Fanfics Brasil - Prólogo High By the Beach

Fanfic: High By the Beach | Tema: Drama, Mistério, Romance, Suspense, Tragédia


Capítulo: Prólogo

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                No dia vinte e um de março, as crianças teriam o dia da fotografia na escola. Elas estavam animadas desde o dia anterior, a mais nova pulou pela casa logo que chegara e a mais velha ficou de escolher alguma roupa nova para vestir, contudo, ao abrir o guarda-roupa e procurar uma peça, não a achou. Então o pai ficou de trazer-lhe uma roupa nova, especialmente para aquele dia.


                Trouxera um vestido rosa estampado com pequenas flores amarelas, e alguns minutos antes de ir para a escola, teve a ajuda da mãe para compor seu estilo. A delegada estava vestida na sua farda, o longo cabelo escuro e cacheado preso num rabo de cavalo alto, como exigido pela corporação e, mesmo tendo de se virar com as duas filhas, ela mantinha um sorriso no rosto. Era o dia da fotografia das suas filhas!


— Tente não se sujar. – Dizia enquanto deslizava um pente pelos cachos escuros da filha mais velha.


— Eu não vou me sujar, mãe. – Respondeu, firme. A delegada riu.


— Não fale assim comigo, mocinha. – Sempre que recebia uma resposta dos filhos, ela mexia na ponta do nariz deles. Abriu um sorriso. – Eu sei que você é levada e vai acabar indo jogar bola com os meninos.


                E Lara riu.


— Como você sabia, mãe?


                A delegada terminou de pentear os cabelos da filha, tão idênticos ao seu, e finalizou ajeitando uma margarida nas suas madeixas molhadas.


— Você acha que eu não te vejo chamando os meninos pra jogar bola? – Adelyn riu. – Eu vejo tudo, filha.


— Mãe! – A delegada virou a cabeça para a filha mais nova. Lorena estava num vestido azul pastel, com sapatilhas brancas e metade dos cabelos escuros e ondulados presos com uma fita rosa. Na mão esquerda segurava o seu panda de pelúcia preferido. – Eu posso comer iogurte?


— Só...


— Não se suje. – Lara completou a frase da mãe, direcionada à irmã mais nova. Lorena deu as costas, correndo para buscar o seu iogurte.


— Vocês estão prontas, meninas? – Das escadas, veio o seu pai, também vestido numa farda. Beijou a bochecha da esposa, sentindo o seu cheiro de cereja.


— Acho que alguém precisa cortar o cabelo. – Em tom de advertência, a delegada passou a mão pelos cabelos do marido.


— Vou fazer isso hoje, não se preocupe.


                Na sala, a porta se abriu e o filho mais velho do casal adentrou junto à sua namorada, ambos sorrindo e conversando alto. Lorena abria o seu iogurte, Lara penteava os cabelos de uma boneca loira, os pais saíram da cozinha para recepcionar o jovem casal e, antes de qualquer cumprimento, a moça colocou um objeto fofo entre as mãos da delegada.


                Adelyn abriu as mãos, vendo um par de sapatinhos de recém-nascido feitos de crochê na cor branca.


— Parabéns, vovôs! – A moça saudou, rindo. O sorriso de Dante indicava que, mesmo muito jovem, era isso que ele queria.


— Ah, meu Deus, eu não acredito! – O abraço foi instantâneo. A alegria estampada no rosto do casal, os abraços de felicitação dos futuros avôs. Era o primeiro neto de Adelyn e Izaiah.


— Vamos tirar uma foto! – Izaiah sugeriu enquanto Dante contava para as irmãs mais novas que elas teriam um sobrinho e apontava para a barriga da namorada. Lara não vira nada demais, apenas uma pequena protuberância e ficou imaginando como aquele bebê fora parar ali.


                A família inteira fora para o jardim da casa, um ótimo fundo para uma foto em família. As duas crianças pareciam não ter entendido muito bem o que era uma foto em família e continuaram a correr pela casa enquanto Izaiah programava o temporizador da câmera. Adelyn gritou para as meninas se juntarem e serem boazinhas.


                A primeira foto não saíra muito boa. Estava tremida e sem as meninas.


— Lara, vem aqui! – O irmão a chamou, estendendo um braço, sorrindo. Ainda resistindo, pois achava as fotos de família coisa boba demais, ela negou.


