Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo 4 - E Ela Se Entrega

Anahí

Eu tremi quando passei pelo carro e pela moto dele na garagem.

Subia os degraus da varanda quando Alfonso abriu a porta e apareceu sob a soleira.

Parei abruptamente e nos encaramos.

Engoli em seco, sentindo uma súbita vontade de chorar. Não entendi por que, mas o nervosismo era quase paralisante.

Não sabia se era pior ser rejeitada, ou continuar naquela loucura.

Num momento de covardia, ainda consegui falar baixinho:

— Eu... vim pegar meus tênis.

Alfonso continuou sério, mas seu olhar se suavizou, deu-me passagem na porta.

— Entre, Anahí.

Pensei que fosse desfalecer.

Tremendo muito, terminei de subir o último degrau e mordi o lábio inferior, lutando para manter minhas pernas firmes.

Passei por ele de cabeça baixa.

Alfonso sabia bem por que eu estava ali, e isso era humilhante.

Em silêncio segui até a sala na penumbra. Apenas duas luminárias nos cantos da parede estavam acesas, espalhando uma luz suave no ambiente.

Eu parei, tensa, nervosa, com os braços cruzados, o coração batendo muito forte contra minhas costelas.

Esperava algum cinismo da parte de Alfonso, ou que jogasse na minha cara que eu queria sexo.

Mas ele simplesmente fechou a porta e se aproximou silenciosamente.

Fiquei perdida, sem saber o que fazer.

— Sente-se. Quer alguma coisa para beber? — seus olhos verdes fitaram o meus, sérios, mas sem nenhum tipo de ameaça.

— Eu não vim pelos tênis... — falei baixo, quase num sussurro.

— Sei que não. — não desviava o olhar, parado a poucos passos de mim.

Resolvi ser o mais honesta possível, mesmo sem necessidade.

— Vim por que... você disse... que se eu voltasse aqui...

— Eu sei o que disse. — completou, passando o olhar por meu rosto. — Por que não se senta um pouco? Vou preparar um drinque. O que quer beber?

— Qualquer coisa. — ansiosa, forcei-me a descruzar os braços e sentei no macio e confortável sofá de couro.

A cada minuto eu me sentia mais tensa, envergonhada e excitada.

Observei-o ir até um bar num canto e preparar dois drinques.

Estava descalço, como da vez anterior. Usava jeans surrado, que caía deliciosamente em seus quadris, e uma larga camisa branca aberta na frente meio amarrotada.

Com a garganta seca, pude divisar seu peito másculo encoberto de pelos escuros.

Sem querer, desejei ardentemente que pudesse ser uma mulher bonita para agradá-lo, e envergonhei-me de mim mesma.

Seu rosto lindo estava compenetrado, com uma leve sombra de barba. Os cabelos pareciam em desalinho, como se estivesse deitado quando cheguei ou passado os dedos entre os fios, não sei...

Saiu do bar e veio até mim com os dois copos na mão, seus olhos verdes brilhando na penumbra.

Tudo nele era gritantemente sensual, duro, másculo.

Fiquei sem ar, totalmente hipnotizada.

— Beba devagar. — entregou-me um dos copos e se sentou ao meu lado no sofá, sua proximidade só aumentando meu nervosismo a ponto de ter um colapso a qualquer momento. — Por que não recosta e relaxa, Anahí?

Eu bem que tentei.

Sentada ereta na ponta do sofá, encostei devagar e tomei um gole da bebida forte que desceu queimando em minha garganta.

Não estava acostumada a beber e fiz de tudo para não tossir, mas fiquei vermelha.

Olhei em volta, tentando me distrair, me acalmar.

E só então percebi que havia uma música tocando no ambiente, como da outra vez.

Segurei o copo com força e criei coragem, tentando conseguir algum assunto que não fosse perigoso.

— Parece que você não vive sem música...

— E não vivo mesmo. Principalmente quando estou escrevendo.

— Estava escrevendo agora?

— Não. — tomou um gole de seu uísque, tranquilo, seus olhos atentos em mim.

Era difícil conversar sabendo o que deveria estar pensando a meu respeito e tendo-o tão próximo.

Mas me forcei a continuar.

— Mas hoje a música não é clássica.

— Não. É rock. Clássico.

— Gosta de rock?

— De todos os tipos de música. Tenho de tudo aqui.

Concordei com a cabeça, percebendo que aquela era um rock romântico. Era muito bonita e algo nela mexeu ainda mais comigo.