Fanfic: The Mythology- Portiñon- Adaptada | Tema: Dulce María, Anahí Portilla, Portiñon, Mitologia Grega
Pov Dulce
Eu simplesmente não estava pensando. Apenas agia, e agia guiada pela Anahí. Corri para dentro do chalé ainda tremula, mas lutando bravamente para me controlar. Eu não podia ser aquela garota fraca mais uma vez. Eu tinha de ser forte pela Cláudia.
Os pesadelos começaram pequenos, eu sempre os tinha. Um lugar escuro, fechado, uma sensação claustrofóbica que me levava lentamente ao desespero e a um ataque de pânico. Era como se eu estivesse soterrada entre os mortos, pois a presença mortífera sempre estava lá, em todos os cantos, sufocante. E então eu acordava. Porém, ultimamente, eles estavam aumentando, piorando. Toda as vezes que eu acordava, era gritando e acordando alguns filhos de Hermes no meio da noite. Maite então deitava ao meu lado e tentava me acalmar. Eles sempre eram os mesmo, mas ao mesmo tempo, alguma coisa nova surgia.
Como quando descobri que não estava sozinha naquele lugar. Uma criança, assustada e encolhida no canto, com a roupa suja e cabelos escuros maltratados. Eu sentia a dor que ela estava sentindo, o medo por estar em um lugar tão sinistro e sozinha. Cada vez mais eu via a criança, notava seus traços parecidos com os meus. Em um desses sonhos, uma Fúria apareceu trazendo o que parecia ser comida.
-Coma, o mestre não quer que você morra ainda – ela comentou com sua voz aguda e monstruosa.
-A comida é ruim – a garotinha choramingava.
-Você tem sorte de estar viva ainda bastarda, mas isso irá mudar em dois dias. O meu lorde e senhor irá interroga-la mais uma vez e não será complacente como da última vez. Você irá morrer, Cláudia Espinosa.
-Não! Eu já disse que não sei onde a moça está! Por favor, eu só quero ir pra casa!
Ela começou a chorar e o monstro foi se afastando indiferente. Depois de muito tempo ela engatinhou até uma tigela com uma gororoba escura, ficando assim no lado onde havia mais luz naquele lugar fechado. Foi então que eu realmente a vi. Que eu olhei em seus olhos e soube. Cláudia, a garotinha presa, era a minha irmã. Era uma certeza tão violenta que eu não conseguia duvidar nem por um segundo.
Eu tinha uma irmã. Ela estava aprisionada em um lugar escuro e subterrâneo. E iria morrer em dois dias. Antes de acordar em total desespero, tudo tinha começado a girar e a girar, imagens jorravam em minha mente e uma delas era bastante clara. O letreiro de Hollywood.
Cai praticamente da cama, arfando, suando, sabendo que tinha de fazer algo. Meu primeiro impulso foi de correr, de sair e respirar fundo. Eu o fiz e esbarrei em Anahí. Como ela conseguia estar no momento em que eu mais precisava dela? Não importava, eu precisava fazer alguma coisa e não iria hesitar em usá-la se fosse preciso, porque era desesperador a necessidade que eu tinha de salvar a minha irmã. Deus, ou deuses, eu tinha uma irmã!
Arrumei tudo o que Anahí tinha pedido. Troquei de roupa rapidamente, usando uma calça jeans, tênis e uma blusa preta. Eu estava terminando de fechar a bainha da minha espada em minha cintura quando Anahí bateu a minha porta, ela colocou a cabeça dentro do chalé e fez um gesto indicando que eu deveria sair. Respirei fundo, peguei a mochila que havia pegado emprestada de Maite – juro que iria devolver – e sai do chalé.
-Isso é loucura Annie – Chris resmungou.
-Não importa, estou cobrando o favor de ter salvo a sua vida daquela vez – Anahí disse ríspida e impaciente.
-Você poderia pelo menos usar de um por favor – Chris fez uma careta.
