Fanfic: Pecados e Desejos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Epílogo

Anahí

Alguns anos depois...

Eu estava na cama, meus braços em volta de Alfonso, ainda sonolenta quando ouvi um barulho do lado de fora do quarto, uma comoção.

Abri os olhos e ele se mexeu também, confuso.

— O que é isso? — indagou rouco.

— Não sei...

A porta se abriu e cinco pessoas entraram cantando aos berros:

— Parabéns pra você...

Eu sentei na cama, rindo.

Era meu aniversário de 41 anos e meus filhos entravam animados, com apitos, balões e bolo, em uma grande algazarra.

Alfonso sentou-se também, despenteado, sorrindo.

Se jogaram na cama, me agarrando e beijando, parecendo que eram vinte pessoas em vez de cinco, tamanho o barulho e a confusão que faziam.

Abracei e beijei todos, mas deixei o caçulinha de quatro anos, Aleph, em meu colo, pendurado no meu pescoço.

Tinha sido o último a ser adotado por nós, há um ano, após muitos maus tratos desde bebê e deixado de lado em um orfanato.

Devido aos pais terem usado muitas drogas, nasceu surdo e mudo. Era ainda tímido, assustado, mas aos poucos se soltava e se acostumava com sua nova família.

Acariciei seus cabelos escuros e ele ergueu o rostinho, sorrindo para mim, apertando-me forte.

— Hum, que gostoso... — beijei-o e apertei-o também.

Sorri para os outros, erguendo um dos braços para receber abraços e beijos, desejos de felicidade.

Nate depositou o bolo no canto e foi o último a se inclinar e me abraçar forte.

Fiquei com lágrimas nos olhos.

Era o mais velho, um rapaz alto, forte e lindo de 18 anos.

Murmurei:

— Isso foi ideia sua?

— De quem mais? — ele sorriu, beijando minha bochecha e piscou para Alfonso.

Virei para meu marido, cujos olhos verdes brilhavam em minha direção.

— Foi coisa sua também, né, Alfonso?!

— Você merece, minha linda. E agora é minha vez. — segurou meu cabelo e me deu um gostoso beijo na boca, enquanto as crianças riam e aplaudiam.

Acabamos rindo também.

— Vamos comer o bolo?! — Alana, aos dez anos, jogou-se na ponta da cama.

Era morena, cabelos cacheados compridos, grandes olhos mel. Muito bonita e sempre sorridente.

— Amo doces!

— E quem não sabe disso? — debochou Alice, sentando-se ao lado dela.

Era negra, alta e magra, com cabelos curtos e olhos luminosos. Tinha doze anos e estava conosco há sete.

As duas se davam muito bem e eram inseparáveis.

Tínhamos visto Alice no orfanato e ela chamou nossa atenção por ser simpática, despachada, inteligente.

Sempre que íamos lá, para levar brinquedos e roupas para as crianças, ela estava com um livro e passamos a levar vários exemplares diferentes.

Acabamos nos apaixonando por ela e entramos com o pedido de adoção. Coisa da qual nunca nos arrependemos.

Era carinhosa, amiga, companheira dos irmãos. Ávida por conhecimento, adorava fazer perguntas e passava horas conversando.

Ela e Alfonso falavam muito sobre literatura, e Alice garantia que seria escritora como ele.

Apesar de já ter vindo pra gente com cinco anos, quase seis, nos chamava de pai e mãe.

— Vamos sair para comemorar hoje, mãe? — Alan andou em volta da cama, até se jogar na outra beira perto de Alfonso, animado.

Farra era com ele mesmo. Era hiperativo e estava sempre buscando algo para fazer.

Loirinho, com olhos verdes que pareciam com os de Alfonso, tinha 10 anos.

Ele e os pais foram vítimas de um naufrágio há seis anos, junto com outras pessoas.

Os pais morreram e um dos tripulantes do barco conseguiu salvá-lo, mas com vários ferimentos, principalmente na cabeça. Foi parar no hospital e tive que operá-lo.

Acabei tendo muito contato com ele, me apaixonando e, quando soube que não tinha família e ia para o orfanato, conversei com Alfonso e entramos com o pedido de adoção.

Assim, nossa família foi formada.

Era muita confusão em casa, para tudo.

Para sair, para ir para a escola, na hora das refeições...

Tinha hora que eu ficava a ponto de enlouquecer com as brigas. Mas em outros me emocionava com a amizade deles, com o carinho que tinham entre si e por nós.

Alfonso era tão feliz que saltava os olhos.

Adorava enfiar todo mundo dentro da van e sair para passeios, ensinando a eles tudo o que sabia, tendo conversas, educando e amando como um pai deve fazer.

E eu era uma mãe plena e realizada, uma mulher bem amada, uma pessoa extremamente feliz.

Ali no quarto, enquanto eles falavam alto e riam, virei a cabeça e fitei Alfonso.

Ele me observava com um sorriso, com amor.

Meu coração bateu forte e falei baixinho:

— Sabe o quanto sou feliz?

— Sei. Eu sou igual.

Sorrimos um para o outro e ele acariciou o meu rosto.

Eu tinha uma família. Meus filhos e Alfonso.

Era muito, muito, muito feliz.

FIM