Fanfics Brasil - 9 - Pegamos a estrada. P.S: Nunca deixe Candence dirigir de novo Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada (Livro 1)

Fanfic: Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada (Livro 1) | Tema: Fantasia


Capítulo: 9 - Pegamos a estrada. P.S: Nunca deixe Candence dirigir de novo

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Você deve estar se perguntando como eu fiquei ao ver Marie morrer diante de mim. Bom, me senti arrasado. Impotente. Fraco. Frágil. E todas outras palavras que possam definir como estou me sentindo agora. Ela esteve presente na minha vida desde... bom, desde sempre! E está claro que não sabia tudo sobre ela, mas não importa. Se ela assim o fez, foi para nos proteger de quem quer que fosse. Era ela quem ficava comigo quando eu tinha pesadelos, quem me aconselhava sobre tudo, principalmente como seria meu futuro (Não que ela tenha dito ser uma entidade divina responsável pela natureza e, que eu sou filho de uma deusa).


Vê-la morrer trouxe à tona a minha verdade: eu sou um fraco. De uma forma ou de outra, coloquei-a em perigo e não a consegui proteger quando precisou. Marie havia morrido e a culpa era minha.


***


Eu estava desolado, acabado. Lágrimas escorriam aos montes dos meus olhos. Minhas mãos estavam manchadas de sangue. O sangue dela. A dor de perder alguém que se ama é extremamente angustiante. Queria ficar ali, sentado, relembrando todas as coisas boas que Marie fez por mim, ou que tudo aquilo não passasse de apenas um pesadelo. Um maldito pesadelo. Mas, infelizmente não era. Aquela era a realidade, a vida real, por mais distorcida que possa estar parecendo. Deuses, Dêidas, monstros, Remanescentes. Diversas coisas para processar em meio a dor do luto.


Por um momento fui desligado do mundo. Pra mim, eu estava sozinho no escritório, sem sinal da Sue ou Candence. Tudo que conseguia ouvir era uma voz. A mesma voz daquela mulher do sonho que tive na noite passada. "Marie era uma ótima amiga." Disse a voz. "O destino que ela teve, já havia sido escrito anos atrás, quando ela decidiu cuidar de você por mim."


Não lembro como, mas fui despertado desse topor pela Candence:


— Adrian? Temos que ir.


— Dá um tempo pra ele, garota. – Susan repreendeu-a. Sua voz parecia distante, fraca, chorosa, assim como Candence. O que, infelizmente, me fez acreditar mais ainda que não era um sonho. – Ele tem o direito de ficar triste, oras. Eles eram uma família.


— Tá, tudo bem. – disse Candence, dando fim a breve discussão. – Vou lá embaixo ver se Ferdinand já voltou. E aproveitar para ligar o carro, assim já estaremos prontos para partir. Claro, assim que você ter seu momento, Adrian. – Dava pra notar que ela também estava triste, não exatamente pelo mesmo motivo que eu, claro, mas estava. Ela saiu do escritório e deixou a porta encostada.


Susan ficou do meu lado. Colocou sua mão esquerda no meu ombro.


— Eu sinto muito, Adrian, pelo o que aconteceu. Pra você deve ser muita coisa para processar. Eu sei que pra mim está sendo... Enfim, se precisar de alguma coisa estarei do outro lado da porta.


Ela ia se aproximando da porta, quando a chamei:


— Você pode ficar aqui, comigo? Só um pouquinho.


— Claro, Adrian.


Ela sentou do meu lado, na mesinha de vidro. Em outra ocasião eu teria ficado vermelho, mas, agora, não estava com cabeça pra pensar nesse tipo de coisa. Estávamos nós dois ali, sentados, tristes. Passaram-se dois minutos sem nenhum de nós dizer uma palavra sequer, até que tive iniciativa para falar algo.


— Sabe... – comecei. – teve uma vez, morávamos noutra cidade ainda, eu devia ter o quê, uns nove ou dez anos por aí. Eu estava tendo problemas para dormir, tinha pesadelos todas as noites. Criaturas estranhas apareciam do nada e começavam a vir atrás de mim. Ocorriam sempre no mesmo horário: 02:15 da madrugada. Marie vinha até meu quarto com um pouco de leite e uns biscoitos. – Relembrar aquele momento me fez dar um sorriso triste, breve, porém sincero. – Ela ficava comigo até eu adormecer, ela dizia que um dia eu enfrentaria esses pesadelos e sairia vitorioso, porque eles não eram mais fortes do que eu. Depois de um tempo, os pesadelos pararam, assim, sem mais nem menos. Marie disse, naquela ocasião, que eu havia derrotado meus demônios. Eu era só uma criança boba, não que eu não seja uma criança, mas é que antes não entendia muito bem do que ela havia dito. Mas, agora, estou começando a perceber que, aqueles demônios, ainda estão aí para me assombrar. E que eles são mais reais do que apenas pesadelo.


— Adrian... não vou mentir dizendo que sei o que você está passando, ou como é perder alguém que você ama. Mas, posso entender que eu no seu lugar estaria tendo a mesma reação. Não suportaria ver meu pai, ou até mesmo minha madrasta e a minha irmãzinha morrer. Não conheci a Marie do mesmo jeito que você, mas pelo que pude perceber, ela se preocupava bastante com você e com seu pai.


— Eu sei, Sue. Mas... ela ter morrido é culpa minha.


— Como pôde ser culpa sua, garoto? – ela falou num tom um pouco mais forte, mas tentando manter a ternura em sua voz. – Se ela estava protegendo você antes mesmo do seu nascimento, como você pode ter culpa nisso?


— É-É... mas... – Não queria acreditar que ela estava certa. Mas uma grande parte de mim dizia que eu era o culpado de tudo aquilo. Que a morte dela era minha culpa, e que, se algo acontecesse com meu pai a culpa também seria minha. – Se eu não tivesse nascido, ela não deixaria de ser uma Dêida e não morreria por minha causa.


Ela me encarou profundamente. Olho no olho. Agora sim, talvez, eu tenha ficado um pouco corado. Tentei desviar o olhar, mas sempre voltava a encarar seus olhos castanhos. Eu não sabia o que ela pensando, o que me deixou um pouquinho apreensivo. Mas, por fim, ela me deu um soco no braço. E depois me abraçou com força, como um abraço de urso.


— Ai! – resmunguei, passando a mão no meu braço depois que ela havia me soltado.


— Se você não tivesse nascido, bobão, não teria conhecido a pessoa mais legal desse mundo. – Ela apontou os polegares para si mesmo. – Euzinha.


Por um momento, aquele momento, a tristeza foi embora. Me permiti um sorriso, o que se prolongou para uma risada e ela me acompanhou. Dar aquele sorriso fez aquecer todo meu corpo, minha alma. Era a mesma sensação que tinha com a Marie. Talvez fosse algum sinal divino mostrando que a vida não tinha terminado ali. Que por mais que a Marie faça falta, ela ainda estaria comigo aonde quer que eu fosse. Ela teria um lugar enorme reservado no meu coração e nas minhas lembranças.


— A vida continua, Adrian. – disse ela. – Marie te amava e você a amava. Não esqueça deste sentimento que você carrega e nunca a esquecerá. – ela se levantou. Espanou a roupa e foi em direção a porta. – Agora, não quero dar más notícias, mas você ouviu o que ela disse sobre seu pai. Ele também está em perigo.


— Meu pai... – repeti. – Sim, claro. Não esqueci dele. Temos que chegar antes que o ataquem e...- eu não consegui terminar. Não pude deixar de pensar no pior.


— Não se preocupe. Vamos chegar lá e chutar umas bundas de qualquer monstro que apareça. Estarei esperando no carro, com aqueles dois lá. – ela deu um risinho e saiu do escritório antes de mim, indo até a garagem.