— Por quê? – Cruzou os braços.


— Meu Deus, Lara, você parece a sua mãe. – Izaiah comparou a filha, rindo. – Tudo quer questionar.


— Não vejo sentido em fotos de família. – A garota redarguiu, certa da sua posição. Mas com a insistência deles, acabou por se juntar e exibir um sorriso junto com todos. A namorada de Dante saíra na foto segurando a barriga.


                Lara saíra da sua posição e esticou o pescoço para ver a foto quando o pai pegou a câmera. Ela sequer conseguira ver, porque o pai sorriu, apontando para a parede coberta de rosas no jardim, dizendo:


— Tirem uma foto com a mamãe, meninas!


— Vem! – O fulguroso sorriso da delegada se abriu em seu rosto, ela saiu pelo jardim para pegar Lorena, mas a menina encarou aquilo como brincadeira e fez a mãe se cansar por alguns minutos.


                Então ela parou e estendeu os braços para Lara, ajeitando a margarida no cabelo da filha, Adelyn se agachou para estar na mesma altura da garota. O pai direcionou a câmera às duas, rindo.


— Digam X!


                Com o maior sorriso no rosto, elas tiraram as fotos. Haviam duas; uma delas apenas sorrindo, e a segunda com Lara recebendo um beijo espontâneo da sua mãe. Naquele dia, as meninas acabaram chegando atrasadas na escola, assim como Izaiah e Adelyn também chegaram atrasados na delegacia, mas saíram contando para todo o mundo sobre a alegria de esperarem o primeiro neto deles! Já até escolhiam nomes para sugerir, ela viu alguns enxovais, comprou um conjunto de mamadeiras num impulso alegre, fez o marido procurar o berço que fora usado por Lorena para dar ao casal. Uma festa!


                Dois dias depois, uma ocorrência grave de um dos traficantes procurados pela polícia de Minnesota foi dada. O covil do bandido fora descoberto em Miami, Flórida, e toda a força policial de Minnesota estava sendo deslocada para lá. A delegada teve que ir.


— A mamãe deixou uma torta de maçã na geladeira. – Era costume de Adelyn deixar algum doce em casa quando estava saindo para alguma ocorrência. – Se vocês precisarem de alguma coisa, peçam pro papai. – Suas instruções básicas foram dadas. A delegada afagou os cabelos escuros das suas filhas, beijando a testa de cada uma. – Mamãe ama vocês.


— Traz aquela Barbie pra mim, mãe. – Fora o que Lara pediu, sorrindo. A mãe abriu-lhe um sorriso de orelha a orelha, concordando.


— Trago. Você quer alguma coisa, Lorena? – Olhou a mais nova, que provavelmente choraria quando a mãe fosse embora. Ela sempre fazia isso quando Adelyn passava alguns dias longe de casa, em ocorrência.


— Que você fique. – Os olhos cheios de lágrima da menina foram acalmados com um beijo da mãe. Mas Adelyn não podia ficar em casa. Ela deu um último beijo no marido, nas filhas, no filho, na nora e no futuro neto, e deixou-os naquela tarde.


                Uma semana depois, a delegada sumira. A investigação dera em nada, os policiais não conseguiram pegar o traficante e um dia antes de voltarem à Minnesota, Adelyn não foi encontrada no Hotel, nem nas delegacias locais, em lugar nenhum. Ela havia desaparecido.


                Sua esposa sumiu, Izaiah. Recebeu a ligação, o coração na garganta, não sabia o que responder nem mesmo o que pensar naquele momento. Com a boca seca, ele viu-se sozinho em uma situação sem saída; sem sinais da esposa, o que ele diria para seus filhos? Resolveu não contar, contou com a fé, pediu para Deus trazer Adelyn de volta.


                Acontece que o policial não especificara como queria sua esposa de volta. E quando ela voltou, estava morta.


                Ele não sabia como contar para os filhos, contudo acabou por informar as famílias de ambas partes. Precisavam velar o corpo de Adelyn.


                A delegada teve um funeral digno, com a presença dos colegas militares, do exército, do FBI, da CIA, de todas as forças militares ao redor da redoma americana. Aplaudida, ovacionada, seu caixão fora carregado pelo filho, o marido, o cunhado e o amigo militar, todos em prantos enquanto o som dos trombones regiam a ida da delegada.


