Fanfic: Atraves do portal | Tema: Avatar Korra

A primeira visão que Asami tivera do mundo espiritual fora um lindo e imenso jardim de flores violetas. Ela nunca tivera ideia de como era o mundo espiritual, mas dizem que a primeira impressão é a que fica, e sua primeira impressão era que aquele lugar era perfeito. As flores formavam um enorme tapete violeta, um pouco distante varias arvores sem folhas cercavam as duas. O céu estava escuro, pincelado com inúmeras estrelas. Luzes percorriam-no como se estivessem no meio da aurora boreal.

- É... lindo – disse Asami fitando aquele imenso céu – é sempre assim aqui? Digo, é sempre noite?

Korra olhava o céu também, mas depois voltou seu olhar para a companheira. Coçou a cabeça em duvida, não tinha certeza da resposta.

- Eu não sei Asami... já vi o sol muitas vezes aqui no mundo espiritual, mas sempre que estive nessa parte era noite... então... não sei.

Depois disso Korra ficou sem graça. As duas perceberam ao mesmo tempo que ainda estavam de mãos dadas. Tímida e receosa Korra acariciou os dedos de Asami, sua pele era macia e delicada, bem diferente da de Korra que era musculosa, bem musculosa para uma garota. Apesar disso ela não deixave de ser feminina e atraente como são as mulheres em geral.

Asami corou, mas retribuiu ao carinho. Ficaram assim por alguns segundos, aproveitando apenas o toque uma da outra ate que discretamente e com muita educação Asami recolheu sua mão. Um clima estranho pairou sobre as duas. Nenhuma delas sabia como retomar a conversa.

- Então como esse lugar se chama? – perguntou Asami sem conseguir esconder a fascinação e a animação. O mundo espiritual era tão lindo que lhe parecia surreal.

- Não sei – respondeu Korra dando de ombros. Ficou um pouco desapontada consigo mesmo por só responder aquilo. Queria ter uma resposta melhor para dar – se alguém mapeou o mundo espiritual esqueceu de me avisar.

- Então eu irei mapear. Eu Asami Saito nomeio esse lugar como jardim das violetas – disse Asami balançando seus longos cabelos negros. Korra sempre achara aquele gesto tão elegante e sensual. Não podia mais fazer o mesmo, pois cortara os cabelos, mas mesmo que ainda os tivesse longos sabia que não faria o gesto com a mesma graça e elegância que Asami.

Korra achou um bom nome, simples, mas com estilo. Asami se aproximou dela, as mãos unidas em forma de V. Ela vestia uma roupa longa com luvas e botas e trazia nas costas uma pesada mochila, seus cabelos estavam presos por um uma fita. Quanto a Korra ela usava a roupa clássica da tribo da água do sul, carregava também uma bolsa, mas muito menor do que a de Asami.

- Um bom nome. Vamos dar uma volta, tenho certeza que tem mais um monte de lugares ao qual você adoraria nomear.

E elas foram. Korra já havia ido ao mundo espiritual varias vezes por isso não ficara tão impressionada quanto Asami, mesmo assim não havia deixado de admirar a beleza daquele lugar. Elas seguiram adiante ate as arvores, elas não tinham folhas, mas alguns pássaros de cores variadas estavam pousados em seus galhos, com longas caudas e pescoços. Asami parou para admira-los, mas eles voaram para longe. Ela ficou a observa-los ate sumirem de vista.

Continuaram andando, a paisagem mudou com o tempo, como um livro de gravuras ao se virar a pagina. As arvores se foram e uma grande planície com grama verde se mostrara para as duas. Ao longe era possível ver grandes montanhas. O céu deixara de ser escuro e aos poucos tomou tonalidades mais claras. Apresentava-se em um agradável azul anil, sem nuvens. Espíritos com corpos translúcidos em forma de serpente com asas pairavam a apenas alguns metros do chão. Eles olhavam de forma curiosa para as duas, pareciam querer dizer ou perguntar algo, mas se iam sem dizer nada. Alguns ficavam dando voltas ao redor delas, mas depois também se iam.