-Eu poderia acertar um raio no seu traseiro se não começar a andar, agora!
-Chris... – chamei incerta – Desculpe, mas eu... – Anahí me olhou feio, logo concertei – Nós precisamos ir para Los Angeles.
-Viu? Isso sim é um pedido de ajuda – Chris apontou para mim e fez Anahí ficar ainda mais irritada – Agora vamos? Vocês duas estão muito lentas.
Poderia apostar que se não fosse Chris, um amigo dela, Anahí o teria socado. Mas logo ele estava andando rapidamente a nossa frente, nos guiando para a Praia dos Fogos. Notei que Anahí também tinha uma mochila preta e velha nas costas, na cintura estava amarrada uma jaqueta.
-Qual o plano? – Chris perguntou depois de cinco minutos em uma caminhada acelerada pela praia.
-Ir para L.A. e fazer uma visita ao meu tio rei caveira – Anahí disse brevemente.
-Vocês o que?! – Chris parou bruscamente – Anahí isso é loucura! Dulce, vocês não podem ir para o submundo.
Aquilo fez meu estomago revirar. O impulso aos poucos ia morrendo e dando vez ao bom senso. Porém bastava a lembrança de minha irmã pequena trancafiada e prestes a morrer me fazia esquecer de toda a lógica possível.
-Isso não é da sua conta – Anahí esbravejou e o empurrou para que ele retornasse a andar – É questão de vida ou morte, literalmente.
-Você tem de parar de ir nessas coisas suicidas. Avisou ao Quíron? Foi ao oráculo?
-Se eu fosse pensar na metade das coisas que eu faço você não estaria aqui, certo?! Então anda mais rápido, não temos tempo.
Chris meio choramingou, meio resmungou, mas voltou a andar rápido. Chegamos a uma área mais afastada e aberta do Acampamento Meio-Sangue. O clima estava tenso, Chris ainda continuava discutindo com Anahí enquanto caminhava para algo enorme e coberto por uma lona.
-Já chega! Você não vai pra porra do inferno conosco, só vai dar uma carona para a vizinhança! – Anahí esbravejou.
-Como assim eu não vou?!
-Três é um número sagrado. Como você acha que vamos entrar no submundo, esperto?
-Você... POR ZEUS, você vai falar com a Ariana?!
-É a nossa melhor chance – Anahí deu de ombros.
-Ela vai matar você.
-Correção, ela vai tentar me matar, mas não vai conseguir. Agora poderia ser mais útil?
Chris bufou, segurou a lona preta e a puxou. Meu queixo caiu ao ver o avião monomotor de cor vermelha a minha frente. Era tipo aqueles aviões velhos, com uma hélice no nariz. Evidentemente velho e com um aspecto de ferro velho, Chris abriu um enorme sorriso ao ver o quanto eu estava surpresa.
-Eu mesmo o construir – ele se gabou e se aproximou da aeronave – Não se intimide com a aparência, não tive chance de dar o acabamento e pintar ele direito ainda.
Olhei ao redor e já vi Anahí pronta para subir nos bancos de trás, enquanto Chris já pulava para dentro da cabine. Nós iriamos mesmo andar de avião? Chris seria o piloto? Como ele faria aquilo decolar?!
-Isso é seguro? – indaguei, falando pela primeira vez.
-É sim – Anahí garantiu e se equilibrou sobre o avião, um pé sobre a asa e o outro dentro da cabine – Agora vem, vou te ajudar.
