Fanfic: High By the Beach | Tema: Drama, Mistério, Romance, Suspense, Tragédia
29 de março de 2007. Adelyn Duncan. Horário indeterminado. Homicídio qualificado.
Há nove anos, a polícia de Minnesota começara a se movimentar para o caso de uma delegada brutalmente assassinada fora do estado onde a mesma atuava. Mas não registraram culpados durante esses nove anos e a família Duncan não reclamou sobre a morte da delegada.
Agora, depois de nove anos, a filha mais velha da delegada carregava o fardo de nunca ter sabido quem matou a própria mãe. Diante da impunidade e descaso da polícia, Lara se sentia no dever de descobrir quem teria encostado na sua mãe.
Pesquisou por aquelas palavras no início, tomando ciência de deixar a pesquisa na aba anônima. Ela sabia que se a polícia ou alguém quisesse mesmo ir em busca dela, não precisaria encontrar os históricos de busca. Bastava contatar o provedor de internet.
Mas, como da última vez, o Google não tinha informações suficientes acerca do caso da sua mãe que não fossem notícias de jornais.
— Será que estou procurando no lugar errado? — Questionando, fechou a tampa do seu notebook.
Sua busca pelos culpados do assassinato da sua mãe não era nada recente. Em poucos anos, Lara já tentara encontrá-los enfrentando toda a sua família e tentando invadir os laboratórios da polícia. Tudo isso só contribuiu para ela ser presa por invasão de privacidade, perturbação da ordem, e atormentar sua família, que sequer se importara quando ela levou as questões à mesa. Apenas seu pai tentou dar-lhe alguma resposta.
Lara era imatura naquela época, reconhecia. Estava numa fase de rebeldia (não que ela tenha se passado) e achava que o mundo inteiro estava contra ela. Agora entendia que não adiantou ter assassinado um suposto assassino do caso de Adelyn para fazer barulho, e que os meses em que ficara na cadeia não adiantaram nada a não ser para ter feito algumas amizades perigosas. Por trás disso, ela saiu de lá porque seu pai conseguira pagar a fiança.
Se não fosse seu pai, que a vinha mimando durante todo aquele tempo, provavelmente ainda estaria na cadeia. Talvez não. Lara era esperta demais para permanecer enjaulada.
Ciente disso, acabou por voltar às grades algumas poucas vezes, a segunda por ter furtado documentos de uma delegacia, a terceira por ter apontado uma arma à um policial, a quarta e mais recente fora porque Lara fora acusada de furto na faculdade. A acusação, no fim, se deu por inválida e ela foi solta em um mês. Após isso, ela não voltou para a cadeia.
Ela também já estava cansada de ficar naquela maldita parede ressaltando a sua baixa estatura, segurando uma placa com a sua numeração de presidiária. Não pretendia voltar à cadeia tão cedo, e se voltasse seria porque sua missão estava cumprida.
Lara pegou as chaves do seu carro e materiais necessários, e trancou o apartamento. Precisava encontrar alguém que a ajudasse o mais rápido possível.
Mas não era momento para pensar nisso.
Lambeu a cola da seda, fechando e terminando de bolar o cigarro. Estava a ponto de pegar o isqueiro para acender o cigarro quando viu, do outro lado da rua, um homem de moletom branco descer as escadas de entrada de um apartamento, e de olhar apreensivo verificar se não havia ninguém o observando. Vendo que não havia ninguém para temer, desceu.
Abriu a porta do carro, seguindo-o com o olhar. Ele andava de um jeito pesado e assustado, sempre olhando pelo ombro, como se alguém pudesse aparecer repentinamente atrás dele. Apesar da sua fama, ele realmente estava temendo dar de cara com alguém, era visível na sua forma de andar.
Lara vestiu luvas cirúrgicas, acoplando o silenciador na pistola.
Tum. Tec. Tum. Tec. Tum.
Ele entrara numa rua escura, praticamente um beco. Vantagem para ela. O som seco e estridente dos seus saltos reverberaram pelas paredes altas do beco e o coração dele acelerou-se, ela quase pôde ouvi-lo batendo naquela caixa torácica em ritmo com os saltos dela.
