Fanfics Brasil - Kamatari Contos: Samurai X

Fanfic: Contos: Samurai X | Tema: Contos


Capítulo: Kamatari

336 visualizações Denunciar


O sake a deixava um pouco tonta, mas quanto mais bebia, mais animada ficava. Era noite e Kamatari estava em uma taverna humilde no meio da estrada. Já fazia tempo desde que não era chamada para nenhuma missão e aquela monotonia estava deixando-a entediada. Shishio-sama poderia me chamar logo... talvez pudéssemos beber juntos! a idéia a deixava nas nuvens. Naquele momento porem a puxa-saco, megera e sem estilo da Yumi deveria estar bebendo com ele agora. Kamatari não entendia o que ele via naquela bruxa...


Para aliviar a frustração bebeu o resto do sake em um gole só. Kamatari era bonita, bem bonita. A maioria das pessoas a confundia com uma linda mulher, com sua pele delicada, voz afeminada, jeito charmoso e animado, mas na verdade era um homem (coisa a qual ela culpava diariamente Buda por tela feito nascer assim). Os cabelos pretos eram lisos e puxados para os lados formando duas mechas pontudas nas laterais.


- Ahhh Shishio-sama... como você pode se interessar por aquela velha da Yumi-san? – disse com um longo suspiro.


- Não fale assim Kamatari-san. Yumi-sama ficaria muito magoada se ouvisse isso.


Aquela voz sorridente e falsamente ingênua era inconfundível. Ela olhou para frente e se deparou com Soujirou Seta, outro dos membros do Juppongatana assim como ela. Mas diferente dela Soujirou era o membro mais importante do grupo, ficando atrás somente do próprio Shishio. O jovem com aparência de dezesseis anos tinha cabelos pretos bem curtos, olhos negros e vestia um kimono azul simples. Poderia parecer um doce com seu sorriso juvenil e jeito educado, mas por trás daquela mascara de bom menino se escondia um assassino frio e calculista que era temido ate mesmo pelos seus próprios aliados do Juppongatana.


Soujirou se sentou sorridente a sua frente pegando um bolinho de arroz que estava na mesa e comendo.


- Isso é muito bom – disse com seu sorriso constante no rosto. Os sorrisos de soujirou eram como uma piada de mal gosto. Ele por dentro nunca sorria, ela não precisava ter os olhos do coração de Usui para ver isso – espero que você não se importe se eu comer alguns Kamatari-san.


- Pode ficar com todos – ela empurrou o prato com os bolinhos de arroz para ele com um suspiro de frustração – eu queria Shishio-sama, não bolinhos...


Soujirou agradeceu e começou a come-los em silencio. Kamatari estava emburrada. Olhou para os lados distraída, depois se ocupou a observar o juppongatana. Soujirou comia distraidamente e parecia bem feliz com isso, como se aquilo o fizesse esquecer do resto do mundo, e como se os bolinhos fossem mais importantes do que todo o plano de Shishio e do Juppongatana.


- Você não veio ate esse fim de mundo para comer uns bolinhos Soujirou-san – ela o fitou irritada, aquele sorriso estampado na cara dele irritava qualquer um – diga logo porque veio e me deixe em paz.


Ele não respondeu de imediato, acabou de comer os bolinhos e depois limpou o rosto com um pano. Olhou para ela sorrindo como sempre antes de responder.


- Porque eu vim? Não é obvio? – o sorriso se alargou – para visitar você Kamatari-san. Como esta? Ainda emburrada porque Shishio-sama lhe ignora pelo visto.


Ela teria jogado sake na cara dele se ainda sobrasse algum. Como esse pivete ousa dizer essas coisas rudes com esse sorriso angelical no rosto?! respirou fundo para não ter um ataque. Esperou se acalmar e então respondeu.


- Shishio-sama apenas não notou em mim ainda. Em breve Yumi-san estará cheia de rugas no rosto enquanto eu continuarei jovem e bela, e nesse dia será ela a ignorada.


- Desejo-lhe sorte no amor Kamatari-san – ele sorriu daquele jeito educado e se levantou devagar – bom os bolinhos estavam ótimos e sua companhia também, mas antes que eu esqueça Shishio-sama me mandou dar uma mensagem para você.


Os olhos dela brilharam ao ouvir o nome de seu amado. Eu posso agradar Shishio-sama enquanto a você Yumi-san? O que pode fazer alem de trocar as ataduras dele? pensou sorrindo maliciosa com triunfo.


- Qual a mensagem?


