Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA
Como minha mãe repetiu por anos, Santiago, meu pai, tinha preferido o filho que ia ter com a amante, em detrimento das duas filhas.
O bebê não chegou a nascer. Mas Santiago nunca mais voltou para casa.
Nas cartas que escrevia, sempre dizia que era feliz ali, com a mulher da sua vida. Depois de perder o bebê, essa mulher não pôde mais ter filhos, mas isso não impediu que ficassem juntos por anos.
Eu nunca o perdoei pela traição e pelo abandono.
Minha mãe o proibiu de ver as filhas, e ele não lutou por esse direito. Preferiu continuar longe com sua nova vida.
Mandava presentes no aniversário das filhas, uma carta ocasional, e estava cumprido seu papel de pai.
Por causa dele mamãe se tornou doente e amargurada.
Eu fui sua melhor amiga. Em apoio a ela, me recusava a responder suas cartas ou atender seus raros telefonemas.
Eu era aliada da minha mãe e fazia de tudo para que melhorasse, aceitasse o fato, coisa que nunca aconteceu.
Letícia continuava adorando nosso pai. Se rebelava com a educação rígida de nossa mãe, e achava que era culpa dela o marido ter saído de casa.
Quando fez 18 anos, arrumou suas malas e foi para Santa Catarina viver com o pai e a madrasta.
Emília também não perdoou a filha caçula. Elas não se falaram mais, nem quando a doença de mamãe piorou.
Ela morreu dizendo que a única pessoa no mundo que amava era a mim, que fui fiel à ela até o fim.
Apesar de nunca termos sido exatamente amigas, não perdi o contato com minha irmã. Mas nunca quis ter contato com meu pai.
Eu tinha 22 anos quando ele e a esposa morreram tragicamente em um acidente de barco. Não fui ao enterro.
Letícia ficou perturbada, sofreu e veio passar um tempo comigo no Rio.
Um ano depois ela se casou com um rico fazendeiro da ilha, bem mais velho que ela. Insistiu tanto que, sendo sua única família, tive que ir pela primeira vez naquela ilha assistir o casamento.
Apesar de lindo, me senti sufocada lá.
Era o lugar onde meu pai foi feliz com outra mulher, às custas da felicidade de esposa e das filhas. E o lugar que se tornou o lar de Letícia, após romper relações com a mãe.
Cada uma tinha escolhido seu lado naquela história.
E agora só tinha restado nós duas.
Voltei à Florada novamente quando minha irmã teve um filho e insistiu para que eu fosse madrinha dele.
Daquela vez nos entendemos melhor e pude apreciar a ilha.
Gostei de Joaquim, marido de Letícia. E me apaixonei pelo bebê, Nate.
Depois disso tentei me tornar mais presente na vida da minha irmã, apesar de não voltar ali. Mas ligava, mandava presentes, convidava-os para minha casa.
Foram apenas uma vez, três anos atrás, quando Joaquim veio ao Rio fazer alguns exames.
Tirei algumas folgas no hospital e fiquei à disposição deles. Acompanhei-os aos melhores médicos da cidade, que acabaram descobrindo que ele tinha uma doença degenerativa no cérebro, incurável e rara. Ela ia progredir lentamente. E nada poderia ser feito.
Foram momentos tristes e pesados para todos. Mas tiveram que se conformar.
Eu fiquei a par de tudo. Mas meu trabalho intenso me consumia, e só falava com eles por telefone, sempre informada, mas nunca presente.
Até aquele dia.
Agora eu voltaria aquela ilha.
Abri os olhos e fitei novamente o mar, arrependida por estar tão mal humorada.
Acusava minha irmã de ser egoísta, mas talvez fosse pior do que ela.
Afinal, fiquei anos afastada, e estava ali praticamente contra a vontade, mesmo sabendo que Joaquim estava pior e que Nate enfrentava problemas. E até mesmo Letícia poderia estar precisando de ajuda e companhia.
Se não fosse por aquele homem, Alfonso, eu não estaria tão relutante em visitar minha irmã.
Mas não podia deixar que um estranho me impedisse de prestar auxílio à minha irmã quando ela precisasse, embora não concordasse com muitas das atitudes dela.