De repente, senti minha nuca arder. Minha cabeça foi a mil. "Sua mãe é uma deusa", foram as palavras da Marie. Porém, ela não disse o nome. Mas, meio que não importava agora. Uma deusa. Anoitecer, meu relógio/espada, havia voltado para meu pulso, e começara a esquentar, vibrando e emanando a cada vez que isto voltava à cabeça. Como meu pai havia adquirido tal apetrecho? A quem pertencia? Será que era da minha mãe?


Saí da mesinha de vidro. Fiquei encarando o sofá por alguns segundos que, minutos antes tinha Marie sob ele. Agora, era apenas mais um sofá velho marrom, ensopado de sangue. Marie havia morrido e não haveria um dia sequer que eu não lamentaria sua morte. Mas, além dela que estava em perigo, meu pai também está. E só depende de mim ajudá-lo.


Fui até o banheiro do meu quarto, tentar tirar o sangue das minhas mãos, mas é um pouco mais complicado que isso. Não há sabão que tire por completo. Mas, por fim, consegui tirar boa parte, mas ainda tinha um pouco. Desci as escadas, peguei minha mochila na sala e fui até a garagem. Me deparei com Ferdinand junto as garotas, me esperando dentro do carro. Era um Alpha G1 sedan, na cor prata.


— Não há nenhum monstro na vizinhança, Tampinha. – me atualizou do prognostico, mas não dei muita importância. – Além disso... sinto muito por não termos chegado a tempo para salvar sua babá.


— Ferdinand! – repreendeu-o Candence. – Mais respeito, por favor. Você mais do que ninguém deveria saber a dor que ele está passando.


Eu não entendi do que ela estava falando, acho que nem a Sue. Ferdinand baixou a cabeça, talvez com vergonha ou arrependido pelo que havia dito. Porém, se estava, não disse nada.


— Prontos pra ir? – disse Candence, no banco do motorista brincando com o volante do carro. Ela parecia empolgada.


— Sinceramente... não mesmo. – Ferdinand parecia nervoso.


— Relaxa, Fer, eu melhorei muito nos últimos meses. – ela se virou para o banco traseiro, onde Sue e eu estávamos. Ela deu um sorriso grande e malicioso. – Apertem os cintos, crianças. Hoje, a tia Candy vai dar aula de como dirigir com segurança.


— Não estou muito confiante nisso. – sussurrou Susan.


Candence apertou o botão para abrir o portão da garagem. O grandão, Ferdinand, juntou as duas mãos, no que parecia ser uma oração. Susan checou o cinto duas, três, quatro vezes. E eu... bom, eu tive a sensação de que seria melhor me segurar na parte baixa do banco, sabe, só por garantia.


Ela rodou a chave na ignição. O motor gemeu. O portão subiu devagar, como se não quisesse que saíssemos. Candence abaixou o freio de mão. Passou à primeira marcha. Acelerou com tudo e saiu em disparada.


Eu não voltaria ver minha casa tão cedo.


***


Sabe aqueles filmes de corrida em que o piloto vai acima dos 200 km/h sem se importar com as consequências do que poderia acabar causando? Bom, a Candence era pior. Ela certamente não dirigia da forma segura como dissera. Acho que agora entendo o por que do Ferdinand estava rezando. Talvez não fosse uma má ideia.


Cruzávamos as ruas de Sempre Noite de uma forma assustadora. Nos primeiros, sei lá, cem metros após sairmos de casa, Candence quase bateu duas vezes. E eu acho que foi intencional. O rádio estava ligado numa estação de notícias, onde estava falando dos acontecimentos daquela manhã, no colégio Castelo Branco. O repórter no local confirmara que havia sido de fato um terremoto que fez parte da estrutura do colégio desabar e, que, felizmente, os maiores danos foram materiais. Mas, o que eles não sabem é que não foi um terremoto. Foi uma luta entre Galiofeu, um Chacáh, e eu. Não tive muita escolha: era me defender ou virar parte da refeição, junto com a Susan. E cá entre nós, ter resultado na destruição do colégio, ao invés das nossas mortes, valeu totalmente a pena.