Ele pegou um pequeno envelope do kimono e colocou em cima da mesa.


- Akami Geiunsai. É um político de alta influencia da cidade de Edo. Conforme as informações que Henya conseguiu Geiunsai estará na província de Nara daqui a quinze dias. Ele viajara com um grupo de policias para escoltá-lo, mas isso não é problema para você não é mesmo Kamatari-san?


Ela pegou o envelope agora com um sorriso radiante no rosto, abraçando-o como se fosse uma carta de amor escrita pelo próprio Shishio.


- Aquele morcego velho do Henya não pode matar esse cara não foi? Não se preocupe Soujirou-chan eu matarei ele para o Shishio-sama!


Soujirou deu um ultimo sorriso, agradeceu os bolinhos mais uma vez, fez uma reverencia de despedida e se foi. Ela ainda ficou ali, sentada admirando o envelope, delirando de felicidade. Pediu mais duas garrafas de sake e as bebeu com um incrível bom humor, rindo sozinha e declarando seu amor para um Shishio invisível em um dialogo monologo.


Passado o efeito do sake (e da empolgação amorosa) ela se levantou e fitou sua companheira, sua fiel arma. Kamatari desenvolvera um estilo próprio de luta, usava uma enorme foice de madeira, a lamina não era curva como era de se esperar de uma foice, mas reta e larga. Ela era cortava em diagonal na ponta, como se fosse uma espada de cavaleiro que havia sido quebrada. Da extremidade da foice aonde tinha a lamina havia também uma longa corrente presa com quatro metros e meio de cumprimento e terminava com uma grande esfera de ferro. Da outra extremidade da foice havia duas pequenas pontas de ferro de aproximadamente quarenta centímetros, um utensílio que ela pouco usava nas lutas, mas tinha suas utilidades para se prender em correntes ou perfurar inimigos.


Ela pegou a arma e colocou nas costas, presa ao obi, a faixa do kimono que fica na cintura. Kamatari abriu o envelope que Soujirou lhe dera, nele havia alguns papeis, um deles tinha o desenho de Geiunsai, em outro um mapa marcado com a localidade aonde o político estaria, e em um terceiro um breve histórico sobre o político (esse ela amassou e jogou no chão depois de se entediar ao ler a terceira linha).


O encontro com Geiunsai seria daqui a quinze dias. Segundo os seus cálculos Kamatari chegaria em Nara em dez. Sorridente e cantarolando feliz ela se pós na estrada.


 


Chegou em Nara em onze dias. Se hospedou em uma estalagem de quinta e esperou impaciente e ansiosa a chegada de Geiunsai. Para ela a idéia de esperar um homem (que não fosse Shishio claro!) era absurda. Aquele político era muito rude ao obrigá-la a esperar demorados quatro dias, mas felizmente a espera angustiante terminou.


Geiunsai chegou com uma exagerada comitiva de duas dúzias de policiais. Veio em uma carroça, quando desceu Kamatari pode velo, era um homem de feições duras, porem ate que ela o considerou bonitinho mesmo tendo quarenta anos. Usava um óculos pequeno, seus olhos eram miúdos e puxados o que dava a impressão de estar sempre sorrindo (isso a fez lembrar um pouco Soujirou o que a fez rir imaginando se o garoto se tornaria assim quando crescesse) a pele de Geiunsai era branca, tinha estatura media e vestia uma farda azul.


Da carroça desceu também uma garota que Kamatari achou ridícula. A moça tinha um olhar serio no rosto, era loira com os cabelos presos em um rabo de cavalo e os olhos azuis. Era estrangeira disso não tinha duvidas, na cintura carregava uma pistola estilizada, preta com detalhes em prata. Vestia uma roupa branca com uma abertura nas coxas.


Uma guarda costas? Bom, melhor assim, pelo menos torna as coisas mais divertidas. Não sabia quem era a loira, mas não a temia, era uma Juppongatana e mesmo armas de fogo seriam ineficazes contra ela.


Observou de longe Geiunsai e a estrangeira irem ate a grande casa que havia sido reservada para os dois e se acomodarem. Os guardas se dividiram e ficaram em seus postos, eles tinham katanas presas a cintura e estavam todos fardados com a roupa azul padrão da policia.


Estratégia nunca fora o forte de Kamatari, ou talvez fosse... a questão é que ela nunca tinha muita paciência para isso. Sendo assim o seu plano era simples. Entrar, anunciar seu trabalho com um sorriso animado, matar todo mundo e sair sorridente dali.


