Fanfics Brasil - 24 - Depois dessa, eu não quero mais ter sonhos Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada (Livro 1)

Fanfic: Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada (Livro 1) | Tema: Fantasia


Capítulo: 24 - Depois dessa, eu não quero mais ter sonhos

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Se tiver algo mais chato do que as aulas da Sr.ª Allen, com certeza é viajar de carro. Sério, ficar horas e horas sentado no carro, fazendo a bunda ficar quadrada tomando o formato do assento do veículo e ver a contínua paisagem de solo árido e de árvores escassas pelas bordas da rodovia é praticamente uma punição. Além de ser entediante, ter que ouvir as músicas barulhentas da Candy me fez querer pular do carro e ir me arrastando até Glasten.


Felizmente tal coisa não foi necessária. Aparentemente, em viagens de carro, os passageiros tendem a criar laços uns aos outros, contando velhas histórias de quando eram crianças. Foi o que fizemos para nos manter atentos sem enlouquecer dentro do carro. Cada um de nós tinha que contar ao menos uma história sobre nossas vidas antes de descobrirmos que éramos remanescentes. Após um sorteio bem suspeito para ver quem iria contar primeiro, deu-se que eu daria o pontapé inicial.


- Por viajar muito de cidade em cidade com meu pai e Marie, eu pouco me enturmava e/ou saia para os cantos, a não ser com meu pai, Albert. – Comecei. – Então, vou contar a primeira vez que fui para o Planetário, anos atrás. Eu devia ter não mais que sete anos, meu pai nos levou até lá para mostrar seu local de trabalho. Eu saí perambulando por todo o lugar, xeretando tudo o que pude. Para mim, aquele lugar era como um parque de diversões. Em uma dessas andanças acabei entrando no Centro de Pesquisa, local onde fazem alguns experimentos de equipamentos espaciais. – Fiz uma pausa para respirar. Após seis anos e eu ainda lembrava a história como se fosse ontem. – Desta feita, como entrei de penetra, mesmo os cientistas sabendo de quem eu era filho, eles me expulsaram, mas não antes de eu poder ver algumas das coisas que eles estavam trabalhando.


- E o que era? – Perguntou Ferdinand, seus olhos brilhavam de curiosidade.


- Nada de mais, grandão. – disse eu. – Apenas óvnis.


Ele olhou pra mim com aquela expressão de Eu sei que você tá zoando, mas ainda assim vou te matar, Tampinha.


- Calma, Fer. Mas, sério, não era nada de mais. Era um traje espacial que estavam trabalhando para dar mais conforto aos astronautas, deixar o equipamento mais leve. Fora isso, tinha um pequeno protótipo de uma nave que estavam esperando aprovação do conselho do Planetário. Enfim, depois daquele dia eu decidi que seria um astrônomo também, igual meu pai.


Sue afagou-me o ombro pelo banco.


- É uma história muito bonita, Adrian. E seu pai vai poder vê-lo se tornar um grande astrônomo como ele também é.


- Assim espero Sue. – murmurei. – Assim espero...


- Minha vez! – pediu Ferdinand, espantando o clima triste que pairava dentro do carro.


Nós assentimos. Pelo visto ele estava muito animado para contar algo.


- Então, foi alguns anos de fugirmos e encontrarmos Candy e seguir caminho para o Instituto. – Iniciou o grandalhão. Ele estava falando no plural, então só poderia envolver outra pessoa... seu falecido irmão. – Lucca e eu éramos crianças ainda, eu devia ter uns nove anos e ele, oito. Estávamos voltando para casa depois que acabaram as aulas. Nós dois éramos unidos, afinal era só nós já que a nossa mãe ficava ocupada demais no exército, só voltando tarde da noite. Às vezes, só voltava no dia seguinte. – Ferdinand fungou pesadamente. Talvez fosse uma ferida entreaberta, mesmo alguns anos depois da morte de seu irmão, falar do passado, por mais que ele passasse a pose de durão, era difícil para ele. – Na volta pra casa – Prosseguiu. – uns garotos mais velhos vieram implicar conosco como quase sempre faziam.


Ele fez uma pausa na narração. O carro estava silencioso, a não ser pela estática vinda da rádio que não tinha mais sinal para sintonizar as músicas da Candy (Coisa que ninguém reclamou, diga-se de passagem).


- O que aconteceu? – perguntou Sue, após um minuto de pausa.


- Ah, sim. – Ferdinand coçou a nuca. – Até então eu não era muito de brigar, essas coisas. – Era quase impossível segurar o riso. Ferdinand não gostando de lutar? Conta outra. – Lucca parecia estar cansado de ficarmos correndo deles, chamou os cinco garotos para brigar. Vocês deviam ter visto, foi incrível. Ele era um pouco menor do que eu na época, mas encarou os valentões como se não fossem maiores do que uma simples formiga. Os garotos riram e aceitaram o desafio achando que seria fácil acabar com ele... mas estavam errados.


