Fanfics Brasil - Capítulo 1 - Balas Fini Fogo contra fogo

Fanfic: Fogo contra fogo | Tema: Rebelde


Capítulo: Capítulo 1 - Balas Fini

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Dulce Maria sempre achou que sua primeira viagem internacional seria mais glamorosa do que chegar sozinha em um país desconhecido e não ser recebida por absolutamente ninguém. Mas quando se trata da vida de uma garota que descobriu ter um irmão gêmeo há exatamente oito semanas, nada mais pode ser surpreendente.


O primeiro pensamento que ela teve assim que chegou no aeroporto internacional de Porto Dourado foi, “graças a Deus eles tem balas Fini por aqui também!” — quando avistou uma garotinha com um pacote de balas de dentadura esperando alguém sair do portão de desembarque.


O segundo pensamento em solo europeu foi: “Onde diabos a minha tia se meteu?”


Tudo começou no dia três de outubro de 1999, quando Dulce veio ao mundo na cidade de Belo Horizonte, Brasil. Foi um dia um tanto chuvoso, segundo o avô da menina, e sua mãe começou a sentir as dores do parto bem durante a madrugada.


— Ela gritou horrores — dizia o avô, ao se lembrar daquele dia que mudou a vida de todos os envolvidos. — Não foi nem um pouco fácil pra ela, coitada. Também, você nasceu com quase quatro quilos, não sei como foi que acabou ficando tão pequena.


Dulce, de fato, era baixinha. Mal chegava aos um metro e sessenta direito. Por sorte vivia em um mundo onde salto plataforma era possível — sua marca registrada lá em Belo Horizonte.


Ela havia vindo ao mundo às 4:53 da manhã de uma segunda-feira e era libriana, com ascendente em virgem. Sua melhor amiga dizia que essa não era exatamente uma boa combinação, mas Dulce sempre acabava se esquecendo do motivo. Sua mãe era o contrário, virginiana com ascendente em libra, e a menina gostava de pensar que esse era um laço especial que pertencia somente a elas duas. Era uma das poucas coisas que ela tinha da mãe que não poderia ser comprado.


Ela estava parada bem no meio do maior aeroporto de Costa Malva, sentindo-se um pequeno pontinho no universo. Não podia negar que se sentia nervosa e quem a conhecia bem teria sacado isso só pelo modo como a mineira mexia no brinco em formato de concha no lóbulo da sua orelha esquerda. Ela olhava para todos os lados pensando “que maravilha”, balançando a perna com a maior vontade de ir ao banheiro.


Não era mesmo assim que ela tinha imaginado sua chegada triunfal.


Finalmente, seu celular começou a vibrar e, ansiosa, Dulce atendeu no primeiro toque.


— Alô? Tia Ninel?


— Dulcita! Perdão por ter deixado você sozinha, mas aconteceu uma emergência aqui na república e não vou poder ir te buscar agora — lamentou a tia com aquele sotaque europeu característico.


Ok, isso não estava nos planos. Não estava nem um pouco nos planos.


Dulce abriu a boca, pasma.


— Hum, tia, você sabe que eu acabei de chegar de outro país e não faço ideia de como ir até sua casa, né? — disse a garota, um tanto em choque. Será possível uma coisa dessas.


— Eu sei, querida, mil desculpas! — Ao menos ela parecia realmente devastada. — Te explico tudo depois, mas o que você pode fazer é me esperar ou então pegar um autocarro.


Pausa.


— o que diabos é um autocarro?


— Ai, como vocês chamam mesmo no Brasil? O veículo público que as pessoas pegam e para em vários pontos, rodoviário...


— Você quer dizer um ônibus?


— Isso!


O que Dulce queria fazer naquele momento era gritar. Ao invés disso, a garota apertou o telefone e respirou fundo.


— Tia — começou tentando manter a calma. Por dentro ela estava um caos de “May day! May day!” e sirenes vermelhas piscando.


Com certeza era o sonho de qualquer garota de dezesseis anos ter que procurar um ponto de ônibus, totalmente sozinha, assim que desembarca em um país estrangeiro. Quer dizer, não que Dulce tivesse nada contra ônibus, mas dadas as circunstancias do estado emocional abalado em que ela se encontrava por causa dessa viagem, ninguém podia culpa-la por se sentir desesperada ao chegar e não encontrar ninguém.


Sozinha. Ao relento. Nem mesmo com um pacote de balas Fini para acompanhar.


Sua tia tentou dar instruções sobre como pegar um autocarro até a rodoviária de Porto Dourado e, aí sim, pegar outro autocarro para viajar para a cidade vizinha, que era seu destino final: Costa Malva. Dulce levou as mãos à cabeça, sentada em cima da sua mala gigantesca no meio do aeroporto pensando que se sentiria um pouco melhor se soubesse que estava no meio de uma trama de novela mexicana.