Ouviu-o arfar. Praticamente não via nada por conta da madrugada e o local ser mais escuro ainda, contudo, os olhos de Lara faiscavam a mesma insana vontade por sangue que teria com qualquer outro.
– O que você quer comigo? – O medo era tanto que sua voz soou estridente feito a de um adolescente na puberdade.
Parou. Estendeu uma Glock com a mão direita e estendeu a mão esquerda como se pedisse algo.
– Você está devendo. – Falou grave.
– Eu estou sem dinheiro. – Gaguejou, engolindo em seco. Ele já sabia o motivo da morena estar ali. – Eu posso te arrumar esse dinheiro daqui a dois dias! – Emendou, quase num grito, quando a viu dar dois passos adiante.
– Nem amanhã, nem daqui a dois dias. Já fazem quinze dias. – A arma gemeu ao ser engatilhada. – Vou te deixar escolher: um tiro pra cada dia ou um tiro indolor?
– Por favor! Diga a ele que eu trago o dinheiro daqui há pouco! – Juntou as mãos em súplica, olhando-a com piedade.
Suspirou, encostando o cano da pistola no terceiro olho do rapaz. O tiro fora indolor e silencioso, preferia não arriscar-se quando atirava em lugares abertos porque podiam denunciá-la ou chamar a polícia. Não era como se ela temesse a polícia.
– Tudo bem. Escolhi pra você. – Guardou a arma no bolso interno da jaqueta, voltando ao carro para buscar a garrafa de gasolina. Olhou ao redor, a rua continuava deserta, as luzes das casas estavam apagadas e, o principal, nenhuma câmera por ali.
Apenas seus saltos faziam barulho naquela rua. Lara escolhera o lugar certo, isso se nenhum vizinho a estivesse olhando pela janela. Se desse sorte, ninguém a veria despejando gasolina no corpo sem vida.
Acendeu o baseado, dando seu primeiro trago, antes de se livrar do isqueiro, que se perdera nas chamas daquele corpo. Sentindo o calor batendo nas pernas e na bochecha, deu meia volta.
Barlow virara um comprador recente do traficante, há quinze dias o rapaz aparecera no local de compra e, desde então, comprou inúmeros lotes de skunk, maconha e LSD do traficante, ficando de pagá-lo nas semanas seguintes. Era sempre a mesma história. Até ele se encher da situação.
O traficante podia muito bem ter resolvido os seus assuntos sozinho, mas Lara sabia que ele já estava com a ficha suja demais para cometer outro homicídio, além disso, ela sentiu que o traficante queria, de alguma forma, ajudá-la com a grana de casa e só precisava de uma desculpa para isso, pois ele sabia que Lara recusaria de todas as formas o dinheiro dele se fosse dado a toa. Lara não necessitava do dinheiro dele, mas, digamos que ela não saiba recusar dinheiro, e aceitou fazer o serviço porque ele sabia como ela faria um ótimo trabalho.
Ela era uma assassina de aluguel, a certo modo. Ou quando precisava.
Voltou para o carro, acendeu o baseado e dirigiu até a casa do traficante cobrar o seu dinheiro. O tempo do caminho até a casa dele foi suficiente para Lara terminar de fumar e ficar chapada.
Bateu na porta, avisando que havia chegado e, após poucos segundos, o traficante abriu a porta de madeira, exibindo a mesma carranca comumente, apontando o cano de uma pistola para o seu peito. Suavizou a expressão, abaixando a arma, vendo que a ameaça era nada menos que uma moça baixa de longos cabelos cacheados e escuros, vestindo roupas da mesma cor dos seus cachos.
Lara o empurrou, sorrindo.
— Vim buscar meu dinheiro.
Entrou na casa dele, subindo as escadas.
— Você matou ele ou só conversou? — Lil' Daddy a seguiu.
