Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Pareceu se dar conta que não havia mais o que fazer. Se brigasse, só perderia mesmo. Inclusive não poderia ir para a Alemanha com seu amante rico.

Por fim, engoliu a raiva. Mas ainda queria espalhar seu veneno, colérica pelo filho ter tirado parte do que achava que lhe pertencia. 

— Pelo menos vou me livrar de todos vocês. Nate, já foi avisado que ganhou uma nova mãe?

O menino a olhou, confuso.

Eu disse rapidamente:

— Isso não é assunto para se discutir agora.

— Mas por que não?

— Ele acabou de perder o pai!

— Mas ganhou uma mãe carinhosa e dedicada! Isso não é ótimo?!

Eu me levantei, dando a mão para meu sobrinho.

— Vamos sair daqui.

— O que ela está dizendo? — perguntou.

— Eu vou para a Alemanha. E passei a sua guarda para Anahí. Não dá para ficar feliz?! Eu estou! Nunca mais vou ter que aturar sua malcriações! Nem ver você...

— Cale essa boca! — furiosa, fui até ela.

— O que é?! — se levantou, revoltada, querendo descontar sua raiva em alguém. — Vai querer me bater de novo?!

— Eu quebro você toda, sua maldita! Fale de novo assim com Nate para ver! Vai para a Alemanha sem um dente nessa boca!

— Senhoras... — o advogado se aproximou, nervoso.

Letícia ficou quieta, como se visse que eu estava por um fio. Por fim, deu de ombros e recuou.

— Vocês que se divirtam aqui. Eu mereço coisa melhor. — e saiu da sala.

Precisei de um tempo para me acalmar.

O advogado acabou se despedindo, garantindo que estava à disposição para qualquer dúvida ou informação.

Eu e Nate ficamos sozinhos na sala.

Fui até ele, preocupada, sentando-me ao seu lado.

— Eu queria conversar com você antes, explicar tudo. Mas...

— Eu já sabia que ela nunca gostou de mim. Falei isso para você.

Eu o observei.

Não estava chateado como pensei, mas até calmo.

— A culpa não é sua. É dela. Por que é uma mulher fria e vazia, que não ama ninguém.

— Sei disso, tia. Meu pai me amava. E você...

— Eu também te amo. O que falei antes é verdade, Nate. Vou ficar aqui. Vamos ser uma família. E não pense que faço isso pela mesada ou o dinheiro que seu pai deixou para mim. Não quero nem tocar nisso. Vou ficar por sua causa, por que amo você e vou me sentir muito feliz e honrada se me deixar participar da sua criação.

Ele abaixou a cabeça. Por fim, me olhou, sem raiva, sem desconfianças.

— Eu quero que você fique, tia. Quero muito. Prometo que nunca mais fico reprovado na escola, que não vou comer como um porco e que...

— Ei, não diga isso! Você não come como um porco. Não é nada do que sua mãe falou. — puxei-o para mim e o abracei com força, sentindo lágrimas nos olhos. — É um menino lindo, especial, que só fez bem para a minha vida. Vamos aprender juntos, sempre juntos. Combinado?

— Combinado.

Ficamos em silêncio. Por fim, afastei-me um pouco e sorri para ele.

Nate parecia um pouco preocupado.

— O que foi?

— E o seu namorado?

— O quê?!

— Aquele, com quem saiu para conhecer a Ilha.

Fiquei cautelosa.

— Um amigo. — corrigi. — O que tem ele?

— E se ele não gostar de mim?

— Isso não vai acontecer.

— Mas e se acontecer?

Percebi seu medo, sua desconfiança de que eu poderia abandoná-lo se surgisse outra coisa melhor em minha vida, ou outra pessoa.

— Você vai vir sempre em primeiro lugar, Nate. Sempre. — garanti.

Ele concordou com a cabeça.

Então veio a pergunta que eu temia.

— Quem é ele?

Fiquei sem saber o que dizer.

Se eu mentisse e descobrisse depois, ficaria com raiva e não acreditaria mais em mim. Mas como contar a verdade?

Tentei um meio termo.

— Por que não deixamos isso para depois?

— Eu não posso saber?

— Pode, mas... Talvez não entenda...

— Então me diz quem é.

Fiquei sem saída.

Criando coragem, disse baixo:

— Meu amigo é Alfonso. O escritor.

Nate ficou surpreso. Arregalou os olhos.

— Mas ele... Ele foi...

— Eu sei...

Um clima estranho pesou entre a gente. Vi que se fechou mais, desviando os olhos.

Falei rapidamente:

— Somos só amigos. Não é nada sério.

Mentia, pois sabia o quanto para mim era sério e importante.

— Não precisa se preocupar com isso... E ele é um cara legal, Nate.

— Tudo bem.

— Mas você ficou chateado...

— Não.

— Olha, vamos deixar isso para lá por enquanto, está bem? Não precisamos nos preocupar com isso agora. Muita coisa aconteceu e não quero deixar você mais triste.

— Certo. Só estou cansado...

— Quer dar uma volta de carro?

— Não.

— Ir para seu quarto?

— Quero.

— Tá, vamos lá. Acompanho você.

E enquanto saíamos da sala, respirei fundo, rezando para que com o tempo tudo se ajeitasse.