Fanfics Brasil - “Tudo era dourado quando o dia encontrou a noite.” Nicotine

Fanfic: Nicotine | Tema: Panic! At The Disco


Capítulo: “Tudo era dourado quando o dia encontrou a noite.”

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Erin’s POV


Nunca me senti tão sortuda como quando recebi uma oferta de emprego pouco depois da minha formatura. Era em uma clínica pequena em que eu estagiava já há uns seis meses durante o último período da faculdade, pelo que parece a psicóloga que eu substituiria havia se aposentado e eles acabaram me chamando. Não tem como medir o tamanho da minha alegria naquele momento. Minha vida estava se encaminhando pelo melhor caminho possível e só estava começando.


− Quando foi que você cresceu e virou essa mulher incrível? Meu bebê cresceu tão rápido. – revirei os olhos e não pude deixar de rir assim que senti o beijo do meu pai em minha testa. Ele sempre foi bem mais carinhoso e sentimental que minha mãe. Não que ela não me desse carinho, muito pelo contrário, é uma das coisas pela qual nunca precisei reclamar. Ambos me davam carinho e me tratavam de uma maneira incrível, mas eu sempre fui mais apegada ao meu pai.


− Pai, menos! – ri baixo e dei um beijo em sua bochecha. – Daqui a pouco você começa a chorar. – ele fez uma careta e riu com o que eu havia dito.


Tomamos café, somente eu e papai, mamãe sempre dormia até mais tarde, ela trabalha em uma editora no período da tarde e sempre acabava trazendo trabalho pra casa, ficando até tarde escrevendo, corrigindo e às vezes descartando materiais que eram escolhidos como os prováveis a irem para as colunas da revista. Meu pai era advogado, e, todos os dias ao ir para o trabalho, pela manhã, me dava uma carona no tempo em que eu ainda estava fazendo faculdade, mas, agora eu tinha meu próprio carro que ele e mamãe me deram de presente assim que me formei.


− Sorriam! – olhei confusa e logo soltei uma risada ao ver minha mãe entrando na cozinha ainda com roupa de dormir, porém maquiada e com uma câmera na mão. Lia a acompanhava. Lia era a moça que cozinhava e mantia a casa arrumada. Já que quase não parávamos em casa, tínhamos que ter alguém para manter as coisas em ordem, e desde que me entendo por gente, Lia estava conosco.


Mamãe entregou a câmera para Lia e se posicionou na nossa frente, nos arrumamos da melhor forma possível e eu pude sentir um flash forte praticamente me cegando. Mamãe fazia questão de registrar todos os momentos importantes, desde meu nascimento, primeiro dia na pré-escola, primeiro dia no ensino médio, faculdade, e etc.


Fiz questão de tirar uma foto com Lia também, assim como eu já havia feito outras vezes, ela sempre aparecia nas fotos. E não, nunca tirávamos só uma.


− Achei que estava dormindo, mamãe. – limpei a boca com o guardanapo e olhei no relógio da parede. Estava na hora de ir.


− E perder de ver meu neném indo pro seu primeiro dia de trabalho? Nem pensar! – levantei da mesa e a abracei.


− Eu preciso ir. Tenho dois pacientes no meu primeiro dia oficial de trabalho. Desejem-me sorte! – lancei um sorriso inseguro para os dois.


− Você não precisa de sorte, meu amor. Você é inteligente, linda e recém-formada naquilo que você tanto ama. Vai dar tudo certo! – meu pai puxou mamãe e eu, e, juntos nos abraçamos. – Nós amamos você.


− Eu também amo vocês!