E foi exatamente isso que ela fez. Se aproximou da mansão aonde Geiunsai estava. Era uma mansão de dois andares, luxuosa, feita de pedra e com varias janelas. Quando os guardas a viram puxaram as katanas preocupados. Ela não podia culpá-los pela preocupação não era todo dia que uma linda moça carregando uma foice gigante viria ate eles matá-los.


- Parada! Quem é você!? – perguntou um deles. Seis dos policiais já haviam se reunido e faziam um semi-circulo a sua frente.


- Me chamo Honjou Kamatari – ela sorriu acenando para eles e piscou – mas podem me chamar de Kama-chan. Vim matar Geiunsai-san, mas já que vocês estão aqui aproveitarei para matá-los também!


Os guardas a olharam espantados. Kamatari brandiu a foice e com um movimento rápido ceifou a vida de dois deles em um piscar de olhos. Os demais tentaram reagir, mas ela moveu a foice com destreza matando os outros quatro que não mostraram a menor resistência perante a sua força e rapidez.


Geiunsai apareceu na janela do segundo andar assustado com a garota loira a seu lado. Ela parecia calma apesar da situação, disse algo em voz baixa para ele e depois se virou falando algo para outras pessoas que estavam no quarto, guardas provavelmente. Kamatari nem se preocupou em prestar atenção, não importava como agissem, jamais poderiam contra ela.


Ela se aproximou da mansão e destruiu a porta em pedaços com um único e potente ataque de sua corrente. Entrou sorridente olhando para mais uma dúzia de policiais que a esperavam com as katanas em mãos.


- Jamais passara por nós!! – gritou um dos guardas, mas sua voz não saiu tão confiante quanto ele pretendia – nós estamos prontos para morrer para proteger Geiunsai-sama!


Kamatari riu, achava tão patéticos aqueles homens que davam sua vida por alguém que nem conheciam direito. Eu morreria por Shishio-sama, mas ele é tudo por mim e eu o amo.


- Ah... por favor. Vocês são apenas doze. Se queriam me matar deviam trazer ao menos mais uma centena – ela os olhou com desdém, não pareciam muito assustados, seria porque ela era uma mulher? Se fosse Anji eles com certeza estariam apavorados e aquele monge é um pacifista ao contrario de mim.


Eles partiram para o ataque e ela avançou mais rápida do que todos. Moveu sua foice matando a todos que estavam em seu caminho, enquanto isso a corrente cortava o ar acertando os inimigos mais distantes. Estava terminando de acabar com todos quando percebeu que dois novos policiais haviam aparecido por trás e estavam prestes a atacá-la pelas costas. Que idiotas... sempre pensam que podem me pegar desse jeito. Não era a primeira, e com certeza não seria a ultima vez que tentariam essa estratégia com ela. Kamatari apenas atacou com a corrente que fez um arco e atingiu os inimigos as suas costas derrubando-os.


Finalizou o ultimo guarda enfiando a lamina de sua foice na barriga do infeliz e depois analisou o ambiente.


- Hmmm quantos faltam mesmo? Matei seis na entrada, doze que me atacaram diretamente e mais aqueles dois covardes que vieram por trás – ela contou distraída nos dedos ate chegar a soma exata – vinte. Agora só faltam mais quatro e a estrangeira esquisita.


Ela subiu sorridente as escadas que levavam ao segundo andar. Quando entrou no quarto os quatro guardas restantes partiram correndo para atacá-la como se já estivessem preparados para isso. Kamatari abateu dois com a corrente antes mesmo que se aproximassem, o terceiro teve as costelas perfuradas pela foice e o ultimo encontrou a morte nas duas pontas de ferro de sua arma que se cravaram em seu pescoço. Tudo não durou nem dez segundos.


Só restavam Geiunsai e a loira. O político estava aterrorizado e era tão patético que se urinava de medo. A moça parecia muito mais homem do que ele, pois apesar de ver a pequena demonstração que Kamatari fizera ao matar os guardas, não demonstrava medo nem hesitação.


- Quem é você? – perguntou a loira com um olhar ameaçador que não fez Kamatari sentir um pingo de medo.


- Olhe, eu não sei como são as coisas lá na sua terra moça, mas aqui no Japão é falta de educação perguntar o nome de alguém sem se apresentar antes, alem do mais – ela suspirou frustrada – eu já disse meu nome. Hon-jou Ka-ma-ta-ri não é um nome complicado, ao menos tente decorar ele!


A menina ignorou seu comentário. Sacou a pistola apontando para ela e perguntou novamente com aquele jeito autoritário de antes.


