Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Perturbada, tentei me recriminar, mas não consegui.

Por anos eu tinha afastado os homens que tentaram se aproximar de mim com minha frieza e minha superioridade emocional.

Agora estava perdida e nem parecia dona de mim mesma.

Sempre fui o orgulho da minha mãe. Séria, estudiosa, cabeça feita.

Cresci sabendo que nunca deixaria um homem me dominar ou fazer sofrer como meu pai fizera com a minha mãe. Seria mais esperta do que eles.

Agora Alfonso invadia minhas mais profundas convicções.

E o pior era que, mesmo sabendo que ele não prestava e que fora amante da minha irmã, não conseguia parar de pensar nele. Tinha cometido até a loucura de procurá-lo.

A porta da frente se abrindo me tirou de meus devaneios.

Abri os olhos e vi Letícia saindo até a varanda num sexy vestido preto, usando salto alto e maquiagem, seus cabelos loiros bem escovados.

Parou e me olhou, como que me desafiando a criticá-la.

— Como você está? — foi tudo o que perguntei.

— Bem. — aproximou-se da poltrona em que eu estava. — Vou sair um pouco. Preciso espairecer.

— Não quer se sentar? Mal temos nos falado nesses dias...

Desconfiada, minha irmã se acomodou na poltrona ao lado, com cuidado para não amarrotar o vestido.

Foi logo dizendo:

— Não quero ouvir sermões, nem brigar.

— Também não. Mas poderia só me ouvir um pouco, amigavelmente?

— Fale. — suspirou.

— O que aconteceu hoje foi horrível. Sei que está sofrendo e que tem sua própria maneira de enfrentar a dor. Mas, Letícia...

— Escute uma coisa, Anahí. — fixou seus belos olhos maquiados em mim, até mesmo calmos. — Vou explicar de uma vez por todas o que acontece comigo. Estou chateada sim com a doença de Joaquim. Mas não estou morrendo de sofrimento. Lembra quando mamãe dizia que eu era egoísta, que só pensava em mim mesma? É verdade. Ao menos me resta ser honesta. Só casei com Joaquim pelo dinheiro dele. O que eu gosto mesmo são de homens de verdade, novos e fogosos. Engravidei de Nate por que meu marido queria e eu precisava me garantir com um herdeiro. Nunca senti essas baboseiras de instintos maternais. Ainda mais quando aquele menino ficou feio e balofo, intratável! Nunca quis fingir ser quem não sou. E não vou fingir agora. Chamei você para ficar aqui por que é bem melhor do que eu e pode dar conta do que não consigo. Tudo o que quero é me livrar desses problemas e seguir a minha vida. Fui bastante clara agora, Anahí?

Eu estava completamente chocada com a frieza e a sinceridade cortante da minha irmã.

Balancei a cabeça.

— Você não é o monstro que tenta parecer. Deve estar confusa e...

— Acorde, irmãzinha! Lamento por Joaquim, mas não vou deixar de viver por causa dele. E quanto a Nate... Tenho vergonha de ter um filho gordo, feio, mal educado!

— Só pode estar dizendo isso da boca para fora... Sei que casou por dinheiro, que tem amantes, mas não pode ser indiferente ao sofrimento do seu filho e do seu marido!

— Eu disse que não queria sermões. Desculpe decepcioná-la, mas essa é a verdade. E nos poupará mais conversas como essa no futuro.

Fiquei olhando-a, perplexa.

Ela era muito pior do que eu tinha imaginado.

Não era possível alguém ser tão desprovida assim de sentimentos.

— Queria que eu viesse só para tomar conta dos seus problemas?

— Você sempre foi muito eficiente. Cuidou da mamãe até o final. — friamente, me fitou.

A sua grande beleza física era só superficial, não alcançava nem o seu olhar.

— O que vai fazer? Virar as costas? Voltar ao Rio?

— Você estava chorando hoje... — busquei algum indício de que mentia para mim, de que não era tão horrível como parecia.

— Chorei de raiva, pois não quero passar por toda essa merda! Mas quando ele morrer... — deixou no ar. — Sei que não vai embora, Anahí. Nunca abandonaria Nate e Joaquim com uma desalmada como eu.

— Papai era assim também?

Eu me sentia tão arrasada e chocada, que nem tinha ânimo para discutir com ela.

A decepção e o cansaço me golpeavam duramente.

— Ele amou Carmen, a sua amante. — disse calma, se levantando.

— E você não ama ninguém. Nem Joaquim, nem Nate, nem a mim. Não amou nem Alfonso! O desespero que demonstrou com o fim do caso não passou de orgulho ferido.

— Eu não o amo, mas continuaria muito bem com ele. Mas paciência, não é? Não se pode ter tudo. — olhou-me, e como se percebesse meu estado, minha palidez, disse sem emoção: — Desculpe.

Eu não tinha condições de dizer nada. E ela saiu para se divertir.

Entrei em casa, arrasada.

Como alguém poderia ser tão sem sentimentos assim? Que frieza era aquela? Não amar nem o próprio filho, não se importar nem um pouco...

Era assustador. E revoltante.

Elisa avisou que Nate já tinha jantado e ido se deitar.

Sem fome, saí e voltei para a varanda, angustiada, sentindo uma estranha dor por dentro.

Nunca me senti tão sozinha como naquele momento.

Encostei na pilastra e fitei o céu estrelado.

Meu pensamento retornou a Alfonso, como se não se controlasse.

Se eu fosse na casa dele, faria sexo comigo? Cumpriria a ameaça?

Só de pensar naquilo meu corpo reagia.

Apenas me usaria, como admitiu fazer com as mulheres?

Se com os sonhos eu sentia tanto prazer, o que não sentiria nos braços dele?

Afastei os pensamentos pecaminosos, nervosa.

Não precisava de mais complicações naquele momento.

Então, por que meu corpo e minha mente não aceitavam isso e me deixavam em paz?

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PS: Sorry o sumiço mas correria na universidade...