Fanfic: Atraves do portal | Tema: Avatar Korra
Os dias se passaram no mundo espiritual e a cada dia que passava Korra e Asami ficavam mais próximas. Não haviam se beijado mais, mas Korra frequentemente se lembrava do primeiro e único beijo das duas. As vezes, a noite, ela ficava acordada ate tarde pensando naquilo. Tocava seus lábios tentando sentir novamente o gosto dos lábios de Asami.
Mas o relacionamento delas avançava lento, ou melhor, como a própria Asami dissera, avançava no ritmo certo. Elas conversavam todos os dias, e durante a noite, trocavam caricias.
Muitas vezes saiam para explorar o mundo espiritual, era o que elas mais gostavam de fazer. Conheceram inúmeros lugares incríveis, e não demorara muito para que os espíritos se acostumassem com Asami e se afeiçoassem a ela, da mesma forma que já eram afeiçoados a Korra.
Em uma dessas manhas, Korra havia sugerido que fossem para o leste e lá adentraram em uma grande e densa floresta. No começo a caminhada fora interessante, muitos espíritos as rodeavam, tinham uma forma que lembrava a mistura de fadas com dragões, seu tamanho era o de pombos.
Quanto mais adentravam porem a mata se fechava mais. Começara a ter lodo no chão, e os espíritos fadas sumiram por completo. A floresta se transformara em um tenebroso pântano. Seres assustadores as espreitavam das sombras. Elas não conseguiam velos, mas ouviam seus rugidos baixos e sentiam que olhares de cobiça eram lançados contra elas.
- Korra não é melhor voltarmos? – perguntou Asami preocupada. Em seu braço direito já estava a sua arma pronta para ser usada, mas ela esperava não precisar chegar a esse ponto.
Korra ia a frente usava sua dobradura de ar para afastar os cipós que dificultavam o caminho. Ela sabia que o local era perigoso, mas algo a atraia naquele pântano. Ela não sabia o que, mas estava disposta a só sair dali quando descobrisse.
- Precisamos seguir Asami. Sinto que algo aqui quer minha presença.
- E esse algo é amigo ou inimigo? – perguntou Asami temerosa. Não era de temer lutas, mas estava em um pântano desconhecido, poderiam haver centenas de espíritos ali – já te passou pela cabeça que pode ser uma armadilha?
- Asami eu sou a Avatar e você é uma especialista em combate corpo-a-corpo e uso de tecnologia. Consegue imaginar que tipo de inimigo possa ser uma ameaça para nós duas juntas? – perguntou virando-se levemente irritada.
- Amon, Unalack, Zaaher e Korvira - respondeu contando nos dedos os inimigos que tinham – e olhe que eu nem citei o Meca-traje gigante.
Korra bufou irritada por Asami ter tanta razão. Queria sair dali tanto quanto ela, mas sabia que ficaria inquieta se não fizesse o que deveria. Foi então que se lembrou do aparelho de medição de energia espiritual que Asami tinha.
- Asami você trouxe aquele medidor de energia espiritual? – perguntou empolgada agarrando os ombros da namorada.
Asami tinha praticamente esquecido do aparelho, mas havia trazido-o consigo, estava dentro de um bolso. Ela o retirou e apontou em todas as direções tentando sentir de onde vinha a energia espiritual mais intensa.
- Hmmm...
- O que foi? Não achou nada? – perguntou Korra desapontada. O aparelho seria melhor guia que seu sexto sentido.
- Pelo contrario, achei muita coisa. A energia espiritual emanando de todo esse lugar, inclusive de você.
- É por causa de Raava – explicou Korra.
Asami ficou observando o aparelho por mais alguns minutos, apertava em alguns botões, dizia algo para si mesma. Korra não entendia o que ela estava fazendo, mas esperava que funcionasse. Após algum tempo Asami suspirou e falou não muito animada.
- Consegui isolar a frequência mais forte, quero dizer a mais forte depois da sua. Raava é um espírito poderosíssimo. A fonte dessa frequência veem do noroeste, não sei se é o espírito que você esta procurando, mas é meu melhor palpite...