- Porque quer matar o senhor Geiunsai? Quem a mandou?


Pelo sotaque a garota deveria ser inglesa, ou franceça... Kamatari não sabia dizer, também que importância faz? É tudo na Europa mesmo. Para ela as terras alem do Japão não atraiam seu interesse. Nunca as vira, e provavelmente nunca as veria também.


- O “porque” eu não sei responder, Soujirou nunca me diz essas coisas... bom, talvez ela tenha dito naquele papel que me deu... - ela não se importava com essas coisas, pra que se importar? O divertido era matar mesmo, e alem disso estaria ganhando muitos pontos com Shishio.


- Soujirou? Soujirou Seta?! – exclamou Geiunsai ainda mais assustado, agora suas pernas tremiam droga, só o nome daquele sorridente é mais assustador do que eu em pessoa! isso era frustrante – então uma garota como você é subordinada de um Juppongatana?!


Aquilo a fez perder a paciência. Agora sim eu tenho um porque para matar esse maldito!


- Eu não sou subordinada de um Juppongatana. Eu sou uma Juppongatana!


Ela se preparou para o ataque, mas a estrangeira foi mais rápida. Em questões de segundos disparou todo o cartucho da arma em Kamatari. Ela bloqueou três projeteis com a foice, desviou de outros dois, mas o sexto a atingiu de raspão na coxa.


- Você é boa... acho que vou ter que levar isso a serio – Kamatari sorriu erguendo a foice com as duas mãos para cima – essa é minha melhor técnica. Nada pode passar por ela loirinha nem. E quando digo isso estou incluindo suas queridas armas modernas.


A estrangeira sorriu em desafio, largou a pistola no chão e sacou mais duas pistolas que Kamatari nem sabia aonde ela as escondia. A garota começou a disparar, mas dessa vez foi Kamatari a mais rápida. Girou sua foice com velocidade, a ponta da arma estava voltada para baixo, e ao girar deslocava uma grande quantidade de ar formando um escudo intransponível.


Todos os disparos foram defletidos e quando a munição da garota acabou e ela largou as armas se preparando para pegar mais Kamatari atacou. Girou a foice lançando a corrente. A esfera de ferro acertou a barriga da loira que ficou sem ar e caiu de joelhos. Kamatari se aproximou olhando-a com superioridade de cima abaixo.


- Eu disse que era intransponível não disse? – e ergueu a foice para dar o golpe de misericórdia – não se pode matar um Juppongatana apenas com isso... em breve Shishio-sama ira derrubar o governo fraco e corrupto deste pais, e quando isso acontecer eu estarei ao lado dele – e dito isso ela desceu a foice matando a garota.


Olhou para o lado e viu Geiunsai tremendo em um canto. Quando ela se aproximou ele tirou um bolo de dinheiro de suas roupas assustado.


- Tome! Fique com tudo!! – sua voz tremia – eu posso lhe dar mais se quiser, apenas me poupe!! Diga a shishio que eu morri. Eu sumo e juro que nunca mais piso em solo jap...


Ela decepou-o com um olhar de repugnância no rosto. A cabeça de Geiunsai rolou pelo chão antes que ele acabasse de falar. Seu corpo tombou como uma marionete velha.


- Homem desprezível, como ousa pensar que eu trairia Shishio-sama? – ela chutou a cabeça com desprezo – se todos os políticos forem como você eu compreendo porque ele quer acabar com vocês...


 


Kamatari saiu de Nara naquela noite. Foi viajar para as fontes termais nas montanhas esperando uma nova convocação de Soujirou. Viu o garoto novamente seis messes depois, quando ele reuniu todos os Juppongatana e a convocou para participar de um ataque a Kyoto.


Esta seria a ultima vez que ela serviria ao Juppongatana. Shishio e seu grupo seriam derrotados e Kamatari passaria a trabalhar para o governo disfarçada de espia. Ela ainda lutaria muitas batalhas, e sua foice ceifaria a vida de muitas pessoas... isso era o que o futuro lhe reservada, mas ainda havia muito mais...



Compartilhe este capítulo:

Autor(a):

Este autor(a) escreve mais 19 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

- Você esta melhorando Yahiko – Kaoru sorriu baixando a espada e encerrando o treino – ainda estou impressionada com você por ter conseguido derrotar um Juppongatana. É com certeza o menino de doze anos mais forte de todo o Japão. Ele concordou com um aceno breve com a cabeça. Estavam no dojo treinando a mais de duas horas, suado ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 0



Para comentar, você deve estar logado no site.


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais