Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

— Sim. Air, de Bach. Mas nessa versão está sendo tocada pelo violinista David Garret.

— Ah... Adoro essa música.

Eu me recostei na cadeira e tomei um gole do suco.

Seu olhar encontrou novamente o meu e algo a percorreu.

Senti que estremecia levemente e empalidecia, como se a realidade em estar ali, somente naquele momento, a atingisse.

Era hipnotizante notar uma mulher tão cheia de sentimentos diversos brigando dentro de si.

— Eu vou embora... — murmurou, perturbada.

— Fique. Vamos conversar.

— Sobre o quê?

— Estou surpreso por você estar aqui.

— Eu também.

— Por que veio? — indaguei, realmente interessado em sua resposta.

Embora fosse bem óbvia para mim.

Anahí piscou, sem saber o que dizer.

Parecia que nem ela entendia, ou não queria admitir.

Mas o desejo com que me olhava, por mais que tentasse disfarçar, gritava sua resposta.

De repente, levantou-se de supetão, o nervosismo dominando-a.

— Vou embora. Não devia ter vindo.

— Fique calma...

Levantei também, notando sua palidez, o modo como pareceu vacilar um pouco, como se tivesse ficado momentaneamente tonta.

Eu me aproximei, preocupado.

— O que houve? Algum problema na casa de Letícia? Joaquim piorou?

De tudo que eu poderia dizer, falar em sua irmã, talvez fosse a pior coisa.

Na mesma hora me olhou com a mesma fúria da primeira vez, quando estava com Nate na livraria.

Cerrou os lábios e a raiva pareceu cravejar punhais de seu olhar diretamente em mim.

Disse entredentes:

— Isso não é da sua conta.

Deu-me as costas e começou a se afastar.

— Anahí!

Eu a segui até a sala.

Vi que sairia daquele jeito, sem mais nem menos.

Odiava falar sozinho.

Sem preâmbulos, segurei seu braço e a fiz se virar, um tanto irritado.

— Tire as mãos de cima de mim! — cuspiu as palavras, furiosa tentando se soltar.

Mas não a larguei. Pelo contrário, segurei seus dois braços com firmeza, impedindo-a de fugir.

Ela arregalou os olhos, ambos muito perto um do outro e exaltados.

— Você deve achar normal entrar na casa de alguém de repente, toda humilde, e sair sem mais nem menos, toda nervosinha como se estivesse sendo atacada. Mas para mim isso é coisa de gente doida! — cravei meus olhos bem dentro dos dela. — O que está acontecendo?

— Você está me atacando! — ela gritou, se debatendo. — Solte-me, seu bruto!

— Vamos parar com joguinhos, Anahí... Paciência não é o meu forte. O que você veio fazer aqui?! — indaguei, alterado.

— Vim me desculpar por ter sido grosseira, mas esqueci com quem estava falando.

Ela se debateu e eu a soltei. Pulou para trás, como uma gata bravia, ofegante.

— Diga a verdade. Seja honesta consigo mesma.

Vi que arregalou os olhos.

— Acha que não percebi o modo como me olha?

— Que modo?! Você está louco! Se pensa que vim aqui por sua causa, está enganado! O que é?! As mulheres só procuram você por sexo?!

— Por que você mesma não responde? — indaguei secamente.

— Você só deve servir para isso mesmo! Mas não vim aqui por esse motivo!

Fiquei em silêncio, muito sério.

Assustada, arregalou ainda mais os olhos, e sem poder continuar me encarando, afastou-se quase correndo.

Quando abriu a porta, eu avisei:

— Sim, Anahí... A única coisa que as mulheres tem de mim é sexo. Por isso, se voltar novamente aqui, é isso que vai ter.

— Nunca mais quero ver você! — furiosa e tremendo, saiu e bateu à porta.

Não entendi a irritação que me envolvia.

Respirei fundo, corri os dedos entre os cabelos e maldisse o dia em que tinha parado de fumar.

Mulher maluca...

Furioso, voltei para o terraço, e a primeira coisa que vi foram seus tênis perto da cadeira.

Anahí

Naquela mesma noite eu sonhei que estava com Alfonso no terraço da casa dele, ambos nus.

Ele me beijava na boca e me penetrava em uma espreguiçadeira. Eu gemia, rouca e louca de prazer.

Acordei tremendo, muito excitada, as imagens vívidas demais para não serem realidade.

Fiquei deitada em minha cama de madrugada, desesperada por aquele homem não me deixar em paz.

Meus nervos estavam à flor da pele.

Rolei entre os lençóis, febril, suada, pensando numa solução para o meu problema.

Mas não havia nenhuma.