Fanfic: Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada (Livro 1) | Tema: Fantasia
O senhor Finchyn me arrastava apressado até a saída da escola. Vez ou outra eu olhava para trás pra ver se Sue ainda estava nos seguindo. Não sei o que se passava na cabeça dela, não sei se ela sabia que era a única que podia nos ver. Se fosse tentar chamar os seguranças e dissesse que um professor estava sequestrando um dos alunos, chamariam ela de maluca. E só faria alarde o que deixaria o senhor Finchyn atento e acabaria comigo e as outras pessoas que estavam no prédio.
Sue se camuflava nas rodinhas de amigos que se formavam no corredor, notei que eles olhavam estranho pra ela, se perguntando o que aquela criaturinha insignificante do oitavo ano estava fazendo perto delas. Ela estava indo bem até que uma das garotas que estavam conversando perto dos armários falou um pouco alto demais:
— O que você está fazendo, garota? – gritou uma das garotas. – Sai daqui, pentelha. Se mete com gente da sua turma.
Sue tentou correr para se acobertar em outro lugar, quando o senhor Finchyn parou e ficou farejando o ar, como os lobos fazem quando estão caçando suas presas. Ele olhou para trás com um olhar tenebroso, mas, por sorte, não achou ninguém. Sue conseguira se esconder em algum lugar a tempo. Ele voltou a andar, cada passo que ele dava era três meus, isso fazia com que meu braço se esticasse muito, fazendo-o formigar.
— Senhor Finchyn, ou qualquer que seja seu nome, por que está fazendo isso? Por que você me quer morto? – perguntei tentando ganhar tempo. Eu sabia que assim que saíssemos do prédio aquela seria a última vez que iria ver a luz do sol.
— Eu não ia revelar meu nome, afinal, não tenho motivos para dizê-lo. Mas, sou um cara legal e vou lhe contar. Meu nome é Galiofeu, o último dos Chacáh. Sobre querer você morto... Veja bem, saco de carne – Sua voz grossa, agora parecia um tanto metálica -, não sou eu quem te quer morto. Sou apenas o entregador. O que Ele vai fazer com você, não me interessa. Morto ou vivo, vou ganhar minha recompensa.
— Ele? Quem é Ele? Por que quem contratou você me quer morto?
— Não posso revelar nomes, sabe? Sigilo de contrato. Quanto o porquê Ele quer você morto não faço ideia. Minha função é bem simples: sequestro a vítima, entrego a vítima. Fim da missão. Como eu disse não me importa o que vai acontecer com você depois que te entregue. Agora – sua voz aumentou uma oitava -, Fica quietinho, tá bom?
— Ora, estou sendo levado para a morte certa e não posso fazer algumas perguntas? Tenho direito de saber. – resmunguei.
— Direito? – gargalhou alto, fazendo tremer os armários, não que os alunos tivessem notado, é claro – O único direito que você tem é de ficar calado a não ser que queira chegar até lá com o braço quebrado, ou sem ele. Você que escolhe.
Bufei de raiva. Não tinha muita opção. Se a Sue conseguisse fazer alguma... Talvez tivesse uma chance. Mas, o que ela iria contra aquele cara? Olhei para trás, Sue continuava nos seguindo de longe. Talvez ela tivesse um plano, alguma coisa que me ajudasse. Ela continuava andando atrás de nós, quando se distraiu e bateu em uma das garotas que estavam vestidas de líderes de torcida. Sem querer, Sue bateu na garota que estava carregando uma lata de tinta vermelha que caiu no uniforme, dando uma coloração avermelhada, aonde antes era branco. A gritaria deu início. O Senhor Finchyn – é melhor do que chamar daquele nome esquisito dele – mais uma vez parou. Farejou o ar e olhou para trás. Sue estava focada demais no escândalo que as garotas estavam fazendo que não percebeu o olhar assassino do nosso professor de história dera pra ela.
— Ora, ora, parece que estamos sendo seguidos, saco de carne – olhou para mim com a mesma expressão assassina de poucos segundos atrás. – Fui contratado apenas para levar você. Qualquer um que dificultasse isso deve morrer. Acho que sua amiga ali, - apontou para Sue que agora percebera a encrenca que tinha se metido – daria uma boa refeição. – Molhou os lábios com a língua.
— O quê? – senti o café da manhã querendo voltar dentro de mim – Não. Não faça nada com ela. Estou bem aqui, cara, você não tem que fazer isso. Vamos! Eu prometo que não faço mais perguntas.
— Tentador. – soltou um uivo horripilante – Mas, sabe o que é eu estou com um bocado de fome. Já até posso ver – sua boca estava salivando horrores, limpou-a com a palma da mão e foi em direção a Sue – Susan assada? Torta de Susan? Hm... Já sei! Empanado de Sue! Esse sim vai ficar delicioso. O que me diz, saco de carne?
Nem tive tempo de falar, quando o senhor Finchyn me jogou contra os armários do outro lado do corredor. O impacto foi forte, algumas portas se amassaram. Tenho quase certeza ouvi costelas sendo quebradas dentro de mim. Fiquei espamarrado no chão, com dor. Última coisa que eu vi foi o senhor Finchyn indo pra cima da Sue, enquanto sua aparência mudava de um professor como qualquer outro para uma criatura horrenda, assustadora.
A pele bronzeada de antes deu lugar a uma coloração cinza. Os cabelos sumiram, deixando apenas a careca à mostra. Seu rosto se desfigurou completamente, o nariz se alongou deixando-o com aparência dos felinos, mas seus olhos eram de lagartos: completamente amarelos e com um traço na vertical. Da sua boca cresciam presas amareladas gigantescas que mal cabiam dentro. Seu corpo cresceu em proporções inumanas, agora ele devia ter aproximadamente uns três metros e meio, talvez mais. O tronco ficou monstruosamente grande. Seus braços ficaram enormes, troncudos, o antebraço estava coberto por pelos pretos; das mãos cresciam as garras que ele usara para rasgar-me a pele. As pernas eram curvadas como as dos gatos, só que elas tinham uma coloração diferente, era verde.
Eu não tinha forças para me levantar, a dor tomou conta do meu corpo. Queria apenas ficar ali, deitado. Um gosto de ferro subiu pela minha garganta, acabei vomitando um pouco de sangue, o que me fez ficar zonzo. Tentei me concentrar na Sue e no senhor Finchyn, que agora era uma criatura grotesca querendo tomar café da manhã e o prato do dia seria Sue. E o pior de tudo, ninguém podia nos ver. Susan estava condenada e a culpa seria minha.
A pobre garota não teria chance contra o ser monstruoso que nosso professor se tornara. Acho que ela compreendeu a situação em que se meteu e acabou caindo de joelhos, colocou as mãos no rosto e se deu a chorar. Nosso ex-professor ria com deboche do jeito que Sue se encontrava. Era uma presa fácil, ele deve ter pensado.
O senhor Finchyn estendeu-se de pé em frente de Sue, de sua boca pingava saliva aos montantes. As presas amareladas à mostra. Emitiu um uivo assustador, que fez tremer todo o colégio.
— Pobre Susan. Você tinha mesmo que nos seguir, não era? – disse ele se abaixando até ficar com seu rosto poucos centímetros dela. – Sabe, eu senti seu cheiro desde quando começou a nos acompanhar, podia acabar com você na agora se eu quisesse, mas qual a graça disso? Vamos deixar mais interessante. Acho que seu amigo ali vai querer ver isso. – Se levantou num pulo e veio até onde eu estava caído, me puxou pela gola da camisa e me jogou ao lado dela. – Veja, saco de carne, esta pobre garota vai morrer por sua causa.
Sue voltou a chorar. Tentou se levantar, mas foi empurrada para baixo com força pelo senhor Finchyn, machucando-a os joelhos. Ele ria ensandecidamente. Tinha prazer em matar. Afinal, era um predador topo de linha, comparado aos outros animais comuns.
Tentei formular alguma frase, mas a dor não permitia. Eu não podia fazer nada contra ele para proteger a Sue. Ela iria morrer por minha causa. Uma garota que acabei de conhecer, mas que já a tratava como uma amiga. Não podia deixar isso acontecer.
Então, eis que começou a mesma dor nas costas que havia sentido horas antes. Minhas costas começaram a queimar, senti minha pele sendo rasgada. Gritei de dor. O que foi o bastante para o senhor Finchyn retornar sua atenção a mim. De repente, não era mais as minhas costas que queimavam, era todo meu corpo. Percebi que tinha essa áurea preta envolta de mim. Sentia algo querendo sair de dentro de mim. Duas coisas pretas saltaram das minhas costas, rasgando a pele. E então, a dor passou. Eu não estava entendo o que estava acontecendo. Mal acreditei quando olhei para trás por cima do ombro. Asas. Eu tinha asas. Desde quando eu tinha asas? Elas eram escuras e a plumagem semelhava-se como as de um corvo. Estavam rajadas de sangue. Meu sangue. O senhor Finchyn ficou assustado, recuou cerca de cinco metros de onde estávamos tentando compreender o que se passava.