Abriu a porta do quarto dele, respirando fundo o ar naturalmente cheirando a erva e soltou o ar, sorrindo. Ah, maconha era tão boa. Se ela pudesse, poderia passar o dia inteiro com um cigarro na boca… Deslizou o zíper da jaqueta de couro, deixando livre seus seios sustentados apenas por um sutiã de renda preto. Tirou a arma com o silenciador e mostrou para o traficante.
— Matei. Não era isso que você queria? — Lara sorriu, sentindo a mão dele segurar seu braço. Lil' Daddy cheirava a erva, cheirava a um perfume masculino amadeirado, cheirava a vontade de beijá-la.
— É, eu mandei. — Murmurou em seu ouvido, cheirando seu pescoço, beijando. Lara aproximou o corpo dele ao seu, tocando sua epiderme por debaixo da blusa de mangas. — Você chapada é a coisa mais linda que eu já vi. — Ouviu-o dizer entre beijos.
— Me dê mais um. — Ela pediu, livrando-se das calças jeans e subindo na cama dele. — E tira essa blusa. — Ele tinha tatuagens por todo o corpo; desde as costas das mãos até o seu rosto. Uma característica relevante e chamativa, além dos seus bíceps firmes e a pele escura. Ergueu a cabeça, fazendo seus dreads caírem para trás e estendeu o cigarro.
— Sorte a sua que eu já tinha bolado um. — Riu. Lara deu uma tragada longa, suspirando após soltar a fumaça, virou a traseira para o traficante.
Lil' Daddy enrolou o longo cabelo de Lara na mão direita, enquanto com a outra puxou o quadril da garota e sentiu-a deslizar sobre seu membro. Estava quase ereto antes de ela chegar, ele lembrou. Penetrou dois dedos nela, movendo-os rapidamente para molhar um pouco mais a sua garota. Lara, com seus olhos avermelhados e pequenos, arrancou a roupa do traficante antes dele segurá-la pelas ancas, chupando seu pescoço.
— Me fode. Me fode com força. — Ela disse, rindo. Lil' Daddy penetrou-a de costas, enquanto Lara ainda fumava o baseado e sentia os dedos dele estimulando seu clitóris. — Assim mesmo… — Gemeu. — Sim.
Ele lhe deu um tapa na nádega direita, desenhando o molde de sua mão em uma marca vermelha na pele branca de Lara. Soltou um grito histérico, rindo.
— Ai, negão! — Ela se sentia tão alta, gostosa e desejada quando ele a segurava firmemente.
— Você é minha vadia? — Lil' Daddy questionou, o ar pesado, compassado, sentindo que Lara havia terminado o cigarro e estava extremamente chapada e louca. — Você é minha vadia? — Usou um tom mais alto, agarrando a traseira de Lara e colocando-a de quatro.
— Eu sou a sua vadia. — Gemeu, jogando o tronco na cama.
Quando transavam, e ela estava chapada, Lara gostava de ser xingada, gostava quando ele a apertava, mordia com seus grillz de ouro, batia sem pudor. Um ótimo estereótipo de "mulher de bandido", mas ela não se importava com as coisas que as pessoas falavam porque nenhuma dessas pessoas estava deitada naquela cama transando com ele. Era apenas Lara e Lil' Daddy, e ele a fodia como bem entendia e ela o fazia chupar sua vagina da forma que ela mandava, segurando-lhe pelos dreadlocks.
Acabaram por começar o coito sem usar preservativo, o que preocupou Lara, mesmo sob efeito da droga, e ela pediu gentilmente para o traficante não ejacular quando estivesse a penetrando. Mas era difícil, eles sabiam, nenhum deles queriam se desgrudar um do outro quando chegavam no ponto.
Eles já tinham dado uma boa andada pelo quarto antes do traficante deitar na cama, ajeitando o membro por debaixo de Lara. A garota apoiou as pequenas mãos sob o ombro dele, sorrindo para o traficante.
Lil' Daddy tirou um baseado debaixo do seu travesseiro, acendeu-o com o isqueiro, deu um tapa na bunda dela e disse:
— Cavalgue como se você estivesse numa bicicleta.