A cada palavra que Ferdinand falava, seus olhos cintilavam ao relembrar do irmão. Para ele – acho que para Candy, também – perder o Lucca foi o pior golpe que a vida poderia ter dado nele.


- Lucca acertou um soco potente no rosto do líder deles, que quebrou o nariz do garoto. – Ferdinand continuou. – Os demais ficaram chocados por um segundo, mas depois vieram para cima dele acertar as contas. Eles o cercaram. Os olhos dele estavam rubros, Lucca batia mais do que apanhava, aquele pequeno diabrete. Fiquei empolgado vendo eles brigarem e entrei no meio para ajudar meu irmãozinho. Juntos, batemos neles ao ponto de correrem chamando a mamãe e nunca mais ninguém mexeu com a gente. Daquele dia em diante decidimos que mais ninguém iria encostar o dedo em nós sem apanhar de volta.


- E o que sua mãe disse quando soube dessa briga? – perguntei, curioso.


- Ah... Ela bateu em nós por cima dos nossos machucados. – Riu-se. – Mas depois de um tempo ela nos levou a academia do exército para que fossemos treinados em defesa pessoal. Foi lá que aprendemos a lutar e quase tudo que sei hoje, com exceção a lutar com espadas. Isso foi graças ao Nick e a Graci.


- E foi assim que eles descobriram, anos depois, que eram filhos de Borthus. – concluiu Candy. Sem tirar os olhos da pista.


Ferdinand olhou feio para ela através do retrovisor interno.


- O quê? – Ela deve ter percebido. – Você contou isso antes, Fer.


Ferdinand parece ter se lembrado desse pequeno detalhe e relaxou os músculos faciais, deixando com a mesma expressão de antes.


- E você, Susan - O grandão voltou-se a ela. –, tem alguma história para contar?


- Não sei. – disse Sue, um pouco embaraçada. – Minha vida não é tão emocionante assim comparada a de vocês dois. Não entrei em brigas ou viajei por quase todas as cidades do país e observando estrelas.


- Posso contar uma minha se quiser. – interferiu Candy. – Aí você pode pensar em algo que queira compartilhar com a gente.


Se o mundo acabasse ali eu não escolheria pessoas melhores para estar junto. E, sinceramente, Candy sendo legal com a Susan era, definitivamente, um prelúdio para o fim do mundo. Seja lá o que fosse acontecer nós quarto éramos amigos, mesmo, as vezes, querendo matar um ao outro.


- S-seria bom. – disse Sue.


Candence pigarreou. Seus olhos continuavam vidrados na rodovia. Os carros pareciam estar em câmera lenta aos olhos de alguém que estava indo na hipervelocidade da filha de Xaylã.


- Então, crianças – Só estas duas palavras fez algo dentro de mim acender um alerta, quase sabendo o que viria a seguir. – foi alguns meses antes do Fer e Lucca me encontrar. Eu ainda morava com minha madrasta. Meu pai havia morrido cerca de dois anos antes.


Um nó se formou na minha garganta. Foi só então que percebi quão pouco os conhecia realmente. Quer dizer, eu os considerava amigos, mas não sabia exatamente o que tinham passado até chegarem a ser o que são hoje.


- Sinto muito, Candence. – disse Sue, tocada com a revelação.


- É, valeu. – Agradeceu Candy. Então retornou a história. – Enfim, minha madrasta não gostava muito de mim, e após meu pai morrer ela fez minha vida um inferno. Vocês me veem como esta pessoa sã e bastante equilibrada.


- Sã e bastante equilibrada. – Repeti.


Ela preferiu ignorar meu comentário.


- Eu era impossível. Certa vez, quando ela e a peste do meu meio-irmão começaram a me explorar, fazendo com que eu fosse a empregada deles, eu simplesmente não aguentei mais e, em um ato impulsivo, acabei ateando fogo na casa.


- Candy. – Repreendeu-a Ferdinand. – Como pôde? Você nunca tinha dito nada sobre isso.


Ela deu seu famoso sorriso psicótico.


- É, eu sou a louca incendiária.


- E a sua madrasta e irmão, o que houve com eles? – Questionei-a.


Candy deu de ombros.


- Ah, eles morreram no incêndio.


- O QUÊ? – Nós três “entramos” em um consenso nada programado para soltar a mesma pergunta.


Por fim, ela riu. Alto. Gargalhando tão alto que talvez fosse audível aos outros motoristas, claro, se estivéssemos numa velocidade normal.


- Ai gente, é brincadeira. – disse Candence. – Eles não estavam em casa, aproveitei para roubar o outro carro dela e fugi para bem longe.


- Boa história de superação, Candy. – pontuei. – Conseguiu superar o Ferdinand.


- Eu nunca sei quando você está falando sério, Tampinha. – falou Candy.


- Ninguém sabe... – fiz muxoxo.


Desta feita, Candence fez  uma ultrapassagem brusca em um carro à frente que, se não fosse pelo cinto de segurança eu teria virado um daqueles insetos que ficam presos no para-brisa dos carros. Talvez fosse a hora de sair da hipervelocidade.


- Tá todo mundo bem? – Ela gritou. Embora desse para ver que estávamos bem, ao menos fisicamente.


- Não... – resmunguei mais para mim mesmo.


- Alguém me lembre de nunca mais pegar carona com a Candence. – disse Sue.


- Anotado. – respondeu Ferdinand. O grandão tinha voltado a um velho hábito que há tempos eu não via: estava orando para seu pai, Borthus, lhe dar proteção. Não parecia ser uma má ideia, ainda mais com a Candy dirigindo feito louco.


- E então, Susan. – disparou Candy, rapidamente. – Conseguiu lembrar-se de alguma coisa para nos contar?


- Não... – falou Sue, triste. – Quer dizer, tem uma, sim. Mas não sei se é uma boa contar a vocês, é um tanto pessoal.


- As nossas também foram pessoais, Susan. – papeou Ferdinand, após acabar sua oração. – Mas tudo bem se não quiser nos contar, sei que deve ter seus motivos.


- É verdade. – Concordei. – Não precisa contar se não quiser, Sue. Foi só uma forma de nos aproximar um pouco mais.


- Tudo bem. – Susan cedeu. – Eu conto.


- Se não se importar, poderia falar um pouco mais alto? – disse Candence, ao volante.


Sue assentiu.


- Lá onde eu morava, Geiça, as garotas do meu antigo colégio não gostavam muito de mim, por isso tiravam sarro com minha cara.


- Ora, por que não? – perguntei quase que instantaneamente.


Susan parecia estar fazendo um esforço tremendo para falar.


- Pelo fato de... – Retesou-se por um momento. – bom, por eu não conhecer minha mãe. Não eram apenas as garotas, mas todos eles. Eles inventavam coisas horríveis. – Sue parecia estar prestes a afogar-se em lágrimas, mas dava para perceber que ela estava tentando ser forte. – Como ela teria abandonado meu pai e eu por sermos fracassados, por eu ser um erro na vida dela, ou por eu não ser “tão linda” quanto às outras garotas, essas coisas absurdas.


- Crianças podem ser cruéis às vezes. – observou Ferdinand. – Sei bem como é.


- Eu também. – disse eu. – Não por esse motivo, claro. Mas pela minha aparência. Quer dizer, eu não pedi por ser tragicamente muito branco, ou por ter olhos bicolores. Sue. – Virei para o banco de trás. – Você não é nada do que eles disseram. Você é incrível. Queria ver a reação deles quando soubessem que sua mãe é uma deusa. E que você poderia acabar com eles usando seu arco e/ou o bastão.


Ela deu um sorriso tímido. Talvez dentro de si não acreditasse em nada do que eu disse, mas, sim, o que as outras crianças diziam ao longo dos anos. Depois de todo esse tempo deve ser normal ficar cheio de dúvidas sobre quem é sua mãe e o motivo dela não ter ficado. Eu já tive isso por vários anos até saber a verdade. Entretanto, eu não sabia se aquilo era algo bom ou ruim. Sabe, não existe um panfleto do tipo: Sua mãe é uma deusa. E agora, o que fazer? O máximo que tinha era o vídeo explicativo do Instituto, mas ele e nada era a mesma coisa.


- Enfim, voltando – falou Sue. – Chegou uma hora em que eu não aguentei aquelas falsas alegações a respeito da minha mãe. Por isso, então...


- Você bateu nelas? – perguntou Ferdinand, eufórico.


- Não. – disse Susan, consternada. – Longe disso. Como meu pai se recusava a falar dela “pela minha própria segurança”, eu inventei uma história de que ela era funcionária de uma empresa muito importante e que por isso ela viajava muito. – Riu-se. – Deu certo por um tempo. Mas quando meu pai se casou de novo com minha madrasta, os velhos murmurinhos voltaram. Começaram a caçoar de mim mais uma vez. Fiquei arrasada com aquilo, por um tempo culpei meu pai por ter se casado de novo, seguindo com sua vida, ao invés de esperar minha mãe volta.


Susan fungava. Falar sobre seu passado era dolorosamente triste para ela. Eu já não me sentia tão triste por ter sofrido bullying na escola. Em comparação com o que ela sofreu, minha vida era ótima.


- Ano passado foi a gota d’água. - Prosseguiu Sue. – Meu pai decidiu que era hora de nos mudarmos para outro lugar: Sempre Noite. Chegamos um pouco depois de começar as férias do meio do ano. Aí eu soube de você, Adrian, o garoto que destruiu completamente uma sala de aula.


- Ah, que ótimo... – resmunguei. – Minha fama me procede.


- Enfim, convenci meu pai a me matricular no colégio Castelo Branco e... bom, o resto vocês já sabem. – Concluiu.


- E viramos amigos. – disse eu. – E todos viveram felizes.


Eles riram até mesmo Candence que estava focada na estrada, o que me fez rir também. Era bom ter um momento de descontração, mesmo após a triste história que a Susan acabara de relatar. Tenho certeza que ela não ficaria feliz se eu demonstrasse compaixão por ela depois dela ter aberto seus sentimentos para nós, contando sua história. Havia camadas e mais camadas de coisas dentro dela... quer dizer, dentro de nós quatro. Sempre tem aquele pequeno segredo que você não conta para ninguém, deixando-o guardado e remoendo dentro de si.


Desde que partimos do Instituto para “desbravar” na nossa missão só tivemos problemas atrás de problemas, sem ao menos ter um pequeno intervalo de algumas longas horas (Ou dias. Eu poderia ser feliz se não tivéssemos enfrentado alguns monstros).  Ok. Tá bom. Teve a dormida no forte dos castores, mas só porque o Rei Amtha nos fez de reféns e, claro, destruiu nosso carro que, na verdade, do meu pai. Sinceramente, espero que ele não fique com raiva ao saber que se adorado carro virou uma massa de ferro e aço no meio da rodovia. Gosto de pensar na expectativa de que ele não se importe já que pegamos o carro para resgatá-lo (Duas vezes).


 


A viagem seguia caminhando normalmente... tirando as vezes que a Candence tentou nos matar de susto ao tentar fazer uma manobra mais arriscada, estava tudo bem. Desde que “descobrira” (pura sorte, e azar nosso) outra rádio que tocava os melhores hits do clássico rock ‘n’ roll ela estava um pouco empolgada demais. Não demorou muito e a fome bateu novamente. Já passava das duas horas da tarde quando Candy parou a picape em um canto mais afastado da rodovia. Aproveitei a parada para trocar de camisa (de novo), em menos de quarenta e oito horas já tinha jogado duas camisas fora, por sorte eu ainda tinha uma reserva e meu bom e velho amigo casaco.


Quatro horas foi o tempo que durou o trajeto da floresta dos castores até cruzarmos as divisas de Bahuessi com Colônia da Bastilha, uma cidadezinha voltada para o plantio, famosa pela exportação/importação de uvas, maçãs e laranjas. Foi também o tempo em que minha perna curar-se completamente, parecia que nunca estivera quebrada. Graças minha empreitada na loja da Ourália, nosso almoço não ficou limitado apenas a barras de cereal e água. Em meio aos salgados e biscoitos, tinham alguns enlatados que eram, necessariamente, para comer quente. E, cá pra nós, montar uma fogueira perto do acostamento de uma rodovia movimentada seria um tanto suspeito. Então, por isso (estritamente por isso), ficamos nos salgados e afins.


O clima entre nós estava mais amistoso, mais respeitoso entre nós. A missão tinha nos aproximado mais ainda. Agora, éramos, definitivamente, amigos. Não que não fossemos antes, só que compartilhar emoções e pensamentos tende a juntar as pessoas, cada um suportando a dor e as desconfianças do outro.


- Estive pensando. – disse Ferdinand. Fez uma pausa para abocanhar um pedaço do pastel que estava comendo. – O que vamos fazer quando chegarmos à Fazenda? Sei que já discutimos antes sobre isso, mas... não podemos contar com a palavra daquele rei castor de araque, sobre nos ajudar quando chegar a hora.


De novo seus olhares se voltaram a mim, esperando alguma resposta. Esperavam que, de fato, eu os liderasse a Fazenda. Eu ainda tinha minhas dúvidas sobre como ordenar cada função de quando chegássemos lá, mas eu não podia fraquejar. A única certeza que eu tinha era o eu iria fazer: descer até o porão e resgatar meu pai antes que fosse tarde demais. Enfrentaria quantos fossem para trazê-lo de volta.


- Adrian? – chamou Candence.


Não tinha percebido, mas entrei em um “transe de dedução”, ficando um pouco alheio a conversa.


- Oi? – disse eu, distraído.


- Na Fazenda, como vamos entrar? – perguntou a garota multicolorida.


– Existe... hã, sei lá, uma entrada lateral que esteja em desuso? – Sue remetia-se ao que aconteceu no Planetário, quando o invadimos por uma porta abandonada na lateral do prédio.


- Suponho que não. – respondi, vacilante. – Pelo o que vi, e não foi muito, a única maneira de entrar e sair é pela porta da frente e/ou pulando a janela.


- Então – interveio Ferdinand. – A única maneira de ingressarmos é à entrada da frente, esta que, no momento, deve ter monstros a postos para nossa chegada.


Assenti, infeliz.


- Nossa única solução é aderir a um ataque direto. É arriscado, mas não vejo outra saída.


- Mas... – disse Susan. – E se não for a única opção, sabe, atacar diretamente?


- Como assim? – Me ajeitei em um dos galhos que estava servindo como banco.


