Fanfic: Desde os dez. | Tema: Rebelde

- Senta, Mai! - Annie a encaminhou até o sofá e Dulce colocou a bolsa na outra poltrona.
- Muito obrigada, gente! - Maite tentava controlar as lágrimas.
- Certo... - Dulce respirou fundo. - Agora você pode contar o que está acontecendo?
- Dulce, talvez ela prefira descansar primeiro, respirar...
- Annie, nós precisamos entender...
- Gente! - Maite interrompeu as amigas. - Eu prefiro falar... Logo... Eu... - Ela dizia entre soluços. - Preciso dizer tudo de uma vez só.
- Certo. - Annie sentou ao lado de Maite e segurou a sua mão. - Estamos aqui. 
- Certo... - Maite abaixou a cabeça e respirou fundo, então, deixou as palavras, simplesmente, saírem. - Paulo era um homem encantador. Ele sempre tinha grandes expressões de amor escondidas na manga. Eu mal esperava e pronto! Flores, jóias, músicas... Ele é músico... Acho que vocês sabem. Eu nem me lembro como decidi morar com ele, mas agora, pensando, tenho a impressão de que ele tomou a decisão e aquilo simplesmente pareceu natural para mim. De certa forma, era confortável ter alguém que tomasse as rédeas da situação. Nossa primeira grande briga aconteceu duas semanas depois de começarmos a morar juntos. Eu decidi sair com vocês e não avisei a ele, pensei em ligar no caminho, era só uma saída com as amigas... Mas ele chegou em casa mais cedo, me viu arrumada e começamos a discutir. Num instante, ele estava gritando, no outro instante, estava segurando meu braço e pressionando meu corpo com força contra a parede, eu senti medo, pavor e chorei. Quando ele me viu chorando, pareceu acordar de um transe, me pediu desculpas, disse que me amava e me pediu que entendesse seu lado. Eu era uma mulher comprometida agora e ele ma amava, era apenas amor, medo de perder, então eu entendi, eu também o amava, também tinha medo de perdê-lo. Aquela foi a primeira vez que furei com vocês, sem nem avisar e vocês ficaram bravas comigo.
- Mai... - Annie estava com olhos cheios de lágrima. - Não imaginávamos...
- Annie, me deixe continuar. - Maite disse sem levantar a cabeça. - Depois disso, eu evitei sair com os amigos e não explicava o motivo porque tinha vergonha. Os amigos começaram a entender que eu era uma daquelas que trocava os amigos por macho e, logo, só me sobraram vocês, mas Paulo me dava mil motivos para não gostar de vocês, ele às vezes lia minhas mensagens e eu, muitas vezes, entendia o lado dele. Ele afastou cada um dos meus familiares também, mas era adorável quando visitávamos minha mãe. Aliás, ele sempre ia comigo. Mas tinha ciúme de tudo, mesmo assim,  e qualquer ciúme era motivo para deixar meus braços roxos. Agora, eu só usava camisas de mangas. Eu queria sair, eu queria sair daquilo, mas depois eu pensava que estava exagerando, porque ele era maravilhoso! Carinhoso e romântico, tudo o que eu queria, ele me dava e os rompantes só aconteciam em alguns momentos, afinal, eu também dava motivos. E uma vez eu até bati feio com a cabeça, mas como ele ia imaginar que eu cairia de mau jeito? Eu não tive forças. - Maite não parava de chorar. - Mas agora eu tenho, eu preciso ter, eu preciso de forçar não só por mim, não sou mais só eu, somos nós! - Ela segurava a sua barriga enquanto falava.