Senti as forças voltando para meu corpo. Agora, as costelas quebradas não doíam. Como estava perto dos armários, me apoiei em um deles e fui me levantando devagar. Sue olhava pra mim incrédula, assustada, aterrorizada, com medo, era como se eu não fosse eu. Em poucos segundos já estava de pé e fiquei na frente dela, protegendo-a.
— Subestimei você, saco de carne – grunhiu o monstro. – Não acontecerá de novo.
— Senhor Finchyn...
— Meu nome não é esse. Eu sou GALIOFEU. – esbravejou tão alto que fez os vidros das janelas se partirem ao meio – Chega de me chamar por esse nome idiota. O verdadeiro Arthur Finchyn está morto! Eu o matei, enquanto ele implorava pela sua vidinha patética.
Nem tive tempo para tentar argumentar contra ele. O senhor Finchyn... Ou melhor, Galiofeu, veio correndo na minha direção a mil por hora, o que foi estranho, já que ele era enorme. Em questão de segundos ele já estava em cima de mim, com suas mãos gigantes me agarrou pelo tronco e me jogou novamente contra os armários. Só que agora, o impacto não foi tão forte, as asas amorteceram. Eu não tinha muita certeza do que fazer; se corria ou lutava. Mas como? Eu estava em clara desvantagem. Me pus de pé em instantes. Galiofeu me olhava furioso, seus olhos estavam vermelhos de raiva. Nós dois ficamos nos encarando, tentei fazer cara de mau, mas não sei se deu muito certo. A expressão dele estava com um ar de deboche, como se eu não fosse um adversário à altura. E, de fato, eu não era. Por fim, ele disse:
— Parece que arranjou alguma coragem, não é saco de carne? Conseguiu um par de asas e já se acha o bastante para me enfrentar? – fez uma pausa, cuspiu no chão o que parecia ser uma bola de pelos (Não queira entender, porque eu sei que eu não quero) – Pois saiba que já enfrentei pessoas mais fortes que você e todos os derrotei.
Eu não disse nada. Nem tinha o que dizer, na verdade. Ele estava certo. Eu não tinha a menor chance de vencê-lo, ou de escapar dali. De um jeito ou de outro, eu iria acabar nas mãos dele de novo. Olhei de canto de olho, Sue estava se esgueirando para longe, com um pouco de sorte Galiofeu não a perceberia. Não tinha para onde ir, estava ferrado. Só que, lá do fundo do meu subconsciente me lembrei de algo que tinha visto nesta manhã. Um cartão. O mesmo cartão que meu pai deixou naquela caixinha com o relógio. Claro, o relógio. Ele disse que se algum dia eu precisasse era para apertar o botão esquerdo. Em que um simples relógio poderia ajudar contra aquela coisa? Então o fiz, apertei o botão. Nada aconteceu. Bela piada, pai. Era apenas um relógio, disse pra mim mesmo. Mas, de uma hora pra outra, o relógio começou a brilhar um tom cinza, foi se transfigurando para outra coisa maior. Quando dei por mim, havia uma espada em minhas mãos. Pude sentir o poder emanando dela.
A espada tinha por volta de noventa centímetros; destes, sessenta era da lâmina negra de fio duplo, o cabo era de metal e revestido com algum tipo de couro escurecido, no guarda-mão estava esculpido em madeira uma lua crescente em cada lado. Na lâmina havia algumas runas roxas talhadas em algum idioma antigo; Karutris consegui de imediato saber o que significava – Anoitecer. A espada cabia perfeitamente na minha mão, seu peso era balanceado como se fosse feita especialmente para mim. Porém, eu não a sabia utilizar.
Galiofeu olhou assustado para mim. Estava com medo não de mim, mas da espada?
— Agora eu entendo – disse ele – Você é uma ameaça para os planos que Ele tem arquitetado. Se você quer brigar usando armas, que assim seja. Creio que você já conheça a minha. – Ele fechou os olhos por alguns segundos. Na sua mão direita surgiu um pedaço enorme de madeira. O porrete que ele usou para destruir a varanda da cabana. – Vamos, saco de carne, hora da luta.
E avançou pra cima de mim.