Enquanto ele ficava chapado com o seu baseado, Lara cavalgou em um cavalo. Vez ou outra o traficante deixava o baseado de lado para olhá-la, abrir um sorriso e cingir seus seios, vendo-a gemer. Ou então soltava porque ela encostava a boca na dele, pedindo um beijo, e ele não negava.
Em um dado momento, ela o parou, sentou em sua cara e o fez chupá-la outra vez. Retribuiu, começando com pequenos beijos sobre a região da glande dele, entre risinhos, atiçando o traficante.
— Posso gozar na sua boca? — Ele questionou antes de começar.
— Pode. — Ela respondeu, rindo.
Lil' Daddy intercalou a língua com o dedo médio em boa parte do tempo, o que contribuiu para não caírem na monotonia, e Lara seguiu o método do parceiro, indo de algumas boas chupadas a algumas espanholas.
Ele gozou primeiro, claro, mas só porque não se empenhou no oral de Lara para terminar o seu baseado. Às sobras das pontas, Lil' Daddy se dedicou totalmente à ela, fazendo o abdômen de Lara estremecer e soltar-lhe um gemido de prazer. O seu coração acelerou.
— Só você me faz gozar assim. — O dedo médio do traficante deslizava sob os grandes lábios de sua vagina. Lara soltou um riso, saindo de cima dele. Lil' Daddy foi rápido ao vestir sua cueca box. — Que bunda maravilhosa, branquinha. — Comentou, vendo-a vestir a calcinha de renda preta. — Quero te comer todo dia. — Riu.
Lara apenas o olhou, sorrindo.
— Pervertido.
Acompanhou com o olhar o traficante levantando-se e tirando do guarda roupa uma mochila, lá de dentro jogou dois bolos de dinheiro para ela.
— Seu dinheiro, gata. — Pegou o celular, sem nem ao menos olhá-la.
Lara pegou o dinheiro, sentindo o doce cheiro das cerdas novas e rechonchudas. O dinheiro a excitava mais que o membro ereto de Lil' Daddy, deslizou os dedos nota por nota, contando se haveria, de fato, trinta e um mil dólares. Constatou haver tinta e cinco. Moveu os olhos para o traficante, que sorriu ao ver a expressão espantada dela. Ele estava fumando um cigarro de filtro vermelho.
— Por que você colocou mais quatro mil aqui? — Deixou o dinheiro ao lado da sua jaqueta, subindo para a cama.
— Porque eu quis. — Tragou, estendendo a mão para acariciar o corpo dela. — Porque eu sou jovem e rico. — Sorriu para ela, sem seus dentes de ouro.
— É rico porque é bandido. — Jogou em sua cara, exibindo um sorrisinho, provocadora. Os olhos atentos dele a olharam com fundo duvidoso. — Você não se sente mal sendo um traficante? Como você lida com isso? — Sentou ao seu lado, também pegando um cigarro.
Ele deu de ombros.
— Como você lida com o fato de ser uma assassina? — Virou o rosto para ela. Lara riu.
— Espertinho. Não tente fazer joguinhos comigo, invertendo as situações. — Acendeu seu cigarro, saindo da cama dele. — É totalmente diferente, Daddy, porque eu sou uma mulher, eu tenho vinte e um anos, comecei a vender drogas por sua causa e tenho problemas mentais. — Sentou-se sobre a larga janela do quarto dele, abrindo-a para encaixar sua bunda no batente. O gélido e gritante vento das madrugadas de Minnesota penetraram a pele dela. — Você é um homem, tem trinta e três anos, não tem laudos médicos e é traficante de drogas e armas. Nossos propósitos são diferentes. Você faz porque quer dinheiro, eu faço porque quero… Outra coisa. — Suspirou.
— Saia da janela. — Lil' Daddy mandou, batendo a mão na cama, chamando-a. — Os outros podem te ver e atirar em você.
Lara o olhou nos olhos, sorrindo.
— Eu não tenho medo de morrer.
— Você é uma vadia louca. — Ele riu, tossindo em seguida. — Por isso nos damos tão bem.
