Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

— Eu quero tentar. Se você estivesse aqui, se pudesse me ajudar... Eu gosto do Joaquim, é o melhor marido do mundo. Não queria magoá-lo, nem a Nate. Mas me sinto tão sozinha... E acabo fazendo besteira.

— Você está com 28 anos. Precisa crescer.

— Sei, sei... Você sempre me dá sermões, mas nunca está aqui quando preciso! Quantas vezes estou desesperada, ligo para você, e ninguém atende?!

— Acha que faço de propósito?! Com certeza estava trabalhando!

— Mas não está agora, e mesmo assim não vem!

Eu suspirei.

— Por que insiste tanto na minha presença?

— Estou muito mal, Anahí. Quando papai estava vivo, ele sempre me ajudava. Mas agora só tenho você. Que também está precisando de ajuda.

— Tudo bem, Letícia... — capitulei, cansada. — Vou ver se há vôos para amanhã.

— Anahí! — gritou feliz. — Você vem mesmo?!

— Sim.

— Ai, estou tão contente! Não nos vemos há anos! Vai ser tão bom! Você não vai se arrepender!

Quando ela desligou, dizendo que telefonaria depois para saber a hora do meu vôo, eu já estava arrependida.

Não queria ir para Santa Catarina.

Já tinha problemas demais para procurar outros.

Pus o fone no gancho e voltei o olhar para o teto, um tanto nervosa.

Talvez as coisas até melhorassem revendo minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho... E tentando ajudá-los.

Mas naquela ilha pequena também poderia encontrar Alfonso Herrera

E conhecê-lo pessoalmente.

Fiquei tensa, rígida no sofá.

Tinha medo daquele homem.

Racionalmente, enxergava o ridículo de toda a situação. Pois mesmo sem conhecê-lo, e sabendo que ele era tudo o que eu desprezava, invadia minha mente e meus sentimentos.

Aquilo não podia ser coisa de gente normal. Eu estava pior do que pensei.

Minha mãe tinha me ensinado desde pequena a ser uma mulher de respeito e a nunca me deixar enganar por um homem.

Os poucos que se atreveram a tentar algo comigo acabaram decepcionados.

Desprezava os homens em geral, principalmente os devassos como Alfonso Herrera.

Fechei os olhos.

Ele devia ser odioso.

Mas lindo e sensual.

Outras informações vieram nítidas, completando o quebra-cabeças que era Alfonso.

Podia imaginar seus olhos muito verdes, seu corpo alto e musculoso, seu sorriso lindo que minha irmã sempre descrevia.

"Maravilhoso, gostoso, espetacular."

Adjetivos que ela sempre usava.

Só que nunca me importei com nada daquilo.

Eu mesma não era bonita, não gostava de sexo, não ficava à vontade com os homens.

Conheci até alguns interessantes, inteligentes, alguns pareciam até ser bom caráter.

Mas eu sempre enxergava os defeitos primeiro. Era crítica, exigente, desconfiada.

Nenhum deles passava no meu teste. E eu preferia sempre a minha solidão.

Como podia aquele desconhecido desprezível se infiltrar em minha mente e em meus sonhos?

Envergonhava-me das noites em que acordei sonhando que estava no lugar de Letícia com aquelas mãos bronzeadas percorrendo meu corpo, os lábios beijando os meus, o corpo me causando tremores...

Nunca era uma imagem fixa, só fragmentos, pois eu nunca o vira.

Mas a excitação que eu sentia era muito real.

Pensei até em procurar um psicólogo.

Eu, que sempre fui tão segura e realista, não podia estar tendo sonhos pornográficos com imagens fragmentadas de um homem.

Era tão louco que nem tive coragem de procurar ajuda.

Agora ia passar um tempo com minha irmã, perto daquele homem.

Se só de imaginá-lo minha vida já ficava tão perturbada, como seria vê-lo pessoalmente?

Fui me acalmando conforme pensava.

Talvez estivesse mesmo precisando daquilo.

Pessoalmente ele deveria ser pior do que eu imaginava.

Sempre procurava os defeitos dos homens, e com Alfonso não seria diferente.

Com certeza o acharia vulgar e repulsivo. Um escritor pornográfico.

E o esqueceria.

Eu tinha lido os livros dele, depois que Letícia me contou que era um escritor de sucesso com livros vendidos em todo o mundo.

Suas tramas eram bem elaboradas, os personagens profundos e surpreendentes, os suspenses de tirar o fôlego.

Tudo permeado por sexo nos mínimos detalhes, tão cru e pornográfico que eu tinha ficado chocada.

Depois de ler aqueles livros é que passei a ter os sonhos eróticos.

Com vergonha e raiva de mim mesma, tinha jogado os livros fora.

Mas tudo que tinha lido já estava fixado em minha mente e eu não conseguia apagar.

Eu só podia estar mesmo doente.

Fechei os olhos procurando me acalmar.

Agora eu prometera a minha irmã e ia para Santa Catarina. Mas não demoraria.

Quando voltasse ao Rio de Janeiro, minha vida voltaria a ser normal.

Letícia morava em uma das ilhas do arquipélago de Santa Catarina, chamada Florada.

Depois que cheguei ao aeroporto em Florianópolis, peguei um táxi e segui com minha bagagem até o porto, onde entrei em uma barca com poucas pessoas. Em pouco mais de uma hora chegaria em Florada.

Suspirei, cansada, olhando para o mar pela janela.

Era mês de janeiro e o dia estava bonito, claro, ensolarado.

Mas eu continuava sem ânimo.

Nem a beleza da paisagem despertava meu interesse. Minha vontade era de retornar ao apartamento no Recreio e não ver mais ninguém.

Sabia que devia lutar contra aquela exaustão, mais emocional do que física, mas não conseguia. Parecia mais forte do que eu.

De qualquer forma, agora estava ali e não havia volta.

Se não suportasse ficar em Florada, inventaria uma desculpa e voltaria para meu canto. Ninguém me obrigaria a permanecer onde eu não queria.

O balanço do barco e a brisa deliciosa que vinha do mar pareciam me embalar e fechei os olhos, mas não consegui descansar ou cochilar.

Conforme o barco se aproximava da ilha, meu nervosismo aumentava consideravelmente.

Eu tinha visitado aquele lugar apenas duas vezes, sempre de forma rápida.

E apesar de ser lindíssimo, só me trazia amarguras.

Florada era o local onde meu pai foi viver após abandonar a mulher e as filhas pequenas, para ficar com a amante grávida dele.

Emília, minha mãe, nunca o perdoara por aquilo.

Eu tinha quase seis anos na época e tinha sido um choque perder o pai que eu tanto amava.