Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Conseguimos uma mesa em uma das barracas e sentamos para observar a farra dos outros, comendo nossa pipoca.

Sem querer, lembrei da noite anterior, quando vi Alfonso ali. Meu ventre deu voltas de excitação e não pude impedir que emoções violentas me atacassem.

Pensei no modo como dançou comigo, como cantou a letra da música de modo sensual, como me segurou de encontro a seu corpo e me encostou no canto do palco, naquele beijo delicioso que me deixava ainda de pernas bambas.

Mordi o lábio, coração acelerando, pele formigando, enquanto minha mente era bombardeada de imagens dele tirando minha roupa, me deixando nua e dançando comigo, seu quadril contra o meu, seu dedo me penetrando, a boca deslizando em minha pele, mamilo e lábios...

Contive o ar para não ficar ali arfante, mas intimamente ansiava por mais.

Nunca poderia imaginar que chegaria aquele ponto com Alfonso.

Ele tinha sido apenas um sonho persistente e indesejado, um homem que eu desprezava por ser mulherengo e sair com mulheres casadas, um mau caráter.

E no entanto, depois de conhecê-lo e me relacionar com ele, do que eu poderia reclamar?

Arrebatava-me na cama, era um sedutor nato, mas não tinha me obrigado a fazer nada que eu não quisesse nem se desfeito de mim.

Seu sorriso me derretia por dentro, seu toque e seu beijo me levavam à lua, o desejo que eu sentia por ele era absurdo, cada vez mais incontrolável.

Ficava louca para me soltar, explorar minha sexualidade recém descoberta, me entregar na cama sem reservas. Mas era impossível.

No fundo, eu esperava o pior dele e de todos os homens. Esperava escárnio, traição, sofrimento.

E se estivesse preparada, nada daquilo me pegaria desprevenida. Por isso, toda atenção com Alfonso era pouca.

Talvez meu pensamento tivesse sido forte demais, pois como se fosse possível materializá-lo, eu o vi a poucos metros de mim, chegando e sendo cumprimentado por algumas pessoas em outra barraca.

Sorria com aquele seu jeito charmoso, muito a vontade, obviamente uma pessoa que conseguia amigos com facilidade.

Fiquei imóvel, meus olhos fixos nele, que não tinha me visto.

Sentou-se com o pessoal da mesa, dizendo algo, fazendo algumas pessoas rirem.

Usava jeans e blusa preta, levemente justa no peito, o que modelava seus músculos e ombros largos. O cabelo, como sempre, desalinhado.

As mulheres da mesa ficaram logo alvoraçadas, pude perceber, o que me incomodou muito. Sorriam, jogavam charme, puxavam assunto.

Notei os olhares para ele e me dei conta que poderia estar saindo com algumas delas ao mesmo tempo que transava comigo. Afinal, não tínhamos nada sério. E devia ser um baita de um mulherengo.

Dei-me conta de minha irresponsabilidade em transar com ele sem camisinha, em ter acreditado que assim só comigo, com todas as outras se protegia.

Não entendi por que fiquei tão irritada ao perceber como atraía as mulheres e que algumas da mesa eram realmente bonitas. Bem mais do que eu.

E tudo piorou quando a bela morena da noite anterior, que parecia índia e tinha dançado com ele, se aproximou.

Foi cumprimentada por todos, sorriu e fez questão de se abaixar, segurar os ombros de Alfonso e beijá-lo no rosto. Assim como fez questão de se sentar na cadeira ao lado dele.

Começaram um papo animado e ele sorria, observando-a enquanto falava.

Desviei os olhos, com raiva, mas lutando para me controlar.

Tentei me concentrar em Nate e virei, para ver se queria beber alguma coisa.

Percebi que estava sério, olhando também na direção de Alfonso.

Falei baixo:

— É aquele escritor que encontramos na livraria...

— Eu sei.

Sondei até onde sabia sobre Alfonso.

— Você o conhece, Nate?

— Sim.

— Fala com ele?

O menino desviou o olhar, fitando as crianças. Seu semblante estava fechado, pensei que nem responderia. E achei melhor deixar mesmo para lá.

Mas ele disse:

— Falei com ele duas vezes. Aquela na livraria e outra um tempo atrás, num restaurante.

— Ah, é? Ele que veio falar com você?

— Não. Tinha ido fazer compras com Matias e Elisa e paramos para almoçar. Eu o vi em uma mesa e fui falar com ele.

Fiquei curiosa, olhando-o.

Por fim, lançou-me um olhar, na dúvida, como se ainda não soubesse se podia confiar inteiramente em mim.

Não insisti.

Mas ele explicou:

— Alguns meninos na escola implicavam comigo. E diziam que minha mãe tinha muitos namorados. E que estava namorando sério com o senhor Alfonso, o escritor.

Fiquei chateada por causa dele, com raiva de Letícia por expô-lo daquele jeito, e de Alfonso, por colaborar com aquilo.

Engoli a irritação, apenas esperando.

— Eu já o tinha visto por aí, todo mundo sabe que é famoso. E aquele dia, no restaurante, fui falar com ele.

— Falar o quê?

— Pouca coisa. — deu de ombros, como se não fosse importante, mas apenas disfarçava. — Disse a ele que minha mãe era casada e que meu pai ainda estava vivo. E pedi que se afastasse dela.

Fiquei quieta, prestando atenção. Então entendi.

Por isso Alfonso terminara seu caso com Letícia. Ela sempre tinha reclamado que não sabia por que e que tinha sido de repente.