***


Meu primeiro paciente acabara de sair do consultório e por incrível que pareça eu não havia surtado. Eu, Erin Tooley, havia sobrevivido ao meu primeiro paciente da vida. Quer dizer, não era o primeiro caso que eu acompanhava, eu já havia lidado com dezenas de casos durante o meu estágio, mas na maioria deles, eu era apenas mera telespectadora, e agora eu tinha um caso meu, somente meu. Era uma sensação maravilhosa de dever cumprido. Claro, era apenas meu primeiro, mas a primeira vez sempre nos marca, é a vez onde você sente várias sensações ao mesmo tempo, frio na barriga, nervosismo, um medo de fracassar  por tudo a perder (eu tentava me livrar desse medo e colocar na cabeça que isso era normal), ansiedade..., é tudo único. E eu estava bem, inteira, não chorei, não travei; tudo tinha ido bem e eu estava extremamente orgulhosa de mim mesma.


Fui afastada dos meus pensamentos com alguém batendo na porta. Lógico, meu segundo paciente. Caminhei até a porta e a abri.


Era um homem. Alto (comparado a mim, todo mundo é alto, diga-se de passagem), cabelos pretos levantados em um topete, olhos castanhos e lábios, que eu não pude deixar de reparar, bem carnudos. Prestei atenção em todos os detalhes, tenho que admitir, ele era bem bonito. Vi o rapaz se deitar no divã, bem à vontade. Sentei em uma poltrona em frente a ele e pus em meu colo meu bloco de anotações.


− Nome? – tá, eu já sabia seu nome, tinha tudo em sua ficha que já haviam me entregado, mas para ter uma comunicação melhor, diga assim, eu preferi iniciar a conversa dessa forma, para ter o momento de “Estamos nos conhecendo, você pode confiar em mim!” com o paciente.


− Brendon Urie. E o seu? – ele respondeu sem entusiasmo algum, anotei todas as minhas observações a respeito dele.


− Você me procurou para uma sessão, Brendon. Não sabe meu nome?


− Não! – ele respondeu com frieza. – Liguei e pedi por um psicólogo. Me deram um horário e eu vim.


− Entendi. – tentei esboçar um sorriso simpático, mas mesmo que eu sorrisse, não adiantaria, já que ele fazia questão de encarar o teto desde a hora que havia chegado. – Me chamo Erin Tooley e estou aqui para te ajudar no que você estiver precisando. Qual sua idade?


− 31, e você? – confesso que achei aquilo divertido, mesmo sem entusiasmo algum da parte do paciente, era bem legal esse tipo de diálogo, em vez de eu conhecer o paciente e ficar somente nisso, nós estávamos nos conhecendo. Era favorável, exceto pela falta de emoção do paciente.


− 25 anos. Diga-me, por que me procurou?


− Já disse que não procurei por ninguém. – ele respondeu em um tom grosseiro, mas logo começou a rir, uma risada fraca e curta. –É brincadeira, gatinha. – e me lançou uma piscadinha rápida, mas capaz de fazer meu rosto corar por inteiro, tinha certeza, pois o calor que senti em minhas bochechas não era normal.


− Certo Brendon. – forcei um riso fraco e sem graça, visivelmente desconcertada pela piscadinha, sem entender o porquê da minha involuntária reação corporal por conta dela. – Por que você está aqui? Algum problema em especial?


− Ah, eu já tive vários problemas. Minha infância foi uma merda, minha adolescência foi uma merda. Mas minha vida adulta... –ele agora sorria de uma forma sacana. – Minha vida adulta está sendo divina. – ele sentou de frente pra mim e olhou pra cima novamente, dessa vez apontando para a direção do teto. – Não que eu vá para o céu, claro, meu lugar já está reservado no inferno. Quem sabe eu até assuma a liderança de lá. – ele voltou a olhar pra mim e senti um calafrio percorrer por todo o meu corpo. Não sei qual a expressão meu rosto tinha, mas foi suficiente para ele rir novamente. – É brincadeira! Céus, você não tem senso de humor?


Sorri nervosa. Droga, esse paciente me daria trabalho. Naquele momento eu entrei em total desespero. Um branco tomou conta da minha mente e eu não sabia mais nada, não lembrava sequer meu nome. Anos de estudo para esquecer tudo no segundo paciente que me aparece. Eu estava lindamente fodida. Não conseguia me concentrar e parecia que meu cérebro havia se esquecido da simples tarefa de como formar frases. Brendon havia dado um nó no meu cérebro. Mas eu não poderia deixar isso transparecer. Não seria meu último paciente confuso, eu não poderia deixar que nada atrapalhasse meu desempenho.


