Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

— Não diga isso! Acha que ele gostaria de saber isso?! Joaquim se preocupa com você, quer que fique bem, cresça cheio de saúde. Escute, Nate, quando a gente envelhece, Deus pede a nossa presença. Seu pai teve uma vida linda, foi um homem bom e agora Deus o quer ao seu lado. Sei que é muito triste para você, que não quer perdê-lo, mas um dia todos nós nos uniremos a ele. É a lei natural da vida.

— Não! — enterrou o rosto em meu colo, soluçando.

— Temos que aceitar... É melhor do que vê-lo doente. Precisa se preparar, ser forte. Infelizmente é assim.

— Eu queria que ele estivesse bem. É errado ele ficar doente e morrer. Ele me amava! E ela... Ela nem liga pra mim. Queria que ela estivesse no lugar dele!

— Não diga isso... Pode parecer que sua mãe não se preocupa, mas ela também está sofrendo. E ama você e a seu pai.

— É mentira!

— Ama, sim. Vai ver como as coisas vão se resolver aos poucos. Vocês vão ter forças para enfrentar tudo, só precisam se unir.

— Odeio minha mãe!

— Não, você a ama. — beijei seus cabelos macios e passei os dedos por seu rosto molhado. — Dê uma chance para ela. Não seja tão agressivo, respeite-a e...

— Você pode dizer o que quiser. — fitou-me, parecendo mais velho do que era. — Mas ela não gosta de mim. Nunca gostou.

— Ela só não sabe bem como demonstrar...

— E eu não gosto dela.

— Nate...

— Eu gosto do meu pai! — seu queixo tremeu e novas lágrimas pularam dos seus olhos. — Não quero que ele morra...

— Eu sei... — abracei-o e deixei que desabafasse.

Quando Nate ficou mais calmo, eu o levei para casa.

Letícia havia saído de carro.

O garoto insistiu em ver o pai.

Joaquim dormia serenamente, o que o tranquilizou um pouco.

— Agora você vai tomar um banho e trocar de roupa pra gente sair, Nate. — falei, quando chegamos ao corredor.

— Para onde?

— Vamos à cidade, passear um pouco.

— Não quero sair. Meu pai pode acordar.

— Ele não vai acordar por um bom tempo. O remédio é forte. Vamos lá... Não há nada que possamos fazer aqui e você precisa se distrair.

— Mas...

— Elisa tem meu celular. Qualquer coisa, ela me liga e a gente volta. Fique descansado. — olhei para meu pequeno relógio de pulso. — Você tem vinte minutos.

— Onde nós vamos?

— Onde você quiser.

Ele concordou e fiquei aliviada.

Meu sobrinho precisava de um pouco de paz.

Levei-o para almoçar fora e ele se comportou muito bem no restaurante da cidade, comendo educadamente.

E embora ainda estivesse triste, conversou bastante.

Depois fomos assistir à um teatro de fantoches que acontecia na praça, e ele relaxou bem mais, prestando atenção.

Passeamos em lojas, comprei uns jogos e um carrinho de bombeiros que gostou, e os gibis que tinha prometido.

Felizmente não vi Alfonso em lugar nenhum e pude relaxar mais.

Por fim voltamos à praça, onde brincou com seu carrinho e divertiu-se vendo os pombos enquanto conversávamos.

Falou da escola e eu do meu trabalho no hospital.

Voltamos à fazenda apenas quando escurecia e ele estava cansado.

Agradeceu pelos presentes, pelo passeio e até retribuiu meu abraço. Foi para seu quarto e Elisa o acompanhou, sorrindo para mim.

Percebi que era ela quem cuidava dele e não minha irmã.

Fui ver Joaquim, que continuava a dormir pesadamente. Era outra enfermeira que estava lá, mas garantiu que já sabia de tudo e que ele dormiria até o dia seguinte.

Só então fui para meu quarto e tomei um banho.

Percebi que nem tinha tido tempo de ter estafa ou cansaço naquele dia. Mas me sentia chateada com tudo, desanimada, preocupada com meu sobrinho.

Saí pela casa silenciosa e fiquei na varanda, olhando a noite estrelada, ouvindo os grilos.

Mergulhei em meus pensamentos, e foi inevitável pensar em Alfonso.

Naqueles momentos de angústia e tristeza, lembrar dele, por algum motivo, me aliviava.

Ainda não me perdoava pelo vexame que dera na casa dele no dia anterior. Na certa imaginava que eu era alguma louca. E com razão.

Senti um frio no estômago ao pensar em seu corpo alto, forte, atlético... Seus olhos verdes, sua boca sensual...

Deixei a mente divagar, relembrando o toque de suas mãos grandes quando segurara meus braços, e o quanto havíamos ficado próximos.

Fechei os olhos e o sonho daquela madrugada retornou.

Como seria beijá-lo, fazer amor com ele?