Aproximei-me e Anahí inclinou o corpo para baixo, oferecendo a mão. A peguei e estava esperando que ela me impulsionasse para cima, mas Anahí fez mais do que isso. Com a mão livre, ela fez um gesto giratório e foi como se um pequeno redemoinho erguesse meu corpo como uma pena. Um frio passou em minha barriga e o susto quase me fez gritar. Mas Anahí estava me segurando no segundo seguinte, uma mão firme sobre a minha e o outro braço envolvendo minha cintura. Ela se moveu e me colocou dentro da cabine, no acento de trás e me entregou um capacete. Naquele momento eu pude olhá-la fixamente e meu peito transbordou em sensações que eu não sabia nem ao menos descrever. O cabelo castanho claro estava revolto pelo vento, os olhos em um azul muito claro intenso. Ela estava ali por mim, sem pensar duas vezes em ir ao submundo para me ajudar. Porém era mais do que gratidão o que eu estava sentindo, era um sentimento ao qual não poderia nomear, mas que estava ali presente em meu olhar.
-Hey Candy – ela falou em tom baixo, Chris estava distraído com os controles do avião o ligando – Nós vamos salvá-la ok?
Ela estava tentando me tranquilizar e passar confiança, eu sentia isso. Suspirei e a vi começar a se afastar, mas segurei firme em seu braço. O contato direto fez com que meu corpo estremecesse prontamente, mas ignorei isso.
-Obrigada – disse com toda a sinceridade – Obrigada por me ajudar. Eu não saberia o que fazer sem você.
-Eu sei, eu sou demais – Anahí corou e tentou disfarçar com o gracejo.
Finalmente a deixei ir. Anahí se ajeitou no banco a minha frente e colocou o capacete. Eu tirei a mochila de minhas costas e coloquei entre minhas pernas, também coloquei aquele capacete velho de aviador e pus o cinto. Chris anunciou o voo e logo a cabine foi fechada. Engoli em seco e fechei os olhos quando escutei os motores sendo ligados feito um monstro velho rugindo. Mantive meus olhos fechado, a barriga esfriando com o medo de que tudo fosse dar errado e o avião de alguma fosse explodir. Só notei que estávamos voando quando senti tudo inclinar um pouco para trás.
Soltei o ar que estava segurando e olhei pra trás, finalmente notando que o espaço onde o havia estava havia uma espécie de pista. Sem árvores, sem nenhum tipo de barreira, propício a chegada e saída do avião de Chris. Ok, estávamos voando, estávamos vivos. É um bom sinal não é? O pôr-do-sol já estava no fim, mas ali do alto, as cores fortes de vermelho e laranja tingiam o horizonte de uma maneira linda. Respirei fundo encolhendo no banco, confusa, perdida e determinada ao mesmo tempo. Anahí inclinou a cabeça para o lado e olhou para trás, fitou-me com um quê de preocupação, mas então sorriu torto. Aquele tipo de sorriso que a deixava inevitavelmente charmosa e fazia meu coração falhar uma batida. Para completar, a filha de Zeus piscou um olho em brincadeira e voltou a posição correta, falando algo com Chris que eu não me preocupei em entender. Estava ocupada olhando para o lado e lutando para retornar a cor normal de meu rosto, já que sabia estar vermelha.
Tudo acontecia rápido demais. Intenso demais. Como quando beijei a Anahí na floresta. Eu sabia que se ela pegasse o Tony, um garotinho amedrontado, ele iria apanhar feio. Eu já tinha visto acontecer na escola, quando um garoto do time de futebol esbarrou em Anahí e a irritou. Ela partiu a boca dele e deslocou o ombro do enorme garoto. Então eu tive de fazer algo para pará-la ou distraí-la. Não sei dizer o que passou em minha mente para fazê-la beijar a garota briguenta. Mas quando dei por mim, minha boca pressionava a dela e meu coração parecia bater alucinado dentro do peito. Como se minha atitude não bastasse, Anahí também resolveu fazer algo e me beijou.
Foi o meu primeiro beijo.
Devo dizer que não sabia direito o que aconteceu, eu mal sabia o que eu fiz, apenas o que eu senti. Era como se Anahí estivesse me dando pequenos choques por todo o corpo, mas causado apenas pelos movimentos de sua boca sobre a minha. Eu fiquei enervada, assustada, até me render e descobrir que eu podia morrer sem respirar sendo beijada pela Anahí.