— Pare de tentar ser romântico. — Ela riu. — A única razão pra eu estar aqui é porque você gosta da minha bunda. E porque eu sou branca.
— Ok, e você só está comigo porque eu te mimo. Você é uma vadia muito mimada, quer dinheiro e meu pau o tempo inteiro. — Ele riu, dizendo algumas verdades. Ela apenas concordou com a cabeça, deitando-se ao lado dele.
— Sim. — Puxou o lençol. — Amanhã tenho faculdade, será se você poderia me acordar às seis?
O traficante olhou no relógio do celular, franzindo o cenho.
— São quatro horas. Dorme bem, gata. — Sentiu o leve estalar dos lábios dele sob a fina pele do seu pescoço.
Lara dormiu com um sorriso no rosto — não porque dormira ao lado de Lil' Daddy, mas porque eles transaram e ela recebera mais do que pedira. Nada no mundo a deixava mais feliz que o dinheiro e alguns bons prazeres da vida, Lara era a personificação do pecado de luxúria. Adorava ser mimada, adorava quando Lil' Daddy lhe dava dinheiro sem motivo aparente. Ela só queria dançar, fazer dinheiro, sexo, e não ter de ir na faculdade, procurar emprego, todas essas coisas extremamente mundanas e inúteis.
Realmente, ela não se importava em assassinar e receber dinheiro por isso, pois, no fim, ela pararia no mesmo lugar onde a pessoa trabalhadora, que batalhou para conseguir dinheiro, estaria; o cemitério. O único fim do ser humano é, se não debaixo da terra, ter o corpo incinerado, então por que ela se limitaria a tentar agradar seus tios, seu pai, quando podia estar dando para o traficante que eles estavam procurando? Lara gostava da diversão, do perigo. A morte olhava por ela, por isso sempre saía viva de todas as situações.
Acordou com ele a chamando, o rosto amassado e os cabelos mais amassados ainda. Ela levantou-se, sorrindo, pois a cara de sono dele o deixava com a mesma aparência de quando estava chapado. Lara vestiu sua calça, ajeitando a pistola na cintura — estava sem coldres —, vestiu um dos moletons de Lil' Daddy, cobriu o dinheiro com a jaqueta e pegou as chaves do carro.
— Psiu. — O som a fez parar a um passo da porta. Virou a cabeça para ele, o traficante estendeu um baseado para ela. — Bolei pra você. — A voz arrastada denunciava seu sono.
Lara pegou o baseado, deixando um beijo agradecido na boca dele.
— Volta a dormir, você está com sono.
— Boa aula, gata. — Se ele não lhe desse um tapa na traseira, não seria Lil' Daddy.
Voltou ao seu apartamento, pois precisava trocar de roupa — costumava não repetir as roupas dos assassinatos no mesmo dia —, colocaria aquela para lavar. Incinerou as luvas cirúrgicas no lixo de casa, para depois pegar a sacola e jogar nas caçambas. Tomou um banho rápido, lavou os cabelos e finalizou-os com os cremes certos. Vestiu o moletom da Gucci que pegara de Lil' Daddy pela terceira vez — Ela gostava bastante daquele moletom e pensou em pedir um ou então roubá-lo. Lara jogou a mochila nos ombros e saiu.
Lara não pensou no assassinato da noite anterior; o assunto morria junto com a pessoa assassinada. Esse era um dos motivos para Lil' Daddy mandá-la matar, porque ele sabia que Lara não voltaria a falar daquilo nem mesmo se a questionassem. Ela nem mesmo gostava de contar quantas pessoas matou. A única coisa que ela guardava consigo eram os motivos; um que a assediou de madrugada, três que comparam dela e não pagaram no prazo, dois que se recusaram a pagá-la e mais alguns engraçadinhos que tentavam levá-la como prostituta. Às vezes ela não matava com consciência, matava apenas como uma forma de defesa; odiava ser chamada de prostituta, odiava quando a pegavam pelo braço, odiava quando davam tapas nela sem motivos, odiava quando não lhe pagavam. Então, ela simplesmente se defendia sacando uma arma. Só isso.