- Que tal criarmos uma distração? – Ela sugeriu.


- Com isso, eles seriam obrigados a sair e ver o que está acontecendo. – deduziu Candy. – Dando um pequeno espaço de tempo para os outros entrarem.


Ferdinand sorriu, eufórico.


- Parece um bom plano pra mim. É arrojado e tem grande chance de funcionar. Só tem um pequeno porém: Quem vai servir de isca para os monstros e quem vai entrar?


- É necessário saber disso agora? – Perguntei.


O grandão assentiu.


- Para um bom plano dar certo é preciso ter conhecimento do que vai fazer, Tampinha. Chegar lá e improvisar tudo... – Ferdinand tremeu. – Não é nada bom.


- Eu posso ir como a distração. – Sue se ofereceu. – Posso tentar criar outro fecho de luz como quando usei contra Ayza, e chamar atenção deles para longe da casa.


- Neste caso, eu vou com você, Sue. – disse eu. – Você vai de mais alguém para dar cobertura.


À frente, Candence riu e olhou para nós com certo interesse suspeito. Era quase possível ver suas “engrenagens mentais” trabalhando em um plano infalível para uma ocasião vindoura.


- Ah... Adrian, você não vai com a Susan. Eu vou. Consigo retardar os monstros o máximo que puder com as flechas de uma distância segura.


- Mas...


Pensei em questioná-la, mas Ferdinand pousou sua mãozona no meu ombro e me encarou como quem diz: “Cara, depois que a Candy decide algo, ninguém consegue fazê-la mudar de ideia.”.


- Ótimo. – disse o grandão. – Com vocês chamando a atenção dos monstros para longe da casa, o Tampinha e eu entramos, lutamos contra os que tiverem lá dentro e resgataremos o pai dele e, com sorte, pegamos o bidente de Baphoraz também, tudo de uma só vez.


- Todos de acordo, então? – perguntou Sue. Um leve sorriso escapava de seu rosto.


Ferdinand e Candence assentiram. Logo depois concordei com eles.


E mais uma vez a desconfiança voltou sussurrar na minha mente. Tecnicamente, eu era o encarregado da missão, mas não parecia que era isso que acontecia. Quase as decisões desde que partimos do Instituto foram da Sue ou do Ferdinand e da Candence que se impuseram contra aqueles que tentaram nos botar para trás. Eu só obedecia.


Nossa se eu continuar pensando desse jeito vou acabar ficando louco e envelhecer antes da hora.


- Vamos. – chamou Candence. – Hora de ir.


Tínhamos ficado quinze minutos descansando fora da picape velha. Àquela altura já estávamos cem por cento recarregados para as próximas horas na estrada, sentado em um banco duro e ouvido rock hardcore. Porém, mesmo ao ar livre eu tinha me sentido exposto. Até o início do ano eu tinha uma rotina de vida totalmente diferente: após chegar da escola eu fazia os exercícios/trabalhos e depois ficava o restante do dia jogando. Então ficar sentado por horas no carro ou quinze minutos comendo era um tremendo castigo. Mesmo me aventurando pelo Instituto, eu tinha algo para fazer no treinamento na Arena, era difícil ficar parado por muito tempo, sempre ficando em movimento.


Já no carro, eu tinha regressado ao banco traseiro, junto à Sue. Ferdinand decidira em ir no banco da frente para “assegurar que a Candence não nos mate”, segundo ele. Era estranho ver a Susan tão falante e confiante com algo. Em algumas ocasiões ela se mostrou mais tímida do que eu, mas acho que não era mais o caso. Ela ter se oferecido para atrair os monstros para longe da casa, dizia muito sobre ela e seu comprometimento com a missão e comigo também, afinal ela era a primeira pessoa que me quis ter como amigo. Não só ela, na verdade. Candence também tinha sido corajosa o bastante para ajudá-la.


Inconscientemente, devo ter encarado Susan por muito tempo, pois suas bochechas estavam vermelhas. Ela desviou o olhar quando nossos olhos se encontraram. Admito que também fiquei um pouco corado. Depois disso ela ficou olhando através da janela por um longo tempo. E fui fazer o mesmo.


Vocês pode estar se perguntando: Adrian, se vocês estão na hipervelocidade, como que conseguem enxergar perfeitamente o que tem no lado de fora? Simples. Durante a hipervelocidade ainda é possível ver com nitidez o que há no exterior do carro. O “borrão” quem vê são os outros motoristas quando a Candence passa por eles.


A paisagem que cercava a rodovia era deslumbrante. Por ser uma cidade que vive praticamente noventa por cento de exportação frutífera e afins (os outros dez por cento é de teor histórico), era possível observar dezenas de plantações que facilmente se perdia a noção de quantas frutas diferentes tinha.  Uma das plantações ao pé da rodovia era de cerejeira, uma espécie quase rara de encontrar por causa das “exigências” requeridas para seu plantio. As pétalas rosadas dava um quê a mais, diferenciando-se do verde das outras árvores. Quando o vento batia forte em seus galhos, pétalas voavam para a rodovia, substituindo o cinza do asfalto para o rosa. Além da cerejeira, tinham outras variedades de árvores não frutíferas também por quase toda a extensão.