Depois veio o choque de realidade. Meu primeiro beijo foi com uma garota. Mas não uma garota qualquer, foi com a Portilla. A garota que eu achava insuportável, idiota, rude e ignorante. E de fato algumas vezes ela era. Mas também era protetora, teimosa e linda. Deuses, ela era absurdamente linda. Porém aceitar esses fatos me deixou quase em pane, minha mente dando um curto-circuito a cada vez que eu procurava algum tipo de lógica. Maite, quando cheguei ao Chalé, até tentou descobrir o que tinha acontecido comigo. Mas eu simplesmente pedi para que ela chamasse a Angel e a Bea, fugindo completamente do assunto.
Balancei a cabeça e só então percebi que já havia anoitecido por completo. Quanto tempo passei divagando em meus pensamentos? Culpei-me por estar pensando em Anahí quando tinha uma irmã até então desconhecida prestes a ser levada a Hades, o rei de todo o submundo. Eu não fazia ideia de como se chegava até lá ou de como era o lugar. Imaginava que fosse o inferno ou algo parecido com isso. E quem nos levaria até lá seria uma tal de Ariana, que sem surpresa nenhuma também queria matar a Anahí.
Fiquei remoendo meus pensamentos, tentando lembrar de cada detalhe do sonho, formulando possibilidades e sentindo medo pelo que estava por vim. Não era uma heroína destemida, pelo contrário. Ainda era muito mais humana do que semideusa. Mas a ideia de ter uma irmã e de que ela precisava de mim prevalecia sobre qualquer outra coisa, superando minha razão ou qualquer sentimento negativo.
(...)
Quase quatro horas depois eu sentia minha bunda doendo. Anahí ficou quieta boa parte do tempo, deixando que Chris conversasse comigo durante quase todos os diálogos que aconteceram. Eu descobri que o filho de Hefesto só podia usar a sua aeronave com a Anahí, porque Zeus não gostava de semideuses em seus domínios. Sendo assim, sempre que ele tentava um voo solo, Chris não levava meia hora no ar para ser obrigado a descer, seja por uma turbulência, seja por uma tempestade que aparece do nada.
Estava no meio de um bocejo quando, como sempre, tudo mudou de repente. Primeiro escutamos o barulho estrondoso vindo da asa direita. Depois veio a sacudida forte no avião que fez meu coração parar no meu estômago. Quando olhei para a direita, perdi toda a cor que havia em meu corpo, podendo ter ficado tão branquela quanto a Anahí. A asa estava pegando fogo! E logo o avião começava a entrar em turbulência e a perder atitude.
-MERDA – Chris gritou – Que porra foi essa?
Então outro ataque. Dessa vez foi como se duas coisas atingissem fortemente a cauda do avião, mas sem perfurar, com força suficiente para fazer a aeronave girar cerca de 180 graus. Chris estava perdendo o controle da máquina!
-Aves de estinfália! – Anahí identificou o inimigo.
Eu não fazia ideia o que era isso, mas logo tive uma noção bem nítida. O céu clareou, um relâmpago iluminando tudo ao nosso redor por breves segundos. O suficiente para que eu visse o bando de aves com asas, bicos e garras de metal. Eram enormes para o tamanho normal de um pássaro, devia ter meia dúzia deles nos atacando.
-Eu vou para fora, Chris pouse o avião em segurança – Anahí começou a levantar e prontamente pegou seu isqueiro.
-Não! – exclamei – Você não vai lutar sozinha!
-Vou sim – seus olhos azuis faiscaram, literalmente, ao olhar para mim – Estamos em pleno ar e apenas eu tenho vantagem aqui em cima. Não seja estúpida Saviñon!
