Fanfics Brasil - 3 - Eu vou morrer. Mas primeiro, pausa para o bolinho Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada (Livro 1)

Fanfic: Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada (Livro 1) | Tema: Fantasia


Capítulo: 3 - Eu vou morrer. Mas primeiro, pausa para o bolinho

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Sabe como chegar naquela pessoa que você está querendo conversar a tempos? Fala assim: "Você está correndo risco de vida".


Aquela mulher – ou qualquer outra coisa que ela fosse acabou a conversa antes mesmo de começar. É possível que morar ali, sozinha – talvez – tivesse comprometido seus modos de conversar com as pessoas.


Talvez devesse provar aquele bolo antes de morrer.


Levei-o até a boca. Era incrivelmente bom. Se for pra morrer que seja, pelo menos, de barriga cheia, este é meu lema. Por um breve momento fiquei sentindo o gosto do bolo em minha boca, até que lembrei que não estava sozinho. A mulher misteriosa continuava ali, me olhando. Senti o bolo pesando na minha barriga. Na verdade... Estava querendo voltar a ver a luz do dia.


— Suponho que você tenha gostado do bolo. – ela disse usando um tom simpático.


— Sim, está bom, muito bom. – respondi, enquanto pegava outro pedaço. Olhei para ela meio que pedindo aprovação para pegar outro, seus olhos pareciam dizer vá em frente. — Olha dona, obrigado pelo bolo, mas agora tenho que ir. Todo esse lance de você está correndo perigo é um pouco estranho demais, até pra mim.


Estava me levantando quando ela segurou meu braço com uma certa força e me puxou para baixo, sentando novamente no sofá.


— Nossa conversa ainda não acabou Adrian. – o tom dela já era mais áspero – Temos que usar o tempo que nos resta antes que ele saiba que você está aqui. Ele está atrás de você.


Quem estava atrás de mim? O bicho papão?


— Ele? Quem? – perguntei – Por que alguém estaria atrás de mim? Não fiz nada. Eu juro. E, o mais importante, do que é feito este bolo? – provei outro pedaço – Está delicioso à beça.


Veja bem, eu tenho cinquenta quilos de pele pálida e frágil, minha única forma de lidar com as situações é o senso de humor. Quando fico apreensivo começo a falar coisas sem sentido. E você já viu do que sou capaz quando fico nervoso. Porém, não me sentia nervoso diante da presença daquela mulher por dois motivos que me pareciam bem claros: 1) Estar ali, com aquela mulher, de alguma forma era confortante, mesmo não sabendo o porquê; 2) Era tudo um sonho, certo? Nada de mal pode acontecer com as pessoas enquanto sonha, por mais que ele pareça real.


— Eu poderia dizer-lhe o nome de seu algoz, mas, se assim o fizesse, Ele ficaria sabendo desta nossa pequena reunião. Então, minha criança, você terá que descobrir por conta própria. Faz parte do seu destino. – enquanto ela falava mais parecia ter confiança no que dizia, como que, de alguma forma, ela soubesse o que estava por vir.


— Ok. – eu disse – Se não pode dizer o nome de quem for que está atrás de mim querendo me matar, poderia, ao menos, dizer o seu? Ou, sei lá, quando disser vai atear fogo em mim como forma de manter o segredo a salvo?


Ela suspirou.


— Ah, Adrian, você se tornou um jovem bastante impertinente. – ela disse isso como se soubesse de toda minha vida. – Não. Não irei revelar meu nome. Não ainda. E, pensando bem – ela se permitiu um sorriso –, você está na minha cabana. Cabana, esta, que você invadiu. Logo, no meu ponto de vista, você não tem direito de perguntar nada. Apenas ouça o que tenho a dizer e, talvez sobreviva para o que está por vir.


Esta última frase dela saiu num tom profético, ao melhor estilo daquelas cartomantes.


A verdade é que ela estava certa. Eu invadi a cabana. Devia ficar grato por não sido jogado lá fora, no tornado ou, sido morto. Mas, ela tinha me dado comida e, de uma forma bem distorcida, abrigo. O tornado. Já não ouvia mais o ruído do vendo batendo fortemente naquela velha cabana de madeira. Talvez fosse a hora perfeita para sair correndo e escapar dali. Talvez eu simplesmente acordasse.


Ela pareceu ter entendido o que eu iria fazer e se adiantou:


— Se eu fosse você não sairia daqui tão apressado. Aquele que está a sua procura enviou seres para levar você até ele, e um deles se aproxima cada vez mais. Será questão de tempo até ser pego se sair daqui. Agora, seja um bom menino e preste atenção no que vou dizer, certo?