Após o intervalo do noticiário, o locutor voltou dizendo o clima e o trânsito para a parte norte da cidade. Por sorte, era pra lá que estávamos indo. O clima estava estável, com pouca chance de chuva, e o trânsito estava percorrendo normalmente e com poucos carros na pista.


Eram 14:38 quando chegamos na principal rodovia que liga a parte do centro da cidade para a parte norte de Sempre Noite. A rodovia McToilish não estava com poucos carros, como o locutor do programa havia dito. Isto só atrasaria ainda mais a nossa chegada ao Planetário, o que significava que tínhamos menos tempo para chegar lá antes que mais algum monstro fosse atacar o lugar e matar as pessoas, incluindo meu pai. Mas o trânsito não impediu que Candence seguisse com alta velocidade, ultrapassando os carros quase batendo, tirando tinta do retrovisor de um deles. Toda vez que ela se empolgava no acelerador, Ferdinand pedia que ela fosse mais devagar, para que nós – Susan e eu não ficássemos com medo. Mas estava claro que era ele quem estava com medo, o que pareceu ser engraçado. Candence tinha dito que ele era filho de um deus guerreiro, ou era da guerra? Tanto faz. Vê-lo naquela situação quase parecia ser vingança pela forma que ele me tratava.


Olhei para o lado e vi uma Susan distraída, talvez perdida em seus pensamentos. Ela não havia falado muito desde que partimos lá de casa. Para ser honesto, eu também não falei muito. Só que minha cabeça foi martelada por uma lembrança de minutos atrás: Marie havia dito, também, que o futuro da Sue seria tão conturbado quanto o meu. Algo também sobre uma escolha que ela teria que fazer. Veja só, também estou um pouco distraído em meus pensamentos, que até esqueci da nossa versão de Velozes e Furiosos. Ainda não entendia como Candence conseguia dirigir tão bem e tão rápido ao mesmo tempo. Geralmente ambas não combinam.


Porém, sair da rodovia Lincoln demorou um pouco mais do que Candence estipulara e, para nossa desagradável surpresa, fomos seguidos por uma viatura da polícia. Tivemos direito a tudo; sirene ligada, as luzinhas piscando em vermelho e azul e até mesmo o policial gritando no alto-falante , ordenando que parrássemos.


Ótimo, pensei. Vou ser preso antes da idade permitida e não conseguiria salvar meu pai das garras de quem que esteja atrás dele.


Candence xingou baixinho, mas ainda deu para ouvir. Ela deu a seta para a direita, indicando que ia encostar mais à frente. O policial seguiu praticamente colado a nós. Quando paramos, ele saiu do carro e veio até nós.


— E agora? – disse Sue, quase surtando. – Vamos ser presos? Eu não quero ser presa. Nem tenho idade pra isso.


— Vai ficar tudo bem, eu acho. – falei, tentando reconfortá-la. Mas na minha cabeça estava surtando também. – Candence, você pode cuidar disso, não é?


Ela deu uma baita gargalhada sarcástico, tão alto que o policial deve ter escutado.


— É claro, minhas crianças. Tia Candy sempre dá um jeito. – ela deu uma piscadela, e voltou-se para Ferdinand. – Fer, já sabe o que fazer, certo?


Ele assentiu.


O policial passou por nós, analisando cada um que estava dentro do carro, por fim, parou diante a janela do motorista. Ele usava o uniforme padrão da policia rodoviária de Sempre Noite: uniforme na cor caqui, um casaco da corporação e botas grandes pretas. E para completar, um óculos de aviador (Que não é parte do uniforme, só para deixar claro). Ele bateu no vidro para que abaixasse a janela.


— Boa tarde, seu policial. – Candence tentou ser casual, enquanto abaixava a janela. – Algum problema?