Era nessas horas que eu queria bater em Anahí ao mesmo tempo em que me preocupava mais ainda. Ela sempre, sempre tinha de ficar com os monstros para me salvar? Mas Chris a escutou, abriu a cabine fazendo as correntes de ar furiosas da tempestade que se formava atingissem em cheio o meu rosto. Pisquei várias vezes até colocar o óculos que ficava sobre o capacete, conseguindo assim enxergar em meio àquela ventania. Então Anahí já não estava mais ali. Arfei e busquei pela sua figura, a encontrando dominando um raio e atingindo em cheio uma das aves de metal. Ela voava. Eu nunca iria me acostumar com aquele fato de que Anahí sabia voar.
-Se segura Dul! Logo vamos ajuda-la! – Christian gritou para ser escutado.
Segurei firme no banco da frente quando o avião começou a descer bruscamente. Não contive o grito. Sabe a sensação de estar em uma montanha russa sinistra? Multiplique por dez e você irá saber o que é descer em alta velocidade em um avião que tinha a asa pegando fogo. Chris encontrou um campo aberto e começou a direcionar para lá. O pouso foi nada suave, assim que colidiu com o chão eu quase fui jogada para fora da cabine – que ainda estava aberta – se eu não estivesse me segurando no banco como se fosse dependesse a minha vida.
-Venha Dul!
Chris saltou e me ajudou a sair da aeronave. Minhas pernas tremiam tanto que eu tive de me apoiar nele mesmo que eu já estivesse fora do avião. Merda, eu acho que iria vomitar...
-Anahí!
Ergui meu rosto com o grito de Chris, bem a tempo de ver duas aves atacando a semideusa no ar por lados contrários. Ela conseguiu desviar só de uma, mas a outra a pegou em cheio, fazendo seu corpo girar e girar no ar enquanto caía. Não! Não! Larguei o Chris e comecei a correr na direção que o corpo de Anahí estava despencando. O desespero estava ali, esmagando o meu coração enquanto eu percebia que não chegaria a tempo e que não poderia fazer nada... Espera, eu também sabia fazer algumas coisas esquisitas!
Ergui a minha mão e prontamente senti aquele formigar pontiagudo. Apontei para o chão e desejei com todas as minhas forças que as raízes, folhas, galhos, o que fosse crescesse e formasse uma espécie de mão. E assim do chão começou a crescer todo o tipo de vegetação, se desdobrando e tomando todo o espaço e subindo de encontro a Anahí, formando dedos grossos e uma palma. O corpo de Anahí colidiu com a minha criação, partindo os galhos mais fracos, mas logo sendo amparada por pedaços de madeiras com muita folha.
Soltei um suspiro cansado e quase tropecei, meu corpo indo para frente perdendo facilmente o equilíbrio. Chris me segurou e me manteve correndo, passando um braço em minha cintura me olhando surpreso. Assim que nos aproximamos, Anahí descia escorregando de um tronco. O lado esquerdo de sua blusa estava manchado de sangue, o cabelo uma verdadeira bagunça. Mas seus olhos ainda se mantinham lúcidos, fortes e de um azul claro bastante faiscante.
-Não faço ideia de como você fez isso – Anahí disse ofegante – Mas salvou a minha vida.
-Ao menos uma vez na vida – resmunguei.
Sem pensar duas vezes, eu me joguei nos braços dela e a abracei com todas as minhas forças. Eu tive tanto medo de perde-la que agora eu tinha de ter certeza de que ela estava ali. Mas Anahí gemeu alto de dor e eu lembrei que ela estava machucada. Afastei meu corpo e já ia pedir desculpas, quando meus olhos se abriram em puro terror.
As aves estavam vindo em uma rasante em nossa direção. Anahí e Chris viraram bruscamente, seguindo a direção de meu olhar. Não daria tempo de escapar. Mais uma vez, agi sem pensar. Apontei minhas mãos para o chão, me conectando com a terra. Meu estomago revirando com aquela troca de energia tão abrupta e intensa. Ergui minhas mãos e como se obedecessem a ordem de um maestro, a terra se ergueu formando uma barreira grossa e de quase dois metros.
