Fanfic: Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada (Livro 1) | Tema: Fantasia
Acordei com uma baita dor de cabeça. Bom, acho que é isso que se ganha quando é nocauteado por um zumbi. Meus ouvidos zumbiam (É um trocadilho meio ruim, mas nem foi de propósito), a visão estava embaçada. A única coisa que dava pra saber, de fato, era que eu estava amarrado, jogado num canto do Observatório.
Depois de um tempo, meus sentidos foram voltando ao normal, (in) felizmente não estava só. Candence estava comigo, desacordada. Porém, meu pai não estava conosco. Talvez ele ainda estivesse correndo dos zumbis e, por sorte, deu de cara com Sue e Ferdinand. Mas aí eu lembrei o que a Candence havia dito mais cedo: E desde quando tivemos sorte? Candence não parecia estar ferida gravemente, havia apenas um corte no supercilio, que sangrava superficialmente, também estava amarrada e sem seu arco.
Dos cinco zumbis de antes, agora só tinha três nos vigiando e, oportunamente, estavam de costas. Eles usavam as mesmas armaduras marrons e elmo dourado, exatamente ao Zumbi Número Um. Não pareciam notar que eu havia despertado. Mesmo com medo, fui deslizando lentamente até a Candence, tentando com que ela acordasse e nos tirar dessa. Talvez ela bolasse algum plano para com que resistíssemos um pouco mais até a cavalaria chegar – Susan e Ferdinand.
— Ei, Candence. – sussurrei. – Acorda.
Ela gemeu.
— Você precisa acordar. – empurrei-a com minha perna, mesmo estando amarradas.
— O-o quê? – ela disse, sua voz era fraca. – Onde... Onde estamos?
— Na parte não destruída do observatório, mas não sei por quanto tempo. – apontei com o rosto para os zumbis de areia. – Eles parecem impacientes com alguma coisa.
— P-Por que estamos amarrados? – perguntou, com certa dificuldade.
— Para não escaparmos?
— Sério comentário sarcástico agora?
— Desculpa. Quando fico amarrado por zumbis de areia uso o sarcasmo como forma de não enlouquecer. – respondi.
Candence revirou os olhos. Quase deu pra perceber que preferia morrer a ouvir outro comentário meu.
Ela gemeu de dor. Os zumbis viraram-se prontamente com as cimitarras em posição de ataque, preparados para nos empalar a qualquer momento. Eles se aproximaram de nós, o que deixaram eles ainda mais assustadores. Um deles teve a audácia de rir, o que deixou mais feio ainda, já que ele não tinha dentes, apenas um vão negro na boca. Certamente irá me dar pesadelos por muito tempo. Os zumbis pareciam conversar entre si que eram basicamente apenas grunhidos e ruídos com a boca. Seja lá qual fosse o assunto, não pareciam felizes. Por fim, eles voltaram para onde estavam depois de terem certeza de que não iriamos fazer nada de estúpido. Mal eles sabem que durante o dia todo nós fizemos coisas estúpidas, pensei.
Quando os guardas-zumbis pareciam finalmente distraídos, voltei a me aproximar da Candence para bolar algum plano de escapar dali:
— Temos que sair daqui. Os outros podem estar em perigo, e meu pai também.
— Sobre seu pai... – ela se conteve. – receio que já o pegaram.
— Não. Ele deve ter dado um jeito de escapar, ou se esconder. – Eu não queria acreditar naquela possibilidade.
— É. Quem sabe. – Ela sussurrou mais baixo quando um dos zumbis quase se virou em nossa direção. – Mas como vamos sair daqui? Estamos amarrados, desarmados e em desvantagem.
— Vou dar um jeito...
Fui interrompido quando alguém gritou:
— Ei, seus bundas de verme!
Era Ferdinand. Ele agitava a espada, chamando atenção dos zumbis. Admito que fiquei um pouco contente por vê-lo, mas se me perguntarem, eu não disse nada.
— Venham me pegar, bafos de terra. – continuou. – Estão mortos há tanto tempo que não conseguem correr atrás de mim.
