Fanfic: Tão errado, mas tão certo... | Tema: Rebelde, Vondy

Calma Dulce. Respira. Conte até três, ande até a porta e a abra. Você consegue. É só um cara normal, que provavelmente veio te chamar pro jantar mais uma vez.

Ahhhh, quem eu estou querendo enganar? Ele é o fucking, Uckermann. O que eu vou dizer? O que ele vai dizer?

Ando até a porta, ao mesmo tempo em que ajeito meus cabelos ruivos com os dedos. Maldita hora em que eu não penteei depois do banho. Abro um sorriso para a porta, e a abro em seguida, levando o maior susto com a proximidade entre eu e o fucking Ucker.

— Ai meu Deus. — eu exclamo, quando vejo que ele está escorado levemente para frente e quando abro a porta, ficamos a milímetros de distância.

— Errou. Ucker, na verdade. — ele corrige, e um sorriso malicioso se abre na sua boca.

Meu Deus, por que ele está sorrindo assim pra mim? Consigo ver que não é um sorriso comum. Não é um sorriso que você dá pra sua mãe, por exemplo. É um sorriso safado. Sei que é. Já vi em filmes, os carinhas olhando para as garotas assim logo antes de rolar algo mais caliente.

E nesse momento minha cabeça tá mais ou menos assim: May day, May day! SOS! Código Morse! Qualquer coisa, mas alguém me socorre?

Respiro fundo, me estabilizo — da forma que consigo, diante dessa situação — e dou um sorriso, tentando parecer descontraída.

— Então, eu vim aqui na verdade pra te convidar para a festa na casa do Tomás, que vai ter essa noite. — ele começa, ainda com o sorrisinho safado. Pronto. Já é meu sorriso preferido em todo o mundo. — Seu irmão também vai, e já pedi ao seu pai e ele deixou. Tá afim de carona no meu carro? — ele diz tudo isso de vez.

Hã? Festa? Carona? Meu irmão? Sorriso safado ainda no rosto?

— Eu preciso ler algumas apostilas de português. Segunda tenho prova, sabe. Conjugação, gramática, interpretação de texto. Tudo de uma vez. — eu digo rápido demais.

Será que ele vai achar que eu sou louca por estar descrevendo os assuntos que vão cair na minha prova? Provavelmente sim. Mas estou nervosa demais para raciocinar sobre o que eu estou dizendo, mas de uma coisa eu tenho certeza:

O Fucking Ucker, está na porta do meu quarto, escorado no batente e, o melhor de tudo, ele ainda está com aquele sorriso safado.

Eu já disse que é o meu preferido a partir de hoje? Se não, anota aí.

Aliás, por que eu disse que eu tenho prova segunda? Minha prova de português é daqui há um mês. Daí, você tira o quanto eu estou nervosa.

— Ah, relaxa. Você não pode ficar só uma noite sem estudar? Você nunca foi em nenhuma festa, desde que te conheço. Tá precisando disso. — ele diz — ainda sorrindo — e eu fico de olho em sua covinha.

— É que... hm... tá legal. Posso chamar o Christian, meu melhor amigo? — perguntou praticamente no automático.

Afinal, eu nunca fui em uma festa — de adolescentes bêbados, como eu disse antes — na vida. Será que eu deveria mesmo ir?

Para Dulce! Claro que você deveria ir. Você já se tocou que o fucking Ucker que está te chamando? Meu inconsciente grita.

— Pode sim, linda. Agora, tô indo no quarto do seu irmão, terminar de me arrumar. Vai querer a carona? — ele pergunta.

— Não precisa! O Chris pega o carro do pai. — eu digo, tentando sorrir casualmente.

— Beleza. — daí ele se aproximou, e colou sua boca na minha orelha. — Garanto que você não vai se arrepender. — voltou-se, ficando de frente à mim, deu um beijinho no canto da minha boca, e saiu em direção ao quarto do Alfonso.

Oi?

Não, não, não... isso não aconteceu. Eu só posso ter caído da cama e batido a cabeça muito forte algum dia desses.

Mas peraí. Eu tô sentindo o canto da minha boca formigar até agora. Então... isso significa que foi real! E não, eu não tô ficando maluco.

Ucker acabou de me convidar para uma festa, me disse que eu não ia me arrepender de ir e me deu um beijo no canto da boca!

Pego o meu celular, rapidamente e disco o nome do Chris; enquanto olho no meu closet alguma roupa. Enquanto chama, constato que só tenho blusinhas de alça sem graça e moletons. Como está quente pra caramba, pego uma preta — por eu considerar que talvez seja a mais adequada para uma festa — e pego uma calça jeans clara.

Meu all star preto e velhinho de sempre já está na beirada da minha cama, no jeito para eu calça-lo.

— O que foi, Dulce? Tô jogando no PC agora. — Christian atende, e percebo que a ligação está no viva voz, enquanto ele joga.

— A gente vai na festa na casa do Tomás. Hoje à noite. Pega o carro do seu pai, e venha me pegar aqui em casa em vinte minutos. — digo, enquanto corro para o banheiro do meu quarto, coloco a ligação também no viva voz, e entro pro chuveiro.

— Quê? Pirou Dulce? Eu não vou em festa nenhuma do Tomás. Estou jogando LOL aqui. É online, não sabia não? — ele diz, e consigo ouviu o som característico do jogo. — E outra, como assim a gente iria pra uma festa? Quem te convidou? Seu irmão?

Meu irmão, como melhor amigo de Ucker, também é super popular no colégio, e joga no time também. Natural que o Chris ache que foi o meu irmão, já que ele sempre está presente nessas festas.

— Você vai morrer quando eu contar. — faço um suspense, mas não me aguento. — O Ucker! Ele veio no meu quarto, beijou o canto da minha boca e ainda por cima disse que eu não ia me arrepender se fosse? — eu digo meio que gritando, mas com cautela, já que ele está na mesma casa que eu, enquanto estou no banho. — Qual a chance de eu perder essa festa? Me diz aí.

— Fala sério? Isso rolou mesmo? — pergunta Chris, surpreso.

Se alguém, uma hora atrás, me dissesse que tudo isso iria acontecer eu também ficaria surpresa. Duvidaria até.

— Tô falando sério, Christian. Você tem que fazer isso por mim. — digo, enquanto saio do box, e me enrolo na toalha.

— Certo. Chego aí em vinte minutos. — ele diz e desliga.

Dou pulinhos de felicidade, sentindo que finalmente a ficha caiu.

Eu acreditava que seria o melhor dia da minha vida.

Mal sabia eu, que seria o início do final dela...