- Eles não gostam da gente? – perguntou Asami sentindo-se levemente culpada. Não havia feito nada de errado, mas sabia que era uma estranha no mundo deles.

- Acho que isso é mais por causa de você do que de mim Asami – respondeu Korra rindo despreocupada. Essa pergunta ela sabia responder, não teria que dizer outro “Não sei” – mas não ligue eles só estão surpresos com você aqui. Também olhavam torto para mim no começo, mas como eu sou a avatar acabaram se acostumando rápido comigo. Vão se acostumar com você também, só acho que ira demorar um pouco mais.

- Eu gosto deles, são tão lindos.

- É, mas não se deixe enganar, nem todos os espíritos são tão fofos quanto esses.

Continuaram a andar, seguiram em direção a montanha por muito tempo, mas ali no mundo espiritual era difícil ter uma noção do tempo. Ele não parecia passar, ou, se passava, não era da mesma forma que no mundo físico.

Quando cansaram resolveram parar e descansar. Korra deitou-se na grama com a barriga para cima e Asami sentara-se ao seu lado abraçando os joelhos. Elas deixaram as mochilas no chão e Korra retirou duas maças da sua, algo que havia trazido da cidade da republica. Mordeu uma das maças e ofereceu a outra para Asami.

- Obrigada, eu também trouxe algo para comermos, podemos dividir depois.

Korra imaginou que se tratando de Asami seria uma comida muito mais sofisticada do que simples maças. Asami era o tipo de garota rica que sempre tivera tudo, mas não era do tipo mimada, embora fosse assim que Korra a visse no começo. Asami era sempre elegante, com classe, mas era também uma guerreira forte e independente. Mesmo sem ser uma dobradora ela lutara contra os equalist´s de Amon, guerreiros que usavam da tecnologia e do bloqueio de chi para se equiparar e ate superar os dobradores. Asami não se unira aos equalist´s, como seu falecido pai, mas adotara suas armas tecnológicas.

Além dos equalist´s Asami também enfrentara Zaheer e os membros da lótus vermelha, e os subordinados de Korvira. Korra pensava em tudo isso enquanto admirava a companheira. Asami não notava que estava sendo observada, estava distraída demais olhando um grupo de espíritos que voava ao longe, no horizonte.

- Aqui é tão calmo Korra. Eu estive sempre acostumada a viver cercada de tecnologia que esqueci de como era bom estar na natureza. Na cidade da republica eu tenho arranha-céus ao invés de montanhas, e as arvores são tão poucas... bem, tem os parques e as praças claro... e o zoológico – Asami contava nos dedos cada um dos locais – e... o bosque dos espíritos também. Não estou dizendo que isso é pouco, mas nada se compara a estar aqui não acha?

Ela olhou para Korra e então percebeu o quanto a amiga a observava. Korra corou e desviou o olhar, tentou dizer algo, mas não sabia o que dizer então apenas ficou em silencio.

Asami se aproximou discretamente ficando sentada bem ao lado da amiga. Com delicadeza segurou umas das mãos de Korra que surpresa e envergonhada virou o rosto para fita-la.

- Esta pensando em nós, certo? – perguntou Asami fitando-a demoradamente, aquilo só deixava Korra mais envergonhada, seu coração acelerara um pouco. Ela ficou feliz de ter sido a Asami a tocar no assunto, pois não tinha coragem para fazê-lo.

- É sim... em nós... quero dizer existe “nós” certo? – perguntou insegura. Já fazia algum tempo que descobrira que tinha sentimentos por Asami, mas embora estivesse claro para ambas que se gostavam elas nunca avançaram no relacionamento além de abraços e demonstrações de afeto. Nunca haviam se beijado, nem mesmo um selinho.

Asami segurou a mão de Korra com as duas mãos e sorriu com carinho para a companheira o que deixou Korra ainda mais sem jeito.