Com a harmoniosa vista das árvores e por estar “preso” dentro do carro, meus sentidos foram sendo desligados pouco a pouco. Rapidamente o sono tomou conta de mim, os olhos pesavam de cansaço. Meus colegas de viagem pareciam mais interessados e distraídos em seus próprios pensamentos. Até mesmo Susan que estava ao meu lado, parecia me evitar um pouco. Tentei não ficar ofendido com isso.


Com isso, fui tentar dormir um pouco e, quem sabe, ter um sono tranquilo com algum sonho legal. Entretanto, eu não deveria ficar tão esperançoso, porque quase todas as vezes que sonhei não aconteceu coisa boa. E desta vez não seria diferente.


***


 


Eu estava cercado por árvores de folhas escuras e relvas escorregadias pelo tronco. Os galhos quebradiços no chão, tantos outros na copa das árvores rangendo por conta do vento forte que se aproximava. O chão, como de costume, era lamacento e repleto de pegadas bípedes e quadrupedes. O que chamou atenção foi que as pegadas estavam alinhadas, como se estivessem seguindo a mesma passada. Aquele lugar era familiar, mas não conseguia lembrar-me de onde. Curioso, fui olhar mais de perto para onde eu tinha sido teletransportado.


Após uma breve caminhada (e picadas de mosquitos), parecia que finalmente eu tinha chegado a algum lugar. No céu azul, poucas nuvens se deram o trabalho de aparecer, deixando o sol à mostra. Contudo, uma leve fumaça esbranquiçada subia as alturas e com ela um forte cheiro de algo recém-tirado do forno. Adiante, uma troncuda árvore se fazia estendida, solitária das outras árvores. Ela estava rodeada por gaiolas de madeira e arame, amarradas em seus galhos e algumas prostradas no chão de terra. É claro, pensei. É por isso que era familiar. Eu estava na fazenda. A Fazenda. Mas ela não parecia estar destruída e às ruínas.


Mesmo sabendo que estava em um sonho, avancei devagar até a árvore, me escondendo atrás dela. Não queria que acontecesse a mesma coisa de quando sonhei pela primeira vez com o lugar. Diferentemente de antes, o lugar estava intacto, cheio de cores e harmonia. Cheio de vida. Algumas pessoas entravam e saiam da casa, dava para ver que estavam felizes com a moradia que eles tinham. Os campos de milho continuavam altivos. Um pouco mais afastado da casa, tinha um grande armazém de madeira, local que eu não tinha visto antes. Subentendi que ele tinha sido destruído posteriormente. Prontamente meu cérebro foi bombardeado por inúmeras perguntas, e a principal delas era: por que eu havia sido levado até aquele lugar de novo?


Organizando os pensamentos por um breve momento, notei movimentação na varanda da casa: uma mulher de roupas claras e um avental preto.


- Brena? – chamou a mulher. – Brena! Pelos deuses, menina, onde você se meteu?


Pelos deuses. As palavras do livro que tinha lido dois dias atrás vieram na minha mente: “A fazenda servia como posto avançado para outros remanescentes...”.


Atrás de mim, ouvi risos e passos bem cuidadosos.


Uma garotinha de não mais que quatro anos surgiu por detrás de uma das árvores. Ela tinha a pele clara e cabelos castanhos amarrados em chuchinhas. Seus olhos eram grandes e na cor verde. A garota parecia gostar de se esconder dos outros, seu olhar curioso e de estar sempre atenta em qualquer movimento e/ou atrás da próxima aventura, não deixa dúvidas disso. Ela, que presumi ser a Brena, usava roupas simples como a da mulher na varada, com exceção do avental.


- Brena! – Gritou a mulher mais uma vez. – Eu fiz aqueles biscoitos que você tanto adora.


A garotinha ao ouvir a palavra biscoito, saltitou de alegria para fora da floresta e saiu correndo até a casa. Mais uma vez outra criança foi traída pelo estômago (geralmente sou eu). Brena abraçou forte a mulher.


- Pronto, mamãe. – disse ela, afoita para comer os biscoitos.


- Vamos entrar, pequena. Está ficando tarde já. Os biscoitos estão lá dentro.


Mãe e filha retornaram para dentro de casa. Algumas outras pessoas ficaram no lado de fora checando as plantações e/ou indo para o armazém. Parecia tudo calmo. Estranhamente calmo demais.