Quem era essa mulher? Ela parecia ler meus pensamentos, saber tudo sobre mim mesmo nunca a tendo encontrado na minha vida. Ou será que já? Ela parecia familiar, mas ao mesmo tempo, tinha um déficit na minha memória quando tentava localizá-la em alguma lembrança.


— Moça, não sei quem está atrás de mim. Ou o quê. — desabafei – Só entrei aqui por causa daquele tornado que se formou do nada, eu não tinha muito que fazer, só tinha duas opções: entrar aqui e me safar, ou ficar lá fora e morrer. — o jeito que falei morrer me pareceu ridículo, já que estava sonhando e pessoas não podem morrer enquanto sonham. Ou podem?


A mulher balançou a cabeça em sinal de negativo.


— Você não iria morrer; e, nem o tornado começou do nada. Eu que criei o tornado. – ela falava de uma forma tão calma e natural que realmente parecia verdade. Talvez não fosse um sonho, no final das contas. Mas, sim, um surto mental da minha doença a IDSE – Instabilidade de ser esquisito.


Fiquei, por um momento, a sós com meus pensamentos, esquecendo que ela estava ali me encarando "amigavelmente". Era muita coisa para assimilar.


— Adrian? – Ela me chamou, fazendo com que eu saísse do meu "mundinho dos pensamentos"


— Hãhãdãã? – Foi tudo que consegui dizer. Bati com a mão na minha cabeça para voltar a razão. – O que aconteceu?


— Ora, eu que pergunto. Você parecia bem e de repente começou a fitar o vazio e fez uma cara estranha, de quando as pessoas estão com gases. – ela tentou segurar um sorriso – Você não está com gases, está?


Senti-me ficando corado. Não que eu não tenha gases. Todo mundo tem. Só que não me sinto confortável falar sobre isso com as pessoas, é a mesma coisa quando perguntam e as namoradinhas? É um tanto embaraçoso.


— Não! Eu só... Esquece. – mudei de assunto – Você quem fez aquele tornado? E, apenas para que eu entrasse aqui? Não poderia simplesmente mandar um cartãozinho ou vir até mim como uma pessoa normal?— a repreendi. A maneira como arquitetou tudo me deixou intrigado. Sabe, pra que fazer um tornado? Não tinha muito sentido nisso. Aliás, em nada daquilo.


— Não foi nada pessoal – ela disse, com um tom casual, mas eu soube de cara que era mentira. De alguma forma nós tínhamos alguma ligação. Eu podia sentir. – Queria ver como você se sairia numa situação e risco pra ver se você está à altura do que está por vir. De quem está por vir.


Era tudo um teste, então? Minha cabeça estava preste a explodir com tudo aquilo acontecendo ao mesmo tempo, queria apenas acordar e esquecer esse sonho maluco e fingir que nunca tinha acontecido. Mas, não era bem assim. Sonhos malucos aconteciam quase sempre comigo, só que aquela fora a primeira vez que sonhei com algo tão real.


— Ah, tudo bem. Qual melhor forma de saber se uma pessoa é capaz de fazer algo do que jogar um tornado em cima dela? – falei, com o bom e velho sarcasmo, mas minha voz tinha algo de diferente. Algo como medo. Espero que ela não entenda o que é isso. – Quer saber? Águas passadas. Vamos fingir que você nunca jogou um tornado em cima de mim e que eu quase morri...


Quando ia terminar de falar, fui interrompido por um estrondo bem alto vindo lá de fora. Um urro de alguém BEM GRANDE e com raiva.


UHAAAAAAAAAA!


Por favor, que seja apenas o vento. Falei para mim mesmo, mas eu sabia que não era o vento. Quem for que esteja atrás de mim, acabou de achar. E não parecia muito a fim de querer conversar.


ADRIAN WEEEEEST! APAREÇA E VOCÊ TERÁ UMA MORTE RÁPIDA. – gritou o dono que reconheci imediatamente que era voz masculina por ser tão grave e pesada, como se tivesse sendo abafada por alguma coisa. Confesso que minhas pernas começaram a tremer de medo. A ameaça agora era bastante real. Bem mais que estar ali, naquela cabana com uma mulher estranha que sabe tudo sobre mim.


— Ele está aqui. – falou a mulher.


— Ah, valeu. – disse eu – Eu percebi pelo grito e pela oferta tentadora de querer me matar. Sério, ainda não entendi o porquê alguém querer me matar, sou apenas um garoto qualquer.