Mesmo receosos, os zumbis grunhiram entre si e foram atrás dele. O plano pareceu dar certo. Eu meio que entendiam eles, Ferdinand era insuportável, mas apareceu numa hora boa.
Candence estava surpresa, de queixo caído.
— Eu disse que ia dar um jeito. – falei.
— Grrr! Cala a boca, Adrian. – disse Candence. – Ainda estamos amarrados, não comemore tanto.
— Não por muito tempo, eu diria. – Susan apareceu do nosso lado como em instantes. – Me parece que estão precisando de uma mãozinha.
— E para a humilhação ficar completa, a stalker é quem vai me salvar. – Candence deu um suspiro, triste. – Que dia!
— Posso deixar você amarrada para quando os zumbis voltarem, Sr.ª Arco-Íris. – Sue rebatou, confiante.
— Vão começar de novo, vocês duas? – intervim. – Sue, estamos gratos por ter vindo. Agora, se possível, nos desamarra rápido. Tenho que ir atrás do meu pai. Ele está em perigo, posso sentir.
— Pelo menos ele agradece. – olhou fixamente pra Candence.
— O quê? – se fez de desentendida. – Tá. Tá. Obrigada por nos resgatar. Agora, corta isso logo. Ferdinand está precisando de ajuda.
Sue puxou uma faquinha da cintura, que devia ser do Ferdinand, não me lembro dela carregar uma faca o dia todo. Mesmo com um pouco de dificuldade, ela cortou as cordas, nos libertando. Candence deu um salto quase instantâneo quando teve as perdas desatadas. Fechou os olhos por poucos segundos, e seu arco dourado reapareceu em sua mão, junto com uma aljava.
— E agora? – indagou Sue.
— Ajudar o Ferdinand. – Candence falou quase na mesma hora. – Adrian, você tem que vir também. Vamos precisar de toda ajuda possível.
— Mas... – minha voz vacilou. – Meu pai... Ele precisa de ajuda.
— E nós vamos ajuda-lo. Mas, primeiro, temos que ajudar o Ferdinand. Só assim, teremos alguma chance com os outros. Temos que tentar ser um time, pelo menos uma vez.
Mesmo indo contra minha vontade, eu concordei. Mais uma vez meu pai vai ter esperar. Só me restava torcer para que ele fique bem.
— Vamos logo, então.
***
Foi fácil achar o Ferdinand, era só seguir o rastro de destruição que eles deixavam, não fosse pior do que já estava. Ele estava lutando contra os três zumbis de uma só vez. Seus olhos estavam vermelhos, como se pegassem fogo. O grandão gargalhava enquanto lutava. E aí me deu um pouco de medo dele.
Ferdinand esquivava dos ataques, bloqueava, rolava para o lado, investia com toda força para cima deles. Não parecia que ele precisava de ajuda, mas a Candence insistiu. Ferdinand regozijava-se durante a luta, porém, num desses momentos de achar que estava indo bem (de fato, ele estava), um dos zumbis esquivou de seu ataque e o contra-atacou, acertando o braço direito dele superficialmente, mas o sangue escorreu. Isto fez os olhos de Ferdinand ficar num tom mais intenso de vermelho. Ele esqueceu os outros dois zumbis e focou apenas naquele que o atingiu. Plaft! O tilintar do aço ecoava no corredor do Planetário.
— Venha, seu monstro horrendo! – provocou, sem tirar os olhos dos outros que estavam atrás dele. – Me atinja de novo se for capaz.
Dito e feito. O zumbi que o atacara, investiu mais uma vez. Ferdinand desviou. Plaft! Contra-atacou, mas foi o ataque foi defendido pelo zumbi. Plaft! Tentou de novo, mas sem sucesso. Agora foi a vez de o zumbi atacar. Plaft! Recuou. Plaft! Ferdinand pulou para o lado, fazendo o golpe atingir apenas sua espada, mas isso fez com que ele perdesse o equilíbrio, e sua espada caiu. Ele tentou pegar, mas o zumbi impediu. Os outros que estavam atrás dele cercaram-no.