E apesar do medo que sentia, eu quase desejava pôr os olhos nele e ter certeza que aquela loucura que despertava em mim não passava de um pesadelo, uma parte da minha doença psicológica, ou um desvio de minha mente cansada.
Afinal, eu não corria nenhum perigo naquela ilha. Meus pais estavam mortos e Alfonso Herrera não poderia me fazer mal.
Nunca nem o atrairia, pois não era bonita nem sensual.
Convencida de tudo aquilo, eu senti-me mais tranquila e confiante.
No entanto, quando a barca atracou no porto da ilha, um medo inexplicável me envolveu.
Fiquei imóvel em meu banco, observando os outros passageiros se levantarem e desembarcarem.
Meu coração batia loucamente e minhas mãos tremiam.
Ansiosa, respirei fundo.
Nunca me senti à vontade naquele lugar.
Pensei ter ultrapassado aquela sensação desde a última vez que estive ali. Mas o incômodo ainda era grande.
Tentei me convencer que o único motivo de tudo aquilo era por que ali fora o lar do meu pai ao nos abandonar.
Mas quando percebi a barca vazia, e me dei conta que não dava mais para adiar minha saída, só consegui pensar no grande medo de encontrar Alfonso Herrera.
Era apavorante saber que mais cedo ou mais tarde veria pessoalmente um homem que até então não passava de imagens fragmentadas e sensações.
Por pior caráter que tivesse, e mesmo que nunca se aproximasse de mim, ele me apavorava por ter poder sobre meus sonhos e desejos.
Eu me sentia envergonhada, maluca, repulsiva.
Talvez ele fosse pior do que tudo que eu pudesse supor e me enojasse.
Mas o medo nascia nas profundezas do meu ser simplesmente, por que me daria conta que Alfonso era real.
As imagens dele que invadiam meus sonhos não eram inventadas, foram descritas por Letícia.
E se aquelas imagens me desequilibravam, tiravam o meu controle, o que faria o homem real?
Eu não sabia lidar com nada daquilo.
— Senhorita... — um senhor da tripulação, usando uniforme, parou a minha frente e interrompeu meu devaneio. — Chegamos. Quer ajuda com a sua bagagem?
Eu pisquei, um tanto confusa.
Levantei rapidamente e agarrei minha única mala, balançando a cabeça e murmurando:
— Não, obrigada. Eu estou saindo. — dei-lhe as costas e me afastei, tentando manter-me firme e tranquila.
Tinha medo de estar enlouquecendo, acima de tudo. Mas não podia me assustar.
Afinal, tinha 30 anos, era forte, decidida, não seria aquela ilha e aquele homem que perturbariam minha vida.
Era só me manter lúcida e atenta.
Saí da barca e atravessei o píer, sendo recebida pelo dia ensolarado e pela paisagem maravilhosa que cercava a ilha.
Respirei o ar puro, com cheiro de mar, enquanto entrava no grande salão de desembarque, não muito movimentado àquela hora da manhã.
Meu semblante sério não mostrava toda a minha confusão interior, e eu olhei em volta, procurando a minha irmã.
Letícia acenou para mim, sorrindo, após as roletas de desembarque.
Eu fiquei parada, olhando-a. Então segurei minha mala e segui até ela, observando o quanto estava ainda mais bonita, como se fosse possível.
Nossa mãe costumava dizer que eu tinha sorte de não ter nascido atraente, sensual e impulsiva, como minha irmã.
Letícia saíra como o pai e, segundo mamãe, ia usar aquelas armas para se dar bem às custas dos outros.
"Você puxou a mim." Ela costumava dizer várias vezes, orgulhosa. "Também nunca fui bonita, mas inteligente, segura, de caráter firme e correto."
Autor(a): Mila Puente Herrera ®
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Comentários da Fanfic 156
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ponnyforever10 Postado em 25/07/2018 - 19:01:50
A Letícia não tinha limites e no fim teve o que mereceu :))). 5 filhos <333 aii que família mais lindaaaaa <333333. Ameii a história vamos pra próxima :)
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sahprado_ Postado em 25/07/2018 - 17:26:41
Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa que final lindo!!!! Letícia colheu o que plantou, mas bem que eu queria ver ela de volta no Brasil com uma mão na frente e outra atrás pedindo socorro pra Any e pro Alfonso. Ia ter sido legal. Amei a história!
