Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

À noite desci para jantar só por causa do meu sobrinho, preocupada com ele.

O menino comeu tão desesperadamente como na noite anterior.

Letícia o olhava com raiva.

Depois ele saiu do mesmo modo que ficou ali, mudo, com olhar agressivo.

Minha irmã então me olhou com desdém e falou:

— Belo discurso o seu, de que a única coisa que esse moleque precisa é de atenção... Sacrificou-se a tarde inteira com ele e Nate parece ainda pior do que antes. Agora entende por que tenho razão?

Eu a fitei lívida, mal contendo a fúria.

— A única coisa que com certeza você não tem é razão! Para começo de conversa, não foi nenhum sacrifício ter a companhia de Nate. Se tivesse um pouco de tempo para isso, concordaria comigo. Nos divertimos muito juntos. Seu filho estava feliz, relaxado, comprovando que não passa de uma criança carente e solitária, que vive numa casa onde o pai definha lentamente e onde a mãe só pensa em seus amantes!

— Cale a boca! — Letícia exclamou, colérica.

— Cale a boca você! — alterei minha voz.

— Você está em minha casa...

— Dane-se! Não fez questão de minha presença aqui?! Pois agora vai me ouvir!

Ela arregalou os olhos, estranhando ver a irmã que sempre julgava fria e controlada, enfurecida à sua frente.

— Nate estava ótimo, até aquele seu amante vir falar com ele como se fosse um velho conhecido! Droga, ele só tem sete anos, e já sabe que o homem saiu com sua mãe casada, cujo marido está morrendo, e que em vez de ser paciente e carinhosa, despeja nele toda sua raiva e irritação!

Como se não tivesse ouvido mais nada, Letícia murmurou:

— Está falando de Alfonso? Ele veio até vocês? O que ele falou?

Eu respirei fundo, subitamente muito cansada.

A estafa escolheu aquela hora para retornar com força total.

Levantei como se me custasse muito, larguei o guardanapo de linho sobre a mesa e disse laconicamente:

— Você não tem jeito, Letícia.

Dei-lhe as costas e saí da sala, quase me arrastando.

Alfonso

Já passava das nove da noite quando a campainha da casa tocou, interrompendo a minha paz.

Eu estava em frente ao computador, escrevendo mais um capítulo do meu livro, uma taça de vinho tinto ao meu lado, ao fundo tocava uma música triste e clássica.

Sempre escrevia ouvindo música. O estilo variava dependendo do tema que eu estava utilizando. Como me dedicava a uma parte dramática, aquela melodia caía bem.

Parei por um momento e a campainha tocou de novo.

Levantei descalço, como gostava de andar em casa, passando as mãos pelos cabelos despenteados.

Minha mente, quando se concentrava muito nas tramas que eu criava, demorava um pouco a retornar à realidade, ainda cheia de ideias interrompidas.

Não esperava ninguém, mas isso não impedia que pessoas aparecessem ali. Principalmente as mulheres.

Tinha deixado o portão aberto e a visita tocava direto na porta da frente.

Suspirei e fui lá, abrindo-a.

Fitei a bela mulher loira que me encarava, com um sorriso todo seu, levemente predador, muito sensual.

— Oi, Alfonso...

— Letícia. — fiquei parado sob o umbral da porta, uma de minhas mãos ainda segurando a maçaneta aberta.

Para ser sincero comigo mesmo, não senti nada.

Durante um tempo, ela tinha despertado em mim um grande desejo. Era linda, apaixonada, gostava de sexo tanto quanto eu.

Mas esse tempo tinha passado. Continuava linda. Mas não a queria mais.

— Posso entrar? — seus olhos castanhos claros brilhavam, cheios de lascívia e expectativa.

— Não.

Pareceu um tanto surpresa com a minha recusa.

Das outras vezes, eu a tinha deixado entrar e insistir em me seduzir, sendo paciente ao explicar que nosso caso tinha acabado.

Mas daquela vez não estava disposto a conversas para escapar de seus assédios.

— Mas Alfonso... Preciso conversar com você!

— Não temos mais nenhum assunto, Letícia.

Ela lambeu os lábios, parecendo pensar numa maneira de me fazer mudar de ideia. Eu apenas a observava, calado.

Então admitiu:

— Minha irmã me disse que você foi falar com eles hoje. E eu pensei... Bem...

A imagem da mulher alta e magra, com olhar feroz, voltou claramente a minha mente.

Tinha ficado surpreso com o desprezo dela, principalmente quando ignorou minha mão e me deu as costas, sendo bem rude e mal educada.

Mas entendi. Assim como tinha entendido a reação de Nate.

— Querido... — Letícia apoiou as mãos em meu peito, sobre a blusa de malha, aproximando-se, entreabrindo os lábios. Pude sentir seu perfume caro e o contato de seu corpo curvilíneo junto ao meu, sussurrou perto do meu queixo: — Não me mande embora.

Se eu tinha uma fraqueza nessa vida era sexo. E ter uma ex-amante ali, praticamente se esfregando em mim, fez meu corpo reagir.

O rosto do menino voltou a minha mente, com seu olhar sério, sua voz como a de um adulto. Pedindo que eu deixasse sua mãe.

E isso fez a diferença.

— Estou ocupado, escrevendo. Não posso te dar atenção agora.

— Mas se foi falar com eles hoje, significa que...

— Significa que fui educado, Letícia. Só isso.

— Não pode ter esquecido as noites maravilhosas que passamos juntos, Alfonso! Não é tão indiferente a mim como quer aparentar!

— Não, não sou indiferente a mulheres bonitas. Já devia saber disso. — fitei-a dentro dos olhos e fui bem seco. — Mas eu disse não. Pensei que tivesse entendido.

Empalideceu um pouco e mordeu o lábio inferior, buscando uma maneira de me convencer.

Era uma mulher insistente. Desde que terminei nosso caso, não era a primeira vez que tentava me seduzir e me fazer mudar de ideia.

— Se me deseja, por que não me deixa ficar? Está com alguém aqui?

— Preciso trabalhar, Letícia.

— É só isso? Está tão frio comigo... Eu queria saber o que fiz para...

— Letícia!

Ela se calou. Percebeu que eu não voltaria atrás e respirou fundo, deixando sua irritação vir à tona.

— Se eu não soubesse como é um tarado na cama, diria que não gosta de mulher... Mas juro que não consigo entender! E hoje, quando Anahí disse que falou com eles, pensei que queria se aproximar de mim! Acho que me enganei...

— Sim, você se enganou. — falei frio.

— Tudo bem. Mas não pense que vou continuar me rebaixando, correndo atrás de você. Agora quem não quer sou eu! — ergueu o queixo, seus olhos brilhando de raiva.