Fanfic: Completamente Opostos - Ponny | Tema: Rebelde, Ponny
Fico contente quando Poncho finalmente vai embora, porque eu e Dulce podemos conversar melhor sobre a festa. Preciso de mais detalhes para acalmar meus nervos, e a presença dele não ajuda em nada nesse sentido.
“Onde é essa festa? Dá pra ir a pé?”, pergunto, tentando parecer tranquila enquanto arrumo minhas botas na prateleira.
“É em uma das maiores fraternidades daqui.” Ela abre bem a boca enquanto passa ainda mais rímel nos cílios. “Fica fora do campus, então não dá para ir a pé, mas Rocco vem buscar a gente.”
Fico mais tranquila por não ser Poncho, apesar de saber que ele vai estar lá. A ideia de andar no carro dele me parece intragável.
Por que é tão grosso?
No mínimo, deveria demonstrar algum respeito por mim por não julgá-lo pela maneira como destruiu seu corpo com todos aqueles buracos e tatuagens.
Certo, talvez eu o esteja julgando um pouquinho, mas não na cara dele. Pelo menos sei relevar nossas diferenças. Na minha casa, tatuagens e piercings não são normais. Sempre precisei andar muito bem penteada, com as sobrancelhas arrumadas e roupas limpas e bem passadas.
É assim que as coisas são.
“Você me ouviu?”, pergunta Dulce, interrompendo meus pensamentos.
“Desculpe… O que disse?” Eu nem tinha percebido que estava distraída pensando no grosseirão.
“Eu disse pra gente se arrumar… você pode me ajudar a escolher minha roupa.”
Os vestidos que ela mostra são tão absurdos que olho ao redor em busca de uma câmera escondida ou de alguém que vá dizer que é uma pegadinha. Faço caretas e mais caretas, e ela dá risada, achando graça da minha reação.
O vestido — não, o pedacinho de pano — que ela escolhe é preto arrastão, deixando o sutiã vermelho totalmente exposto. A única coisa que impede que seu corpo todo fique à mostra é um forro de tecido preto por baixo que esconde algumas partes.
O vestido mal cobre suas coxas, e ela ainda fica puxando para cima a fim de mostrar mais as pernas, ou então para baixo, aumentando o decote. Os saltos dos sapatos têm no mínimo uns dez centímetros.
Seus cabelos ruivos estão presos em um coque meio solto, deixando algumas mechas caírem sobre os ombros, e nos olhos ela aplica um pouco mais de delineador azul e preto, deixando-os ainda mais produzidos do que antes.
“Doeu para fazer essas tatuagens?”, pergunto enquanto pego meu vestido cor de vinho favorito.
“A primeira até doeu, mas não tanto quanto você imagina. É mais ou menos como uma abelha picando um monte de vezes seguidas”, Dulce conta, dando de ombros.
“Não parece nada bom”, respondo, e ela dá risada.
Nesse momento me dou conta de que para Dulce a esquisitona sou eu. Mas o fato de sermos tão diferentes é estranhamente reconfortante. Ela fica boquiaberta ao ver meu vestido.
“Sério que é isso que você vai usar?”
Passo as mãos pelo tecido. É meu vestido mais bonito, meu favorito, um dos poucos que tenho, aliás.
“O que tem de errado?”, pergunto, tentando não mostrar que fiquei ofendida.
O tecido é macio, mas bem resistente, do tipo que se usa para fazer terninhos. O decote é fechado até o pescoço, e as mangas são três quartos, indo até um pouco abaixo dos cotovelos.
“Nada, é que ele é tão… longo!”
“Mal passa dos joelhos.”, respondo.
Não sei se ela é capaz de perceber que estou chateada, mas por alguma razão prefiro continuar tentando esconder isso.
“É bonito, só acho um pouco formal demais pra uma festa. E se você usar um dos meus?”, ela oferece com toda a sinceridade.
Não consigo nem me imaginar dentro de um daqueles vestidinhos minúsculos.
“Obrigada, Dulce, mas estou bem assim”, respondo, ligando na tomada meu babyliss.
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Autor(a): ponnyyvondy
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