                No mesmo dia, à volta pra casa, Izaiah viu sua filha mais velha se enterrar no colchão, soluçando alto, enquanto gritava:


— Por que Deus não me levou junto com a minha mãe?


                A partir daquele momento, ela nunca mais acreditou no Senhor porque ele não fora bom o suficiente para levá-la ao céu junto com Adelyn, ele não fora bom o suficiente em tê-la deixado morrer, em tirá-la de Lara a força. Ela nunca mais acreditou no Senhor porque ele tirara dela o seu porto seguro.


                Os dias passaram. A filha de Izaiah fora diagnosticada com depressão. Naquela casa, os risos haviam morrido junto com Adelyn, o filho se mudara para outra casa com a namorada e ambos planejavam se casar. Assim, o policial assumiu a responsabilidade de dedicar todo o seu tempo e sua vida às suas duas filhas menores, principalmente à Lara e ao tratamento médico da garota. Ele rezou para ela se curar. E ninguém descobrira quem havia assassinado sua esposa.


— Clinton. – Passava pelos corredores da delegacia quando avistou o colega. Ele estava junto a Adelyn na ocorrência. – Alguém já foi julgado? Descoberto? – O pesar nos olhos escuros do policial indicava que ele estava cansado.


— Não, Izaiah. – Também doera para o outro ter de responder aquilo. – Nós não temos acesso às investigações da Adelyn... Você sabe.


                Assentiu levemente com a cabeça.


— Sim. Não podemos investigar porque a conhecemos. – Respirou fundo. – Ninguém daquela equipe descobriu alguma coisa? O mínimo que seja? – Seguiu o outro.


— Nada. – Clinton virou-se. – E não adianta tentarmos falar com eles. Eles não respondem.


— E não respondem por quê? – Izaiah o seguiu.


— Eles dizem que só saberemos quando descobrirem. E eles estão certos. – O outro pegou seu copo de café e adiantou-se.


                Houveram suspeitas, principalmente em cima dos criminosos postos na ocorrência onde Adelyn foram. Mas eram muitos e nem mesmo a polícia fora capaz de deduzir quem fora. O documento do inquérito apenas demonstrava “Master Of Destruction, M.O.D”. Apenas.


                Sem assassinos diretamente colocados.


                Sem culpados.


                Sem julgamento.


                Ninguém sabia o que aconteceu naquela semana que a delegada desaparecera. Os investigadores apenas conseguiram identificar o tipo de crime praticado; homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Segundo os mesmos, a delegada fora encurralada pelos bandidos e, quando morta a tiros, os mesmos tentaram esconder o corpo da delegada numa lixeira nos fundos de um prédio residencial.


                A única versão contada por uma única entidade no assassinato de sua esposa. Não importasse quantas vezes o policial reclamasse sobre investigarem o assassinato de Adelyn, todos se abstinham, diziam que não conseguiam mais investigar por conta do tempo decorrido.


Ele achou que tudo mudaria quando conseguiu o cargo de delegado. Reivindicou, protestou na justiça, buscou advogados, procuradores, juízes, moveu Deus e o mundo para ter as respostas do assassinato da sua esposa. E nada. Nada aconteceu. Ninguém sabia de nada. A justiça estava vendada.


— Os investigadores não encontraram nada. – Clinton disse acerca do novo inquérito.


— E como não encontraram? O trabalho deles é esse!


— Não tem vestígios. – O policial torceu os lábios. – Eles dizem que a única coisa que conseguiram saber foi a trajetória dela. Mas não a dos suspeitos...


— E quem é suspeito?


— Alguns membros da gangue M.O.D. – Ele era objetivo nas suas respostas.


— Quem? – Essa era a maior questão. E o policial não soube respondê-lo, apenas calou-se, balançando negativamente a cabeça.


Sem respostas, ele foi obrigado a conviver com o fardo de ver sua filha mais velha se afundando em depressão, em um relacionamento abusivo, ter brigas constantes com a família. Isso se estendeu até a sua chegada na faculdade.


 Aos poucos, ela se tornou sua maior dor de cabeça.



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Autor(a): morgananerthus

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29 de março de 2007. Adelyn Duncan. Horário indeterminado. Homicídio qualificado.                 Há nove anos, a polícia de Minnesota começara a se movimentar para o caso de uma delegada brutalmente assassinada fora do estado onde a mesma atuava. Mas n&atil ...



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