Uma brisa gelada passou atrás de mim, ouriçando os pelos da minha nuca. Isso só acontecia quando algo de ruim estava para acontecer. Em um piscar de olhos eu não estava mais na árvore central, mas sim no meio da floresta de novo. Mais atrás, algumas folhas se moveram, despencando no chão de terra. Pegadas fortes e pesadas se aproximavam com rapidez. Alguns galhos no chão se partiram. Quando a folhagem caída das árvores se abriu, um pequeno exército se fez presente. Era composto por diferentes raças de monstros, mas reconheci alguns: Seojis, Atreisos e alguns Zumbis de Areia. Liderando os monstros vinha à frente um seoja roxo corpulento, com cabelos parecendo algas escuras e um único chifre na cabeça, portando uma espada feita de ossos amarelados. Era o mesmo seoja que torturava meu pai incansavelmente. Instintivamente, pensei em voar pescoço dele, mas eu sabia que aquilo não passava de um sonho.


- Caros colegas. – disse o seoja. – Hoje é o dia em que esta fazenda será tombada e reclamaremos para nós esta terra conspurcada por aqueles bastardos dos deuses.


Os monstros gritaram, mas os brados foram abafados pela densidão da floresta.


- Hoje – Ele continuou o discurso acalorado, brandiu sua espada óssea. - É o dia em que os monstros quebrarão o ciclo e desta vez somos nós quem irá matá-los. AVANÇAR!


O exército monstruoso saiu em disparada pela floresta, quebrando árvores, estripando animais que apareciam na frente. A ferocidade estampadas em seus olhos. Seria um massacre.


Aquele era o último dia da fazenda como um lugar de paz para os remanescentes.


Uma cena terrível se deu quando os monstros cruzaram o limiar da floresta com a fazenda. Os moradores mais adiantados, surpresos, foram mortos com extrema agilidade, em menos de um minuto, eles já tinham matado três remanescentes. Deixando a surpresa de lado, o pânico, medo, pavor, terror, coroavam o rosto daqueles que tinham conseguido escapar da primeira investida. Estes tentaram se agrupar e correr para algum lugar seguro, como o armazém, por exemplo. Mas por estarem em maior número e por ter o fato surpresa como algo essencial logo no início, os monstros se apoderaram rapidamente do lugar, trancando e incendiando o armazém com as pessoas lá dentro, sendo cozinhadas vivas. Era possível ouvir os gritos de agonia e desespero deles, aquela cena era completamente terrível e chocante, eu estava paralisado abismado com tamanha truculência do ataque e, infelizmente, eu não podia fazer nada. Aquilo já tinha acontecido há cento e cinquenta anos.


Na casa, berros escandalosos dos moradores, implorando por suas vidas e de seus parentes. Mulheres e crianças tentavam fugir pelas janelas, mas algumas foram puxadas para dentro da residência novamente, calando-se para sempre. Contudo, poucas pessoas conseguiram fugir com êxito da casa, entre elas Brena e sua mãe que corriam desesperadamente para longe dali. Infelizmente, a poucos metros de ingressaram na mata, a mãe de Brena foi alvejada por várias flechas nas costas, caindo de bruços no chão arenoso, antes de falecer ela viu sua filha sendo capturada por um dos Zumbis de Areia, regozijando pela captura da pequena.


- Ana! – exclamou um homem barbudo da varanda, ensopado pelo líquido verde, o sangue dos monstros. Com espadas em punho, chutando a cabeça de um atreis – Brena. – Mirou a criança nas garras do Zumbi. – Solte minha filha!


O homem embebedado pela cólera correu até o Zumbi de Areia, defendendo-se e atacando de qualquer outro monstro que aparecesse, lançando alguns raios outros, ajudando seus semelhantes na resistência pela fazenda. Por fim, prestes a atacar o Zumbi, este foi mais esperto e ameaçou atacar a pequena filha dele. Temendo a vida da filha, o homem retesou-se. Seus olhos estavam marejados, quando se deparou com o cadáver da esposa.


- Solte-a e me leve no lugar. – Suplicou o guerreiro.


O Zumbi de Areia não respondeu. Em vez disso, ele parecia ponderar aquela oferta de levar o “líder da fazenda”, mas, de repente, uma flecha incandescente chispou o ar, perfurando a cavidade ocular do Zumbi, dando cabo a “vida” do monstro.


O homem parecia confuso.


- Mas o que... – Ele, então, correu até sua filha, abraçando-a fortemente.


Da mata, uma mulher morena de cabelos pretos esvoaçantes surgiu, ostentando um arco e aljava abarrotada daquelas setas mortíferas.


- Que confusão, Mario. – disse a recém-chegada.


- Agora eles foram longe demais, Laura. – concordou Mario. Ele olhou para sua filha, Brena. – Você está bem, pequena? Machucaram você? – Mario tateava Brena dos pés a cabeça procurando algum corte.


- N-não papai... – disse Brena. A garotinha tremia e chorava. Sua voz era trêmula. Nessa hora eu já estava chorando junto dela. Toda aquela batalha era algo triste para todos nós, remanescentes. – A mamãe... – Ela apontou para o corpo sem vida de Ana.