— Não sei. Será que tem? – a voz do policial era dura, com um certo ar de superioridade. – Você estava muito acima do limite de velocidade. Posso saber o porquê?


O policial olhou mais uma vez para dentro do carro. Deve ter pensado no que um bando de crianças estaria fazendo dentro do carro, dirigindo acima do permitido. Ele tirou os óculos de aviador e estreitou os olhos, pensativo.


— Me parece que vocês estão fugindo de algum lugar. Aliás, mocinha, você tem permissão para dirigir. Ou melhor, tem idade para fazer isso?


Pelo retrovisor esquerdo pude notar a expressão que Candence fez. Talvez fizessem muito essa pergunta pra ela. Ela pareceu um pouco ofendida, talvez irritada.


— Claro que sim, senhor. De que outra forma eu iria pegar um carro para dirigir? – ela pegou sua bolsa do porta-luvas, e dentro retirou sua carteira de motorista, entregando-a para o policial.


— Hm... – foi tudo que ele disse e saiu andando até a viatura.


— E agora? – perguntei, apreensivo.


— Não sei. Talvez, com sorte... – deu um sorriso triste.


— E quando tivemos sorte? – Ferdinand fez uma imitação perfeita dela. O que fez o clima ficar mais tenso ainda.


— Temos que ter sorte, não? – disse Sue. – O pai do Adrian está correndo perigo, e todos os outros que estiverem com ele. Temos que chegar até ele o mais rápido possível.


— Tá aí uma coisa que eu não achei que diria tão cedo, mas finalmente ela disse algo que tem razão. – rebateu Candence, com deboche.– Mas, infelizmente, não posso arrancar até o Planetário. Com certeza o policial chamaria reforços e não chegaríamos até lá e seriamos presos no processo.


Ela ter dito isso fez, mais uma vez, a tensão voltar e agora ficar mais impactante. Começamos a discutir entre nós, até que fomos interrompidos pelo guarda que estava voltando até o carro. E não parecia muito feliz.


— Vocês precisam sair do carro. Todos vocês. – ordenou o guarda.


Sem entender muito bem o motivo, saímos do carro.


— Qual o problema, policial? – Ferdinand tomou a dianteira o que não foi muito bom pra nós. Ele é todo grandão e forte, um tanto ameaçador, eu diria. E além de tudo isso, o tom em que ele falou não era nada amistoso.


— Vocês estão com duas crianças datadas como desaparecidas desde hoje pela manhã. – apontou para Sue e eu. – E além disso, o carro está no nome do pai de um deles. – O policial deu um risada nada amigável. – Terão muito o que explicar na delegacia, não apenas sobre o sequestro desses dois, mas também sobre as armas que estão carregando. – Sua voz ficou ríspida, grave. – Você estão presos.


Nos olhamos e ficamos tipo: "O quêee? Como assim?" Sue e eu não estávamos desaparecidos. Hoje cedo, no colégio, Ferdinand usou aquele pozinho para fazer as pessoas esquecerem as coisas. O Sr. Perry! Os outros professores devem ter perguntado sobre dois alunos novatos que de alguma forma sumiram. Só podia ter sido isso. Até porque, ninguém além da Marie, que agora estava morta, e meu pai, sentiria minha falta. Já com a Susan, seu pai havia liberado ela para ir até o Q.G.


Candence e Ferdinand se entreolharam. O grandão estava mexendo em seu bolso direito, pegando a bolsinha roxa. Bastava apenas um movimento rápido para sacudir o pó no rosto do policial e estaríamos livres. Mas, o policial percebeu a movimentação dele e gritou:


— Não mexa mais um músculo, grandalhão. – Quando ele falou grandalhão parecia mais um insulto do que na minha cabeça. – Isto são drogas? – ele pegou rapidamente a bolsinha da mão do Ferdinand. – Sequestrando crianças, roubando carros, armas que tenho certeza que não são registradas e nem têm idade para isso e, agora com drogas. A ficha criminal de vocês será enorme.


