Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

A culpa era de toda aquela solidão me sufocando.

Havia dentro de mim um desejo de ser feliz ao menos por alguns instantes, de me sentir viva e pulsante.

O que eu poderia fazer para voltar a ser a Anahí fria e calma de antes?

O que meu Deus?!

Se ao menos minha mãe estivesse ali, me lembrando que homem era sofrimento na certa...

Mas não estava.

Eu me angustiava sozinha, cheia de pensamentos contraditórios, de desejo de vida, de coisas que nunca tinha tido...

E se ficasse com Alfonso apenas uma vez? Só para saber como me sentiria, para afastar toda aquela agonia e me livrar daqueles sonhos, daquela obsessão?

Talvez tudo que precisasse era me livrar daquela curiosidade sobre sexo. Só uma vez.

Quando voltasse para o Rio esqueceria tudo. E seria eu novamente.

As ideias se atropelavam em minha mente, confusas, remoendo-me de culpa e raiva de mim mesma.

Não queria ser como minha irmã, pensar só em sexo. Mas estava tão sozinha... Tão desesperada por um toque, por um carinho e, ao mesmo tempo tão fixada em Alfonso Herrera, que todo o resto parecia insuficiente para me controlar.

Nunca ninguém saberia. Apenas sexo com o único homem que me deixou de quatro, cheia de desejo e de pensamentos libidinosos.

Era impossível ele ser melhor do que nos sonhos. Depois de uma vez, eu poderia me controlar, saber como era, talvez até mesmo me decepcionar. E recuperar minha paz interior.

Inventei mil desculpas para mim mesma. Mas antes que perdesse a coragem, avisei a enfermeira e Elisa de que sairia um pouco, para me ligarem se precisassem de mim.

Enquanto dirigia a pick-up, fiquei com raiva por fazer como Letícia, sentindo-me como uma criminosa.

Mas meu desejo, meu desespero por estar perto de Alfonso, ainda era maior que a culpa e a censura de mim mesma.

Nervosa, tentava não pensar na maior loucura que cometeria em minha vida.

Tremia, agarrando o volante com força, sem conseguir parar de me recriminar e sem coragem de dar meia volta.

Conhecia o caminho e felizmente havia postes de luz na rua deserta.

Assustei-me ao me dar conta que não sabia qual o outro caminho que dava na casa dele, e que a praia deveria estar em completa escuridão.

"Volte, Anahí!", minha mente gritou, ordenou, tentou ser mais forte. "Isso é maluquice! É perigoso! Volte!"

Mas pela primeira vez meus instintos gritavam mais alto que minha razão, a ponto de me deixar surda para tudo.

Eu tinha agido corretamente a vida inteira. Naquela noite eu seria insana.

Eu pensaria apenas no meu desejo, aquele desejo que parecia me consumir viva.

Parei o carro no final da rua, respirando com dificuldade.

Nunca tinha perdido a cabeça daquele jeito, ainda mais por um homem.

Sentiria vergonha de mim mesma no dia seguinte, e nem tinha desculpas, como dizer que me enganava ou que estava bêbada.

Agia conscientemente, sabendo bem, tudo que aquilo poderia acarretar.

Saí da pick-up e fiquei aliviada ao ver que os postes de luz chegavam até ali, e a praia não estava na completa escuridão.

A casa do penhasco também estava toda iluminada, e do alto havia dois holofotes direcionados para a praia embaixo, e a escada de madeira. Pelo visto Alfonso gostava de descer até ali à noite.

Para não perder a viagem, caminhei até o atalho no barranco e desci até pisar na areia fofa. Não tirei o tênis.

Andei pela praia rapidamente, sendo recebida pela brisa que vinha do mar, ofegante, tremendo.

Só quando cheguei ao pé da escada é que parei, subitamente indecisa.

Não era uma mulher bonita e estava magra demais.

Pensei na minha irmã de seios fartos e corpo escultural, o tipo de mulher que um homem lindo como Alfonso deveria estar acostumado.

Talvez risse na minha cara ao me ver ali.

A ameaça de que transaria comigo se eu aparecesse em sua casa poderia ser apenas para me assustar.

— Idiota... — murmurei para mim mesma, humilhada.

Lágrimas de frustração subiram aos meus olhos e respirei fundo.

Cheguei a fazer a volta, mas parei.

Já que tinha chegado até ali, eu ia até o final.

Demorei trinta anos para desejar ardentemente um homem a ponto de perder o sossego. Ia pagar para ver o que podia acontecer.

Subi os degraus, tremendo muito, agarrando o corrimão de madeira com força, tentando prestar atenção onde pisava.

Vários pensamentos para que desistisse daquela insensatez me atacaram naquele momento. Mas segui em frente.

Cheguei lá em cima e tudo estava iluminado. Mas, decepcionada, vi que o portão estava fechado.

Não parei. Caminhei até ele, muito nervosa, as pernas parecendo pesar como chumbo.

Havia uma campainha e um interfone ao lado do muro.

Antes que eu saísse correndo dali, eu a apertei.

Estava agindo irracionalmente pela primeira vez na vida. Muita coisa ruim poderia acontecer ali.

No mínimo tinha grandes chances de me magoar profundamente.

Mas afastei todos os sentimentos que me oprimiam, a sensação de morte e dor que me atacavam na fazenda, e esperei.

— Quem é? — soou a voz máscula de Alfonso ao interfone.

Fiquei apavorada. Era minha chance de sair correndo, fugir antes que ele descobrisse a loucura que eu estava prestes a fazer.

Mas respirei fundo e murmurei:

— Sou eu, Anahí.

Por um momento, ele nada disse. Então o interfone desligou.

Cruzei os braços no peito, para parar de tremer.

Automaticamente, o portão foi aberto.

Fui engolfada por uma onda de alívio, mas meu nervosismo triplicou.

E, corajosa, passei pelos portões e entrei.