Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Tentei retomar o assunto até conseguir me acalmar mais.

— Eu li seu livro.

Não contei que tinha lido todos, desesperadamente, um atrás do outro.

Nem que os jogara fora por terem me perturbado tanto.

— Qual deles?

— "Vício".

— Um dos meus primeiros livros. — seus lábios se ergueram em um leve sorriso. — O que achou?

— Você escreve muito bem. O suspense é ótimo, e...

— E?

— Os personagens são fortes, envolventes...

— Hum... Por que desconfio que haja um "mas" pairando em suas palavras?

Tomei cuidadosamente mais um gole do uísque, sem saber o que responder.

Por fim falei baixinho:

— Achei o livro meio... pornográfico.

— Ah! — seu sorriso se ampliou, expondo os dentes brancos, perfeitos.

Meu coração falhou uma batida com sua beleza viril, máscula.

— Pensei que fosse dizer chato, maçante... Menos mal. Pornografia vende, sabia?

— Eu imagino. Está escrevendo um novo livro?

— Sempre estou. Cheguei à metade do atual.

— É verdade que escritores gostam de solidão para escrever?

— Alguns, sim. Eu gosto de paz. Mas de vez em quando paro, vou dar um mergulho, me distraio ou simplesmente saio, ou vou dormir. Aproveito a inspiração sem me tornar escravo dela.

— É uma profissão muito interessante...

— Não mais do que a sua.

Havia admiração no olhar que me deu.

Fiquei surpresa, sem poder acreditar que algo em mim despertava tal sentimento nele.

A satisfação que senti foi irracional e sorri sem querer.

— Não acredito... — Alfonso inclinou um pouco a cabeça, seus olhos verdes fixos em mim. — Isso em sua boca é um sorriso?

Na mesma hora mordi o lábio, ficando corada.

O sorriso dele se ampliou, como se minha timidez o divertisse.

— Acho que sim... — murmurei. — Nem sei mais.

— Isso quer dizer que não tem motivos para sorrir?

— Já me disseram que não tenho humor. — dei de ombros.

— E é verdade?

— É.

— O que mais é verdade a seu respeito, Anahí?

Eu terminei meu uísque, sentindo-me um pouco mais corajosa com o álcool percorrendo minhas veias.

Alfonso tirou o copo vazio das minhas mãos, colocando-o sobre a mesinha ao lado junto ao dele. Virou-se, meio de lado no sofá, aguardando a minha resposta.

— Eu sou virgem. — sussurrei.

Ele praticamente leu as palavras em meus lábios.

Não escondeu a surpresa.

Sua voz saiu rouca, grave.

— Sei que tem pouca experiência... Mas não imaginei que fosse virgem. — seus olhos verdes prenderam os meus. — Por que eu?

— Atração. Eu... logo voltarei para o Rio e... — entrelacei os dedos no colo, sem saber o que dizer. —... gostaria que fosse com alguém experiente. Mas entenderei se você não quiser. Sei que não sou muito atraente e...

— Você é encantadora.

Pisquei, sem saber se falava sério.

Balancei a cabeça.

— Não. Sei que sou magra e alta demais, inexperiente e...

Calei-me quando Alfonso ergueu a mão de dedos longos, com a qual eu tanto sonhara, e acariciou suavemente a minha face.

Seu toque fez uma corrente elétrica me percorrer, o contato de sua pele na minha sendo um afrodisíaco potente.

Quando seus olhos penetrantes fixaram-se nos meus, estremeci, abalada, sem ar.

— O que você quer? Um beijo?

Não consegui falar, muda.

Mas me sentia ávida, ansiosa, querendo tanto aquele homem que chegava a ter a sensação que desfaleceria se me mandasse embora.

Um sorriso lento, predador, fez os lábios dele se erguerem um pouco.

Seus dedos escorregaram para meu cabelo preso, mantendo-me cativa, cheia de cobiça e libido, sem a força e a frieza que eram tão inerentes à minha personalidade.

Seu olhar quente passou por minha boca, percorreu meus traços como se me acariciasse, me fez conter a respiração, com o coração batendo alucinadamente.

E então puxaram o prendedor, fazendo com que o cabelo liso e castanho se esparramasse em minhas costas. Passou os dedos entre eles, admirando-os.

— Você é cheia de surpresas... — disse baixinho, ao notar meus cabelos quase até a cintura, seu olhar voltando ao meu, sua mão segurando com firmeza minha nuca, fazendo um frio percorrer minha barriga.