Anahí segurou meu corpo e agachou atrás da minha barreira. Chris a imitou e no momento seguinte eu podia escutar as aves de metal colidindo com a terra. Fechei meus olhos com força, escutando aquele barulho de metal contra metal, o medo entalado em minha garganta me impedindo de gritar. Mas assim que cessou, Chris e Anahí pularam para o lado. Das mãos de Chris, saíram bolas de fogo, das de Anahí, raios. Os dois atacaram ao mesmo tempo e intensificaram os ataques em sincronia. Eles eram amigos, haviam treinado e sobrevividos juntos. Fogo e raio juntos faziam um show de luzes, até que tudo explodiu em poeira dourada.
Caí no chão cansada, encostando em minha barreira de terra. Demorei a perceber que chovia sobre nós, a tempestade tendo apagado as chamas do avião.
-Precisamos de abrigo – Chris falou baixo, cansado – Antes de cairmos estávamos passando pela divisa entre Colorado e Nevada. Eu sei de um esconderijo.
-Está bem Candy? – Anahí apareceu em meu campo de visão.
Apenas acenei com a cabeça. Anahí tentou se abaixar para me ajudar, mas gemeu em dor. Chris no fim que me levantou. Fomos até o avião pegar nossas mochilas, Anahí tendo de caminhar apoiada no filho de Hefesto por causa de seu machucado na cintura. Minhas pernas vacilavam e o frio parecia castigar o estrago que tínhamos feito. Mas depois de quase vinte minutos de caminhada, Chris finalmente encontrou uma espécie de caverna no meio do nada. Lá dentro era realmente enorme e parecia abastecida para ser um abrigo, contendo algumas coisas de sobrevivência.
Chris sentou Anahí em um canto no chão, abrindo a própria mochila e pegando uma garrafa plástica com um líquido levemente brilhante. Néctar. Ele ofereceu para ela, Anahí deu dois grandes goles e afastou a garrafa. Depois foi a minha vez de tomar para recuperar as minhas forças.
-Aqui é seguro, temos de passar a noite para nos recuperar. É perigoso ir nessa escuridão e tempestade – Chris disse e se afastou – Vou tentar encontrar alguma coisa para fazer uma fogueira ou morreremos de frio.
Apenas acenamos em silêncio e eu observei o garoto corajoso sair em meio a tempestade, sabendo que seria incrivelmente difícil encontrar alguma coisa para colocar fogo em meio a chuva e usando uma lanterna barata de iluminação. A outra que Anahí havia trazido consigo estava sendo a única fonte de luz além dos relâmpagos. Porém passar a noite ali? Quanto tempo isso iria levar? Deuses, cada segundo que passava era como um passo mais próximo da morte para minha irmã.
Um gemido baixo e abafado chamou minha atenção. Anahí tentava se mover e aquilo apenas aumentou o sangramento. Apesar do néctar ser curativo, era sempre a Ally quem fazia acelerar o procedimento. A culpa invadiu todo o meu ser em um abraço apertado, afinal aquela garota estava machucada por minha causa. Eu quem envolvi a Anahí naquela história toda, sem nem pensar nas consequências.
-Hey, precisamos tratar o machucado. Vai cicatrizar, mas não vai adiantar muito se você perder muito sangue, irá ficar fraca de qualquer jeito – falei fazendo um coque em meu cabelo.
-Eu estou bem – Anahí falou fraco e revirou os olhos.
-Não Portilla, você não está.
-Se eu estou dizendo que estou, é porque eu estou, que saco!
Teimosa e arisca, como uma gatinha machucada. Soltei um longo suspiro e aproximei depois de pegar a lanterna e deixar iluminado a filha de Zeus. Anahí afastou quase girando o corpo para ficar de costas para mim. Eu a vi travar por alguns segundos, provavelmente sentindo dor.