Ela bufou assim que desligou a ligação com sua tia e decidiu então chamar a única coisa no universo que poderia tirá-la daquela situação desagradável:


O Uber.


O motorista chegou em menos de cinco minutos e ficou feliz em poder ser o primeiro guia turístico da garota pelas terras malvinas. Ela não conhecia muito sobre Costa Malva até oito semanas atrás. O que todo mundo no Brasil sabia sobre o pequeno país era que eles também falavam português, apesar da óbvia diferença de sotaque, e eram conhecidos pelas paisagens paradisíacas que atraiam um montão de turistas durante o verão — não era à toa que o aeroporto tivesse tão cheio. Ela nunca sequer pensou muito sobre Costa Malva, pra ser sincera, e se dissesse para o seu eu de dois anos atrás que estaria indo morar lá, sem mais nem menos, jamais teria acreditado.


Mas haviam coisas muito mais inacreditáveis acontecendo.


Pra começar, o irmão gêmeo. Dulce ainda não estava acreditando totalmente nessa ideia, era possível que ela só fosse se dar conta de que a coisa toda era real quando olhasse para a cara dele. Já havia visto seu perfil no instagam, fuxicado todas as redes sociais e ainda assim uma parte dentro dela dava risadinhas toda vez que a outra parte pensava no dito cujo.


Era algo como “ah, ok, querida, bom. Você tem um irmão gêmeo. Mas agora me diga, quando mojitos você bebeu mesmo?”


Nenhum. Mas ela estava aberta para negócio.


Coisas assim não aconteciam na vida real. Porém, novamente, não era a primeira vez que o impossível batia na porta de Dulce Maria. Desta vez, pelo menos, não era tão doloroso.


O telefone da garota baixinha tocou enquanto seu motorista contava sobre como Costa Malva era a melhor combinação entre as heranças portuguesas e espanholas que uma pessoa pode imaginar. Ela pediu desculpas e atendeu sem pressa.


Era seu avô.


— Filha, você está bem? Fiquei preocupado quando não me ligou.


O voo havia, de fato, atrasado quase duas horas para sair da conexão que ela fizera em São Paulo, mas Dulce ainda estava brava demais com o avô. Ela fechou a cara, como se ele pudesse vê-la, e uma armadura de ferro blindou seu coração como vinha acontecendo toda vez que a garota ouvia a voz do senhor.


— O voo atrasou, mas já estou a caminho da casa da Janaína. Eu estou bem.


Pausa.


— Tem certeza?


Dulce engoliu em seco, sentindo a ferroada certeira no seu peito pelo tom delicado daquela pergunta. Muita coisa andava acontecendo na vida dela, coisas sobre o qual não queria falar, muito menos com um traidor como o seu avô.


—Tenho.


Ele ficou em silencio do outro lado da linha, mas Dulce ainda conseguia ouvir sua presença. Era isso o que o Brasil parecia para ela agora, uma presença silenciosa, que ela não conseguia enxergar, mas podia sentir. Algo que estava lá, mas não estava ao mesmo tempo.


Algo que ela queria deixar para trás, lá do outro lado do Atlântico.


— Muito bem. Me avise quando você chegar em segurança na casa da sua tia, querida. Você pode não querer conversa comigo agora, mas isso não me livra da preocupação.


Dulce suspirou.


— Tá ok. Ligo assim que chegar.


Quando desligou, a garota sentia o coração apertado. Oito semanas haviam sido suficientes para virar a vida dela de cabeça pra baixo de novo, mas, de certa forma, haviam trazido a ela também a chance de conhecer uma parte de si mesma que nunca sonhou que existia e recomeçar. Se ela estava com medo de chegar até a casa da tia e encarar tudo isso pela primeira vez? Pode apostar que sim.


Mas havia também uma agitação deliciosa dentro dela, algo que soava como esperança e empolgação e tinha gosto de bala Fini: doce e azedo ao mesmo tempo, uma combinação instigante.


Dulce Maria sempre havia gostado de desafios. E, agora que ela tinha finalmente chegado aonde sentia que deveria estar, nada a impediria de vencer todos eles.


Afinal de contas, seu nome não era Dulce à toa.



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Autor(a): vondyyylaliter

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • candy1896 Postado em 24/06/2018 - 18:59:54

    Continuaa

  • candy1896 Postado em 25/05/2018 - 21:25:35

    Continuaa

  • beatris Postado em 24/05/2018 - 22:42:47

    Continua linda quero muito saber como será o encontro dela com o irmão.

  • candy1896 Postado em 22/05/2018 - 10:00:40

    Continuaa, como Dul descobriu que tem um irmão gemeo?

    • vondyyylaliter Postado em 22/05/2018 - 10:40:16

      Mais informações no decorrer, hahaha


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