— Essa é nossa deixa. – gritou Candence.
A garota disparou uma de suas flechas douradas na direção dos zumbis que, infelizmente, não atingiu nenhum deles. Indo encontrar seu destino final numa das paredes.
Os zumbis guincharam. Ferdinand continuava desarmado no meio deles três.
— Adrian. – ela me chamou, após preparar mais uma flecha para ser disparada. – Invoque sua espada, ou seja, lá o que funcione. Vamos ajudar o Fer. – virou-se pra Sue. – Você... Bom, tente não morrer. Mesmo não gostando disso, você ficará aqui comigo, será meus olhos na retaguarda caso aparece algum outro zumbi de areia. Quanto a mim, vou atrapalhar eles o máximo que der com as flechas. Boa... sorte, eu acho.
Mesmo não sendo o melhor espadachim, ou minimamente bom, nem sequer passou pela minha cabeça questionar a Candence quando ela ordenou que eu fosse me arriscar para salvar o Ferdinand. Passaram-se, sei lá, seis, sete horas que descobri que meu relógio pode virar uma espada e não sabia manejá-la muito bem. Apertei o botão esquerdo do relógio, que começou a brilhar. Num piscar de olhos eu estava segurando uma espada de lâmina negra e runas roxas, emanando um brilho acinzentado.
Sabe quando eu disse que fizemos coisas estúpidas o dia todo? Essa aqui foi mais uma delas. Saí correndo em meio aos destroços que a luta entre eles deixou para trás. A minha cena correndo, com espada em mãos e gritando foi ridícula, segundo Sue. Um garoto de treze anos indo de encontro a três zumbis de areia para ajudar o cara que implicou comigo desde o momento em que ele chegou.
Bom, o problema de ter saído gritando é que isso definitivamente chamou atenção deles. Então, nesse meio espaço de tempo dos zumbis olharem pra mim, Ferdinand parece ter visto a oportunidade de revidar o ataque. O grandalhão golpeou um dos zumbis e o empurrou para trás, junto dos outros. Isso foi o suficiente para ele quase pegar sua espada de volta. Quase. O Zumbi Número Três (Foi o jeito que lidei para tentar diferenciar eles) recobrou os sentidos e investiu contra Ferdinand que, rapidamente, rolou para o lado. Se não fosse por isso, a cimitarra do zumbi teria encontrado seu alvo: a mão dele. E após correr um bocado, consegui chegar até Ferdinand, ficando ao lado dele.
— O que está fazendo aqui? – perguntou, surpreso por eu ter ido ajudar. E acredite, eu também estou.
— Por enquanto... – respirei fundo para poder recuperar o folego depois de tanto correr. – tentando salvar você, com os cumprimentos da Candence.
Apontei para aonde ela estava. Candence sinalizou com um tchauzinho.
Ele deve ter ficado um pouco mais confuso quando uma das flechas douradas passou voando por cima de nós, indo parar no braço do Zumbi Número Quatro, que não pareceu se importar. Apenas arrancou do braço como se não fosse nada.
Ele grunhiu. Os outros o seguiram. E aí a coisa começou a ficar mais feia.
Os zumbis vieram correndo até nós, com as cimitarras em posição de ataque. Tentei levantar Anoitecer o mais alto que pude para me defender.
— O que está fazendo, Adrian? – Desta vez ele usou meu nome, não apelidos.
— Me defendendo?
— Não levantando a espada tão alto. Assim – Ele abaixou a espada, fazendo com que a ponta ficasse rente aos meus olhos. Parecia um professor ensinando ao aluno novato. – Não tente fazer movimentos bruscos enquanto usá-la. Não pense nela como uma espada, e sim como uma extensão do braço. Com isso irá pegar o ritmo, sentir o peso e o balanceamento.
— Tuudo bem. – respondi, sem entender muito. – E o que você vai usar?
Ele apontou para os punhos.
— Consigo derrubá-los até com as duas mãos atadas as costas.