− Então... Me conta sobre sua infância. – assim eu ganharia tempo suficiente para me recompor e retomar a sessão da maneira como ela deveria seguir.


− Ah, nada demais. Cresci com meus avós, sempre cheio de mimos, blá, blá, blá. – ele revirou os olhos. – Adolescência igualmente chata. Vida adulta legal, eu faço coisas que me deixam, digamos, feliz, revigorado...


− Ah, isso é ótimo. – sorri sinceramente pela primeira vez durante toda aquela conversa. – Que tipo de coisas?


− Hã... Meu trabalho. Eu faço uma troca de favores para as pessoas. Elas me contratam, eu faço o que elas pedem e em troca eu recebo dinheiro.


− Isso é bom. Na verdade é ótimo, mostra que...


− Quer saber como eu gasto meu dinheiro? – fui interrompida pelo rapaz fazendo com que eu esquecesse totalmente o lindo discurso que eu havia formulado em segundos na minha mente. Abri a boca novamente para responder a pergunta, mas antes mesmo que eu pudesse esboçar qualquer som, fui novamente interrompida. Obrigada, Brendon, por fazer eu esquecer tudo o que eu suei para conseguir pensar. – Eu apenas gasto como todo mundo. Mas hoje é seu dia de sorte porque você vai ter a chance de sair com um cara lindo que quer muito gastar dinheiro com uma bela moça que está nesse exato momento atendendo um paciente desnecessário porque pode ver com clareza que ele não tem problema algum.


“Não tem problema algum?”, na verdade a única certeza que eu tinha sobre ele naquele momento é que se ele tinha algo de sobra eram problemas.


Soltei uma risada alta o suficiente para talvez tiver sido ouvida do lado de fora do consultório. Nem eu havia entendido o real motivo para minha reação. Talvez nós pudéssemos aplicar exatamente nessa situação o famoso “rindo de nervoso”. Levei as mãos até o rosto e levei duas mechas de cabelo para trás das orelhas.


− Agradeço seu convite, mas vamos, por favor, tentar manter um nível aceitável entre paciente e médico na nossa conversa, sim?


− Eu entendo que você não queira sair por talvez medo de se apaixonar por mim. – era notável que aquela confiança toda dele lhe dava um charme, talvez pudesse ser divertido sair com alguém assim. Logo me lembrei de todos os relacionamentos frustrados dos quais eu já havia saído e sofrido por meses por causa de caras bem babacas. Eu meio que sou um imã de caras errados. Ta aí o motivo pelo qual eu prometi a mim mesma que não ia mais me envolver tão cedo com alguém. Eu queria liberdade, não aguentava mais emendar um relacionamento em outro, sempre fui muito rápida com isso, quem sabe não era por isso que eu sempre me dava mal? Mal superava um e já estava morta de amores por outro. Fechei os olhos por alguns segundos para não visualizar as lembranças de relacionamentos passados.


− Não vou sair com você ok? Você é meu paciente e eu estou aqui para te ajudar no que for preciso. Apenas!


Nesse momento ele se levantou. Fiquei sem entender.


− Agradeço seu tempo, mas essa sessão acabou. – franzi minha testa sem entender nada. – Você tornou tudo isso muito chato.


Não acreditei quando ele saiu pela porta e me deixou ali, parada e com uma cara de idiota sem entender o que havia sido aquilo.


 


 


 



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Autor(a): annenogueira

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Brendon’s POV Meu plano era bem simples. Eu faria amizade com Erin de uma forma que eu passasse a frequentar sua casa. Eu precisava de algo para saber a rotina de Jeff, precisava saber quando eu poderia encontra-lo desprevenido e sozinho, sem qualquer possibilidade de defesa da parte dele ou de qualquer pessoa que pudesse atrapalhar no plano caso eu fosse visto, fato ...


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