Nessa altura do campeonato, eu já não acreditava que era apenas um sonho... Ou um pesadelo. Foi aí que uma lâmpada piscou na minha mente. Agora estava óbvio. Xinguei-me mentalmente por ser muito burro e não ter percebido antes. Eu sabia o que estava acontecendo, o motivo por ser tão real. Tem essas coisas que os médicos chamam de "sonho lúcido". É basicamente um sonho enquanto você está sonhando. As experiências que você tem são, hã... Reais.


— Minha criança – A mulher colocou sua mão fria e pálida sobre meu ombro -, você não é apenas um garoto. – Ela me encarou e olhou firmemente, pude notar que ela também estava nervosa e apreensiva com o "recém-chegado" – Quando chegar a hora você saberá toda a verdade sobre quem você realmente é.


UHAAAAAAAAAAA! APAREÇA! Gritou novamente.


— Infelizmente nosso tempo acabou e não posso explicar sobre as coisas que virão. – disse a mulher, que estranhamente voltou a ter um tom calmo em sua voz – Não se esqueça das coisas que você viu e ouviu.


— Hã... Posso fazer uma última pergunta? – falei na certeza de que seria negado


— Vá em frente. – disse a mulher, o que me deixou surpreso, ela era TÃÃÃO misteriosa.


— Já que não pode dizer seu nome ou de quem está atrás de mim, poderia dizer, pelo menos, onde estamos?


A mulher demorou um minuto a mais do que tínhamos. Um estrondo grandioso derrubou a porta da frente. Estávamos praticamente sem defesas. Havia um tronco de árvore atravessado na varanda, mas me lembrei de que durante todo o percurso que fiz não tinha visto nenhuma árvore. Aí, então, reconheci aquele pedaço gigantesco de madeira. Era um porrete, daqueles usados pelos homens das cavernas.


JÁ QUE NÃO QUER VIR POR BEM, VIRÁ POR MAL! MAL POSSO ESPERAR PARA COLOCAR AS MÃOS EM VOCÊ! — O homem ou criatura das cavernas gigante gargalhou fazendo estremecer toda a estrutura da cabana; os jarros de água e os copos quebraram. A porta chapéu caiu, derrubando tudo que tinha nele. Os quadros foram ao chão e as molduras se partiram com facilidade no impacto.


— Adrian... – falou a mulher – Você quer saber onde estamos. Tudo bem. Irei lhe contar.


— Por favor, seja rápida. Não quero estar aqui quando ele chegar para colocar as mãos em mim. – dava para sentir o medo em minha voz, minhas pernas e mãos tremiam sem parar. Comecei a suar frio. Estava ficando nervoso e encurralado. A visão começou a ficar turva, como sempre ficava quando estou nervoso.


— Aqui, minha criança – disse ela, pragmática – é aonde todos os males vêm parar quando morrem. Aqui é o Breu, a camada mais afastada do cosmo.


— Quê? Que Breu? Do que você está falando? – Aquela conversa tinha tomado um rumo confuso.


— Não há mais tempo para explicações – sua voz estava apreensiva e parecia ter certa urgência – Você tem que acordar Adrian. Acorde!


Ainda estava confuso sobre o nome do lugar. Breu? Que tipo de nome é esse? Os males vêm para cá? Eu sou mau, então? Caaaara, eu estou muito confuso.


— ADRIAN, ACORDE! – de repente a voz dela se tornou cada vez mais distante, até que não passava mais de um sussurro jogado ao vento.


Tentei chamar por ela, dizer alguma coisa, para ela fugir ou se esconder, mas, minha voz não saia. Por mais que ela parecesse ser alguém que tem, hã... Certos poderes (É um pouco difícil de assimilar. Acredite, eu sei), não parecia ser páreo para alguém que usava um porrete de, sei lá, dois metros de comprimento.


— Adrian, você precisa acordar. – achei que fosse aquela mulher falando comigo de novo, mas notei que o tom de voz era diferente; era outra pessoa. Desta vez, era alguém conhecida. Real. — Adrian, você vai se atrasar para seu primeiro dia de aula se não acordar.


Abri os olhos com grande dificuldade. Olhei em direção a porta e vi o rosto de uma mulher de meia idade, seus grandes olhos azuis cintilavam. Era a Marie.


Afundei a cabeça no travesseiro. Minha mente virava a mil por hora.


Grunhi. Tinha acordado, afinal.


— Ótimo... Aula.



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Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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A luz do sol que entrava pela janela me incomodou um pouco (Tendo em vista a cidade que eu moro, Sempre Noite, ter um raio de sol matinal era uma coisa irônica). Coloquei o travesseiro em cima da cabeça e puxei mais ainda o edredom. Queria ficar ali para sempre, nem precisava dormir, bastava ficar apenas deitado. — Ah, você acordou. Ótimo. &n ...


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