— Tá, né.
Os zumbis chegaram logo, tomando a iniciativa do embate. Eles gritavam a todo instante, talvez dizendo Matem eles. Atacar!
Encarei Ferdinand, seus olhos estavam com a cor vermelho sangue. Um ar sanguinário expelia de seus olhos. Ele não esperou os zumbis se aproximarem mais, e foi em disparada para cima de um deles. Mesmo contrariado por mim mesmo, fui atrás dele com Anoitecer em posição de ataque, lá no fundo tinha a esperança de quem ficassem intimidados. Mas não aconteceu.
A luta começou pra valer quando Ferdinand deu um soco potente na cara do Zumbi Número Três, que teve o elmo dourado arremessado e amassado. Pra mim, sobrou o Zumbi Número Dois; o Número Quatro foi saraivado por dezenas de flechas disparadas por Candence. Infelizmente, mesmo sendo bombardeado por um monte de flechas ele não parecia ter morrido, virou apenas um montante de areia vermelha, e momentos depois começou a se recompor.
Fiquei cara a cara com meu Zumbi. Ele me rodeava tentando achar o melhor jeito de fazer pedaços de mim. Ele rosnava como aqueles cachorros loucos. Minhas mãos tremiam de medo, quase deixei a espada cair algumas vezes. E então atacou.
Perto da morte eminente, meu corpo pesou por instantes. Mas, antes de ser atingido, meus sentidos se afloraram. Via o ataque dele vindo em câmera lenta, que foi até fácil desviar para o lado. O monstro pareceu não entender. E para ser sincero, nem eu. Ele tentou de novo. Rolei para a direita, sua cimitarra atingiu o chão com toda força, fazendo-o rachar. Tentou uma, duas, três vezes, eu desviava com certa facilidade – pulava para o lado, rolava. Atacar de volta, pensei. Tinha que aproveitar o bom momento. Ataquei. Plaft! Nossas lâminas se chocaram, soltando faíscas. Tentei outra. Plaft! Ele bloqueou o ataque. O zumbi balbuciou alguma coisa, que por motivos óbvios eu não entendi. Ele se afastou alguns metros. Me analisando.
Tive tempo de recuperar o folego, minha respiração estava ofegante. Com o canto do olho pude observar que Ferdinand lutava em igualdade com o Zumbi Número Três. De alguma forma ele tinha recuperado a espada. Ele lutava ferozmente contra o zumbi, sem dar chance de ser contra-atacado. O único porém era seu braço direito, que havia sido ferido momentos antes, agora sangrava um pouco mais. O zumbi tentou acertá-lo neste braço, mas Ferdinand era bom e sabia o que fazia, e se defendeu muito bem. Acertou-o em cheio com a parte chata da lâmina, fazendo o zumbi se desequilibrar e cair e cara no chão. Ferdinand não perdeu tempo e desceu-lhe a espada no pescoço, separando a cabeça do restante do corpo.
Parecia que as coisas estavam dando certo pra nós, mas infelizmente estava errado. O zumbi se levantou meio capenga – ainda sem a cabeça. Tateou o chão a procura da cabeça, quando a achou colocou no lugar. A cena foi horripilante até mesmo pro grandão, que parecia feliz em decapitar um zumbi de areia. Mas não tivemos tempo pra ficar mais surpreso com aquilo por duas coisas: A) Este mesmo zumbi voltou a atacar Ferdinand. B) O Zumbi Número Dois veio pra cima de mim mais uma vez.
Só tive tempo de colocar Anoitecer à frente do meu peito, senão era adeusinho Adrian. Ele recuou de novo. Eu não podia ficar apenas me defendendo, tinha que haver um jeito de derrota-los. Mas como? Antes que pudesse pensar em algo concreto, o zumbi voltou com força total. Investiu com um golpe em arco, mas consegui desviar por um triz. Ele tentou de novo de cima pra baixo, senti o fio da lâmina passando rente as minhas costas. Tentava de todo modo me acertar – de cima, de baixo, na altura do peito, mas eu conseguia esquivar sempre por um triz. Chegou uma hora em que eu estava ficando cansado, e não era o único. Ferdinand também diminuía o ritmo, dando espaço para o zumbi crescer em cima dele.
