prestes a saltar pela boca?

Subitamente, enchi-me de raiva e de vergonha de mim mesma.

Era imperdoável uma mulher prática, segura, de trinta anos, totalmente sem ilusões românticas, se deixar arrebatar daquele jeito por um homem atraente.

O amante de minha irmã casada.

Enfiei o livro na estante de qualquer jeito e, sem olhar na direção dele, caminhei decidida até onde Nate estava.

— Nate... — minha voz saiu baixa e rouca, e o tremor que notei ali me enfureceu ainda mais. — Vamos embora.

— Mas ainda não escolhi o gibi! — me olhou, surpreso.

— Eu sei, mas amanhã voltaremos para comprar. Prometo. Agora precisamos ir.

Ele pareceu notar a minha urgência. Pôs o gibi no lugar e indagou:

— Vamos voltar amanhã mesmo?

— Sim.

— Tá bom.

Antes que saíssemos do lugar, eu gelei ao ouvir uma voz grossa e máscula atrás de mim, que fez um arrepio subir por minha coluna.

— Oi, Nate.

Eu fiquei com o olhar fixo no rosto redondo do meu sobrinho.

O menino ficou sério, seu olhar voltando a ser frio e hostil como antes.

Fitou a pessoa atrás de mim e murmurou:

— Olá, senhor Alfonso.

Tive vontade de sumir.

Todo meu corpo reagiu, descontrolado. A garganta ressecou, o coração dava bombadas violentas em meu peito, as mãos tornaram-se trêmulas.

Nunca me senti daquele jeito, nem mesmo antes de realizar uma cirurgia de alto risco.

Talvez a consciência disso, ou a raiva de ver o amante de Letícia dirigindo-se ao filho dela, encheu-me de coragem e de uma estranha raiva.

Antipatia e repulsa fizeram com que me virasse, ficasse ao lado de Nate e olhasse para o homem que era a causa dos meus sonhos e pesadelos.

De perto, ele era ainda mais impressionante.

Seus olhos verdes e profundos fixaram-se nos meus.

Senti um baque por dentro, o ar me faltou, enquanto percebia o quanto era real, com detalhes que eu não tinha imaginado.

A sombra de barba no rosto anguloso, alguns fios mais claros de cabelo entremeados nas têmporas, as sobrancelhas grossas...

O seu interesse era genuíno sobre mim, franziu o cenho e inclinou um pouco a cabeça.

Para minha surpresa, indagou em voz baixa:

— Anahí?

Eu fiquei sem fala, boquiaberta.

Num momento de loucura, imaginei se ele sonhava comigo também, se me reconhecia através do pensamento.

Mas logo meu lado racional falou mais alto e entendi.

Na certa Letícia comentara com ele que a irmã estava na ilha e, vendo uma desconhecida com Nate, chegara às suas conclusões.

— Sou Alfonso Herrera. — ele não sorriu, mas seu olhar sim.

Era muito másculo e charmoso. O tipo de homem que faria qualquer mulher perder a cabeça, até uma de 80 anos.

Estendeu-me a mão grande de dedos longos, que muitas vezes tinha aparecido em meus sonhos.

Em meio ao caos emocional que ele me fez mergulhar, senti a raiva inflar dentro de mim, absurdamente potente.

Olhei para sua mão com frieza e depois em seus olhos, não importando em esconder meu desagrado.

— Com licença, estamos com pressa. — pus as mãos nas costas de Nate e praticamente o empurrei para longe dali.

Dei as costas aquele homem odioso e me afastei sem mais uma palavra.

Nate estava emburrado e me acompanhou sem reclamar.

Caminhamos até a pick-up em silêncio e entramos.

Enquanto dirigia, eu tentei controlar minha raiva e o nervosismo, que ainda me fazia tremer.

Lancei um olhar ao meu sobrinho e tentei soar natural ao dizer:

— Amanhã poderemos voltar à livraria...

— Não quero gibi nenhum. — de cara feia, ele olhava pela janela.

Minha irritação aumentou.

Alfonso Herrera tinha conseguido estragar uma tarde feliz e cheia de companheirismo.

Nate não quis saber de conversa durante a viagem e tive certeza de que ele sabia do caso da mãe com aquele homem, que era tão cínico e mau-caráter que tinha tido coragem de se dirigir à criança, humilhando-a!

Tive vontade de socar a cara de Alfonso e gritar o quanto ele me enojava!

Em que situação Letícia deixara o filho...

Chegamos à fazenda e Nate entrou logo, me ignorando.

Fui direto ao meu quarto, para não correr risco de encontrar Letícia, e discutir com ela.