-Anahí pare com isso, tire a blusa – ordenei tentando ter paciência.
-Eu vou ficar bem Saviñon! – ela praticamente rosnou – Eu não sou fraca!
-Mas é humana e mortal, advinha só, você pode morrer! – sabe a minha tentativa de ter paciência? Não existia mais – Eu só estou querendo ajudar.
-Eu não pedi sua ajuda.
Eu sinceramente não conseguia entender, em um momento, ela era aquela garota que facilmente seria admirada por qualquer outro campista. Destemida lutando contra monstros para ajudar os outros, preocupada em saber se eu estava bem, caindo de cabeça em missões impossíveis. No outro era aquela arrogante, teimosa e grossa garota. Eu estava cansada dessas mudanças de humor e comportamento de Anahí Portilla!
Mordi forte o meu lábio, segurei firme nos ombros dela e a fiz virar para mim. Anahí gemeu em dor e eu quase disse bem feito. Em um movimento rápido, sentei sobre suas coxas esticadas no chão e segurei o queixo dela com uma das mãos, a obrigando fitar meus olhos.
-Eu só vou dizer uma vez, Portilla – disse da maneira mais firme e ameaçadora que podia – Pouco me importa o que você acha ou o que pensa, você está machucada e precisa de cuidados médicos maiores do que umas doses de néctar – apontei o dedo na direção do peito dela, mais decida do que nunca – Não estou pedindo a sua permissão, eu vou cuidar de você, quer queira ou não! – segurei nas bordas da camisa dela – Espero que estejamos entendidas.
Eu poderia descrever Anahí naquele momento como uma criança assustada pelo esporro que estava recebendo de uma mãe. Ela tinha os olhos claros bem abertos, a expressão de surpresa mesclava com a de derrota. Mantive-me firme, sem desviar o olhar um segundo sequer, mal piscando. Eu conhecia essa guerra de olhares que costumávamos ter. Então ela suspirou finalmente se rendendo, relaxando os ombros e lentamente erguendo os braços para que eu tirasse a sua blusa, já que a jaqueta ela mesmo tinha tirado assim que sentou. Quase abri um sorriso vitorioso, mas preferi manter aquela pose de durona enquanto cuidava de uma criança birrenta e machucada.
Autor(a): AnBeah_Portinon
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 179
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tryciarg89 Postado em 09/02/2022 - 17:32:25
Por favor poste mais,uma das melhores fics que já li,descobri ela recentemente. Mas por favor continue...
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raphaportiñon Postado em 28/01/2022 - 14:34:57
Poxa, achei essa fic há poucos dias e me apaixonei por ela. Li e reli várias vezes nesse pouco tempo e é uma pena que não teve continuação, ela é maravilhosa e perfeita assim como Portiñon. ❤️... Com almas gemêas como deve ser, sem traição mas com todos os sentimentos de amor, dor, bondade, raiva, felicidade, ciúme, perdão, angústia, amizade, aventura e um amor eterno. Cada capítulo foi sensacional. Pena que não teve continuação e fim !
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livia_thais Postado em 02/04/2021 - 23:41:44
Continuaaa
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DreamPortinon Postado em 19/12/2020 - 03:48:41
Continuaaaaaaa
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siempreportinon Postado em 05/11/2020 - 21:08:27
Continua!!!
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candy1896 Postado em 05/11/2020 - 20:12:12
QUE BOM QUE VOLTOU, CONTINUA
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livia_thais Postado em 30/09/2019 - 22:05:41
Continuaaa
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Jubs Postado em 10/05/2019 - 01:11:59
VOLTAAAAAAAAAA
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Jubs Postado em 05/05/2019 - 23:02:43
Continuaaaaaa
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Jubs Postado em 02/05/2019 - 03:04:52
CONTINUAAA QUE ESSE CAPÍTULO SÓ ME DEIXOU CURIOSA