E então decidi atacar. Se fosse pra morrer, que fosse atacando.
Mesmo sem muita prática, avancei pra cima do Zumbi Número Dois. Mirei com a lâmina nas suas pernas ósseas, mas ele foi rápido e se mexeu na hora. Antes que ele pudesse se recuperar, investi contra sua armadura, agora com sucesso. A lâmina negra da minha espada ficou cravada no meio da armadura do zumbi, que soltara a cimitarra. Cortei a armadura do zumbi, que agora estava indefeso. Ele parecia com medo. Usei Anoitecer para cortar seus braços e os arremessei pra longe.
Uma força incontrolável crescia dentro de mim. Algo quente. Talvez fosse ódio. Me lembrei da Marie sendo morta por um deles.
Ódio.
Certamente era isso. Minha mão começou a suar. Senti um calor vindo de mim. Quando dei por mim, uma fagulha negra crescia na palma da minha mão. Era como se fosse fogo. Um pensamento correu na minha cabeça: Os corpos dos zumbis encontrados na minha casa tinham marcas de queimadura bem no peito. Talvez fogo fosse a fraqueza deles.
Levantei a mão até o peito dele. O zumbi se contorcia tentando fugir. Caiu. Engatinhou, mas não tinha como escapar. Eu tinha essa sensação de raiva, ódio. Essas coisas quando juntas podem causar um tremendo estrago. A bola de fogo negro cresceu. Sem pensar duas vezes enterrei minha mão com aquela bola de fogo no peito do Zumbi Número Dois. Ele guinchou alto, os outros dois olharam na direção em que estávamos. Puxei Anoitecer da armadura dele. Nada aconteceu. Até que todo seu corpo começou a esfumaçar. Enegreceu e o fogo tomou conta de todo ele. Até que no fim sobrou apenas sua cimitarra no chão.
Aos poucos a raiva foi passando. Os outros olhavam pra mim com receio, apreensão. Até mesmo Ferdinand me olhava com certo medo. Meus olhos focaram em algo atrás dele.
— CUIDADO! – gritei.
Ferdinand se virou rapidamente, aparando o golpe do zumbi. Usou sua espada para bater na mão em que o zumbi manejava a cimitarra para derrubá-la. E mais uma vez, perfurou sua armadura. O Zumbi Número Três caiu no chão. Ferdinand repetiu o que fizera antes: cortou-lhe a cabeça. Agora, com uma força tremenda separou o tronco do zumbi em dois.
— Rápido! – ordenou. – Faça sei lá o que fez e queime este aqui também.
Mesmo estando um pouco desnorteado, fui até ele.
— Faça.
— E-Eu não sei como fiz aquilo. – contei.
O zumbi estava se mexendo, tentando se recompor novamente.
— Como assim? – vociferou. – No que estava pensando quando fez aquilo?
— Hã, na Marie. Como eles a mataram covardemente. – Senti a raiva crescendo dentro de mim novamente.
— Use isso. Foque neste pensamento. Invoque de novo aquela bola de fogo.
Fechei os olhos e me concentrei naquele sentimento. Mais uma vez meu corpo esquentou. A palma da minha mão estava suada e formigando. Quando abri os olhos novamente, uma bola de fogo negro do tamanho de uma maçã estava na minha mão.
O zumbi conseguira juntar as duas partes do tronco que Ferdinand partiu.
— Faça. Agora!
Gritei de raiva. Do mesmo jeito de antes, enterrei minha mão no peito do zumbi. Que enegreceu do mesmo jeito do Zumbi Número Dois. Tudo que sobrou dele foi a cimitarra e o elmo dourado que estava longe do restante do corpo.
— Como você fez isso, Tampinha? – ele continuava incrédulo.
— Eu já disse: não sei. Apenas pensei na Marie.
