Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

No final das contas, acabei ficando lá mais tempo. Não tinha jantado e Alfonso me convenceu a comer com ele.

Depois ficamos no terraço e Kafka se aproximou de mim. Era um cachorro manso, preguiçoso, que adorava atenção. Fiz carinho nele e não saiu dos meus pés, enquanto acariciava sua cabeça e ele cochilava.

Falamos sobre banalidades, mas aquilo não importava. O que contava era a sensação boa de estarmos na companhia um do outro, relaxados, curtindo, aproveitando.

Não sei se era impressão minha, mas Alfonso também se sentia à vontade.

O modo como me olhava, penetrante e carinhoso ao mesmo tempo, abalava todas as minhas estruturas. Fazia com que me sentisse querida e bem vinda, sem vontade de ir embora.

No entanto, tinha minhas responsabilidades.

— Preciso ir, Alfonso.

— Ainda é cedo...

— Muita coisa pode acontecer enquanto estou aqui. Hoje foi uma confusão lá, por que saí.

Tão logo falei, me arrependi.

— Mas por quê?

— Nate ficou preocupado, não me achou em lugar nenhum nem conseguiu falar no meu celular. Ele está muito sensível com a doença do pai. Então se sentiu abandonado.

— Mas Letícia não estava lá?

— Estava.

Alfonso observou-me um pouco, recostado na espreguiçadeira da varanda, sobre algumas almofadas.

Usava uma simples blusa de malha azul, mas parecia ainda mais lindo e sensual, como se fosse possível.

— Já tinha reparado que ela quase não fala do menino. — ele comentou.

— É... A relação deles é difícil. — foi tudo que expliquei.

Mas ele era inteligente e, mesmo minha irmã com certeza tendo sido sedutora e não mostrado seu pior lado, tinha notado que não era exatamente uma mãe carinhosa.

— E tudo piora com a doença do pai.

— Vocês estão se dando bem?

— Agora, sim. Mas Nate é muito desconfiado. Por isso não quero magoá-lo.

— Ele sabe que estamos nos vendo?

— Sabe que tenho saído com alguém. Hoje perguntou se eu tinha um namorado.

— E o que disse? — olhava-me, atento.

— Que tinha um amigo e que fui conhecer a ilha com ele.

— Sabe que sou eu?

— Não. Não perguntou e também não disse nada. Ainda mais levando em consideração o histórico de vocês. — eu me mexi desconfortável no sofazinho em frente a ele.

— Eu entendo. — Alfonso acenou com a cabeça.

Seus olhos verdes estavam bem acesos, como que ordenando que os meus não se desviassem.

— Mas o que sou para você, Anahí? Um amigo, um namorado, um companheiro de foda?

Senti meu rosto esquentar.

Tive medo que visse o que era para mim.

O homem mais importante da minha vida, meu primeiro e único amor.

Aquele que me invadiu de uma maneira tão potente e intensa que não havia mais como voltar atrás.

Sentimentos puros e profundos se expandiam dentro de mim, mas todos eles permeados pelo medo.

Medo de me expor, de sofrer, de confiar e ser traída, de ser de alguma maneira ridicularizada.

E ao mesmo tempo, uma alegria inimaginável, pois sentia aquilo e era maravilhoso tudo que despertava em mim, era extraordinário estar ali em sua presença, poder beijá-lo e senti-lo, tocá-lo, receber o seu olhar.

Era muita coisa ao mesmo tempo, principalmente para mim, que vivi privada de amor por tantos anos... Por uma vida inteira.

— Eu ainda não sei... — fui sincera. — É a primeira vez que me relaciono assim com um homem. — não desviei meu olhar, criando coragem. — E eu? O que sou para você, Alfonso? Mais uma para passar o tempo?

— Não diga bobagem!

— Letícia sempre disse que era um mulherengo...

— Pelo que me lembro, disse que ela não falava de mim. — sorriu devagar.

Se ele soubesse...

— Pouca coisa. Mas não me respondeu.

— Vem aqui, sente perto de mim que eu respondo.

— Alfonso...

— Vem. — bateu na espreguiçadeira, perto de onde estava recostado.

Seu olhar era quente, profundo, pesado.

Senti meu coração disparar.

Sabia o que queria, cada canto dele parecia possessivo, pronto para me tomar.

Era um homem viril, apaixonado, que não se escondia.

E eu estava cansada de me esconder. Sem forças para isso.

Criei coragem e tirei a camisa dele que vestia, ficando só de calcinha e sutiã.

Antes que me levantasse, sua voz me deteve.

— Tire tudo e venha aqui.

Sempre me envergonhei de mim mesma. Muito alta, muito magra, o patinho feio da família.

Nunca, em meus sonhos mais loucos, eu me despiria para um homem por livre e espontânea vontade, me expondo sem reservas.

Mas Alfonso já tinha me visto nua várias vezes. E seu desejo por mim tinha sido real. Por isso me sentia mais confiante e arrojada, mais feminina do que nunca.

E em uma prova de confiança que talvez ele nem notasse, levei as mãos às costas e abri o fecho do sutiã.