O problema de lutar contra alguém que tem mais de três metros de altura é que ele terá a vantagem em ataque de longa distância. Mesmo estando quase dois metros e meio longe dele, graças aos seus braços os golpes com o porrete passavam perto de mim, atingindo os armários, bebedouros, portas, destruindo paredes. O estrondo que causava sacudia todo o prédio do colégio. Os alunos e os demais funcionários, professores corriam de um lado para o outro gritando: TERREMOTO! Eles corriam tentando se proteger dos abalos sísmicos que Galiofeu fazia com sua arma. O máximo que eu fazia era esquivar para os lados e ainda assim, com muita dificuldade. No meio da correria dos alunos tentei procurar Sue, mas ela já não estava mais à vista. Com sorte, teria saído do prédio. Minha espada, Anoitecer, brilhava na minha mão, como se desejasse ir ao combate, só que não havia muita brecha para contra-atacar. Até que ele deu um deslize, guinou um pouco mais que devia para frente e perdeu o controle. Aquela era minha chance.
Fui correndo até ele que ainda estava meio cambaleante, mas o máximo que consegui acertar foi sua perna esquerda. A lâmina da espada trespassou como se fosse uma folha de papel: Plaft! Galiofeu soltou um uivo agudo de dor. Pingava uma gosma verde de sua perna as torrentes.
— VOCÊ ME PAGA, SACO DE CARNE – Esbravejou – NÃO IMPORTA SE ERA PARA ENTREGAR VOCÊ VIVO. AGORA, EU VOU TE MATAR E A SUA AMIGA TAMBÉM.
Sacudiu o porrete tentando me acertar, mas eu consegui desviar de todos eles; saltava para trás, rolava, deslizava para o lado. Não sabia como estava fazendo, mas enquanto ficasse ileso e vivo, estava ótimo. Toda vez que ele errava um golpe, tendo o corpo grande e pesado e o corte em sua perna, ele ficava cada vez mais lento e pude me aproveitar disso. Mas, ele era esperto e mais experiente em combate do que eu. Numa dessas tentativas de acertá-lo, ele agiu primeiro e me atingiu com o lado externo da mão, me fazendo voar para longe, chegando na porta principal do colégio. As asas mais uma vez absorveram a força do impacto, elas estavam servindo como um amortecedor de colisões.
— CANSEI DE BRINCAR, SACO DE CARNE – Vociferou Galiofeu, vindo à minha direção enquanto mancava – VAMOS DAR UM FIM NISSO.
Ele, então, começou a andar mais rápido e mais rápido. Parecia uma locomotiva desgovernada pronto para me atingir em cheio, fazendo massinha de Adrian. Quando estava a dois metros de mim, a colisão parecia eminente, meio corpo formigava. Um metro. Antes que ele pudesse desacelerar ou mudar o curso, eu rolei para o lado ficando colado com os armários destruídos. Galiofeu seguiu o trajeto que traçado. Destruiu as portas do colégio, a estrutura rangeu. Professores corriam desesperados tentando tirar os alunos de perto, enquanto gritavam TERREMOTO!
Eu estava estirado no chão, minhas pernas tremiam – a perna esquerda estava quebrada, meus braços estavam cortados e sangravam. Uma das minhas asas estava quebrada. Era para estar inundado em dor, mas não sentia nada. Adrenalina. Ela me dava energia e coragem para continuar prosseguindo. Não sabia o que havia acontecido com Sue ou com Galiofeu, se ele tinha morrido ou não. No final do corredor, onde ficam os troféus, estava completamente acabado. O chão tremeu. O teto desabou e começou o efeito dominó. Em instantes chegaria a mim, eu tinha que sair dali. Apoiei-me novamente nos armários, levantei com dificuldade, fui caminhando lentamente até a saída, que estava a menos de um metro.
Quando consegui escapar, fui atirado para frente pelo vento e poeira que se formavam dentro do colégio. Estava destruído, e a culpa era minha. Os escombros impossibilitavam a entrada ao interior do que havia sido o Colégio Castelo Branco. Alunos, professores, funcionários e o diretor, o senhor Perry, ficaram chocados com a cena e aliviados, também. Afinal, ninguém se machucara mais gravemente... SUSAN! Na minha luta contra Galiofeu, ela havia escapado do corredor, mas desde então não a tinha visto. Não sabia se ela havia saído do prédio. As outras pessoas ainda não me viam, ou apenas ignoravam o fato de eu estar ali, com asas e todo machucado. Fui começar a retirar algumas pedras para tentar entrar no prédio, quando ouvi uma voz familiar me chamando:
— Adrian? – Era a Sue, ela tinha a voz trêmula e assustada, seu corpo todo tremia. Ela não parecia estar gravemente ferida, tirando os joelhos que sangravam levemente, um corte no supercílio e a camada de poeira que estava por toda parte dela. – Acabou? Ele se foi?
Não vi mais nada. Algo dentro de mim fez com que eu fosse até ela e desse um abraço bem apertado. Ela estava bem... Relativamente.
