Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

— Vai ficar difícil a gente se ver nos próximos dias, mas...

— Vamos dar um jeito.

— Tá bom.

— Está bem mesmo?

— Sim. Tenho que ir.

— Não esqueça, estou aqui, se precisar.

— Não vou esquecer.

— Um beijo, Anahí. Cuide-se.

— Você também.

Desliguei com o coração cheio de saudade, mas realmente mais leve só por ter falado com Alfonso.

O velório e o enterro receberam muitas visitas.

Joaquim era natural da Ilha e muito conhecido e querido pelas pessoas. Muitos foram lá se despedir dele.

Fiquei o tempo todo com Nate, durante o enterro. Ele chorou muito, baixinho, deixando que eu o confortasse.

Enquanto isso, toda de preto, Letícia fazia o papel da viúva triste, recebendo pêsames, estampando no rosto uma expressão de tristeza.

Eu só conseguia sentir desprezo por ela. E me mantinha longe.

Nem por uma vez se aproximou do filho ou perguntou como ele estava. Era como se Nate nem existisse. Mas ele percebia e a olhava disfarçadamente de longe.

Meu coração se apertava por ele, por ser obrigado a passar por aquilo e ainda saber que era desprezado pela própria mãe.

Quando tudo acabou, levei-o para casa em meu carro.

Passamos o dia juntos. Foi triste, mas ao menos meu sobrinho parecia mais conformado.

No dia seguinte, encontrei Letícia no café da manhã em casa, e entendi o motivo quando me sentei à mesa e ela explicou:

— Hoje o advogado de Joaquim vem aqui ler o testamento, às nove da manhã.

Eu a ignorei, servindo meu café.

— Você precisa estar presente. Escutou, Anahí?

— Por quê? — encarei-a com frieza.

— Ele pediu que eu, você, Nate, Matias e Elisa estivéssemos presentes. Com certeza Joaquim citou vocês no testamento. — não parecia muito animada com isso. — E tem mais. A transferência de guarda de Nate para você já está correndo e foi aprovada. Falta só mais alguns trâmites legais.

— Tudo acontecendo como você planejou, não é? — indaguei com desprezo.

— Felizmente. Se tudo continuar assim, posso viajar no fim do mês. — pouco ligava para a minha opinião.

Perdi até a fome. Tomei apenas um café puro e saí da mesa.

Na leitura do testamento, reinava um grande silêncio na Biblioteca, só quebrado pelo advogado que lia os termos técnicos do testamento.

Sentada ao lado de Nate, eu só me preocupava com ele, muito pálido e abatido.

Por fim, o advogado começou a usar uma linguagem menos formal e começou a explicar o conteúdo do testamento antes avisando que tudo era legal e não podia ser questionado, pois foi baseado na vontade de Joaquim enquanto ainda estava dentro de suas faculdades mentais, com laudos médicos sobre isso.

— Para os fiéis empregados, Matias e Elisa, Joaquim deixou uma quantia de 400 mil reais, além de um salário fixo e justo, que não pode ser rebaixado, até que se aposentem. E residência fixa na fazenda, até quando desejarem.

— Oh, seu Joaquim... — Elisa se emocionou e o marido apertou sua mão, ambos agradecidos. — Mas nem precisava!

Letícia respirou fundo, irritada.

O casal agradeceu mais uma vez e se retirou da sala.

O advogado continuou:

— Sessenta por cento dos bens e propriedades ficam para seu filho Nate, que receberá o montante em dinheiro quando fizer 18 anos, mas terá uma boa parte disponível para si, que cobrirá todas as suas necessidades, além do lucro da fazenda.

— Espere aí! Sessenta por cento?! Mas sou a esposa, tenho direito a cinquenta por cento! — reclamou Letícia, furiosa.

— O casamento não foi em comunhão total de bens, mas parcial. E nada foi construído depois dessa data. Os bens e propriedades já eram de seu marido antes disso. Então, legalmente, não tem direito a cinquenta por cento.

— Mas só quarenta?! Isso é um absurdo!

— Na verdade, trinta por cento. — explicou o advogado, fazendo-a empalidecer. — Dez por cento ele deixou para sua cunhada Anahí Portilla, que além de tudo receberá uma ótima mesada mensal para ficar na fazenda e ajudar na criação de Nate.

— O quê?! — possessa, minha irmã só faltava cuspir fogo.

— Eu não quero. — falei friamente. — Tenho meu próprio dinheiro e trabalho.

— Mas tia... — Nate me olhou com medo. — Você disse que ia ficar aqui!

— E vou ficar. Mas não preciso de mesada ou herança.

— Receberá assim mesmo, senhorita. É a vontade de seu cunhado. O que vai fazer com o dinheiro, aí fica a seu cargo.

— Eu sou a esposa! — rebateu Letícia.

— A quantia deixada para a senhora é muito alta, não se preocupará com dinheiro pelo resto da vida.

— Mas quero 50%, não trinta! Onde esse homem estava com a cabeça?! Eu vou recorrer!

— Pode tentar, mas só perderá tempo e dinheiro.

— E tempo é algo que você não tem, não é, Letícia? — perguntei, fria.

Olhou-me, cheia de raiva.