— Seu policial. – começou Candence. – faça de tudo, mas não despeje o pó na sua mão. É... fará um efeito indesejado em você.


— Não me diga o que fazer, criança. – repudiou-a. – Quem dá as ordens aqui sou eu!


— Tudo bem. – prosseguiu. – Eu avisei.


— É para sua própria segurança. – Ferdinand sabia o que ela estava fazendo e entrou na onda.


Enquanto isso, Sue e eu ficamos apenas olhando. Talvez se eu sacasse Anoitecer e chamasse atenção do policial, eles podiam pegar a bolsa e jogar o pozinho no rosto dele. Mas não precisou. O policial foi até a viatura e abriu a bolsinha e tirou um punhado do pó e colocou em sua mão, para analisar a droga mais de perto. Ele estava tão focado em tentar saber o que era aquilo, que nem percebeu que Candence se aproximava dele. Quando se deu conta de que Candence estava ao seu alcance, já era tarde demais. Ela o surpreendeu:


— Bu! – ela assoprou o pozinho no rosto do policial. Assim, como o Sr. Perry, ele tossiu um pouco, para depois ficar com os olhos vidrados no além.


— Bããh? – o policial começara a dizer coisas desconexas e a babar.


— Eu disse para não pegar o pozinho. – Candence se divertia ao vê-lo assim. – Olha, vai ser o seguinte: Você não viu quatro adolescentes no carro, correndo a sei lá quantos quilômetros por hora. – Ela se virou pra nós. – Querem dizer alguma coisa?


— Não. – respondemos uníssono; Ferdinand, eu e Susan.


— Tudo bem, seus sem graça. – ela deu de ombro. – Fer, você era mais engraçado que isso.


— Não temos tempo, Candy. – disse ele.


Ela se virou mais uma vez o guarda, e agora a baba dele estava escorrendo, como uma cachoeira de baba.


— Eca! Isto é nojento. Você já pode ir, seu babão. Como sou uma pessoa legal, vá até uma loja de rosquinhas para se empanturrar. Conheço uma ótima: Confins de Júpiter, no centro de Sempre Noite.


O policial deu as costas para nós e foi entrou na viatura. Ligou-a e deu a volta em direção ao centro de Sempre Noite.


— Podemos ir? – protestei, enquanto entrava no carro. – Meu pai não tem muito tempo. – olhei no relógio e já eram 15:00 horas da tarde.


— Claro. – exclamou. – Todos para dentro. A viagem da tia Candy continua! Próxima parada: Observatório Pérola Lunar.


— É Planetário. – corrigiu Sue.


— Ai, me erra, garota. – Candence deu a partida no carro.


O carro arrancou em disparada pela extensão da rodovia Lincoln 48. Em poucos segundos estávamos a mais de cem por hora. O trânsito parecia estar melhor do que antes. Nesse ritmo chegaríamos rápido, claro, se não fossemos parados por outro policial.


Não demorou muito e mesmo de longe, já conseguia ver o prédio do Planetário, com um grande telescópio apontado para o imenso céu.


Era questão de tempo para chegarmos lá e salvarmos meu pai, para depois, só depois irmos para Bahuessi. Mas, eu não estava muito feliz com essa opção de ir para o tal Q.G.


Candence acelerou mais e mais. O carro guinava. O motor roncava, resmungando por trabalhar de uma forma que antes nunca fora testado. O rádio estava ligado, na estação tocava uns rock pesado. Era quase o cenário perfeito para entrarmos numa briga



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Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Estávamos quase chegando ao Planetário, esta era a boa notícia. A má notícia... Candence estava tentando nos matar. Agora eu entendo por que Ferdinand estava rezando. Talvez não fosse uma má decisão. Ao meu lado, Sue mesmo com o cinto de segurança segurava forte no assento do carro. Seu rosto tinha express&atild ...


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