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ponnyforever10 Postado em 24/07/2018 - 12:05:49
Ai o Nate amou o katfa *----*, ótima ideia levar ele ganhou pontos com Nate kkkk.Eu to é rindo da Letícia mulher amargurada :)))
Mila Puente Herrera ® Postado em 25/07/2018 - 15:54:56
Quem não se derrete por um doguinho? *--* Letícia teve oq merece :3
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sahprado_ Postado em 24/07/2018 - 09:42:39
Gente meu coração tá explodindo de amor com o Poncho e o Nate e a Kafka aaaaaaaaaaaaaa <3 que lindeza! Acho que o que incomodava mais o Nate sobre o Alfonso era o fato de a Letícia ainda ser casada. A Any é livre e desimpedida, então...
Mila Puente Herrera ® Postado em 25/07/2018 - 15:54:25
Vontade de colocar num pote né? :3 Sim, ainda mais com o pai dele, graças a Deus Any não tem nada a ver com o pai dele KKKKKKKKKK
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ponnyyvida Postado em 23/07/2018 - 22:54:14
Aí meu coração *_* Esse dois são muito perfeitos <3 Graças a Letícia vai embora e nunca mais vai voltar (pelo jeito). Continuaaa <3 <3
Mila Puente Herrera ® Postado em 24/07/2018 - 03:06:45
São sim *---* Pode ficar tranquila que ela não volta :3
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ponnyforever10 Postado em 23/07/2018 - 11:35:11
Sabia que Poncho não ia decepcionar :)), como o Poncho disse até os bichos tem mais sentimentos que ela !!. Aaaaaa ele pediu ela em namoro e ja sabe que ta apaixonado *------*
Mila Puente Herrera ® Postado em 24/07/2018 - 03:05:32
Claro que não u.u SIM!!! SIMMMMM <3
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sahprado_ Postado em 23/07/2018 - 11:00:11
"Não havia mais nada sensual nela. Era uma mulher amarga, rancorosa, feia. Tão feia por dentro que isso se espelhava agora, refletindo-a." Ponchito, você nunca decepciona, tão lindinhos ele e a Any <3 reta final já :( quero maaiisss poxa hahahaha
Mila Puente Herrera ® Postado em 24/07/2018 - 03:04:35
KKKKKKKKK SIM, ele finalmente viu a Letícia como a gnt vê :3 Um casal bolinho *--* Sim :/ Calma que tem um epílogo MARAVILHOSO :3
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ponnyyvida Postado em 22/07/2018 - 23:57:17
Aí senhor, que perfeição o Poncho dando um fora bemmm bonito na Letícia :) Isso mesmo Poncho, tem que ser fiel <3 Continuaaaa
Mila Puente Herrera ® Postado em 23/07/2018 - 03:18:38
Maravilhoso não? Anahí era pra ver isso u.u Ele é, já tá arriado os 4 pneus pela Narrí :3
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sintiyomemuero_anahi Postado em 22/07/2018 - 16:07:28
continuuuuuuuuuua
Mila Puente Herrera ® Postado em 23/07/2018 - 03:17:45
Continuandooooo :3
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sahprado_ Postado em 21/07/2018 - 01:12:50
Vai lá, Poncho. Tenho fé em você. Coloca essa cretina no lugar dela - com educação, porque você é um cavalheiro. Os medos da Any são tão familiares que doem, mas com o Poncho vai ser diferente! A Any ainda vai ter a oportunidade de sentar a mão na orelha dessa infeliz? Por favorrr nunca te pedi nada
Mila Puente Herrera ® Postado em 23/07/2018 - 03:17:23
MORTA COM O *com educação, porque você é um cavalheiro* KKKKKKKKKKKK Sim, a bichinha... :/ OHHH SE VAI :3 KKKKKKKK Não mais, essa bruxa já vai embora, mas calma que ela vai ter o dela...