Aquilo era mais que suficiente, as duas seguiram em frente guiadas pelo medidor de energia espiritual, que também servia como localizador. A sensação de que estavam sendo observadas não as abandonava, mas não conseguiam ver ninguém escondido entre as arvores do pântano. Talvez fosse mesmo só uma sensação e nada mais.
Depois de algum tempo de caminhada, passando por cipós, espíritos com formato de insetos gigantes, e quase afundando em lama, as duas chegaram em frente a um lindo lago. Era estranho ter um lago assim naquele lugar. Ao contrario do pântano peçonhento o lago tinha águas limpas e cristalinas. Grandes flores, semelhantes a flores de lótus, boiavam em sua superfície com suas pétalas abertas. Eram flores tão grandes que poderiam acomodar facilmente uma pessoa adulta deitada.
Submersos na água nadavam espíritos aquáticos com o corpo semelhante a de serpentes marinhas, mas que mediam apenas cerca de um metro. Asami e Korra não conseguiam velos nitidamente, mas seus vultos deslizando debaixo da água eram bem visíveis.
Era uma vista tão bela que elas esqueceram do que estavam procurando e puseram a admirar aquele lindo lago. Asami ajoelhou-se diante da margem e, fazendo uma concha com as mãos, levou um pouco de água aos lábios. Nunca em toda sua vida sorvera liquido tão puro.
- Asami, não sabemos se essa água é potável – disse Korra se aproximando. A verdade é que pensava em fazer o mesmo que a namorada. Levou seus dedos ate a água e tocou-a, era gelada, em uma temperatura agradável.
- Acredite Korra comparada a essa água, o que bebemos no mundo físico é que não é potável.
Korra fez o mesmo que Asami bebendo um pouco do liquido, ligeiramente temerosa. O gosto era maravilhoso. Korra sentiu algo de familiar naquela água, como se já houvesse bebido-a antes.
- É como a água da fonte sagrada no polo norte! – disse animada. Já havia bebido aquela a água na fonte do polo norte uma vez. Era sagrada porque nela residiram o espírito da lua e do mar.
O espírito da lua havia sido gravemente ferido a algumas décadas atrás, na época em que Aang ainda era jovem, durante um ataque da nação do fogo ao polo norte. Uma garota chamada Yue que tinha em si parte do poder do espírito da lua se tornara então o novo espírito da lua. Era uma linda historia. Korra não conhecia todos os detalhes, mas tinha certeza que Jinora sim.
- Como no polo norte deve ter um espírito aqui que doe sua energia a lagoa. Talvez por isso as águas permaneçam claras e cristalinas mesmo dentro desse pântano – disse Asami bebendo mais um pouco da água.
Asami sugeriu que elas dessem um mergulho e foi o que fizeram. Como não haviam trazido roupa de banho entraram como estavam mesmo. Asami retirou seu cinto com os explosivos, o medidor de energia espiritual e seu bracelete elétrico e os guardou cuidadosamente na margem. Elas entraram e se banharam.
As vezes os espíritos aquáticos passavam por debaixo delas, serpenteando entre suas pernas. Na primeira vez que isso aconteceu Asami soltou um grito de susto. Korra ficara tão assustada que estava pronta para dobrar a lagoa inteira contra o que tinha feito aquilo. Quando perceberam que era apenas um simples e inofensivo espírito caíram na risada.
- Desculpe, eu fui pega de surpresa – disse Asami ainda rindo observando o espírito se afastar dela.
Nesse momento Korra havia sentido o mesmo. Um espírito havia se enroscado em sua perna direita. Ela tremeu com o contato. A pele do espírito era oleosa e tão fria quanto gelo. Não era de se surpreender que Asami tivesse se assustado com aquilo.
- Eu sei... essas coisas assustam um pouco – respondeu tentando ignorar o espírito que continuava a se enroscar em suas pernas. Algum tempo depois ele finalmente se foi.