Laura se aproximou deles dois. Tentando de alguma falar alguma coisa que os conforte, mas não tinha que dissesse que fosse suficiente para aplacar a dor deles. De todos eles.


- Filha. – Mario deu um abraço apertado em Brena. – Preciso que você corra o máximo que puder para o mais distante que conseguir. Papai junto da Laura vai acabar com os bichos malvados, ok? Não se preocupe, logo estarei junto de você.


Brena, assustada, quase não soltou o pai, mas em esforço tremendo, afastou-se do velho guerreiro, se embrenhando no meio da floresta sem olhar para trás.


- Chegou a hora, Mario. – observou Laura. – Temos que lançar o feitiço.


Mario abaixou-se para afagar os cabelos de sua falecida esposa. Ele assentiu, enquanto se despedia da esposa.


- Vamos fazer isso.


E juntos foram para o epicentro da batalha.


Para um sonho, aquele estava sendo o mais realista que já tive em anos, tanta morte e tragédia em um só dia. Um pedaço da nossa história havia sido apagado pelos monstros. Eu pude sentir a morte de cada um dos remanescentes que tombaram pelas mãos daqueles execráveis monstros.


Tantas mortes que poderiam ter sido evitadas, murmurou uma voz rouca e pesada no meu ouvido. Me virei na esperança de ser alguém que estivesse vendo a luta, mas que não tinha feito nada para impedir. Infelizmente (ou não), não tinha ninguém lá. Veja Adrian, o que espera por você e seus amigos na Fazenda, continuou. Peça para a filha de Xaylã dar meia volta e evite a morte de seus amigos.


- Q-quem está aí? – perguntei, começando a ficar nervoso. As mãos começaram a suar.


Você sabe quem sou eu, Adrian West. Esteve vigiando você até agora, e não passa de um heróizinho que precisa da ajuda dos outros para ter sucesso em alguma coisa. Você não é capaz de resgatar seu pai. Você irá falhar e conviverá sabendo que a morte de seus amigos é culpa sua, gargalhou.


- Quem é você? Como me conhece?


Você sabe, Adrian. Lembre-se, criança. Lembre.


Subitamente eu sabia quem era.


- Ele. – sussurrei. – Você é Ele.


Bingo, ironizou Ele.


- O que você quer de mim? Mandando Galiofeu me sequestrar no colégio, ordenando que os Zumbis fossem até minha casa matar a Marie e depois sequestrar meu pai? Eu não fiz nada contra você.


Você é mais perigoso do que imagina, criança, por isso enviei cada um deles para lhe capturar. Quanto a “Marie”, aquela velha Dêida já tinha passado do prazo de validade mesmo. Não é nada pessoal... na verdade, é sim. É agora que você morre.


Uma onda de energia veio para cima de mim, me espremendo contra uma das árvores. Tentei focar que aquilo tudo era um sonho, mas eu estava me machucando. Era bem real pra mim. Uma espécie de “mão” esfumaçante pressionou-me o pescoço, dificultando minha respiração. Minhas mãos estavam suadas ao extremo, minha testa fervia, minha visão ficou turva. Então é assim a sensação de morrer.


Sabe, Adrian, morrer em sonhos significa que seu corpo mortal também morre, disse Ele didaticamente.


Meu corpo tremia. Senti uma leve carga de poder me preenchendo, uma que só sentia quando estava em situações de extremo nervosismo e/ou raiva. Coisas aconteciam quando eu ficava nervoso e não eram boas para quem estava por perto. As sombras pareciam estar “dançando”, vindo na minha direção. A “mão” de fumaça afrouxou a pegada no meu pescoço, dando uma brecha para inspirar o ar com toda força que tinha.


Interessante, observou Ele. Você não sabe usar bem seus poderes, mas eles parecem defendê-lo. E, claramente, aquela deusa está lhe ajudando. Deu sorte hoje, Adrian West. Mas não conte com ela de novo. Você ainda será meu e morrerá aos meus pés.


Depois disso, meu nervosismo não passou. Tudo que lembro que aconteceu foi de ouvir um grito ensurdecedor. Desafiador. Só então percebi que era meu. Eu que estava gritando, o porquê não sei. Fechei os olhos. Senti as sombras mexendo de lado a outro, me acertando em cheio.


Quando dei por mim, abri os olhos, assustados. A visão ainda era difícil, mas eu sabia que estava acordado. Tinha voltado ao “mundo real”. Eu estava deitado em uma cama dentro de algum quarto qualquer. Sue, Candy e Ferdinand me encaravam assustados, tentando entender o que tinha acontecido comigo. Minha cabeça doía muito. Meu corpo estava quente, a testa suada e as mãos pegajosas de suor. Encarei Susan. Mesmo com a garganta seca arrisquei a dizer algo:


- O- que aconteceu? – Olhei ao redor. Estava tudo girando. – Onde estamos?



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