Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo 9 - Amor & Tristeza

Anahí

Naquela segunda-feira, Nate me evitou. Não quis falar comigo e ficou dentro do quarto.

À noite eu já estava desesperada. E insisti, batendo em sua porta.

Por fim ele abriu e entrou de volta, sem me olhar.

Entrei, cuidadosa, fechando a porta atrás de mim.

Foi para a beira da cama e voltou a jogar Xbox, me ignorando.

Cautelosa, sentei na outra ponta.

— Ainda está chateado comigo?

Não me olhou nem respondeu.

Eu entendia como se sentia. Tinha tido minha atenção naqueles dias e se acostumara. Passara a confiar em mim, a esperar que estivesse disponível para ele.

De repente, eu ficava longe a manhã toda e não conseguiu falar comigo. Então juntou tudo. E o resultado era aquele.

— Queria pedir desculpas, Nate. Devia ter falado antes para você que eu ia precisar sair, assim não ficava preocupado.

Continuou sem falar, mas reparei que se mexeu, incomodado, piscando.

— Estou perdoada? — insisti. — Nate...

Deu de ombros.

— Posso jogar com você?

Finalmente ganhei sua atenção.

Desconfiado, virou o rosto para mim e me encarou, bem sério.

Lembrei de Alfonso dizendo aquela tarde que tinha ficado impressionado de como Nate parecia mais velho.

Era o seu olhar.

— Você tem um namorado?

Fiquei sem saber o que dizer.

Não queria chateá-lo nem preocupá-lo, mas também não queria mentir.

Ele precisava confiar em mim.

Busquei ser sincera, mas o mais delicada possível.

— Não é meu namorado. É uma pessoa que conheci aqui e que hoje me levou para conhecer a Ilha. Um amigo.

Fiquei com muito medo que perguntasse quem era. Mas ele se preocupou com outra coisa:

— Vai sair sempre com ele agora?

— Não. Prefiro sair mais com outra pessoa. — sorri para ele. — Um garotinho que conheço e que também conhece muito a ilha.

Desviou o olhar, tentando disfarçar, mas querendo sorrir satisfeito.

— Olha, me desculpe mesmo, por preocupar você. Não foi a minha intenção. Para me redimir, que tal se a gente fizesse alguma coisa agora?

— Não, já está de noite. Mas amanhã...

— Então, amanhã nos divertiremos muito juntos. Podemos ir ao cinema à tarde de novo, o que acha?

— Tudo bem.

— Vai dormir agora?

— Daqui a pouco.

— Então, temos tempo para uma partida nesse seu jogo? Tinha prometido que ia me ensinar.

— Se você quiser...

— Eu quero.

— Certo.

Ficamos quase uma hora jogando e no final ele já ria, pois me ganhava toda hora.

Quando ficou com sono, eu o pus na cama e, na hora de beijá-lo, abracei-o forte.

Ele ficou quietinho e murmurei:

— Nunca vou deixar você, Nate. Prometo.

Acariciei seu cabelo e beijei de novo sua cabeça.

Quando saí, apaguei a luz do quarto e fui para o meu, onde me sentei na beira da cama, pensativa.

Estava aliviada por Nate ter se acalmado, mas me arrependia muito de não ter falado com ele que ia sair.

Precisava ser mais cuidadosa, ainda mais levando em conta o que estava passando naquela casa, com a doença do pai e o desprezo da mãe.

Mas não dava para me arrepender do dia maravilhoso que passei com Alfonso. Tinham sido momentos únicos, inesquecíveis, primorosos.

Caí deitada na cama, com mil borboletas voando na minha barriga, o coração já agitado com as lembranças.

Nunca pensei que um homem pudesse ter tanto poder sobre mim, mas era assim que acontecia.

Eu estava completamente apaixonada por ele. E isso era amedrontador.

Lembrei da minha mãe, de como se acabou quando foi traída e abandonada por meu pai. Nunca esqueceu nem refez sua vida com mais ninguém.

Eu tinha me decidido nunca me apaixonar e agora me sentia perdida, sem saber o que fazer. Tinha chegado a um ponto que não dava mais para recuar.

Enquanto era só sexo e eu desprezava Alfonso, conseguia me proteger. Mas depois de conhecê-lo, de saber da sua vida, eu tinha caído completamente de quatro.

Sentia meu coração sangrar só de imaginar Alfonso pequenininho e sozinho em um orfanato.

Pensava em Nate, como ficava satisfeito quando eu o cobria e beijava antes de dormir.

Alfonso nunca teve aquilo.

E quando conseguiu formar a família que desejava, havia aquele problema com ele e a filha nascia doentinha e não sobrevivia.

Era muito triste. E algo que não dava para mudar. Ele teria que conviver com o fato de nunca poder ter seus filhos.

Aquilo mudou completamente a visão que eu tinha dele.

Não era um vida fácil, mulherengo, nem um cachorro egoísta.

Tinha respeitado Nate. Me tratava bem. E passou momentos difíceis na vida.

Além de tudo, lindo de morrer, gostoso até dizer chega. Como resistir a um homem assim?