Ficaram se banhando mais um pouco. Asami tentou segurar os espíritos entre suas mãos. Passado o susto inicial havia achado-os bem fofos e tinha certeza que ficaria com saudades deles quando voltasse. Os espíritos erma ágeis e com suas peles escorregadias era quase impossível segurá-los. Korra tentou o mesmo, e depois de muitas tentativas conseguiu realizar a façanha.
- Aha! Veja isso Asami, mais uma vitoria para a Avatar! – disse vangloriando-se enquanto seu troféu debatia-se em suas mãos. O espírito tentava se libertar movendo-se de um lado para o outro, mas Korra estava fazendo um bom trabalho agarrando-o.
A vitoria porem não durou muito tempo. O espírito cuspiu algo azul e pegajoso no rosto de Korra e com isso a garota acabou se distraindo e o ele pulou de suas mãos indo direto para a água. Não demorou nem três segundos para que sumisse de vista.
- Desculpe Korra, mas acho que dessa vez você perdeu – Asami segurava o riso.
Korra ficou irritada, mas não tinha jeito, o espírito já havia sumido. Limpou o liquido pegajoso do rosto e continuou a se banhar. Depois de algum tempo elas se deitaram nas grandes flores, cada uma em uma, e ficaram descansando. Só então Korra parou para reparar na beleza de Asami. Ela sempre era bela, mas em momentos como aquele parecia ainda mais radiante. Estava deitada de forma despreocupada em sua flor, os cabelos molhados caiam livres e a expressão em seu rosto era tão inocente e leve que fez Korra ficar vermelha de vergonha. Com toda sua maquiagem Asami ficava linda, mas ao dispensa-la ela adquiria uma beleza mais leve e natural. A verdade é que Asami ficava linda de todas as maneiras.
- Asami... – começou a falar sem jeito, mas então calou-se. Não sabia ao certo como escolher as palavras. Sempre fora melhor com ações do que com palavras.
Asami estava de olhos fechados, quase dormindo. Aproveitava para sentir o calor do sol esquentando o seu corpo úmido. Ela abriu os olhos devagar e virou o rosto para a namorada, ainda permanecia deitada.
- O que foi?
- Nada é que... – ela ficou mais envergonhada. Ironicamente naquele momento ouviu a voz de Tenzin em sua cabeça. O mestre lhe falava daquele jeito erudita que só ele tinha dando mais um de seus conselhos fáceis de ouvir, mas difíceis de por em prática seja apenas sincera consigo mesma e com Asami, isso é o que precisam dizia Tenzin em sua cabeça.
Como Korra não dissera nada Asami ficou sentada. Uma sombra de preocupação surgiu em seu rosto.
- Algo errado? – perguntou delicadamente, mas sem conseguir esconder a preocupação.
- Eu... gosto muito de você Asami. Eu te amo – disse por fim. Aquelas três ultimas palavras haviam sido as mais difíceis que ela dissera em toda sua vida – eu não falo apenas de atração, mas carinho, amizade, companheirismo. Você se tornou uma pessoa indispensável na minha vida. Sempre me apoiou e me encorajou... eu sei que sou uma pessoa difícil de lidar as vezes. Sou impulsiva e acabo dizendo coisas ofensivas com as pessoas que gosto – Korra se sentara em sua flor também. Fitava seu reflexo refletido na água, não sabia ao certo se aquelas palavras eram para a Asami ou para ela mesma – eu não consigo imaginar como seria minha vida sem você. Sei que isso é muita dependência da minha parte...
Asami corou ao ouvir aquilo, a verdade é que sentia o mesmo em relação a Korra.
- Eu sei como é... também não consigo me imaginar longe de você. Quando meu pai morreu foi em seu ombro que fui chorar. Olhe Korra, eu tenho uma vida tão conturbada cuidando dos negócios que nem consigo pensar nos meus problemas pessoais, mas eles me afetam, e muito. O tempo que passamos juntas, mesmo quando apenas algumas horas, me fazem um bem que você não poderia imaginar. São esses momentos que me fazem aguentar minha rotina exaustiva – ela respirou fundo e sorriu com meiguice – o que quero dizer é que eu preciso de você da mesma forma que você de mim.
