Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Afastei-o da mente com determinação, não querendo me distrair nem começar a sonhar com coisas que não eram para mim.

Tínhamos apenas um caso e logo ele terminaria, da mesma maneira que ele tinha terminado com Letícia.

Eu estava envolvida agora, não conseguia ficar um minuto sem pensar nele, ansiando por procurá-lo a cada instante. Mas me continha e tentava me manter lúcida, para não me ligar a ele mais do que deveria.

Quando terminamos tudo, o advogado prometeu dar início ao processo na segunda-feira logo de manhã.

Letícia o acompanhou para a saída, parecendo muito satisfeita por se livrar de mais um problema. E eu fui em busca de Nate.

Enquanto jogávamos bola e ele suava, o que era bom como exercício e para perder peso, eu o fitava com um amor que nunca julguei possível.

Sempre tinha gostado dele, mas de maneira distante. Agora era uma ternura, um carinho tão profundo e latente, que eu daria um membro meu para poupá-lo de sofrimentos.

Infelizmente não poderia impedi-los, só estar ao lado dele quando tudo acontecesse.

Antes do almoço, fomos nos refrescar na piscina e, vendo seu corpo obeso para sua idade, fiquei decidida a fazer de tudo para que tivesse uma boa saúde.

Ia me informar com Elisa sobre o pediatra dele e ir conversar com o médico.

Ao menos estava se alimentando sem a gula de antes e com coisas saudáveis, além de se exercitar mais. Logo estaria vendo os resultados.

Almoçamos juntos e então fomos ver Joaquim.

Para alegria do menino, ele acordou e parecia sereno, calmo. Reconheceu-nos na hora e ficou conversando, cansado, mas bem consciente.

Eu o cumprimentei, sorri, trocamos algumas palavras. Ia sair, para deixar os dois à vontade, mas o senhor pediu que eu ficasse.

Nate era outro perto do pai. Completamente carinhoso, segurando sua mão, contando o que fazia comigo, como estava a fazenda, como foi o seu dia.

Joaquim ouvia atento, sorria, olhava para mim em agradecimento. Por fim, foi ficando cansado. Então pediu com cuidado ao filho:

— Nate, pode sair um pouco com Irene? Preciso ter uma conversa com a sua tia.

Era óbvio que o menino queria ficar com ele o maior tempo possível. Mas, sempre respeitando-o e amando-o, concordou.

Por livre e espontânea vontade abraçou o pai, que o beijou e fechou os olhos por um momento, enquanto o amor transparecia entre os dois, forte, profundo.

Senti meus olhos enchendo de lágrimas, sem que eu pudesse controlar.

Por um momento, tive raiva daquele destino injusto, que separaria pai e filho que se amavam.

Tentei piscar, respirei fundo, fiz de tudo para conter as emoções que se apertavam em meu peito.

Por fim, Nate se afastou com a enfermeira e mais uma vez garanti a mim mesma que faria tudo por ele.

Senti os olhos de Joaquim sobre mim.

Estava pálido, cada vez mais debilitado e cansado.

Suavemente, pus minha mão sobre a dele, de pé ao seu lado.

Sorriu como conseguiu, concentrando-se para poder falar coerentemente:

— Primeiro, queria agradecer por tudo... que tem feito por meu filho. Ele me conta. E vejo... o carinho com que o olha.

— Não precisa agradecer. Eu amo o Nate.

— Eu sei. E é isso... que me tranquiliza. — parou um pouco, respirou fundo, seus olhos pareciam mais alertas naquele dia. — Sempre soube que era uma boa pessoa... responsável. Eu contava... com isso.

— Não se preocupe, Joaquim. Ficarei por aqui e com Nate.

Ele acenou com a cabeça.

— Pensei que com o tempo... Letícia amadureceria. Mas vejo que... não aconteceu. Temo que não ame... nosso filho... como deveria. Já tinha notado. Mas tinha esperanças. Peço que olhe por ele. Pode... fazer isso?

— Posso. Farei o que puder por Nate.

Não falei da questão da guarda, para não preocupá-lo ou enfurecê-lo.

— Não se canse tanto. Quero que fique tranquilo, Nate será amparado, terá todo carinho que precisa.

— Obrigado. Muito... obrigado, minha... querida. Sinto que está perto... a minha hora. Quero ir... em paz.

— Não se preocupe com nada. — forcei um sorriso e apertei sua mão.

Concordou e fechou os olhos. Aos poucos, caiu em sono profundo.

As lágrimas retornaram aos meus olhos.

Para quem tinha sido fria a vida inteira, eu estava me emocionando demais naquela ilha, como se virasse outra pessoa. Ou deixasse vir à tona um outro lado meu.

Num impulso, acariciei seu cabelo branco e me inclinei para depositar um beijo em sua testa fria.

Respirei fundo várias vezes, até me recompor. Só então saí para chamar Irene e ficar com Nate.

Saímos às 19 horas para a cidade. Nate estava um tanto calado, mas quando chegamos na quermesse se animou mais.

Vi seus olhos pidões para a roda gigante e fui com ele duas vezes. Depois brincamos de tiro ao alvo e ele foi bem, ganhou um conjunto de dominós e quebra-cabeça.

Passeamos, conversamos, comemos pipoca.

Começava a encher e paramos perto da pista de dança. Nenhum grupo tinha começado a se apresentar ainda no palco, mas tocava uma música infantil animada e várias crianças corriam na pista, brincando com balões que flutuavam, rindo umas com as outras.

Nate as observou, interessado, mas na dele.

— Vai brincar também. Quer um balão? — perguntei.

— Não. Isso é coisa para criança.

— E você é o que? — achei graça.

— Vou fazer oito anos daqui a dois meses. — deu de ombros.

— Realmente, um homem... — sorri.

Ele parecia mesmo mais velho.