O problema era que Lara era rápida no gatilho. Estava atrasada para aula alguns bons minutos, reparou, mesmo assim parou no estacionamento do prédio, mandando um sorriso para Dylan, também atrasado e eles acenderam um cigarro para conversarem. Nenhum dos dois estava com muito tempo para irem no apartamento do outro e passar uma tarde fumando e tomando café, restava ficar ali, no estacionamento, conversando.
— Está cada vez mais difícil a gente se ver porque meu pai quer arrumar um emprego pra mim. — O loiro começou dizendo. — Ele cansou de me sustentar.
Lara soltou um riso. A sobrinha e o tio nunca se deram bem por inúmeros motivos.
— Você também não achou um emprego? — Dylan a olhou com suas duas esferas esverdeadas.
Desviou os olhos, tragando o cigarro.
— Não.
— Às vezes você some de madrugada. — Ele notou. — O que você faz?
— Nada que te importe.
— Você mata. — O loiro abriu um sorriso, a olhando. Lara fechou a cara.
— Seu pai continua reclamando do seu cabelo? — Mudou o assunto, observando a ponta do cigarro queimando.
O primo assentiu com a cabeça.
— Ele não aceita meu cabelo, ele diz que é coisa de viado. — Dylan riu. — Mas as garotas gostam mais do que quando eu tinha o cabelo curto, sabe?
Lara apenas assentiu.
— Você realmente fica mais bonito assim.
— Obrigado. — Sorriu, pousando os olhos nela, mantiveram um silêncio extenso enquanto os olhos dele a examinavam. — E aí, Lara?
Ela o olhou, franzindo o cenho.
— O quê?
Sentiu a mão dele enroscar em seu cabelo longo, e Lara culpou-se por não ter prendido as madeixas antes de sair de casa, puxando-a para perto. Ela já sabia o que ele buscava e ela se afastou, apenas fechando a cara.
— Não, Dylan. — Foi firme, cruzando os braços. — Não. Só aquela vez não bastou?
Seu primo riu, encolhendo os ombros.
— A gente nem transou! Foi só um boquete. Depois disso a gente nem mesmo se beijou ou qualquer coisa desse tipo.
— Você quer transar, mas eu não quero. E não posso.
— Não pode por quê? — Ele riu, desencostando do Jeep de Lara. — Você está namorando por acaso? — Estava diante dela, de braços cruzados. Ela ergueu o olhar para ele.
— Seu pai já te falou do Lil' Daddy?
— Sim, o traficante e assassino, o cara tá envolvido com muita coisa, tem briga de gangue, morte de policial… — Lembrou. — O que tem ele? — Foi a vez dele franzir o cenho.
— Estou transando com ele. — A expressão espantada do primo fez um sorriso aparecer no rosto dela. — E ele tem ciúmes da vadia dele. — Deixou claro, tragando o cigarro, abriu a porta do carro e entrou. Deixou Dylan com cara de assustado no meio do estacionamento.
Acerca do trabalho oral feito por ela, podia dizer que fora em um momento inapropriado. Era sábado, eles tinham o costume de um ir até o apartamento do outro para beberem e fumar, muitas vezes sob a companhia dos amigos da faculdade de Dylan e algumas prostitutas pagas pelos mesmos. Na semana anterior, isso acontecera e Dylan a chamara. Lara forneceu a maconha, LSD e preparou a codeína. Os amigos do primo resolveram brincar do jogo da garrafa com regras adaptadas e a ponta da garrafa caíra para ela e o primo.
Ela já estava entupida de droga e sequer devia ter feito um bom trabalho, mas parecia que Dylan estava na mesma situação — Lara sabia do desejo do primo sobre ela há muito tempo — e isso não foi empecilho algum. Agora, ela estava evitando o loiro porque sabia que ele iria pedir mais. Não que Lara estivesse negando sexo porque ela não queria se deitar com o primo, mas porque não era sua vontade decepcionar o seu traficante.
Antes de ir para faculdade, Lara comprou um café. Seu dia nunca começava antes de um gole de café.
Autor(a): morgananerthus
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).