Dito aquilo elas ficaram apenas se fitando, apenas desfrutando do simples prazer que era estar perto da outra. Aqueles momentos como dissera Asami eram especiais.
- Vamos sair? – perguntou Korra, embora estivesse adorando ficar apenas fitando a namorada. A sensação que tinha algo chamando-a por ela naquele pântano porem a incomodava, era como se essa sensação martelasse em sua cabeça não deixando-a ficar totalmente em paz.
Asami concordou e elas saíram da água. Ela pegou o seu medidor de energia e guardou no bolso, estava para pegar seu sinto com os explosivos quando Korra se aproximou por trás tocando em seu ombro. Asami se virou. Korra estava serena, dizer aquelas palavras haviam lhe feito muito bem.
- Asami quando voltarmos a cidade da republica vamos contar a todos sobre o nosso namoro.
- Mas... tem certeza? – perguntou receosa – acho que seria bom esperarmos um pouco. Para nos prepararmos antes de dar a noticia. Você sabe que muitos não receberam bem e precisarão de um tempo para aceitar. Tenzin em especial.
- Quanto mais rápido eles souberem, mais rápido aceitarão – disse Korra com convicção.
Asami concordou com um aceno. Então ela viu que expressão de Korra mudar repentinamente, de um olhar calmo e inofensivo, para uma expressão de medo. Asami não teve nem tempo de entender o porque. Algo a agarrou por trás, pareciam galhos, e quando Asami virou o rosto deparou-se com uma criatura estranha e macabra. Era como um hibrido de homem com arvore. Todo o corpo era de madeira. Tinha uma aparência de um velho,pois a madeira era ressecada e contorcida dando traços que lembravam rugas em seu rosto. Raízes saiam de seus pés, e um monte de musgo pehajoso era seu cabelo e barba.
A criatura surgira em um piscar de olhos, e ela tinha Asami bem presa entre seus braços. Foi ai que algo mais estranho aconteceu. O corpo dela brilhou e seu brilho de uma luz verde clara se estendeu a ela como um veneno. A sensação era de estar sendo mergulhada em um profundo e gélido mar. Por onde o brilho passava os músculos de Asami relaxavam e ficavam com uma leve dormência.
Quando ambos estavam completamente envolvidos pela luz ela sumiu levando consigo os dois. Tudo isso durou apenas um segundo.
- Asami! – Korra gritou, mas era tarde demais. Não havia mais ninguém ali. Ela estava sozinha.
Korra olhou para os lados procurando algum sinal daquela criatura ou de Asami, mas não havia nada ali. Irada ela ainda lançou baforadas de fogo em todas as direções em uma frustrada tentativa de extravasar sua raiva
- Não se preocupe, ela não esta tão mal – disse uma voz atrás de Korra. Era uma voz arrastada e rouca. Korra virou-se realizando um movimento com os braços pronta para dobrar a terra, mas braços seguraram os seus antes que pudesse concluir seu movimento. Eram braços feitos de madeira retorcida.
-... não tão mal quanto você estará – completou a criatura e seu rosto de madeira se contorceu formando um sorriso malefico.
A criatura brilhou novamente estendendo sua luz para Korra da mesma forma que fizera com Asami segundos atras. Os dois sumiram em um feixe de luz esverdeada deixando apenas o lago calmo e silencioso.
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Korra sentiu o mundo rodar ao seu redor, e, em um piscar de olhos a lagoa havia sumido, em seu lugar estava apenas musgo e cipós, e uma muralha de arvores. A estranha criatura, que Korra sabia se tratar de um espírito da floresta, recuara e então ela pode observa-lo melhor. Não era tão horroroso quanto ela imaginara no primeiro momento, emb ...
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