— Você está a salvo. – foi tudo o que consegui dizer. – Eu a-achei que... Você estivesse lá dentro ainda. Não sei o que faria se algo acontecesse com você por minha culpa. D-Desculpa por ter colocado você nessa. Ainda somos amigos, não é?
— É claro, seu bobo. – Ela deu um sorriso e toda minha preocupação foi embora. – Você foi um dos poucos amigos que fiz, e olha que nos conhecemos tem o quê? Duas horas? – Seu rosto ficou sério de repente. – Mas, precisamos conversar sobre aquilo que aconteceu... e isso são asas nas suas costas? Já vi algumas coisas estranhas, mas asas? Precisamos...
Susan foi interrompida por um estrondo alguns metros atrás de nós, vindo do outro lado da rua. Nos viramos quase que imediatamente, os outros nem tiveram a intenção de virar. Talvez não tivessem ouvido... Droga! Se tivessem virado poderiam ver o monstro gigante vindo à nossa direção e diriam: Ah, sabe aquele garoto, o Adrian? Ele não é doido, não. Também estamos vendo.
— ACHOU QUE TINHA SE LIVRADO DE MIM, SACO DE CARNE? – Galiofeu surgiu de dentro de uma loja de peças automotivas, estava cheio de hematomas, cortes por todo o corpo. A perna que eu havia cortado estava mudando de cor; do verde estava indo para o roxo. Ele andava com dificuldade. – VOCÊ É UMA PESSOA MORTA...
Levantei Anoitecer em posição de ataque esperando que ele viesse pra cima de mim, mas, de repente, ouviu-se um assovio ao longe. Mais outro. Galiofeu se virou procurando quem era. Quando achou quem havia assoviado, fez uma careta horrível (Não achava que o rosto dele poderia ficar pior). Por um momento, ele esqueceu que eu existia e foi correndo atrás daquelas duas sombras, que por mim, poderiam ser mesmo duas sombras. Com porrete em mãos, Galiofeu corria desengonçadamente por causa da perna machucada. Tenho que dar um fim nisso, pensei.
— Sue, fique aqui. – disse eu.
Ela tentou protestar, mas não deu tempo. Fui correndo atrás dele.
Quando me aproximei dele, ouvi algo como se fosse disparos, mas não eram de armas. Zuum! Eram... Flechas? Mais outra. Zuum! E outra. Zuum! E mais uma. Zuum! Galiofeu parou. Cambaleou no meio da rua, mas conseguiu se manter em pé. Fui até ele e ficamos frente a frente. Em seu peito estavam cravadas as quatro flechas douradas. A mesma gosma verde que antes escorria de sua perna, escorregava pelo seu peito. Seus olhos estavam quase desfalecidos.
— Ahh, saco de carne, seu maldito, chamou reforços, não foi? – sua fala começou a ficar enrolada. – Os outros virão atrás de você, assim como eu vim. E não pense que irão subestimar você. – Seu porrete caiu no chão e se desfez em fumaça.
Sem remorso algum, cravei minha espada no peito dele. Galiofeu deu um chiado mudo, revirou os olhos e explodiu em fumaça cinza. Não havia mais nada dele. Nem uma parte sequer.
Olhei para trás, procurando aquelas sombras, mas já não estavam mais lá. Quem será que eram aquelas duas pessoas? Por que me ajudaram?
Voltei até Sue, que estava no mesmo lugar de antes. De alguma forma, minhas asas desapareceram – voltaram de volta para dentro das minhas costas. Nojento, não é? – foi um processo doloroso, quase desmaiei enquanto fazia isso. Anoitecer estava na minha mão, não havia mais necessidade para utilizá-la então pensei em guardar. Só não sabia como.
— Se para virar uma espada tive que apertar o botão esquerdo... – disse eu.
— Então... Tem que apertar no botão esquerdo de novo para voltar a ser um relógio – Sue completou.
— Só tem um problema: Não estou vendo nenhum botão. – falei.
Ficamos pensando nisso, até que ela tocou numa das luas crescentes e a espada voltou a ser apenas um relógio qualquer.
Parecia estar tudo bem, até que alguém disse:
— Vocês precisam vir conosco se quiserem sobreviver.
Autor(a):
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Eu não sei qual é a desse povo que tenta começar uma conversa assim "Você vai morrer", ou até mesmo "Venham conosco se quiserem sobreviver". Não seria mais fácil falar "Oi. Tudo bem?" e depois ir à parte drástica da conversa. Logo de cara não demos muita atenção para quem tinha dito aquilo. S ...
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