- Claro que existe “nós” Korra. Eu sei que é difícil para você lidar com isso, comigo também é. O que sinto por você é algo que me surpreendeu no inicio, mas acredito que tudo veem a sua hora. Nosso amor foi se construindo aos poucos, primeiro éramos apenas amigas, depois esse sentimento foi crescendo ate se tornar o que é hoje e sei que ele ainda vai crescer muito mais. Ainda somos jovens e embora sejamos independentes e fortes ainda não somos maduras no amor. É isso que eu acho. Não precisa ter pressa Korra, só daremos o próximo passo quando estivermos prontas, as duas. Acho que essas férias servirão para isso sabe? Para ficarmos a sós e podemos pensar nesse “nós”.

Korra deu um sorriso abobalhado, era estranho se entregar assim a uma pessoa, dividir sua vida com ela. Asami correspondeu ao sorriso e acariciou a mão da companheira.

- Nossa... você é boa com as palavras Asami... eu... eu não sou muito boa com isso de sentimentos sabe? Não é porque nós duas somos mulheres! – apressou-se em explicar rapidamente – mesmo com Mako eu tinha dificuldades em me abrir, em me entregar... com você é mais fácil, mais natural, mas não deixa de ser difícil entende?

Asami entendia e ficava feliz pela companheira se sentir mais confortável em falar de sentimentos com ela do que com a maioria das pessoas. Quando Korra havia ficado doente por causa do veneno de Zaheer, voltara para casa e contara apenas a Asami sobre não conseguir entrar mais no estado avatar. As duas eram confidentes, confiavam uma na outra e isso era essencial em qualquer relação.

Lentamente e muito sem jeito Asami inclinou o corpo aproximando o rosto do de Korra. A primeira reação de Korra foi de surpresa e de medo, sentiu um frio na barriga, mas não conseguiu fazer nada. Asami aproximara bem o rosto do dela, os lábios quase se tocando. As duas se fitaram longamente, tão próximas estavam que podiam sentir a respiração uma da outra. Se demoraram a encarar-se por longos segundos, admirando uma a beleza da outra, e então Asami fechou os olhos, venceu a distancia que as separava e beijou Korra.

Não foi um beijo avassalador, nenhum beijo louco de desejo. Os lábios apenas se tocaram sutilmente, uma delicada caricia, mas nem por isso ausente de sentimentos. O coração de Korra acelerou ainda mais, se ela não estivesse no chão teria caído tamanho fraquejara com aquele beijo que lhe tirara as forças, curto, delicado, mas não menos intenso. Asami sentira-se completa com aquele beijo, era a concretização dos sentimentos de ambas. Aquele ato dizia mais que mil palavras poderiam descrever.

Asami terminou o beijou e afastou-se lentamente. Elas estavam muito vermelhas, mas sentiam-se revigoradas. Korra levantou-se ficando sentada bem ao lado de Asami, ombro com ombro.

- Isso... foi muito bom – disse vermelha sorrindo para a companheira – então... somos namoradas agora?

Asami corou ainda mais e olhou timidamente para Korra.

- Eu ia te fazer a mesma pergunta – respondeu com um riso delicado, mas então voltou a ficar seria e respondeu com ternura – sim, somos namoradas.

Sem conseguir controlar-se Korra a abraçou. Elas apertaram-se em um abraço aconchegante e depois afastaram-se lentamente.

- Bem chega de descanso – disse Korra levantando-se cheia de energia – vamos continuar a explorar o mundo espiritual.

Asami concordou e levantou-se batendo as mãos na cintura para limpar-se da poeira. Voltou a pegar sua mochila, Korra fizera o mesmo.

- Para onde vamos? Esse lugar é enorme e é tão estranhamente fascinante que me confunde.

- Ei eu também fico confusa. Não é porque sou a avatar que devo ser uma especialista no mundo espiritual!

- Mas você é a ponte entre os dois mundos...

- Sim a ponte, a p-o-n-t-e. Ninguém nunca disse que eu era o mapa.

Asami riu dando de ombros.

- Sem problemas, eu posso ser o mapa. Ajudei a construir muitas das ruas e prédios da cidade da republica. Posso mapear o mundo espiritual também.