Antes que pudéssemos discutir sobre isso, ouvimos um grito vindo de onde as garotas estavam. Quem havia gritado foi Sue. Fomos correndo até elas. Candence tentava retardar o zumbi com suas flechas luminosas, mas não o faria por muito tempo. O Zumbi Número Quatro parecia mais raivoso que os outros, quase como se estivesse atrás de vingança.
— Fogo! – gritei para que Candence pudesse ouvir. – Eles são frágeis contra fogo.
Antes que Ferdinand e eu pudéssemos chegar, Candence disparou sua última flecha, incandescente. O Zumbi Número Quatro parou no meio do caminho. Começou a sair fumaça do seu corpo e logo pegou fogo, assim como os outros. Desabou no chão e sobrou apenas sua espada, também chamuscada.
As garotas vieram até nós, estavam aparentemente bem. Susan veio correndo com tanta rapidez e acabou me abraçando com força, o que fez a gente cair. Tive a sensação de estar ficando vermelho. Candence também deu um abraço do Ferdinand, que parecia um pouco corado, também.
Sue e eu levantamos, rindo meio sem graça do ocorrido.
— Você está bem. – constatou.
— O quê? – disse eu, brincando. – Lutar contra zumbis de areia? Puff. Fácil.
— Lutou uma vez da vida e já ficou convencido. – provocou Ferdinand. – Mas, admito que lutou bem, Tampinha. De uma forma distorcida, você salvou minha pele. Obrigado por isso.
Aquele pedido de agradecimento foi algo inesperado, até mesmo pra ele. Não respondi. Invés disso ofereci um aperto de mão. Ele apertou um pouco forte demais, o que fez meus dedos doerem.
— É tão lindo ver os meninos se entendendo. – disse Candence, emocionada.
Todos nós rimos.
O momento de amizade foi interrompido por um estrondo. Atrás de nós apareceram os outros dois zumbis que carregavam meu pai como refém. Meu coração apertou.
— Você, Adrian Wessssssssst. – falou um dos zumbis. Sua voz era esganiçada e exagerava no s. – Esssssstá caussssssando diversossssss problemasssssss para nossssssssssso messssstre. Em troca, levaremos este humano aqui.
Apontou a espada meu pai, que estava amarrado e com um pedaço de pano na boca.
— Diga adeus para seu papaizinho, mortal.
Apunhalou meu pai na barriga. Meu pai curvou de dor. Mesmo com o pano na boca deu pra ouvir ele gritar.
— PAAAAI! – berrei.
Não hesitei e corri atrás deles. Quando estava me aproximando, o outro zumbi, com sua espada, cortou o ar. Uma brecha abriu atrás deles, e saltaram. Levando meu pai.
Continuei correndo até onde eles estavam. Me ajoelhei perto da poça de sangue que saiu do meu pai após o ferimento.
Meu pai havia ido. Estava praticamente órfão, sem as duas pessoas que mais amava.
Olhei para cima. Tinha algo na minha garganta. Um grito preso querendo sair.
Gritei mais alto que pude em repulsa a tudo aquilo que havia acontecido. Antes que pudesse me dar conta do que aconteceria em seguida, as luzes se apagaram. Escuridão total. Mas eu ainda conseguia ver com clareza. As janelas do Observatório se partiram em diversos pedaços. Minhas mãos tremiam. O ódio cresceu em meu peito. A raiva e a dor de perder mais alguém que eu amo.
Quando a luz voltou, eu desabei de costas no chão. Mas, antes que pudesse desmaiar de vez, vi algo que não presenciava desde Abril: numa das paredes havia alguma coisa verde. Um símbolo que parecia ser uma tocha. Não compreendi o que era.
E então desmaiei (de novo).
Autor(a):
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Nota mental: Já estou cansado de desmaiar e acordar com a cabeça doendo. Só uma vez, sério, só uma vez eu queria acordar bem, ou não desmaiar. Desculpe o desabafo. Voltando a programação normal. Era noite. Acordei com uma baita dor de cabeça. Pelo menos desta vez eu estava repousando no banco traseiro do carro ...
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